06 de Abril

06 de Abril – São Marcelino de Cartago   –
São Marcelino viveu no século V, e era alto funcionário – tabelião e tribuno – do Império Romano em Cartago, no extremo Norte da África, a poucos quilômetros da Sicília, na Itália. Não se sabe como se tornou cristão, mas era sábio e extremamente dedicado, discípulo e amigo pessoal de Santo Agostinho. Este, aliás, escreveu algumas das suas grandes obras por causa de consultas de Marcelino, como “Sobre o Espírito Santo”, “Sobre a Remissão dos Pecados”, e “Sobre a Santíssima Trindade”. Era casado, honrado pai de família, conhecido e estimado por sua bondade.

Em 411, como tribuno, participou da conferência de bispos que elegeria o futuro bispo de Cartago. Foi eleito Ceciliano, mas isto foi contestado por Donato, um bispo que argumentava ser interdito a pecadores ministrar os Sacramentos – a heresia donatista –, e como Ceciliano fôra eleito por alguns que anteriormente tinham renegado a Fé, na perseguição do imperador Dioclesiano (mas que haviam se arrependido e voltado à igreja), sua escolha era “inválida”. Donato era arrogante e orgulhoso, crendo-se “santo”, e tinha interesse na diocese de Cartago, referência de importância e riqueza no antigo Império Romano.

Marcelino não era donatista e não tinha motivo para contestar a eleição. Como autoridade civil responsável do evento, atraiu a ira dos donatistas, que falsamente o denunciaram como cúmplice de Heracliano, um usurpador da província de Cartago, inimigo do imperador Honório. Um inquérito injusto foi aberto, e Marcelino condenado à morte por decapitação, sentença executada em 13 de setembro de 411.

Um ano depois, o erro foi reconhecido pela justiça romana e pelo imperador, e, tendo as acusações sido retiradas, Marcelino foi reverenciado como mártir, por ter dado a vida defendendo a correta posição da Igreja
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Enquanto não nos convencermos do nosso próprio “donatismo”, isto é, da nossa ilusão de sermos melhores do que os outros, não teremos condições de dar a vida pela Verdade de Cristo, no martírio se necessário, ou no morrer diário para as seduções do mundo. São Marcelino era humilde, e na humildade correto, e correto não hesitou em preferir a separação do próprio corpo do que a separação de Cristo. Somos nós mesmos os tribunos responsáveis pela decisão de fidelidade à Igreja, independentemente das intrigas e injustiças nesta vida. Sejamos, como Marcelino, amigos dos santos, consultando-nos com eles para lhes seguir o exemplo.
Oração:
Senhor, justo Juiz, acolhei-nos na Vossa misericórdia, concedendo-nos pela intercessão de São Marcelino a firmeza de reconhecermos os nossos erros e deles nos arrependermos sinceramente, para com nossa vida e morte darmos testemunho da Verdade da Vossa Igreja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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05 de Abril

05 de Abril – São Vicente Ferrer   – 
Vicente nasceu em Valência, Espanha, no ano de 1350, em família nobre. Tanto o pai, tabelião, quanto sua mãe receberam sinais de que este filho seria santo, antes do seu nascimento. Muito inteligente, desde criança fazia “pregações” para outras crianças, e aos 12 anos começou a estudar Filosofia e Teologia, pois já dominava Gramática e Lógica.

Na juventude frequentava muito a igreja, jejuava duas vezes por semana, meditava longamente a Paixão de Cristo, rezava o Ofício da Cruz e as Horas de Nossa Senhora, e era caridoso com os pobres e os religiosos. Morando próximo de um convento dominicano, aos 17 anos pediu ingresso nesta Ordem dos Pregadores, fazendo os votos no ano seguinte (1368).

Como diácono apenas, já vinham pessoas de longe para ouvir suas pregações. Ordenou-se em 1378, e alternou, por ordem dos superiores, estudos com docência, em Lérida, Barcelona e Tolosa: doutorou-se em Filosofia e Teologia, que lecionava nestas universidades, além de Lógica. Sabia também a exegese dos santos, o Latim e o Hebraico.

Depois de ordenado, começou a peregrinar pela Europa em função do seu dom especial de pregação. O diabo o perseguia, tentando desanimá-lo da vida de perfeição, aparecendo-lhe como um venerável ermitão e depois com uma aparência monstruosa, dizendo-lhe que não conseguiria manter a santidade, ou como uma voz que lhe garantia a perda da castidade; mas em todas as ocasiões, e recorrendo a Nossa Senhora, Vicente enfrentava e espantava o demônio.

O ano da sua ordenação coincidiu com a eclosão do Grande Cisma do Ocidente, fruto de uma situação já delicada por causa da Guerra dos Cem Anos, quando eram fortes as interferências políticas nas eleições papais. Os franceses não aceitaram Urbano VI e elegeram o antipapa Clemente VII, que, após 70 anos, novamente levou a “sede papal”, agora ilegítima, para Avignon, na França.

Na época, não era tão simples perceber quem tinha a razão, pois de ambos os lados havia erros e ambições… e santidade: por exemplo, Santa Catarina de Sena apoiava Urbano VI, e São Vicente Ferrer a Clemente VII, convencido pelo cardeal aragonês Pedro de Luna. Horrível foi a divisão na cristandade. Para piorar o quadro, em 1409, numa tentativa de resolver o problema, num Concílio em Pisa foi eleito um terceiro pontífice, Alexandre V. Somente em 1417, no Concílio de Constança, retornou-se à unidade sob Martinho V, após a renúncia dos anteriores.

Neste ínterim, após o falecimento de Clemente VII, Pedro de Luna o sucedeu sob o nome de Bento XIII (não confundir com Bento XIII/Pedro Francisco Orsini, Papa em 1724). Era inicialmente austero e piedoso, convencido de sua legitimidade, e convidou frei Vicente a ser seu capelão e confessor, nomeando-o também Mestre do Sacro Palácio e penitenciário da corte papal. Mas algumas atitudes suas decepcionaram Vicente, que acabou doente, também pela gravidade da divisão entre os católicos; em três dias, estava já para morrer. Apareceu-lhe então Jesus, dando-lhe a missão de pregar contra os erros do tempo e conclamar o povo à conversão, garantindo-lhe apoio contra as dificuldades, e curando-o imediatamente.

Deixando Avignon em novembro de 1399, e com a permissão dos superiores percorreu a Europa: Espanha, Portugal, França, Suíça, Alemanha, Itália, Sabóia, Bélgica, Inglaterra, Irlanda e muitas outras regiões. Viajava a pé e depois num burro, quando ficou doente de uma perna, com qualquer tempo, tendo como proteção apenas o longo hábito dominicano, que cobria seus pés descalços.

Estando o continente imerso no cisma, em batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, peste negra (que matou um terço da população europeia), e acostumado com as visitas do diabo, Vicente pregava o iminente fim do mundo e os eventos prodigiosos que o precedem, os flagelos e tribulações pelas quais haveria de passar a humanidade. Lembrava os Novíssimos e o Juízo Final, condenando a mentira, o perjúrio, a blasfêmia, a calúnia, a usura, a simonia, o adultério, e tantos outros vícios daquela sociedade dissoluta. Seu lema era “ ‘Temei a Deus, e dai-Lhe glória, porque é chegada a hora do seu julgamento’ (Ap 14,7), porque o temor reverencial a Deus não é senão outro nome do amor.” Por causa deste teor, ficou conhecido como “o anjo do Apocalipse”. Mas esta abordagem, impressionante mas verdadeira, buscava alcançar a unidade da Igreja, o fim das guerras, e a conversão sincera das almas pelo arrependimento e penitência, necessárias para a salvação. As multidões eram atraídas pela sua paixão e fervor, conhecimento e clareza, que tocava as consciências.

Dando o exemplo de vida interior, Vicente praticava o jejum e mortificações, incluindo a provação do sono para ter mais tempo de oração. Pregava em locais abertos, por causa das milhares de pessoas que o ouviam, e eram constantes os milagres, como o entendimento de todos em suas próprias línguas, mesmo ele falando apenas no seu dialeto valenciano, e a escuta por pessoas a mais de 45 km de distância. Numa ocasião, ressuscitou uma mulher judia que havia sido sarcástica à sua pregação e, deixando o local, foi imediatamente morta pela queda de um portal; viva, ela se converteu. De outra vez, expulsou três cavalos endemoninhados que se atiraram sobre a multidão. Curava os enfermos após cada pregação. Previa o futuro, como a vocação papal de Alonzo de Borja/Calisto III, dizendo a ele que o canonizaria, o que de fato aconteceu.

Vicente começou a ser seguido nos caminhos por camponeses, clérigos, nobres, teólogos, incultos, adultos e crianças, e logo surgiram os bons frutos: milhares se flagelavam em procissões penitenciais, conversões e volta à Igreja aconteciam, criminosos se arrependiam, surgiam consagrados à vida religiosa.

Ele se acompanhava de muitos confessores de várias nações para atender aos penitentes, e costumava se confessar antes da Missa solene na qual pregava. Mesmo idoso e com dificuldades, precisando de ajuda para subir nos estrados, continuou pregando, e parecia recuperar as forças quando começava a falar.

 Vicente faleceu em viagem de pregação à Bretanha, em 5 de abril de 1419. Foi dito dele que, “exceção feita aos Apóstolos, provavelmente ninguém excedeu São Vicente Ferrer como pregador”. Foi declarado padroeiro de Valência e Vannes.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Acima de todos os erros, fragilidades e defeitos do ser humano, está a Providência Divina, Senhora absoluta da História. Quem de fato governa a Igreja e o seu caminhar no tempo (isto é, aquilo que conhecemos como os acontecimentos sucessivos neste mundo material em razão de uma finalidade transcendental) é Deus, e não os Homens. Por isso a santidade é possível mesmo se, como São Vicente Ferrer, nos enganamos a respeito de alguma questão, ainda que importante. É verdade que para isso deve existir uma sinceridade absoluta da alma na busca do que é certo (e São Vicente por fim apoiou a renúncia de “Bento XIII”). Esta disposição espiritual é decisiva, pois como ensina a Bíblia, “Quem dera fosses frio ou quente! Como és morno, estou para te vomitar da Minha boca” (cf. Ap 3,15-16). De fato, a pior situação de uma alma é querer agradar, ao mesmo tempo, a Deus e o mundo, sem compromissos definitivos com a Verdade ou a sua busca – infelizmente, um retrato muito fiel da condição de não poucos católicos, que se iludem ao eventualmente frequentar alguma igreja de tijolos mas não a Igreja do Espírito, discordando de pontos da Doutrina, escolhendo só o que lhe agrada nos ensinamentos da Igreja e até nos Mandamentos e Sacramentos de Deus (é pecado gravíssimo, por exemplo, comungar sem querer se confessar com um sacerdote), e na rotina praticar atos contrários à Fé (como ver filmes de conteúdo moral e espiritual divergentes do Catolicismo, não ser completamente honesto no trabalho, etc.). Não sabemos quando será o fim do mundo, mas é certo que morreremos. E é para esta ocasião, absolutamente pessoal, que devemos nos converter sinceramente, pois a cada momento dela nos aproximamos, de modo inexorável. E a morte não deve ser vista com pavor ou desespero, mas como a passagem necessária para a felicidade infinita com Deus; deve ser preparada como a melhor obra da nossa vida, como a obra-prima de um artista, que se dedica ao máximo, com alegria e com todo o empenho e constância possível, na sua perfeição.

Oração:
Deus de bondade e sábio condutor da História, dai-nos por intercessão de São Vicente Ferrer a compreensão da importância de buscar veementemente o arrependimento e a conversão, a unidade da Igreja especialmente pelo fim das guerras na alma e da pregação da Verdade, e a santa preparação para o encontro definitivo Convosco através dos conselhos que ele ensinava para tratar o próximo: doar-se com compaixão, alegria, tolerância, perdão, afabilidade, respeito e concórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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04 de Abril

04 de Abril – Santo Isidoro de Sevilha –

Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.

Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.

Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.

Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.

Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.

Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).

Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.

Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.

Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.

 Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de Santo Isidoro se destaca não apenas pelo seu conhecimento enciclopédico, mas também pela sua sabedoria espiritual, muito mais importante, pela qual levou vida íntegra e caridosa. Por isso cuidou tão bem da educação e formação, especialmente do clero, através do qual deve ordinariamente chegar aos fiéis, pelo bom exemplo, a Fé, a Verdade, e suas manifestações práticas no amor ao próximo e na cultura dos povos. Assim destacou tanto o valor do esplendor litúrgico, belo mas sóbrio, tão maltratado na atualidade, como destacou a necessidade do estudo como obrigação para os que vão evangelizar, e igualmente deu atenção às vestimentas, nem escandalosas nem miseráveis e feias, que denigrem a natureza humana de imagem e semelhança de Deus nos modismos modernos. Sua regra monástica previa (como a de São Bento) o equilíbrio entre trabalho intelectual e manual, o que podemos traduzir no nosso dia a dia como oração e ação (o Ora et Labora beneditino); leituras religiosas seguidas de meditação, para concretizar praticamente o amor ao próximo em qualquer atividade. Mas talvez o maior legado que Santo Isidoro nos tenha deixado é a de entender que, pela perseverança no conhecimento – de Deus – somos capazes de marcar, na dura pedra das nossas almas, os canais pelos quais a santidade da nossa particular água batismal deve transbordar, do fundo poço de Vida Eterna que Cristo nos oferece pela Sua Paixão.

Oração:
Deus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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03 de Abril

03 de Abril – Santas Irene, Quiônia e Ágape   –

Irene, Quiônia e Ágape, irmãs, nasceram no final do século III, aparentemente em Tessalônica da Grécia, mas residiam próximo a Aquiléia, cidade do norte da Itália. De família pagã, haviam se convertido ao Cristianismo; órfãs muito cedo, permaneceram juntas, dedicando-se, sem se casarem, a uma vida piedosa. Mantinham em casa vários livros da Sagrada Escritura, e pregavam o Evangelho.

 Nesta época, o imperador romano Dioclesiano, feroz perseguidor da Igreja, proibiu, além da pregação, a guarda de escritos cristãos. Estes deveriam ser entregues às autoridades para serem queimados, e seus donos teriam que sacrificar aos deuses pagãos ou morrer, em geral queimados junto com os escritos. Tendo sido denunciadas, as três irmãs foram perseguidas, Ágape e Quiônia sendo capturadas primeiro. Interrogadas, testemunharam sua Fé, afirmando que na literatura cristã haviam encontrado o caminho para a vida eterna; recusando as riquezas oferecidas para incensarem os falsos deuses, foram condenadas e queimadas vivas.

Irene conseguira fugir para as montanhas, mas, presa no dia do martírio das irmãs, foi interrogada pelo governador da Macedônia, Dulcério. Inicialmente, ele a condenou à humilhação de ser desnuda e levada para ser violada num prostíbulo, mas milagrosamente ninguém ousou tocá-la. De novo interrogada, desta vez pelo imperador, Irene não abjurou sua Fé e foi também queimada viva. As três irmãs sofreram o martírio por volta do ano 304, tendo sido registrado que não temeram as torturas ou a morte. Santa Ágape é padroeira da cidade de Milão, na Itália.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
É melhor ter a alma ardendo no fogo eterno do Espírito do que queimar a oportunidade que Deus nos dá, com a nossa vida, de evitarmos as chamas do inferno, mesmo que ao custo de transformamos em cinzas os desejos de bem-estar, refrigério, da carne. Estas três santas irmãs são prova cabal desta livre e sensata escolha, traduzida, providencial e não coincidentemente, nos seus nomes de origem grega: Irene significa “paz”, que só pode ser obtida na obediência e fidelidade à Fé; Ágape é o amor puro, desinteressado e genuíno, típico e exclusivo de Deus e dos Seus filhos (daí o nome ser usado também, na igreja primitiva, para mencionar o rito eucarístico. O termo indica algo mais do que o amor “Philia”, amizade profunda, e amor “Eros”, relativo somente ao aspecto de carinhos físicos); Quiônia, de Koinonia, é “comunhão”, no catolicismo uma referência evidente do amor verdadeiro que une Deus com os Homens e estes entre si, particularmente na Eucaristia. As três irmãs preservaram as almas e “a literatura cristã [onde] haviam encontrado o caminho para a vida eterna”: atualíssimo alerta de como o que buscamos na cultura, incluindo o lazer, pode ser uma via para a salvação, ou uma forma de idolatria aos deuses deste mundo, promovedores da morte. O que nós, católicos, buscamos para ler, ver e ouvir, nossas preferências e curiosidades de leituras, filmes, séries, músicas, vídeos…?

Oração:
Senhor Deus, que concedestes às Santas Irene, Ágape e Quiônia a plena fraternidade com Vosso Filho, na vivência coerente com o significado dos seus nomes, dai-nos pelo intermédio delas a mesma coragem de antes morrer que adorarmos as coisas mundanas, de modo a preservarmos o registro dos nossos nomes que, em Vossa infinita bondade, desde sempre escrevestes no Livro da Vida, o Paraíso Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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02 de Abril

02 de Abril – São Francisco de Paula   – 

Francisco nasceu no ano de 1416 em Paola (Paula), hoje província de Cosenza, na Calábria, reino de Nápoles, Itália. Seus pais, simples e muito religiosos, haviam pedido a intercessão de São Francisco de Assis – ou para ter um filho, ou para a cura de um abscesso no olho, dependendo da fonte – e prometendo-o à Igreja (permanentemente ou não, dependendo da fonte); daí o seu nome. Desde pequeno, estimulado pelo cuidado dos pais, demonstrou amor pela oração, retiro e mortificação.

Entre os 11 e 15 anos, Francisco passou um ano no convento franciscano de São Marcos Argentano, em Cosenza. Mesmo não tendo feito profissão, seguia exemplarmente a regra de São Francisco, aumentando inclusive o seu rigor, tornando-se modelo para os frades. Depois deste tempo, pediu aos pais que o acompanhassem em várias peregrinações: Assis, Montecassino, Roma, Loreto e Monte Luco. Voltando a Paola, fez uma experiência eremítica numa gruta das montanhas próximas, e por cinco anos só se alimentou de frutas, ervas silvestres e água, dormindo no chão e usando uma pedra como travesseiro.

Com o tempo, foi sendo procurado para conselhos, e outros mais o seguiram no exemplo de vida, buscando abrigo nas proximidades. Assim, aos 19 anos, havia ao seu redor um grupo que seria o núcleo da futura Congregação dos Mínimos de São Francisco de Paula (Ordem dos Eremitas de São Francisco de Paula). Por volta de 1453, com a devida permissão episcopal, e com a ajuda de muitas pessoas (incluindo nobres que se voluntariavam como operários), construiu um mosteiro e uma igreja.

Consta que neste período fez muitos milagres, como a recuperação da saúde num caso de doença incurável. No mosteiro, estabeleceu uma normatização para os discípulos, mas para si mesmo não diminuiu as austeridades (só aceitou dormir numa esteira quando idoso; dormia o mínimo necessário, fazia apenas uma refeição por dia, geralmente pão e água, e especialmente nas vésperas das grandes festas litúrgicas, ficava dois dias sem comer). Em 1474, o Papa Sisto IV oficializou a nova Ordem, a Congregação Paulina dos Eremitas de São Francisco de Assis (o reconhecimento da Regra, com o nome atual da Ordem dos Mínimos, é de Alexandre VI, 1492-1503), fazendo de Francisco o superior geral, chamado de corregedor, e com a obrigação de se lembrar de servir a todos.

O lema era Charitas (Caridade), associada à austeridade pessoal e ao apostolado; na prática, devia-se viver a “Quaresma perpétua”, ou seja, durante o ano todo, o mesmo rigor da penitência, jejum e oração do período quaresmal, mais a caridade para com todos. Francisco inclusive fez deste ponto, em relação ao jejum, um quarto voto, como reparação dos excessos dos católicos durante a Quaresma, e como exemplo catequético. Fundou ainda quatro novas casas, em Paterno, Spezza, na Sicília e em Corogliano.

Embora o religioso fosse amado e respeitado também pela nobreza em geral, Frederico, terceiro filho do rei de Nápoles e príncipe de Taranto, alegou que Francisco construíra mosteiros em seu território, sem consentimento – uma desculpa para perseguir o santo por conselhos que dera ao seu pai e irmãos. Enviou um capitão para prendê-lo em Paterno, mas o oficial, diante da humildade do frade, não teve coragem, e voltando ao príncipe convenceu-o a deixar Francisco livre.

A humildade de Francisco era notória, e também seus milagres e o dom da profecia, e por isso o Papa Paulo II enviou um emissário para verificar esta fama em 1467, que não só a confirmou como aderiu à comunidade. Tendo adoecido, o rei da França, Luís XI, pediu ao Papa que lhe enviasse Francisco; o rei se converteu e o nomeou diretor espiritual do filho, futuro rei Carlos VIII. Na França, Francisco fundou novos mosteiros. Em 1506, como a Congregação havia já se tornado cenobítica e não mais eremítica, foram fundadas a Ordem Terceira Secular e o ramo feminino, com as respectivas regras.

 Avisado milagrosamente da sua morte, preparou-se para ela passando três meses na cela, sem qualquer comunicação externa. Faleceu por causa de uma febre, com cerca de 90 anos, entre 1505 e 1508, em Tours, França. Seu corpo, ainda incorrupto em 1562, foi queimado por calvinistas. É o padroeiro da região da Calábria, na Itália, e da cidade de Pelotas, no Brasil.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Se a maioria de nós, católicos, não tem a vocação conventual de Quaresma Perpétua de São Francisco de Paula, devemos imitá-la ao menos em espírito, fugindo da índole mundana para o qual este santo foi uma resposta na época renascentista, e que atormenta igualmente os dias atuais. Imitemo-lo também nas suas devoções, que resumem os pontos principais e imutáveis da nossa Fé, sendo fontes necessárias para quem de fato quer progredir na vida católica: o Mistério da Santíssima Trindade, a Anunciação à Virgem (e consequente Encarnação do Verbo), a Paixão de Nosso Senhor, e os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria. A meditação destas verdades nos leva ao sentido correto da vida e indica o que devemos nela fazer, em função do nosso fim último.

Oração:
Pai Santo e eterno, que nos amais e desejais infinitamente na Vossa alegria, concedei-nos por intercessão de São Francisco de Paula viver a humildade que convence os maus do Bem, e não nos permite abusar do que é santo e sagrado – ocasiões, objetos, Vossa presença, também na Eucaristia e nos irmãos – de modo a não Vos ofender e a edificar as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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01 de Abril

01 de Abril – São Hugo de Grenoble   – 

Hugo, nascido em Châteauneuf-sur-Isère, no sudeste da França em 1053, era filho de um nobre, soldado da corte. Foi educado na Fé pela mãe, demonstrando, muito jovem, piedade e facilidade para assuntos teológicos.
Ainda como leigo, foi feito cônego de Valence, e em seguida trabalhou como secretário do arcebispo de Lyon. Este o levou para o Concílio de Avignon em 1080, onde foi indicado para o bispado de Grenoble; quis recusar por humildade, mas, obedecendo, foi ordenado sacerdote pelo legado papal, e bispo pelo Papa Gregório VII, em Roma, aos 28 anos.

A extensa e populosa sé de Grenoble, antiga, entre a Itália e a França, e possuidora de uma grande e importante biblioteca com muitos códigos e antigos manuscritos, estava muito mal ordenada, há tempos sem pastor. Havia problemas como a indisciplina do clero, incluindo sacerdotes que desrespeitavam o celibato, e simonia (cargos eclesiásticos obtidos por compra); leigos que se apoderavam de bens da Igreja, e outros patrimônios depredados; dívidas com empregados da diocese; e falta de catequese para o povo.

Hugo trabalhou para estabelecer a reforma gregoriana (relativa a Gregório VII, medidas para restaurar a independência da Igreja frente às interferências laicas dos Estados e moralizar o clero), e de fato conseguiu resultados. Mas diante das fortes resistências, quis renunciar ao bispado entrando para o mosteiro beneditino de Cluny, por dois anos. Contudo o Papa o restituiu; Hugo apresentou sua renúncia cinco vezes, a cinco Papas, mas permaneceu no bispado de 1080 a 1132, 52 anos. Ao longo deste período, por meio de muito tempo em oração, e visitando todas as paróquias, obteve a reestruturação de toda a diocese. Seus sermões alcançaram várias conversões.

Importantíssima foi a sua acolhida a São Bruno e seus seis companheiros, a quem cedeu um terreno (Chartreuse) em local isolado, alpino e rochoso, para fundar o primeiro mosteiro da Ordem dos Cartuxos. O bispo também fundou uma ordem independente, Monastère de Chalais (mas atualmente assumida por freiras dominicanas).

Hugo deixou uma importante obra sobre a história da Igreja de Grenoble. Já idoso, pouco antes da sua morte, perdeu a memória, exceto a dos Salmos e do Pai Nosso: nos seus últimos dias ficou repetindo estas orações. Faleceu em 1º de abril de 1132, com 80 anos, em Grenoble.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
O que nunca devemos esquecer, como São Hugo, é das orações… este é o caminho pelo qual, perseverantes, alcançamos o necessário para esta e para a vida infinita que virá (“Quanto mais importunas e perseverantes as nossas orações, mais agradáveis a Deus.” – São Jerônimo). Também como ele, devemos ter a “inteligência”, o “tino” (significados de “Hugo”), do zelo pela evangelização e vida ordenada, começando pelo exemplo pessoal.

Oração:
Senhor Deus, que sempre estais disposto a dialogar conosco pela oração, concedei-nos por intercessão de São Hugo de Grenoble a graça de favorecer estes momentos de íntima e frequente comunhão Convosco, na humildade e sinceridade de coração, e sempre lembrar do apoio devido às Ordens contemplativas, colunas que sustentam este mundo obtendo Vossas benesses e impedindo maiores desgraças, por sua vida de entrega orante. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora, nossos maiores exemplos de como devemos rezar. Amém.

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31 de Março

31 de Março Santa Balbina   –
Apesar de poucas certezas sobre a vida de Santa Balbina, seu nome é venerado em uma antiquíssima igreja na via Ápia, nas proximidades de Roma. Também temos um cemitério que leva seu nome, supostamente o local onde Balbina foi enterrada.

É venerada como mártir, mas destaca-se sua consagração a Deus pela virgindade e sua perseverança de servir a Cristo.

Diz a história que Balbina, filha do militar Quirino, foi curada milagrosamente pelo papa e mártir são Adriano, que estava na prisão. Este fato levou a família de Balbina à conversão e todos foram batizados. Balbina, por sua vez, ofereceu a Deus virgindade perpétua. Seu pai, Quirino, também recebeu a coroa do martírio.

Sua vida era muito representada no teatro medieval, o que causa certa confusão histórica, uma vez que a arte mistura muito realidade e ficção. Mas é pelo teatro que ficamos sabendo do martírio de Balbina e de sua consagração. Dizem as histórias sobre santa Balbina, que muitos jovens quiseram desposá-la, mas sua firmeza de caráter a manteve fiel ao seu voto de castidade.

Balbina sofreu o martírio sob o imperador Adriano II. Viveu santamente e recebeu a glória de ter o nome marcado na história da igreja.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão:
A vida cristã é marcada pelo compromisso com a pregação do Reino de Deus. Jesus nos convidou a falar do Reino, mas também exigiu que testemunhássemos, através de obras concretas, nossa fé neste Reino vindouro. A vida de santa Balbina entrou para a história porque ela soube conjugar fé e obras, chegando ao extremo gesto de confiança em Cristo pelo testemunho do martírio. Sua consagração a Deus foi plena e vivida em total liberdade. Muitas vezes somos inconstantes em assumir nossa vocação, desconfiando do amor de Deus e de que Ele nos concede as forças necessárias para bem viver. Que tal confiar mais na providência de Deus?

Oração:
Senhor Deus e Pai, vossa bondade supera todas nossas expectativas. Sua graça nos concede muito mais do que precisamos. Fica sempre conosco e dai-nos, pela intercessão de santa Balbina, a coragem de enfrentar todas as adversidades do dia-a-dia. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

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30 de Março

30 de Março – São João Clímaco   –
João Clímaco nasceu na Síria, por volta do ano 579. Da rica e nobre família recebeu ótima formação literária e educação religiosa, o que acrescentado à sua grande inteligência lhe prometia um futuro promissor na sociedade. Mas ele renunciou à fortuna da família e aos atrativos de uma boa posição social, escolhendo levar uma vida de oração na austeridade.
Aos 16 anos, João foi para o Monte Sinai na Terra Santa, onde vários mosteiros rudimentares surgiram após as perseguições romanas, no século IV, e se tornaram célebres pela hospitalidade para com os peregrinos e pelas bibliotecas que continham manuscritos preciosos, pois os eremitas se dedicavam à transcrição dos códigos e manuscritos antigos relativos à Bíblia e aos escritos dos Santos Padres. Lá buscou o mosteiro de Vatos, o atual Mosteiro (Ortodoxo) de Santa Catarina, um dos mais renomados na época, tornando-se discípulo do já ancião abade Martírio, mestre famoso.

João dedicou-se a um cotidiano de orações, estudos, trabalhos pesados e jejum continuado, deixando de comer qualquer tipo de carne. Saía da cela apenas aos domingos, para participar da Eucaristia, quando encontrava os outros monges, e deixava o mosteiro unicamente para colher frutas, raízes e outros alimentos para os eremitas, num vale próximo. Mas após a morte do seu mestre, retirou-se para uma vida mais solitária e ascética, vivendo numa gruta e estudando por 40 anos seguidos a vida dos santos, o que o tornou um dos mais eruditos acadêmicos da Igreja.

Mesmo isolado, sua santidade levou a que primeiramente os monges, e depois o povo, buscassem seus conselhos, orientação espiritual e bençãos. Aos 60 anos, foi unanimemente eleito como abade geral dos religiosos da serra do Sinai (hegúmeno, ou guia), e voltou a viver no cenóbio (monges morando solitariamente mas em proximidade geográfica e com algumas atividades em comum). Demonstrou grande sabedoria nesta atividade, organizou melhor a vida dos religiosos, e construiu uma hospedaria para os peregrinos e viajantes. Sua fama chegou até Roma; o Papa São Gregório Magno lhe escreveu, pedindo suas orações, e forneceu auxílios para os religiosos e para a hospedaria. Entre 579 e 586, recebeu o encargo de Vigário do Papa, mantendo correspondência com muitos padres do Sinai.

Escreveu muito neste período, destacando-se o livro “Escada do Paraíso”, (uma analogia com a Escada de Jacó, cf. Gn 28,10-17). “Klímax” em Grego significa ” escada” (e, no caso, a sua ascensão espiritual correspondente), e em função do livro este nome lhe foi acrescentado. Dele é conhecido apenas uma outra obra, “Ao Pastor”, provavelmente um curto apêndice da “Escada”.

A “Escada do Paraíso ou Escada da Ascensão Divina” apresenta, como num manual, a doutrina monástica para monges e noviços (mas também para nós), com 30 diferentes e progressivas etapas necessárias para alcançar a perfeição da vida da alma. Cada capítulo ou “degrau” aborda um tópico específico, mostrando as dificuldades que virão e como superá-las por meio das virtudes ascéticas. Os 30 degraus correspondem aos anos da vida de Cristo até o Seu batismo. Este verdadeiro tratado de vida espiritual se articula em três etapas: a primeira é a ruptura com o mundo e o retorno à infância evangélica, ou seja, o tornar-se criança, em sentido espiritual, mediante a inocência, o jejum e a castidade; a segunda é a luta espiritual contra as paixões: cada degrau corresponde a uma paixão, indica como vencê-la e propõe uma virtude correspondente; e a terceira trata das virtudes maiores na sobriedade do espírito, alimentada pelas virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade – correspondendo esta última ao fundamental, à experiência que pode levar a alma ao amor perfeito, mais do que a dura luta contra as paixões. O livro, de fato, termina com a citação de São Paulo: “Agora subsistem estas três coisas: a Fé, a Esperança e a Caridade; mas a maior delas é a Caridade” (1Cor 13,13).

Originalmente escrito simplesmente para os monges do mosteiro vizinho, a “Escada” rapidamente se tornou um dos mais lidos e amados livros espirituais do Império Bizantino.

Poucos anos depois, João voltou à vida eremítica, e faleceu em 30 de março de 649. É conhecido também como João da Escada, João Escolástico e João Sinaíta.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Recorrente é o fato de que os santos eremitas, buscando a solidão e encontrando a Cristo, não ficam sempre isolados, mas são procurados pelos irmãos, que buscam seu exemplo e seus conselhos. Assim é porque a Verdade atrai, e onde há almas, onde reside o Cristo, aí está a nossa verdadeira morada. Por isso, a Igreja é a nossa tenda nesta vida passageira, pois ela é também, propriamente, o Corpo Místico de Cristo, pelo qual somos abraçados e recebidos com amor. São João, pela sua santidade, chegou ao clímax do que é possível nesta vida. Para isso esvaziou-se das riquezas materiais, buscando nas alturas do Sinai a proximidade da vivência dos Mandamentos, ali recebidos por Moisés. Pela fidelidade ao Primeiro e mais importante deles, soube hospedar e acolher quem o procurava, orientando todos para Deus – pois só quem já está bem orientado pode indicar a direção correta. Neste sentido, dedicou-se também a redigir para o proveito dos irmãos. Já foi escrito que “A Escada do Paraíso”, antes de ser subida pelos homens, foi descida por Deus. De fato, a iniciativa sempre vem de Deus, que desejou nos criar, ofereceu-nos o Paraíso e, depois do Pecado Original, a Redenção. Inclinando-Se para os homens, o Senhor Se humilhou até a nossa baixeza, para que pudéssemos subir de novo, por Cristo e Maria, até o Céu. Cristo é o caminho para ascender, que passa necessariamente por Maria.

Oração:
Senhor, que nos destes os Mandamentos para a salvação, concedei-nos pela intercessão de São João Clímaco seguirmos em profundidade a altura dos Sacramentos, necessários para conseguirmos cumprir as Vossas leis, pois é no paradoxo de imitar o Vosso abaixamento grandioso até nós que seremos elevados à humildade que salva; quem mais dá é quem mais recebe, é rejeitando as riquezas do mundo que teremos um tesouro nos Céus, é servindo que reinaremos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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29 de Março

29 de Março – São Segundo   – 
Segundo era um soldado pagão, filho de nobres, nascido em Asti, norte da Itália, no final do século primeiro.
Profundo admirador dos mártires cristãos, que o intrigavam pelo heroísmo e pela fé em Cristo. Chegava a visitá-los nos cárceres de Asti, conversando muito com todos. Consta dos registros da Igreja, que foi assim que tomou conhecimento da Palavra de Cristo.

Entretanto, sua conversão aconteceu mesmo durante uma viagem a Milão, onde visitou no cárcere os cristãos Faustino e Jovita. Esta conversão está envolta em muitas tradições cristãs. Os devotos dizem que Segundo teria sido levado à prisão por um anjo, para lá receber o batismo através das mãos daqueles mártires. A água necessária para a cerimônia teria vindo de uma nuvem. Logo depois, uma pomba teria lhe trazido a Santa Comunhão.

Depois disso, aconteceu o prodígio mais fascinante, narrado através dos séculos, da vida deste santo. Conta-se que ele conseguiu atravessar a cavalo o Rio Pó, sem se molhar, para levar a Eucaristia ao bispo Marciano, antes do martírio. O Rio Pó, minúsculo apenas no nome, é um rio imponente, tanto nas cheias, quanto nas baixas.

Passado este episódio extraordinário, Saprício, o prefeito de Asti, soube finalmente da conversão de seu amigo. Tentou de todas as formas fazer Segundo abandonar o cristianismo, mas como não conseguiu, mandou então que o prendessem, julgassem e depois de torturá-lo deixou que o decapitassem. Era o dia 29 de março do ano 119.

No local do seu martírio foi erguida uma igreja onde, num relicário de prata, se conservam as suas relíquias mortais. Uma vida cercada de tradições, prodígios, graças e sofrimentos foi o legado que nos deixou São Segundo de Asti, que é o padroeiro da cidade de Asti. Seu culto é muito popular no norte da Itália e em todo o mundo católico.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
A vida de muitos santos é cercada de fatos extraordinários. Milagres, curas, histórias fantásticas! Não vamos preocupar demais com estas histórias e com a veracidade delas. Firmemos nosso olhar naquilo que é o essencial: a vida dos santos foi sempre voltada para o amor ao Cristo e a caridade para com o próximo. Isto é o fundamental e corresponde ao mandamento de Jesus: “Amai a Deus e amai ao próximo”.
Oração:
Querido Deus de bondade, fortalecei-nos com o dom da fé e dai-nos a perseverança nas dificuldades da vida. Permita que, pela intercessão de São Segundo, sejamos coroados com a graça da santidade. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
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27 de Março

27 de Março – Santa Lídia, comerciante de púrpura   –
O que se sabe sobre Santa Lídia está no livro dos Atos dos Apóstolos 16, 14-40. Morava em Filipos, a principal cidade da Macedônia, um porto no Mar Egeu e uma colônia romana. Mas nascera em Tiatira, uma cidade da região chamada Lídia, na parte ocidental da Grécia. Por isso, alguns crêem que Lídia não seria o seu nome, mas um apelido recebido dos filipenses – “a lídia” (como “a samaritana”, por exemplo). Era prosélita, ou seja, pagã (não judaica) que tinha se convertido ao judaísmo. Isto indica que já buscava a Verdade, ao deixar as crenças gregas politeístas e abraçando o judaísmo monoteísta. E, ao ouvir a pregação de São Paulo, converteu-se ao Catolicismo.
Tiatira era conhecida pela lucrativa indústria de tingimento e comércio de púrpura, no século I. A existência de fabricantes de corante tanto em Tiatira como em Filipos é comprovada por inscrições de descobertas arqueológicas. É possível que Lídia tivesse mudado para Filipos, onde conheceu Paulo, por causa do seu trabalho com púrpura.
Pela descrição de São Lucas, que a conheceu pessoalmente, Lídia era uma mulher rica por ser comerciante de púrpura, dona do próprio comércio e chefe de família, algo incomum para as mulheres da época (aparentemente, ela dirigia a própria casa, e portanto possivelmente era viúva ou solteira. Sua família incluiria parentes e provavelmente escravos ou servos).
Entende-se que Lídia era rica porque roupas na cor púrpura eram usadas somente por reis, rainhas e pessoas da nobreza. O corante é extraído de várias fontes, a mais cara sendo os moluscos marinhos do gênero Murex e abundantes no Mar Mediterrâneo. Segundo Marcial, poeta romano do século I, um manto da mais fina púrpura de Tiro, outro centro fabricante dessa substância, chegava a custar 10.000 sestércios, ou 2.500 denários, o equivalente ao salário de 2.500 dias de um trabalhador.
Entre os anos 50 e 53, os apóstolos Paulo, Silas, Timóteo e Lucas foram a Filipos como missionários. Esperaram o sábado para irem à procura de judeus que provavelmente se reuniriam para ler a Escritura. Saíram da cidade, na qual provavelmente não havia muitas sinagogas, já que o imperador Cláudio estabelecera a política de expulsar os judeus. Encontraram Lídia com outras mulheres próximo a um rio, onde eles pensaram haver um lugar de oração (cf. At 16,13).
Depois de batizada, junto com os da sua casa, Lídia pediu veementemente aos Apóstolos que se hospedassem com ela, durante a sua estadia na cidade. E, após serem presos, e milagrosamente libertos pela ação de um terremoto, Paulo e Silas voltaram ainda à sua residência. Depois de confortar os que ali estavam, ou seja, os que formariam a comunidade cristã de Filipos, para a qual São Paulo escreveria mais tarde a Carta aos Filipenses, os Apóstolos foram para a Tessalônica.
Santa Lídia ajudou decisivamente São Paulo e seus companheiros na missão em Filipos. Foi a primeira mulher a se fazer cristã na Europa, e é uma das primeiras veneradas como santas desde o início do cristianismo. Parece que sua casa tornou-se a primeira Igreja da Europa, e que depois do contato com os Apóstolos abandonou as riquezas e recolheu-se a um lugar de oração. Seu nome aparece em inscrições nas catacumbas. É a padroeira dos tintureiros e comerciantes.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Santa Lídia priorizou a riqueza da alma sobre a da matéria, ao acolher prontamente e com alegria a Boa Nova e os seus missionários, como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Não era obrigatório que abandonasse seus bens, mas sim que sua vida, transformada pelo Batismo, ficasse mais recolhida em oração – assim como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Pois só assim poderemos hospedar Cristo na nossa alma, e efetivar nossos lares como as igrejas domésticas que eles devem ser. Como fez Santa Lídia, a seu tempo e no seu lugar.

Oração:
Senhor, que por pura bondade distribuís para nós as Vossas riquezas infinitas, concedei-nos pela intercessão de Santa Lídia jamais comerciar com as graças que recebemos no nosso Batismo e ao longo da vida, mas nos tornemos ricos na humildade de sempre Vos receber na casa da nossa alma, e assim, Convosco, podermos tingir nossas vidas com a cor das boas obras, para recebermos do Vosso amor a púrpura da realeza celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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26 de Março

26 de Março – São Bráulio   –
São Bráulio nasceu na Espanha, por volta de 585. Vinha de família religiosa e teve dois irmãos também com vocação religiosa. Um deles foi bispo de Saragoça, e a irmã, abadessa. Estudou em Sevilha, teve como mestre e grande amigo Santo Isidoro, que era bastante reconhecido por sua sabedoria. Isidoro dirigia-se ao amigo chamando-o de “amadíssimo senhor meu e caríssimo filho”.
Aos 20 anos entrou na abadia de santa Engrácia. Nessa abadia são Bráulio fez os estudos elementares, ajudado pelo seu irmão João, na vida ascética. Dez anos depois foi para Sevilha aperfeiçoar-se com santo Isidoro.
Quando em 631 faleceu o bispo João, foi nomeado arquidiácono e lhe confiaram a administração dos negócios eclesiásticos. E num tempo terrível de pestes, flagelos, carestias, Bráulio, pedindo conselhos e ajuda, foi superando tanta crise. Foi nomeado bispo no lugar do irmão. Participou do quarto, quinto e sexto concílios de Toledo. Correspondia com o Papa Honório I. Sua primeira preocupação foi com a cultura, incentivou os estudos e formou bibliotecas.
Por volta dos anos 650 estava praticamente cego e esgotado e morreu no ano seguinte, provavelmente aos 66 anos.
São Bráulio foi um grande bispo, nascido numa família de santos que ajudou e muito na consolidação da Igreja no reino espanhol.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CssR
Reflexão:
O ofício episcopal simboliza o amor de Cristo pelo seu povo, que escolheu homens para pastorear seu rebanho. Ao longo da história são muitos os bispos que, enfrentando as fraquezas e misérias humanas, conseguiriam destacar-se como pastores fiéis e dedicados. São Bráulio entrou na glória dos santos porque foi sempre pastor zeloso do povo. Sua formação humana e teológica auxiliou seu apostolado e permitiu que a misericórdia fosse sempre a palavra mestra de sua vida. Rezemos hoje de modo especial pelos bispos de nossas dioceses, para que Deus conceda-lhes a humildade e o zelo necessários para a condução do Povo de Deus.
Oração:
Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Bráulio de Saragoça, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai a nossos bispos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé e participar de sua glória. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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25 de Março

25 de Março – São Tarásio   –   
Santo Tarásio nasceu em 730 e recebeu uma ótima educação cristã e literária; tinha como pai o prefeito de Constantinopla. São Tarásio era de caráter zeloso de tal forma que foi nomeado pelo imperador a um alto cargo imperial. São Tarásio enfrentou em Deus todas as tentações próprias da sociedade cheia de luxo e tentação.
            No século VIII a heresia iconoclasta, promovida da pelo imperador Leão, acusa o culto às imagens como uma prática de idolatria. Ao assumir o patriarcado, São Tarásio em comunhão com o Papa combateu e conseguiu condenar esta heresia num Concílio.
São Tarásio foi um grande defensor de imagens na igreja, envolvendo-se na chamada luta iconoclasta. Estavam contra as imagens os imperadores bizantinos e os defensores das imagens eram o monges, opositores do imperio e de suas regalias absurdas. A briga era mais política que religiosa. Usando sua influência, Tarásio conseguiu a convocação de um Concílio para resolver esta questão.
Tarásio, homem de profundo conhecimento teológico e chefe da chancelaria imperial, não temeu defender a posição dos monges. Cuidadoso com suas ovelhas tinha como um grande espírito de serviço, a ponto de dizer ao ser questionado pelo seu especial cuidado para com os pobres: “Minha única ambição é imitar Nosso Senhor Jesus Cristo que viveu para servir e não para ser servido”.
Tarásio foi um forte defensor da moral cristã e da indissolubilidade do matrimônio, opondo-se radicalmente ao Imperador Constatino VI, que pretendia estabelecer a possibilidade de divórcio e segundas núpcias.
Nosso santo foi grande devoto de Maria, a quem saudava dizendo: “Salve, ó mediadora de tudo o que há embaixo do céu, salve reparadora do universo, salve cheia de graça, o Senhor está sempre contigo, Ele que existia antes que viesses ao mundo, mas que quis nascer de ti para viver conosco”.
São Tarásio morreu na idade de setenta e seis anos e foi sepultado no santuário de Bósforo.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CssR
Reflexão:
O testemunho da nossa fé não acontece simplesmente com palavras. É preciso agir em favor do Reino de Deus. São Tarásio foi um homem de ações justas e defensor da fé cristã. Esteve do lado dos mais fracos e usou sua influência para garantir a justiça e paz na sua comunidade. Que saibamos conciliar nossa fé com obras de misericórdia e fraternidade. Assim, unindo fé e vida, seremos fiéis testemunhas de Jesus Cristo.
Oração:
Deus de bondade, concedei-nos pela intercessão de São Tarásio, a fidelidade ao Evangelho e a graça de conseguir conciliar a fé e as obras em nossa vida. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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