17 de Maio

17 de Maio  –  São Pascoal Bailão   – 

Pascoal nasceu na cidade de Torrehermosa, Reino de Aragão, Espanha, em 1540 – no dia de Pentecostes, conhecido no país como “Páscoa do Espírito Santo”, daí o seu nome. Sua família era pobre, de camponeses extremamente virtuosos, e desde criança trabalhou como pastor de ovelhas para outros. Isolado, nos campos, admirava a natureza, reconhecendo nela a mão de Deus, e aproveitando o tempo, a solidão e o ambiente para rezar.

Tinha enorme interesse em aprender a ler e escrever, sendo muito autodidata, e também, na impossibilidade de ir à escola, pedindo por caridade a todos que encontrava no caminho, ao levar o rebanho, que lhe ensinasse as letras de um livro que carregava consigo. Sempre um livro de oração, ou sobre a vida de Jesus, ou de algum santo, pois seu interesse era unicamente conhecer melhor a religião.

Seu rico patrão, piedoso e admirando suas qualidades, quis adotá-lo como filho e fazê-lo seu herdeiro, mas pascoal recusou, pois tinha o propósito de vida consagrada e temia que os bens terrenos o atrapalhassem neste caminho. Na sua pobreza, dividia o que recebia para a própria subsistência com os necessitados.

Aos 20 anos decidiu ir para o reino de Valência, em busca de admissão no convento dos franciscanos descalços, em região desértica próxima a Monteforte. O superior quis testá-lo, e pediu que primeiramente cuidasse dos rebanhos dos habitantes vizinhos. Isto Pascoal fez com grande humildade, e em breve ficou conhecido como o “santo pastor”. Em 1564, finalmente foi admitido como irmão converso no noviciado; recusou o convite para ser incluído no coro entre os religiosos, por se achar indigno.

Também se achava indigno do sacerdócio e de assim poder tocar Jesus Eucarístico com as próprias mãos. Assim permaneceu irmão leigo a vida toda, procurando os serviços mais humildes no convento. Trabalhou como porteiro, hospedeiro, enfermeiro, na cozinha e refeitório, como ajudante de serviços gerais ou urgentes. Aproveitava todas as oportunidades de prestar aos outros qualquer serviço penoso e humilhante, tendo-se por muito honrado com isso.

Com o tempo, seu fervor aumentou, e procurou acrescentar novas austeridades à Regra; mas era obediente e, sem apego à própria vontade, se advertido pelos superiores de algum exagero, abandonava tais mortificações. De toda a forma, sua rotina incluía penitências constantes, pouca alimentação, oração constante, mesmo durante o trabalho; tinha apenas um hábito, velho pelo uso, andava descalço na neve e nos caminhos mais ásperos, distribuía com os pobres as sobras da comida dos frades, rezando com eles antes e depois das refeições.

Observava exemplarmente a regra, e sempre tratava a todos com respeito, caridade e afabilidade. Jamais se queixava com a mudança de convento, que, para evitar apegos secretos do coração, ocorria regularmente de acordo com o costume da Ordem.

Em 1576, foi encarregado de levar documentos importantes ao Padre Geral da Ordem, em Paris. Viagem perigosa (que fez descalço), pois quase todo o trajeto incluía cidades dominadas pelos huguenotes calvinistas, muito hostis à Igreja, e seu hábito franciscano o evidenciava.

O perigo de vida era real. Duas vezes foi preso como espião; foi atacado com pedras e bastões, insultado, ridicularizado; em Orléans, quase foi apedrejado por uma disputa sobre a Eucaristia, negada pelos hereges; um ferimento no ombro o incomodou pelo resto da vida. De tudo Deus o livrou.

De volta à Espanha, retomou no mesmo dia da chegada, apesar do evidente cansaço, seus trabalhos no convento. Nunca comentou os perigos da viagem, limitando-se a responder com poucas palavras às perguntas feitas, e suprimindo qualquer coisa que lhe pudesse ser elogiado.

Pascoal era devotíssimo de Nossa Senhora, a Quem continuamente pedia a intercessão para obter a pureza de alma, da Paixão de Cristo e também da Eucaristia, passando horas e noites inteiras diante do Santíssimo. Sem ter estudado Teologia, escreveu uma Coleção de Máximas provando a presença real de Jesus na hóstia e no vinho consagrados, bem como no poder divino transmitido ao Papa. Este livreto chegou às mãos de Gregório XIII, e o Pontífice apelidou Pascoal de “Serafim da Eucaristia”.

Muitas vezes o observaram em êxtase, e também flutuando durante as horas de Adoração Eucarística. Nos seus últimos anos de vida, passava a maior parte das noites ajoelhado ou prostrado diante do altar.

 Após a Comunhão, faleceu em Villa Real, Valência, com 52 anos, alquebrado pelas provações, jejuns constantes e privações corporais, aos 17 de maio de 1592 – assim como a data do seu nascimento, um dia de Pentecostes. Grande número de milagres ocorreu no período de três dias de exposição do seu corpo. São Pascoal é patrono dos Congressos Eucarísticos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há quem, contemplando sinceramente a Natureza, não possa chegar a Deus, como indica São Paulo na sua carta aos romanos (cf. Rm 1,21-25). É preciso saber “ler neste livro”, e não foi outro o interesse de São Pascoal Bailão em aprender as letras: queria conhecer a Palavra. Muito empenho e interesse dedicamos a muitas coisas, mas a que ponto naquelas de Deus e da Igreja? É certo que crescemos em santidade e alegria se, como este santo, dedicarmos amor e tempo à devoção para com Nossa Senhora, a Paixão de Cristo e a Eucaristia – Deus vivo entre nós! – porém, o fazemos? Com seriedade? Não se diga que as atividades diárias o impedem, pois também Pascoal as tinha, e mesmo em viagem, aliás árdua, não deixou de buscar a intimidade com Deus. Vale a pena, se quisermos viver as duas primeiras proposições da seguinte afirmação de São Pascoal, prestar atenção na terceira: “Precisamos ter um coração de filho para Deus; um coração de mãe, para o próximo; um coração de juiz, para si”. O chamado “santo pastor” não quis contudo ser sacerdote, por se achar indigno de ter a permissão de segurar, nas próprias mãos, a Hóstia Consagrada, Jesus Cristo vivo e presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que tipo de juízes somos, de coração, para não nos importarmos com os abusos litúrgicos na Santa Missa? Pode ser que a Igreja determine períodos de exceção, mas o correto é que os fiéis recebam a Eucaristia de joelhos e diretamente na boca, das mãos ungidas – só elas – do sacerdote. Não é meramente uma questão de higienização manual, é uma questão de direito e dignidade específicas que só os presbíteros têm. Se tão negligentes são assim os fiéis com as coisas de Deus, também no momento mais sagrado do mais sagrado dos momentos que é a Santa Missa, como desejar sinceramente que o mundo em que vivemos se aproxime mais de Deus? Acaso serão os ateus, hereges e idólatras os responsáveis por louvar corretamente a Deus?

Oração:

Ó Deus e Senhor Nosso, Bom Pastor, por intercessão de São Pascoal Bailão, dai-nos a graça de sermos santas ovelhas, não deixando passar frivolamente o sacrifício da Vossa Santa Páscoa redentora, para que no Vosso Pentecostes definitivo se manifeste, também, mais o nosso amor verdadeiro a Vós, à Vossa Igreja e aos irmãos, do que os nossos pecados de indiferença, descaso e comodismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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