14 de Abril

14 de Abril -Santa Liduvína (Liduvina)  – 
Liduvina nasceu em Schiedam, Holanda, em 1380, numa família humilde e caridosa. Única mulher entre oito irmãos, desde cedo manifestou devoção a Nossa Senhora. Criança, já se preocupava em guardar roupas e alimentos para os abandonados, pobres e doentes.

Com 15 anos, sofreu um gravíssimo acidente ao patinar com amigos, quase morrendo. Afetada nas costelas, na coluna e com outras lesões internas, progressivamente apareceram mais complicações; ficou paralítica exceto da mão esquerda, tinha hemorragia na boca, orelhas e nariz, e jamais se recuperou, permanecendo o resto da vida na cama. Um dos médicos mais conhecidos da época disse, “não há médico no mundo que cure esta doença, porque ela é obra de Deus. Deus operará tais maravilhas nesta criatura, que eu daria o peso de ouro pela cabeça dela, para ser pai de semelhante filha.”

Passando o tempo, Liduina chegou quase ao desespero. Um padre, João Pot, a ajudou, lembrando-lhe que, se Deus poda uma árvore, é para que ela possa produzir mais frutos. Ela assim entendeu que o seu sofrimento, aceito por amor, poderia ser um caminho para a sua salvação e a de outros. Realmente, muitas pessoas foram curadas ou se converteram através dela, que, mesmo com dores imensas, permanecia doce e amável.

Liduina não mais pediu a Deus a própria cura, porém amor para, com os sofrimentos, obter a conversão das almas. Recebeu o dom da profecia e da cura, e, depois de 12 anos enferma, também êxtases espirituais e visões celestiais, além de ser consolada constantemente pelo seu Anjo da Guarda. Alimentava-se apenas da Eucaristia, fato documentado em 1421 por autoridades civis.

Seus sofrimentos aumentaram nos últimos sete meses de vida, e ela faleceu em 14 de abril de 1433. Sua casa, de acordo com seu desejo ao padre e ao médico que a acompanhavam, foi transformada um hospital para pobres com doenças incuráveis. Curas aconteceram durante o seu velório em pessoas que lá estavam, e seu corpo voltou a ter a mesma beleza de antes do acidente, com o desaparecimento de todas as feridas. É padroeira dos patinadores e dos doentes incuráveis.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Nossa vida está nas mãos do Senhor, sempre, ainda que pretensiosamente o ser humano queira acreditar nos seus próprios planos e autosuficiência. Num momento tudo pode mudar de modo imprevisível, simplesmente não temos controle sobre isso. Deus provê a cada um aquilo que na Sua sabedoria e bondade será nosso caminho particular de salvação. Assim, situações que mundanamente são “desgraças”, podem ser ao contrário graças imensas de Deus, que deseja a nossa felicidade infinita no Céu, e não uma ilusão passageira de conforto e prazer. Certamente Ele dá, junto com as dificuldades, as graças necessárias, pois evidentemente não temos condições de lidar com sofrimentos sem a Sua ajuda; mas é necessário que reconheçamos a Sua vontade amorosa para nós em qualquer situação, e aceitemos as graças que nos conduzirão à maior santidade, num processo que cura não apenas as nossas almas, mas abre este mesmo caminho para os demais. Aceitar – com alegria – a vontade de Deus para nós é caminho certo de salvação, felicidade e santidade, não importa o grau de dificuldade encontrado. “Liduina” significa “sofrer largamente”, e esta disposição divina para a vida desta nossa santa irmã, longe de ter qualquer inferência negativa, implicou no verdadeiro “carregar a própria cruz” (cf. Mt 10,38) e “completar na própria carne o que falta aos sofrimentos de Cristo em favor da Igreja” (cf. Col 1,24). A doença não a impediu de ser alegre, “doce e amável”. Aceitemos, portanto, as dificuldades nesta vida, com disposição de oferecê-las a Deus, estando preparados pelo intenso empenho espiritual para encontrar com o Senhor a qualquer momento, em qualquer situação.

Oração:
Senhor Deus, médico das almas e dos corpos, que conheceis as nossas fraquezas e limitações, concedei-nos pela intercessão de Santa Liduina o reconhecimento e aceitação da Sua bondade infinita para conosco em qualquer circunstância, bem como a fortaleza nos sofrimentos, para que nos leve, e ao próximo, à salvação, e a graça de não nos queixarmos ou revoltar-nos frente a dificuldades que muitas vezes nem graves são. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que por nós sofreu a Paixão, e Nossa Senhora, cuja dor foi a maior da Humanidade, depois da de Cristo. Amém.
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14 de Abril

14 de Abril -Santa Liduvína (Liduvina)  –
Liduvina nasceu em Schiedam, Holanda, em 1380, numa família humilde e caridosa. Única mulher entre oito irmãos, desde cedo manifestou devoção a Nossa Senhora. Criança, já se preocupava em guardar roupas e alimentos para os abandonados, pobres e doentes.

Com 15 anos, sofreu um gravíssimo acidente ao patinar com amigos, quase morrendo. Afetada nas costelas, na coluna e com outras lesões internas, progressivamente apareceram mais complicações; ficou paralítica exceto da mão esquerda, tinha hemorragia na boca, orelhas e nariz, e jamais se recuperou, permanecendo o resto da vida na cama. Um dos médicos mais conhecidos da época disse, “não há médico no mundo que cure esta doença, porque ela é obra de Deus. Deus operará tais maravilhas nesta criatura, que eu daria o peso de ouro pela cabeça dela, para ser pai de semelhante filha.”

Passando o tempo, Liduina chegou quase ao desespero. Um padre, João Pot, a ajudou, lembrando-lhe que, se Deus poda uma árvore, é para que ela possa produzir mais frutos. Ela assim entendeu que o seu sofrimento, aceito por amor, poderia ser um caminho para a sua salvação e a de outros. Realmente, muitas pessoas foram curadas ou se converteram através dela, que, mesmo com dores imensas, permanecia doce e amável.

Liduina não mais pediu a Deus a própria cura, porém amor para, com os sofrimentos, obter a conversão das almas. Recebeu o dom da profecia e da cura, e, depois de 12 anos enferma, também êxtases espirituais e visões celestiais, além de ser consolada constantemente pelo seu Anjo da Guarda. Alimentava-se apenas da Eucaristia, fato documentado em 1421 por autoridades civis.

Seus sofrimentos aumentaram nos últimos sete meses de vida, e ela faleceu em 14 de abril de 1433. Sua casa, de acordo com seu desejo ao padre e ao médico que a acompanhavam, foi transformada um hospital para pobres com doenças incuráveis. Curas aconteceram durante o seu velório em pessoas que lá estavam, e seu corpo voltou a ter a mesma beleza de antes do acidente, com o desaparecimento de todas as feridas. É padroeira dos patinadores e dos doentes incuráveis.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Nossa vida está nas mãos do Senhor, sempre, ainda que pretensiosamente o ser humano queira acreditar nos seus próprios planos e autosuficiência. Num momento tudo pode mudar de modo imprevisível, simplesmente não temos controle sobre isso. Deus provê a cada um aquilo que na Sua sabedoria e bondade será nosso caminho particular de salvação. Assim, situações que mundanamente são “desgraças”, podem ser ao contrário graças imensas de Deus, que deseja a nossa felicidade infinita no Céu, e não uma ilusão passageira de conforto e prazer. Certamente Ele dá, junto com as dificuldades, as graças necessárias, pois evidentemente não temos condições de lidar com sofrimentos sem a Sua ajuda; mas é necessário que reconheçamos a Sua vontade amorosa para nós em qualquer situação, e aceitemos as graças que nos conduzirão à maior santidade, num processo que cura não apenas as nossas almas, mas abre este mesmo caminho para os demais. Aceitar – com alegria – a vontade de Deus para nós é caminho certo de salvação, felicidade e santidade, não importa o grau de dificuldade encontrado. “Liduina” significa “sofrer largamente”, e esta disposição divina para a vida desta nossa santa irmã, longe de ter qualquer inferência negativa, implicou no verdadeiro “carregar a própria cruz” (cf. Mt 10,38) e “completar na própria carne o que falta aos sofrimentos de Cristo em favor da Igreja” (cf. Col 1,24). A doença não a impediu de ser alegre, “doce e amável”. Aceitemos, portanto, as dificuldades nesta vida, com disposição de oferecê-las a Deus, estando preparados pelo intenso empenho espiritual para encontrar com o Senhor a qualquer momento, em qualquer situação.

Oração:
Senhor Deus, médico das almas e dos corpos, que conheceis as nossas fraquezas e limitações, concedei-nos pela intercessão de Santa Liduina o reconhecimento e aceitação da Sua bondade infinita para conosco em qualquer circunstância, bem como a fortaleza nos sofrimentos, para que nos leve, e ao próximo, à salvação, e a graça de não nos queixarmos ou revoltar-nos frente a dificuldades que muitas vezes nem graves são. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que por nós sofreu a Paixão, e Nossa Senhora, cuja dor foi a maior da Humanidade, depois da de Cristo. Amém.
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13 de Abril

13 de Abril – São Martinho I  –  
Martinho nasceu no ano de 590 em Todi, região da Úmbria, Itália. Sua família era nobre. Sacerdote em Roma, um grande estudioso, inteligência notável, de grande caridade para com os pobres. Foi enviado a Constantinopla pelo Papa Teodoro I como apocrisiário (uma espécie de embaixador eclesiástico junto aos governantes) para negociar a deposição canônica do patriarca herético Pirro.

Depois disso, falecendo Teodoro, foi eleito no seu lugar, em julho de 649. Ao longo do seu papado, ordenou 33 bispos, cinco diáconos e 11 sacerdotes, e pela primeira vez foi celebrada a festa da Virgem Imaculada, a 25 de março.

Porém, sua maior atuação foi contra a heresia monotelista, espalhada no Oriente e no Ocidente, que negava a plena condição humana de Cristo, ao declarar que Nele havia sim duas naturezas, humana e divina, mas uma só vontade, a divina (o que é contraditório, pois assim a natureza humana de Jesus não seria real).

Para isso agiu com energia, e, uma vez que o imperador do Oriente, Constante II, era tolerante com os monotelitas, chegando a fazer um decreto sobre a questão (o “Tipo de Constante”), não esperou a confirmação imperial para a sua consagração, e imediatamente convocou o Concílio de Latrão, com 150 bispos. O “Tipo” foi condenado, bem como a “Ektésis” de Heráclio, outro imperador oriental, também monotelista; foram excomungados os patriarcas Sérgio, Pirro, Paulo de Constantinopla, Ciro de Alexandria e Teodoro de Phran na Arábia; 20 cânones da doutrina católica sobre as duas vontades em Cristo foram definidas. Os decretos, firmados pelo Papa e pela assembleia dos bispos, foram enviados aos demais bispos e aos fiéis do mundo junto com uma encíclica de Martinho. As atas, com uma tradução grega, foram enviadas a Constante II – que como resposta mandou prender o Papa. Olímpio, seu exarca (representante do imperador romano do Oriente na qualidade de governador, um na Península Itálica e outro na África), planejou porém o assassinato do Papa, durante a distribuição da Eucaristia, que por Providência divina falhou.

Teodoro Calíopas foi o novo enviado de Constante II com a ordem de prisão, e Martinho, para evitar violências, não resistiu, saindo de Roma em junho de 653. Chegando em Constantinopla após longa e sofrida viagem, sob privações, foi humilhado e sujeito a maus-tratos: exposto semi-nu para a zombaria e insultos da multidão; ficou preso num calabouço fétido, passando fome, sede e frio, por mais de 80 dias; num julgamento iníquo diante do senado foi rotulado de herege, inimigo de Deus e do Estado, e sofreu diversas acusações, que no fundo se resumiam a não ter assinado o “Tipo”. Mas em nenhum momento perdeu a dignidade, nem reconheceu autoridade nos seus juízes. Acabou condenado à morte, mas Constante mudou a pena para exílio, e assim o Papa foi levado para um local de trabalho nas minas para escravos e assassinos em Quersonerso (atual Sebastopol na Criméia, sul da Ucrânia). Ali faleceu, doente e esquecido até pelos parentes, em 16 de setembro de 655. Muitos milagres são a ele atribuídos, tanto em vida quanto depois da morte.

Reflexão:
A vontade humana de Cristo, verdadeiro ser humano e verdadeiro Deus, é livre, como também a nossa, como também a de Adão e Eva, como também a de Nossa Senhora… e como verdadeiro Homem, Jesus livremente escolheu seguir a vontade divina, como também Nossa Senhora, mas não Adão e Eva… cabe a cada um de nós escolher igualmente, pois Deus não “absorve” impositivamente a nossa vontade, mas sim nos orienta e ampara na escolha da Verdade e do Bem, inclusive quando é necessário sofrer por isto: de outro modo, o próprio sacrifício de Cristo na Cruz, e os de todos os mártires por exemplo, não teriam qualquer valor, pois seriam uma mera imposição arbitrária. Na viagem desta vida, muitas vezes penosa, jamais encontraremos a morte definitiva, se estivermos, como São Martinho, em comunhão com Deus, pela Eucaristia.

Oração:
Pai santo, providente e infinitamente bondoso, que nos ensinas a Verdade e nos concede, por amor, a plena liberdade, a qual é um Vosso atributo divino partilhado com Vossos filhos: concedei-nos pela intercessão de São Martinho I manter a dignidade de alma ao não reconhecermos nos nossos corações as falsas autoridades das mentiras, mas sermos enérgicos contra elas, e que não nos falte a mansidão e total confiança em Vós, ainda que sob perseguições e injustiças. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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12 de Abril

12 de Abril – São Júlio I  –
Júlio I era romano, e governou a Igreja entre 337 e 352, época de liberdade religiosa para os cristãos no Império Romano. Contudo, teve que enfrentar as heresias do donatismo (Igreja só para os santos) e principalmente do arianismo (negava a divindade de Jesus), com suas variações. Neste sentido, acolheu e apoiou Santo Atanásio, bispo, que fora expulso da sé de Alexandria por perseguição dos arianos. Convocou o sínodo de 341, em Roma, que reabilitou Atanásio, inocentando-o das falsas acusações, e condenou o “semi-arianismo” (Cristo seria “similar” ao Pai, ou de uma substância parecida, porém subordinada), uma proposta mitigada desta heresia, mais perigosa justamente por ser disfarçada. Também ficaram condenados aqueles que realizassem a deposição dos bispos legítimos, por conveniência.

Júlio convocou outro sínodo em 343, o de Sárdica (na Dácia Mediterrânea, hoje Sófia, capital da Bulgária), para resolver definitivamente a questão de Atanásio e outros bispos, condenados e reabilitados seguidamente em outros concílios ocidentais e orientais, bem como esclarecer definitivamente a questão das divergentes fórmulas doutrinárias (vários “Credos”). Mas os bispos arianos e semi-arianos do Oriente, tendo a certeza de que seriam vencidos, não compareceram, esvaziando o encontro.

Importante ação de Júlio I foi proclamar a primazia da Sé Episcopal de Roma, em função da autoridade do Sucessor de Pedro na direção da Igreja. Outras iniciativas suas foram a construção de várias igrejas (Santíssima Maria de Trastevere, Basílica Julia – atualmente Igreja dos Doze Apóstolos –, São Valentim, São Calixto e São Félix), a organização eclesiástica, com a proibição da participação de clérigos em tribunais civis, a organização da catequese para os catecúmenos, adultos e idosos. É considerado o fundador do Arquivo da Santa Sé, com a organização e conservação dos documentos. O calendário com os dias das festas dos santos são desta época.

Em 350, Júlio determinou a data de 25 de dezembro como a da comemoração do Natal do Senhor, em substituição à festa pagã em homenagem a Saturno, deus romano da agricultura.

 Faleceu em 12 de abril de 352.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Muitas foram as heresias na Igreja, ao longo dos séculos. Algumas causaram mais danos do que outras, mas é importante lembrar que as ideias mais disfarçadas são via de regra as mais perniciosas, justamente porque são mais enganosas. Um inimigo claramente declarado é fácil de identificar e combater: mas os que se disfarçam como inofensivos ou amigos para depois trair são sem dúvida piores. Neste sentido, Nossa Senhora em Fátima, em 1917, condenou clara e explicitamente as consequências da revolução política na Rússia neste mesmo ano, e no mal que poderia, como de fato ocorre ainda hoje, na expansão desta ideologia, que se apresenta de várias formas, procurando ser “simpática” através da mentira. Por isso, também, a preocupação de São Júlio I com a formação catequética, de modo a que não fossem enganados os católicos. Ainda neste sentido, reiterou ele o direito e dever do papa como chefe da Igreja: a sinodalidade exististe, mas só para os bispos em comunhão com o Papa; de forma alguma, por exemplo, o colegiado dos bispos pode impor uma decisão ao Papa. A recusa e descentralização do poder Papal, aliás, foi o que levou ao Grande Cisma do Oriente, com o surgimento da Igreja Ortodoxa, e também foi a revolta contra a autoridade papal que levou à fundação da Igreja Anglicana, submissa ao Estado. Assim, pode-se afirmar que Júlio I não apenas ergueu igrejas, mas firmemente contribuiu para a edificação da Igreja, por sua fidelidade à Cristo e à sua Doutrina, o que todos nós, batizados, temos igualmente o direito e o dever de realizar.

Oração:
Senhor Deus, única Verdade, concedei-nos que, por intercessão de São Júlio I, sejamos também nós exemplares fiéis no Vosso seguimento, precavidos das falsas doutrinas e capazes de trocar as intenções das festas mundanas pelas das festas sagradas nos nossos corações, de modo a que, no calendário da nossa existência, possamos por fim comemorar, em plenitude, a Comunhão Convosco, nos braços do Cristo Encarnado. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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11 de Abril

11 de Abril -Santa Gemma Galgani  –  

Gemma Maria Umberta Pia Galgani, primeira de cinco filhos, nasceu em 1878 numa família rica e profundamente religiosa, em Capannori, província de Lucca, região da Toscana na Itália. Foi batizada no dia seguinte ao nascimento, e um mês depois a família se mudou para Lucca. Demonstrou inteligência precoce, pois com cinco anos já sabia ler o breviário para o Ofício de Maria e o dos mortos.

Em 1886, já ouvia locuções interiores místicas, e sua mãe faleceu em setembro. O pai providenciou a retomada dos seus estudos no início de 1887, quando também fez a primeira Comunhão, preparada pelas Irmãs Oblatas do Espírito Santo. Era tão ligada a este Sacramento que lhe foi permitido recebê-lo três vezes por semana, algo incomum naquele tempo. Levava a sério a caridade, dividindo sua merenda com os pobres.

Em 1899 começou a frequentar o Instituto Oblato como estudante, onde teve por professora a própria fundadora do Instituto e futura beata Irmã Elena Guerra. Aconteceu da família perder seus bens e mudar para uma casa pobre na Via del Biscione (depois Via Santa Gemma Galgani); Elena a dispensou das mensalidades. Gemma passou a sofrer de osteite nas vértebras lombares e abscesso frio nas virilhas, além de otite média aguda e mastoidite, de modo que não podia andar e sentia insuportáveis dores de cabeça. Esteve meses doente, na cama, e chegou a receber os últimos Sacramentos. Neste período teve muitas experiências místicas, com as aparições de São Gabriel (Posseti) de Nossa Senhora das Dores. Ficou milagrosamente curada após uma novena a Santa Maria Margarida Alacoque (então apenas beatificada). Depois disso, conheceu a idosa Cecilia Giannini, em cuja rica residência de Lucca foi em breve acolhida, após a morte do pai e a recusa da Ordem das Passionistas em recebê-la como religiosa.

Ainda assim, conseguiu fazer os votos de pobreza, obediência e castidade. Quando rezava, constantemente era vista rodeada de uma luz divina.

Neste mesmo ano de 1899, no dia 8 de junho, Oitava de Corpus Christi e véspera da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a jovem recebeu os estigmas de Cristo, que reapareciam, periodicamente, da noite de quinta-feira até as 15 horas de sexta-feira. Gemma entrava em êxtase doloroso nestes períodos, com as mãos, os pés e o lado sangrando profusamente; depois as feridas se fechavam novamente, deixando pequenos sinais. Por certo período, os estigmas se manifestaram quase todos os dias.

Isto e as aparições de Jesus, Maria, o Anjo da Guarda e São Gabriel de Nossa Senhora das Dores estão na sua autobiografia, “O Livro dos Pecados”, escrita em 1901 por obediência ao seu confessor. Em 1902, tuberculosa, teve que mudar para uma casa vizinha à casa dos Giannini. Faleceu com 25 anos, em 11 de abril de 1903, Sábado Santo, enquanto os sinos anunciavam a Ressurreição de Cristo.

A devoção à “Virgem de Lucca” começou imediatamente, originando a Congregação Missionária das Irmãs de Santa Gemma, inserida na ordem Passionista. Declarada modelo para a juventude da Igreja, é também intercessora dos farmacêuticos. A sala onde Gemma nasceu, na Via Pesciatina em Capannori, foi transformada em capela, e a casa inteira num orfanato.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Não são muitos os canonizados a quem Deus agracia com a participação física de Suas chagas. Dentro das suas imensas limitações de saúde, Santa Gemma fez imensos esforços de caridade, sobretudo na oração e no simples aceitar da sua condição. E de fato é isto o que Deus mais valoriza em nós: que aceitemos a condição que Ele nos propõe para a nossa vida, a de Imagem e Semelhança Sua, seja na doença, na saúde, na riqueza, na pobreza… o grande pecado do Homem, aliás desde Adão e Eva, é o desejo iníquo de almejar ser o que não é, e por meios distorcidos procurar alcançar o que não é bom para si nem para o próximo. Isto não implica em que seja condenável o progresso, inclusive material, porém é o quanto e no que desejamos “progredir” que se coloca o problema: se nas aspirações mundanas ou se na santificação de espírito. Deus não mente e não fala em vão: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua glória, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). Até que ponto vivemos sinceramente este preceito de Jesus? Por um lado, é sim louvável e correto procurar melhorar as condições de vida, e Cristo jamais ensinou que a miséria material era uma “bênção”, muito menos a condição essencial para se chegar ao Céu; mas ao contrário, chamou a atenção para a “pobreza de Espírito” (cf. Mt 5,3) que será recompensada, isto é, a virtude essencial da humildade. A busca da santidade, da primazia da vida espiritual, através da qual descobrimos a nossa vocação e deveres no diálogo e com as inspirações do Espírito Santo, é o cerne desta vida, pois é a partir daí que conheceremos o caminho certo a seguir. Se humildes, procuraremos verdadeiramente a Deus, e seguiremos, aceitaremos como Santa Gemma, seja o que for o que Ele nos pedir, individualmente. E só a santificação individual levará a uma vida em conjunto melhor, pois Deus só deseja o nosso Bem.

Oração:
Senhor, que nos destes gratuitamente e por puro Amor a condição de Vossa Imagem e Semelhança, concedei-nos pelas orações e exemplo de Santa Gemma Galgani a preciosidade de Vos seguir no caminho concreto que nos indicais, para que sejamos como ela uma jóia (Gemma) de caridade associada à Coroa de Espinhos da Vossa Paixão, a fim de participarmos igualmente da realeza da Vossa Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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10 de Abril

10 de Abril – Santa Madalena de Canossa  –
Madalena Gabriela Canossa nasceu em 1774 na cidade de Verona, região de Veneto, nordeste da Itália, a terceira de seis irmãos. Sua família era nobre e o pai muito rico, mas morreu quando ela tinha cinco anos. Dois anos depois, sua mãe casou em segundas núpcias e entregou a educação dos filhos a uma severa governanta francesa.

Aos 15 anos, Madalena ficou doente, com uma febre misteriosa, uma forma grave de varíola e dores isquiáticas, um quadro que lhe desenvolveu asma crônica e dolorosa contração dos braços, agravados com o passar do tempo.

Com 17 anos, desejando entrar para o Carmelo, por duas vezes fez fracassadas experiências conventuais. De volta à casa, assumiu de forma excelente o controle e administração dos bens familiares, com excepcional tino comercial. Mas, mantendo sua vocação religiosa, não se casou, e incrementou no seu palácio o auxílio aos pobres, aos quais lá já atendia antes das tentativas de clausura.

As consequências da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas, e os domínios estrangeiros, tornou difícil a condição italiana nos anos 1800, aumentando a pobreza e o número de doentes e desabrigados. Neste período duas adolescentes foram procurar guarida no palácio, e Madalena as acolheu. Outras vieram; e logo grande parte do palácio se transformou num abrigo de meninas abandonadas. Isto gerou desagrado nos familiares, mas Madalena percebeu o que Deus desejava dela.

Em 1808, chegando a um acordo com os irmãos, deixou o palácio para viver no bairro mais pobre de Verona, dedicando-se à evangelização, cuidado e educação dos desvalidos. Fundou assim a Congregação das Filhas da Caridade, para a formação de religiosas educadoras, cujas Regras de Vida foram escritas por Madalena em 1812. Rapidamente, novas casas surgiram na Itália e na Europa, com aprovações diocesanas. A aprovação papal das Regras ocorreu em 1828. No Instituto de Bérgamo, Madalena funda o primeiro Centro para professoras camponesas e a Ordem Terceira das Filhas da Caridade, aberto também às mulheres casadas ou viúvas, que se dedicavam, sobretudo, à formação das enfermeiras e professoras. Em 1831 inaugurou-se em Veneza a primeira Casa, ou Oratório, do ramo masculino da Congregação dos Filhos da Caridade, destinado à formação e evangelização de jovens e adultos carentes.

Madalena desejava para os seus congregados a disposição de ir a qualquer lugar, mesmo os mais remotos, no empenho de evangelizar e educar. Aconselhava-lhes o sereno abandono à vontade de Deus, mais do que rigor excessivo, e a fuga da tristeza e melancolia. Seus objetivos específicos eram cinco: caridade para integral promoção das pessoas, catequese para absolutamente todos mas especialmente para os mais carentes, assistência principalmente aos doentes, seminários residenciais para formação de professoras nas áreas rurais e auxílio pastoral aos párocos, e exercícios espirituais anuais para sensibilizar as mulheres (inicialmente da alta nobreza) em atividades caritativas.

Madalena teve uma profunda vida espiritual, na oração e na mística, que a sensibilizava sempre mais à dor e necessidades dos irmãos. Napoleão Bonaparte a chamava de “anjo da caridade”. Nos seus últimos anos, sofreu crises frequentes de asma e dores nos braços e pernas. Faleceu com 61 anos na sua cela em Verona, aos 10 de abril de 1835, uma Sexta-Feira da Paixão, rezando à Nossa Senhora.

 A Família Canossiana Filhos e Filhas da Caridade atua hoje nos cinco continentes, subdividida em 24 organismos.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
Novamente a Providência nos oferece um santo dedicado ao ensino como tema para nossa reflexão e ação. Talvez porque os tempos atuais sejam extremamente carentes do bom ensino religioso, verdadeiramente católico, não apenas na esfera diretamente espiritual como também na cultura em geral. Chama a tenção que um dos focos principais das Congregações educativas fundadas por Santa Madalena de Canossa fosse a “catequese para absolutamente todos mas especialmente para os mais carentes”: absolutamente a todos… especialmente aos mais carentes. Um questionamento se faz necessário para os dias atuais, quem são os mais carentes de catequese? Pois salta à vista que os católicos, em grande número – incluindo, infelizmente, representantes do próprio clero – não têm boa (ou sequer minimamente correta) formação, e que entre os religiosos há alarmantes sinais, por todo o mundo, de atitudes heréticas e de apostasia. Grande é, portanto, a obra de evangelização a ser feita, e que dirijamos súplicas e penitências, certamente necessárias, para a santificação de todos os membros da Igreja. E começemos este serviço de amor ao próximo pela nossa própria conversão, nas orações e nas ações, particularmente aos que têm por encargo o ensino.

Oração:
Pai de santidade e misericórdia, que velais sempre pelo ensino das nossas almas, concedei-nos pela intercessão de Santa Madalena de Canossa bons pastores e o empenho santo na evangelização, na plena e serena confiança do Vosso contínuo auxílio, sem permitir, como ela orientava, que a tristeza e a melancolia diante dos desafios nos desanimem ou diminuam a alegria e entusiasmo das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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9 de Abril

09 de Abril – Santo Acácio –

Santo Acácio viveu no século V, sendo bispo e confessor em Amida, cidade localizada na margem esquerda do rio Tigre, na Mesopotâmia, atual Diyarbakir na Turquia.

Teodósio II era o Imperador Romano do Oriente, em Constantinopla, que o enviou em 419 como embaixador em Gueartaxaro no Assuristão, pertencente ao reino persa, para convocar um concílio junto às igrejas desta região que haviam abraçado a heresia nestoriana, negadora da divindade de Jesus.

Estando Acácio na Pérsia, em 422, começa a guerra entre Teodósio e os persas. O exército romano fez 7.000 prisioneiros em algumas províncias para além do Rio Tigre, que ficaram em situação miserável e deixados para morrer de fome. Acácio, sabendo disto, vendeu cálices, pátenas e todos os objetos de ouro que pôde reunir, desejando obter dinheiro suficiente para dar de comer aos prisioneiros persas e pagar o preço do seu resgate.

Esse gesto de grande caridade converteu muitos dos cativos ao cristianismo, que, após o batismo, voltaram à Pérsia. O rei persa, então, parou a perseguição aos cristãos; e em 422 Acácio, em nova missão diplomática, conseguiu a paz.

 Faleceu por volta de 425, após contribuir para a superação de um cisma e para a unidade das igrejas na Pérsia, e o dia 9 de abril foi dedicado à sua celebração.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A caridade de Santo Acácio não teve contações políticas; e se evitou a fome e conseguiu a liberdade dos cativos, muito mais os alimentou com o Pão da Vida, no Batismo, e na libertação de uma vida no pecado. O auxílio necessário nas carências materiais devem ser reflexo do amor maior, que visa antes de tudo a felicidade infinita da alma. Os persas convertidos não o foram de modo forçado, nem por uma barganha, pois a Verdade se impõe por Si mesma, e Cristo é a Verdade, o Caminho e a Vida. Muitos, mesmo conhecendo Jesus e Suas obras, mesmo vendo por exemplo a ressurreição de Lázaro, não seguiram o Senhor… portanto, a caridade de Santo Acácio, longe de impor uma conversão, apenas despertou aos combatentes cativos o motivo certo pelo qual lutar, e é mérito de cada um deles ter se alistado espontaneamente no exército espiritual da igreja. De fato, “Acácio” significa “o que não tem malícia”, e foi por amor e não por cálculo ou interesse que este santo agiu para o bem material dos soldados. Que seja também esta a nossa motivação, sem desvirtuar a caridade em argumento ou viés político, algo que infelizmente é uma triste realidade dos nossos dias.

Oração:
Senhor Deus, que desejais para nós muito mais do que o pão material e a falsa liberdade mundana, dai-nos a graça de, pela intercessão de Santo Acácio, praticarmos a verdadeira e desinteressada caridade, levando ao próximo o amor pela Eucaristia e pela santa guerra contra o pecado, de modo a obtermos a paz nesta vida e a volta definitiva para a nossa Pátria Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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08 de Abril

08 de Abril – Santa Júlia de Billiart  —

Maria Rosa Júlia Billiart nasceu em Cuvilly, região da Picardida, norte da França, em 1751. Era uma dos nove filhos de camponeses pobres e muito religiosos, que a batizaram no mesmo dia do seu nascimento. Fez a Primeira Comunhão aos sete anos; a partir deste dia, milagrosamente, a Eucaristia passou a ser o seu único alimento.

Aos 13 anos, com sérios problemas de saúde, acabou paraplégica, uma situação que durou por 30 anos. Ao longo deste tempo, aprofundou-se na oração e na contemplação, vivendo experiências místicas: Jesus lhe revelou mistérios da Salvação, dos sofrimentos no Calvário, da luz divina que ilumina os católicos e da Glória Celeste. Mas também procurou sempre ajudar na catequese paroquial, preocupando-se com a educação dos pobres.

Cultivava a amizade com familiares, religiosos, irmãs carmelitas que lhe davam auxílio espiritual, e mesmo com damas da nobreza, que a ajudavam com donativos. Desenvolveu uma pedagogia própria, e aprendeu também com os acontecimentos da Revolução Francesa, as guerras de Napoleão e com as autoridades com quem conviveu. Em 1794, conheceu Maria Luísa Francisca Blin de Bourdon, Viscondessa de Gézaincourt, no castelo desta família em Amiens. Tornaram-se amigas e acabaram por fundar a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, futura Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namür, dedicada à educação das crianças e à catequese, com a formação de bons e santos educadores.

Em fevereiro de 1804, Júlia, Maria e Catarina Duchâtel fizeram seus votos religiosos. Júia lutou para que a nova congregação obtivesse independência da esfera diocesana, e conseguiu, sendo então eleita superiora geral. Ingressas algumas candidatas, iniciaram-se aulas noturnas de catequese, e foi aberto um orfanato: Júlia estava atenta para o pequeno número de sacerdotes em contraste com o grande número de crianças sem formação, e com a sua fundação se dispunha a ajudá-los.

Em 1 de junho de 1804, após 30 anos de enfermidade e 22 anos de paralisia, Júlia foi milagrosamente curada durante uma novena ao Sagrado Coração de Jesus, de Quem era devota. Com saúde, expandiu a obra, inaugurando novos conventos em Namür, Gante e Tournai; abriu uma primeira escola gratuita em Amiens e outras mais pela França e Bélgica, além de pensionatos, diante da situação de miséria da época. O que era ganho com os pensionatos era utilizado para a fundação das escolas gratuitas. Júlia não aceitava doações que interferissem na independência da Congregação. Injustamente perseguida pelo bispo de Amiens, que chegou a afastá-la da Congregação, foi para Namür na Bélgica com as Irmãs, onde a Congregação se firmou.
 Faleceu ali em 8 de abril de 1816, enquanto recitava o Magnificat.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Nas palavras de Santa Júlia de Billiart, “A educação é caminho da plenitude da vida”. Particularmente a educação religiosa e espiritual. Por isso, a começar pelo clero, todos os católicos que se dedicam a algum tipo de ensino, e na verdade todos os batizados, que têm a missão de ensinar por atos e palavras a verdeira Fé, devem se preparar com exemplar empenho no conhecimento da Doutrina da Igreja, e se destacarem pela competência nas suas áreas particulares de ensino. Não se trata de vaidade ou ambição, mas sim de coerência e fidelidade, pois se não ensinamos a Verdade, pecamos por ignorância culposa (sem dedicação correta ao que somos obrigados primeiro a conhecer bem para depois ensinar) ou omissão. E isto, atualmente, é tanto mais grave quanto maiores se tornam as mediocridades e falsidades espirituais, ideológicas, filosóficas, nos centros de ensino, na mídia, na cultura em geral. Só é possível amar e servir ao que se conhece; e Se Cristo e a cultura que Dele emana não é ensinada, ou é distorcida, quão imensa é a responsabilidade dos que o permitem, e qual o prejuízo, espiritual e material dos que são “ensinados”, ou antes, treinados no erro! Gravíssimas serão as consequências para todos, nesta e na vida infinita que teremos.

Oração:
Deus Todo-Poderoso, que nunca nos deixais sem a orientação da Verdade, e continuamente nos alertais para as nossas responsabilidades nesta vida e para o que teremos por nossas obras no futuro infinito, concedei-nos pela intercessão e ensinamentos de Santa Júlia Billiart a graça de não ficarmos paralisados na mediocridade do que devemos aprender, na indiferença sobre os males que são ensinados, e na omissão sobre o que devemos instruir, para que, nos empenhando na cura da enfermidade de ignorância acerca de Vós e do que desejais, pratiquemos a maior das caridades, que é a Vos levar ao conhecimento dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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7 de Abril

07 de Abril – São João Batista de La Salle

João Batista nasceu em 1651 na cidade de Reims, França, de uma nobre família de magistrados, profundamente cristã. Primogênito de 11 irmãos, dos quais quatro se tornaram religiosos, desde cedo sentiu inclinação para o sacerdócio, e na infância brincava de repetir as celebrações litúrgicas das quais participava com a mãe, num altarzinho montado por ele. Aos dez anos entrou para o colégio dos Bons Meninos.

Seu pai despertou nele o gosto pelas artes, especialmente a música, clássica e sacra. Entrou assim no Coral dos Cônegos da Catedral de Reims, atuando também como coroinha nas Missas. Aos 15 anos, foi nomeado cônego (ou seja, religioso que participa do colegiado de uma igreja e trabalha na administração da mesma) da catedral, posição muito avançada para um menino de sua idade. Sempre dedicado aos estudos, com 18 anos recebeu o título de Mestre das Artes Livres. Pouco tempo depois, ingressou na Universidade de Sorbonne.

Como universitário, morou no Seminário São Sulpício em Paris, e dedicava-se aos estudos, à oração, à caridade e ao trabalho de catequista – chegou a ensinar 4.000 crianças, descobrindo assim sua vocação de educador. Mas aos 21 anos, tendo falecido os pais, teve que assumir o cuidado dos irmãos. Só foi ordenado sacerdote aos 27 anos, em 1678, após terminar os cursos de Filosofia e Teologia. É encarregado da administração da própria universidade, e conhece Adriano Nyel, um leigo com a proposta de criação de escolas populares e gratuitas para os jovens pobres, com quem passa a trabalhar. Mas logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados. Iniciou assim uma escola para a formação de mestres leigos, alugando uma casa onde foi morar com seus professores, de modo a instrui-los pessoalmente. Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.

Suas modificações pedagógicas incluíam a introdução de aulas coletivas, e não mais individuais, dividindo as lições em classes no ensino fundamental. Pela primeira vez, as aulas de leitura deram prioridade à língua materna, o Francês, ao invés do Latim. Organizou cursos noturnos e dominicais para jovens trabalhadores. Ofereceu, ineditamente, cursos de formação técnica, comercial e profissional para jovens (bem como havia criado a formação normalista dos professores).

A primeira escola lassalista, gratuita, surgiu em 1679. Em 1681 João termina o doutorado, após o que fundou a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, com o carisma da formação humana e espiritual de crianças e adolescentes pobres. Esta nova Congregação era composta não só por sacerdotes mas também homens leigos consagrados (ideia seguida posteriormente pelos maristas), que renunciavam ao matrimônio para se dedicar totalmente aos alunos.

Rapidamente novas escolas foram sendo abertas, e em 1700 a Congregação abriu um Seminário, onde era ensinado pedagogia, gramática, leitura, matemática, física, catecismo da Igreja Católica e música litúrgica. João renunciou ao cargo de cônego e seus privilégios (em favor de um sacerdote muito pobre) e distribuiu os bens de família aos necessitados. Assim os Irmãos e as escolas passaram a viver confiando apenas na providência de Deus – multiplicaram-se logo por toda a França.

Como é normal no caso de santas obras, seu crescimento foi acompanhado de injustiças: os chamados “professores de rua” acusaram João de receber dinheiro dos alunos, gozar de privilégios reservados às associações profissionais e manter um grupo de professores sem a devida autorização. Ele foi atacado pelo alto Clero de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. Reagiu retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e estudo. Por fim, em 1702, após uma visita canônica, João foi deposto do cargo de superior. “Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil”, foi sua resposta.

Na sexta-feira da Paixão, sete de abril de 1719, idoso, João, que sempre dedicara muitas horas diárias à oração e duras penitências, faleceu em Rouen. Sua Congregação contava então com 700 Irmãos, mais de 100 Casas e 20 mil alunos. Atualmente está espalhada por todo o mundo, incluindo o Brasil. São João Batista de la Salle é considerado o precursor do ensino popular generalizado, e declarado padroeiro principal e universal de todos os educadores.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Ora, se um cego guia outro cego, ambos cairão num buraco” (Mt 15,14). São João de la Salle “logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados”, e “Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.” Retrato discente no século XVII, época do rei Luís IV de França, com esplendor político e decadência moral; e no século XXI, época do reinado da mediocridade cultural no mundo, com destaque para a política distorcida e para a decadência moral e espiritual… a importância dos mestres, daqueles que formam os demais, é fundamental, e não por outro motivo Deus Se nos ofereceu a Si mesmo, na Encarnação de Cristo, como Mestre dos mestres, e os Apóstolos e seus sucessores como continuadores desta missão; rezemos muito pelo clero atual, especialmente o Papa e os bispos, para que sejam fiéis à sua obrigação; pois é a partir deles que se formam as outras lideranças na sociedade. Se tudo o que é humano, como a cultura, a política, os meios de comunicação, não estiverem impregnados do Evangelho, as ideologias mundanas, cujo inspirador é, em última análise, o diabo, transformam esta vida numa escravidão ao pecado, onde Deus é perseguido e os povos são tiranizados sob a mentira e a violência – espiritual, moral, intelectual, física.

Oração:
Senhor Deus, supremo Mestre, que nos ensinais sempre os caminhos do Bem, concedei-nos pela intercessão de São João Batista de La Salle a graça de termos santos mestres, espirituais e em todas as outras áreas da vida, para que aprendamos e coloquemos em prática coerentemente os Vossos ensinamentos, que devem iluminar tudo, absolutamente tudo o que fazemos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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6 de Abril

06 de Abril – São Marcelino de Cartago  – 

São Marcelino viveu no século V, e era alto funcionário – tabelião e tribuno – do Império Romano em Cartago, no extremo Norte da África, a poucos quilômetros da Sicília, na Itália. Não se sabe como se tornou cristão, mas era sábio e extremamente dedicado, discípulo e amigo pessoal de Santo Agostinho. Este, aliás, escreveu algumas das suas grandes obras por causa de consultas de Marcelino, como “Sobre o Espírito Santo”, “Sobre a Remissão dos Pecados”, e “Sobre a Santíssima Trindade”. Era casado, honrado pai de família, conhecido e estimado por sua bondade.

Em 411, como tribuno, participou da conferência de bispos que elegeria o futuro bispo de Cartago. Foi eleito Ceciliano, mas isto foi contestado por Donato, um bispo que argumentava ser interdito a pecadores ministrar os Sacramentos – a heresia donatista –, e como Ceciliano fôra eleito por alguns que anteriormente tinham renegado a Fé, na perseguição do imperador Dioclesiano (mas que haviam se arrependido e voltado à igreja), sua escolha era “inválida”. Donato era arrogante e orgulhoso, crendo-se “santo”, e tinha interesse na diocese de Cartago, referência de importância e riqueza no antigo Império Romano.

Marcelino não era donatista e não tinha motivo para contestar a eleição. Como autoridade civil responsável do evento, atraiu a ira dos donatistas, que falsamente o denunciaram como cúmplice de Heracliano, um usurpador da província de Cartago, inimigo do imperador Honório. Um inquérito injusto foi aberto, e Marcelino condenado à morte por decapitação, sentença executada em 13 de setembro de 411.

Um ano depois, o erro foi reconhecido pela justiça romana e pelo imperador, e, tendo as acusações sido retiradas, Marcelino foi reverenciado como mártir, por ter dado a vida defendendo a correta posição da Igreja.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Enquanto não nos convencermos do nosso próprio “donatismo”, isto é, da nossa ilusão de sermos melhores do que os outros, não teremos condições de dar a vida pela Verdade de Cristo, no martírio se necessário, ou no morrer diário para as seduções do mundo. São Marcelino era humilde, e na humildade correto, e correto não hesitou em preferir a separação do próprio corpo do que a separação de Cristo. Somos nós mesmos os tribunos responsáveis pela decisão de fidelidade à Igreja, independentemente das intrigas e injustiças nesta vida. Sejamos, como Marcelino, amigos dos santos, consultando-nos com eles para lhes seguir o exemplo.

Oração:
Senhor, justo Juiz, acolhei-nos na Vossa misericórdia, concedendo-nos pela intercessão de São Marcelino a firmeza de reconhecermos os nossos erros e deles nos arrependermos sinceramente, para com nossa vida e morte darmos testemunho da Verdade da Vossa Igreja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém..
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05 de Abril

05 de Abril – São Vicente Ferrer  –  
Vicente nasceu em Valência, Espanha, no ano de 1350, em família nobre. Tanto o pai, tabelião, quanto sua mãe receberam sinais de que este filho seria santo, antes do seu nascimento. Muito inteligente, desde criança fazia “pregações” para outras crianças, e aos 12 anos começou a estudar Filosofia e Teologia, pois já dominava Gramática e Lógica.

Na juventude frequentava muito a igreja, jejuava duas vezes por semana, meditava longamente a Paixão de Cristo, rezava o Ofício da Cruz e as Horas de Nossa Senhora, e era caridoso com os pobres e os religiosos. Morando próximo de um convento dominicano, aos 17 anos pediu ingresso nesta Ordem dos Pregadores, fazendo os votos no ano seguinte (1368).

Como diácono apenas, já vinham pessoas de longe para ouvir suas pregações. Ordenou-se em 1378, e alternou, por ordem dos superiores, estudos com docência, em Lérida, Barcelona e Tolosa: doutorou-se em Filosofia e Teologia, que lecionava nestas universidades, além de Lógica. Sabia também a exegese dos santos, o Latim e o Hebraico.

Depois de ordenado, começou a peregrinar pela Europa em função do seu dom especial de pregação. O diabo o perseguia, tentando desanimá-lo da vida de perfeição, aparecendo-lhe como um venerável ermitão e depois com uma aparência monstruosa, dizendo-lhe que não conseguiria manter a santidade, ou como uma voz que lhe garantia a perda da castidade; mas em todas as ocasiões, e recorrendo a Nossa Senhora, Vicente enfrentava e espantava o demônio.

O ano da sua ordenação coincidiu com a eclosão do Grande Cisma do Ocidente, fruto de uma situação já delicada por causa da Guerra dos Cem Anos, quando eram fortes as interferências políticas nas eleições papais. Os franceses não aceitaram Urbano VI e elegeram o antipapa Clemente VII, que, após 70 anos, novamente levou a “sede papal”, agora ilegítima, para Avignon, na França.

Na época, não era tão simples perceber quem tinha a razão, pois de ambos os lados havia erros e ambições… e santidade: por exemplo, Santa Catarina de Sena apoiava Urbano VI, e São Vicente Ferrer a Clemente VII, convencido pelo cardeal aragonês Pedro de Luna. Horrível foi a divisão na cristandade. Para piorar o quadro, em 1409, numa tentativa de resolver o problema, num Concílio em Pisa foi eleito um terceiro pontífice, Alexandre V. Somente em 1417, no Concílio de Constança, retornou-se à unidade sob Martinho V, após a renúncia dos anteriores.

Neste ínterim, após o falecimento de Clemente VII, Pedro de Luna o sucedeu sob o nome de Bento XIII (não confundir com Bento XIII/Pedro Francisco Orsini, Papa em 1724). Era inicialmente austero e piedoso, convencido de sua legitimidade, e convidou frei Vicente a ser seu capelão e confessor, nomeando-o também Mestre do Sacro Palácio e penitenciário da corte papal. Mas algumas atitudes suas decepcionaram Vicente, que acabou doente, também pela gravidade da divisão entre os católicos; em três dias, estava já para morrer. Apareceu-lhe então Jesus, dando-lhe a missão de pregar contra os erros do tempo e conclamar o povo à conversão, garantindo-lhe apoio contra as dificuldades, e curando-o imediatamente.

Deixando Avignon em novembro de 1399, e com a permissão dos superiores percorreu a Europa: Espanha, Portugal, França, Suíça, Alemanha, Itália, Sabóia, Bélgica, Inglaterra, Irlanda e muitas outras regiões. Viajava a pé e depois num burro, quando ficou doente de uma perna, com qualquer tempo, tendo como proteção apenas o longo hábito dominicano, que cobria seus pés descalços.

Estando o continente imerso no cisma, em batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, peste negra (que matou um terço da população europeia), e acostumado com as visitas do diabo, Vicente pregava o iminente fim do mundo e os eventos prodigiosos que o precedem, os flagelos e tribulações pelas quais haveria de passar a humanidade. Lembrava os Novíssimos e o Juízo Final, condenando a mentira, o perjúrio, a blasfêmia, a calúnia, a usura, a simonia, o adultério, e tantos outros vícios daquela sociedade dissoluta. Seu lema era “ ‘Temei a Deus, e dai-Lhe glória, porque é chegada a hora do seu julgamento’ (Ap 14,7), porque o temor reverencial a Deus não é senão outro nome do amor.” Por causa deste teor, ficou conhecido como “o anjo do Apocalipse”. Mas esta abordagem, impressionante mas verdadeira, buscava alcançar a unidade da Igreja, o fim das guerras, e a conversão sincera das almas pelo arrependimento e penitência, necessárias para a salvação. As multidões eram atraídas pela sua paixão e fervor, conhecimento e clareza, que tocava as consciências.

Dando o exemplo de vida interior, Vicente praticava o jejum e mortificações, incluindo a provação do sono para ter mais tempo de oração. Pregava em locais abertos, por causa das milhares de pessoas que o ouviam, e eram constantes os milagres, como o entendimento de todos em suas próprias línguas, mesmo ele falando apenas no seu dialeto valenciano, e a escuta por pessoas a mais de 45 km de distância. Numa ocasião, ressuscitou uma mulher judia que havia sido sarcástica à sua pregação e, deixando o local, foi imediatamente morta pela queda de um portal; viva, ela se converteu. De outra vez, expulsou três cavalos endemoninhados que se atiraram sobre a multidão. Curava os enfermos após cada pregação. Previa o futuro, como a vocação papal de Alonzo de Borja/Calisto III, dizendo a ele que o canonizaria, o que de fato aconteceu.

Vicente começou a ser seguido nos caminhos por camponeses, clérigos, nobres, teólogos, incultos, adultos e crianças, e logo surgiram os bons frutos: milhares se flagelavam em procissões penitenciais, conversões e volta à Igreja aconteciam, criminosos se arrependiam, surgiam consagrados à vida religiosa.

Ele se acompanhava de muitos confessores de várias nações para atender aos penitentes, e costumava se confessar antes da Missa solene na qual pregava. Mesmo idoso e com dificuldades, precisando de ajuda para subir nos estrados, continuou pregando, e parecia recuperar as forças quando começava a falar.

 Vicente faleceu em viagem de pregação à Bretanha, em 5 de abril de 1419. Foi dito dele que, “exceção feita aos Apóstolos, provavelmente ninguém excedeu São Vicente Ferrer como pregador”. Foi declarado padroeiro de Valência e Vannes.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Acima de todos os erros, fragilidades e defeitos do ser humano, está a Providência Divina, Senhora absoluta da História. Quem de fato governa a Igreja e o seu caminhar no tempo (isto é, aquilo que conhecemos como os acontecimentos sucessivos neste mundo material em razão de uma finalidade transcendental) é Deus, e não os Homens. Por isso a santidade é possível mesmo se, como São Vicente Ferrer, nos enganamos a respeito de alguma questão, ainda que importante. É verdade que para isso deve existir uma sinceridade absoluta da alma na busca do que é certo (e São Vicente por fim apoiou a renúncia de “Bento XIII”). Esta disposição espiritual é decisiva, pois como ensina a Bíblia, “Quem dera fosses frio ou quente! Como és morno, estou para te vomitar da Minha boca” (cf. Ap 3,15-16). De fato, a pior situação de uma alma é querer agradar, ao mesmo tempo, a Deus e o mundo, sem compromissos definitivos com a Verdade ou a sua busca – infelizmente, um retrato muito fiel da condição de não poucos católicos, que se iludem ao eventualmente frequentar alguma igreja de tijolos mas não a Igreja do Espírito, discordando de pontos da Doutrina, escolhendo só o que lhe agrada nos ensinamentos da Igreja e até nos Mandamentos e Sacramentos de Deus (é pecado gravíssimo, por exemplo, comungar sem querer se confessar com um sacerdote), e na rotina praticar atos contrários à Fé (como ver filmes de conteúdo moral e espiritual divergentes do Catolicismo, não ser completamente honesto no trabalho, etc.). Não sabemos quando será o fim do mundo, mas é certo que morreremos. E é para esta ocasião, absolutamente pessoal, que devemos nos converter sinceramente, pois a cada momento dela nos aproximamos, de modo inexorável. E a morte não deve ser vista com pavor ou desespero, mas como a passagem necessária para a felicidade infinita com Deus; deve ser preparada como a melhor obra da nossa vida, como a obra-prima de um artista, que se dedica ao máximo, com alegria e com todo o empenho e constância possível, na sua perfeição.

Oração:
Deus de bondade e sábio condutor da História, dai-nos por intercessão de São Vicente Ferrer a compreensão da importância de buscar veementemente o arrependimento e a conversão, a unidade da Igreja especialmente pelo fim das guerras na alma e da pregação da Verdade, e a santa preparação para o encontro definitivo Convosco através dos conselhos que ele ensinava para tratar o próximo: doar-se com compaixão, alegria, tolerância, perdão, afabilidade, respeito e concórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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04 de Abril

04 de Abril – Santo Isidoro de Sevilha  –  
Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.

Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.

Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.

Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.

Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.

Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).

Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.

Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.

Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.

 Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A vida de Santo Isidoro se destaca não apenas pelo seu conhecimento enciclopédico, mas também pela sua sabedoria espiritual, muito mais importante, pela qual levou vida íntegra e caridosa. Por isso cuidou tão bem da educação e formação, especialmente do clero, através do qual deve ordinariamente chegar aos fiéis, pelo bom exemplo, a Fé, a Verdade, e suas manifestações práticas no amor ao próximo e na cultura dos povos. Assim destacou tanto o valor do esplendor litúrgico, belo mas sóbrio, tão maltratado na atualidade, como destacou a necessidade do estudo como obrigação para os que vão evangelizar, e igualmente deu atenção às vestimentas, nem escandalosas nem miseráveis e feias, que denigrem a natureza humana de imagem e semelhança de Deus nos modismos modernos. Sua regra monástica previa (como a de São Bento) o equilíbrio entre trabalho intelectual e manual, o que podemos traduzir no nosso dia a dia como oração e ação (o Ora et Labora beneditino); leituras religiosas seguidas de meditação, para concretizar praticamente o amor ao próximo em qualquer atividade. Mas talvez o maior legado que Santo Isidoro nos tenha deixado é a de entender que, pela perseverança no conhecimento – de Deus – somos capazes de marcar, na dura pedra das nossas almas, os canais pelos quais a santidade da nossa particular água batismal deve transbordar, do fundo poço de Vida Eterna que Cristo nos oferece pela Sua Paixão.

Oração:
Deus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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