05 de Julho
Com 18 anos, decidiu deixar tudo o que seria sua herança com a própria mãe (que por toda a vida aceitou a solidão de modo a não atrapalhar a vocação do filho), indo estudar Filosofia em Pávia, e posteriormente Medicina em Pádua, onde se doutorou. Durante este tempo levou vida austera, simples e humilde, afastando-se das turbulências comuns à vida universitária. Já formado e tendo abandonado as roupas luxuosas, trocadas por vestes simples, dedicou-se a tratar principalmente dos mais necessitados, curando as doenças físicas mas também oferecendo conforto e esperança com a palavra de Deus. Por fim, em 1528, decidiu tornar-se sacerdote, mudando-se para Milão.
Fundou nesta cidade, com o auxílio de Tiago Morigia e Bartolomeu Ferrari, a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, cujos membros ficaram conhecidos como “barnabitas”, porque a primeira Casa da Ordem foi construída ao lado da igreja de São Barnabé. Posteriormente, fundou a Congregação Feminina das Angélicas de São Paulo, auxiliado pela condessa de Guastalla, Ludovica Torelli, e o Grupo de Casais para os leigos.
A ideia destas fundações era a verdadeira reforma dos religiosos e leigos, naquele momento em grande decadência moral, em oposição à mal denominada “Reforma” protestante do herético Lutero (este não fez qualquer reforma no Catolicismo, pois uma reforma mantém as bases e corrige os erros; Lutero simplesmente criou outra religião, na medida em que pretendeu mudar ou eliminar, não reformar, os próprios fundamentos do Catolicismo, como a Eucaristia e demais Sacramentos, o entendimento da Bíblia, a noção de santidade, etc.).
Antônio foi assim um dos líderes da chamada (também inadequadamente) Contrarreforma, que uniu vários santos da Igreja no preparo do famosíssimo Concílio de Trento (1545-1563), fundamental para o esclarecimento dos erros dos protestantes e da afirmação das verdades da Doutrina e da Liturgia Católica. Outra dificuldade da época combatida por Antônio foi a ideia de incompatibilidade entre Fé e ciência, atualmente também em voga e de novo refutada pela Igreja (por exemplo na Encíclica de São João Paulo II Fides e Ratio, “Fé e Razão”: tanto a Fé quanto a Razão, e por consequência a Ciência que dela se desenvolve, vêm de Deus, e não podem por isso estar em oposição, pois Deus não age contra Si mesmo).
Foi um grande promotor da devoção eucarística, e por isso instituiu as hoje muito conhecidas 40 horas de Adoração ao Santíssimo Sacramento como eficaz exercício espiritual. Propunha-se igualmente a tocar os sinos da igreja diariamente às 15h00, em homenagem e recordação ao momento da morte de Jesus na Sua Paixão.
Em 1539, contraiu uma epidemia numa das suas numerosas missões de pregação e oração, e sendo médico, soube que não resistiria a ela. Voltou então para a casa materna, onde nascera, para aí nascer para a vida definitiva no Paraíso. Faleceu com menos de 37 anos nos braços da sua mãe terrena, despertando nos braços da Mãe do Céu.
Santo Antônio Maria Zaccaria é considerado o pioneiro da Pastoral Familiar na Igreja Católica.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
O resumo de toda a obra de Santo Antônio Maria Zaccaria é a reforma, verdadeira reforma, que corrige sem mudar a essência, do comportamento do clero e dos leigos, reaproximando-os dos legítimos preceitos cristãos. Nada mais atual. No seu caso, ele o fez pelo exemplo de vida, pelo ensino da sã Doutrina e pelo esclarecimento dos erros. Para nós, nada mais atual… Ele teve boa fé e razão de protestar contra as heresias, nós vemos hoje a heresia de se protestar sem razão contra a fé boa. É hora de tocarmos os sinos das nossas consciências e nos braços de Nossa Senhora acordarmos para os seus avisos em Fátima, 1917. Se o luteranismo deu início a uma inaudita fragmentação dos cristãos, em grupos cada vez mais numerosos e com cada vez menos seguidores ao longo do tempo, as ideias materialistas e ateístas das quais a Virgem Maria nos preveniu na Cova da Iria estão com mais seguidores em menos grupos cada vez mais unificados, e tais propostas, massificas na cultura em geral, exigem dos católicos o movimento de concílio de forças espirituais na santidade, para que seja sim reformada a realidade para a Verdade de Deus. Como bom médico, do corpo e da alma, Santo Antônio sabia identificar doenças e buscar a cura. A patologia mundana universal precisa, ontem, hoje e sempre, do divino Cura, em proporção católica. Busquemo-Lo com confiança, na certeza do Seu poder e bondade, pois “Eu venci o mundo” (Jo 16,33). E vamos encontrá-Lo na Adoração, meio eficaz daquela boa reforma individual e social, a medicação espiritual de quarentena (40, o número bíblico indicativo de preparação – 40 anos no deserto antes da chegada à Terra Prometida, 40 dias de oração antes da manifestação pública de Jesus…) em face da enfermidade materialista. Disse Santo Antônio Maria que “É próprio dos grandes corações dispor-se ao serviço dos outros e, sem recompensa, combater não em vista do pagamento”. Não apenas ele se pôs a serviço; sua mãe, em grande união de alma e coração com ele, aceitou uma vida de solidão para não atrapalhar sua vocação, o que foi para ela uma proposta de vida também santificante. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem não toma a sua cruz e vem após Mim não é digno de Mim” (Mt 10,37). O peso desta cruz materna foi a densidade de um ambiente vazio. Porém rico de amor ao próximo, e por isso pleno de Deus. Apoiar os caminhos que o Senhor indica aos demais, mesmo que com ônus pessoal, é grande obra de caridade.
Oração:
Senhor Deus, que apascentas o Vosso rebanho com plena solicitude, concedei-nos por intercessão de Santo Antônio Maria Zaccaria realizar a sua proposta para a pastoral familiar, levando o Bom Pastor ao núcleo das sociedades: as famílias constituídas como Vos as criastes, de modo a reformar todo o orbe para vossa Adoração infinita num único povo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.