24 de Maio

24 de Maio  –  São Vicente de Lérins   – 

Vicente era um soldado romano do século V que, na França, abandonou a desregrada vida no exército para “espantar a banalidade e a soberba de sua vida e dedicar-se somente a Deus na humildade cristã”. Para isso dirigiu-se a um dos principais mosteiros da época, na ilha de Lérins (hoje, Santo Honorato) no Mar Mediterrâneo, próximo a Cannes. Foi ordenado sacerdote, adotando o nome de Peregrinus (peregrino). Pelas suas qualidades de caráter e austeridade monástica, acabou sendo eleito abade.

Nesta função, promoveu grande reforma, transformando o mosteiro num centro de cultura e espiritualidade, de onde surgiram bispos e santos de grande importância para a evangelização da França.

Sendo um profundo conhecedor das Sagradas Escrituras e de larga cultura humanística, destacou-se como teólogo e escritor famoso, em cujos textos brilham o estilo apurado, o vigor, e a clareza e precisão de pensamento. Polemizou com Santo Agostinho sobre livre-arbítrio, predestinação e necessidade da Graça. Sua obra, de enorme difusão, tem repercussão até os dias atuais, e entre outros temas, como Cristologia e Trindade, oferece argumentos claros contra as heresias do arianismo, pelagianismo e donatismo.

Seu livro mais famoso é justamente o Commonitorium (“Manual de Advertência aos Hereges”, ou “Tratado para Reconhecer a Antiguidade e Universalidade da Fé Católica Contra as Profanas Novidades dos Hereges”) de 434, que estabelece critérios básicos para se viver integralmente a mensagem evangélica, e combate o pelagianismo. “Commonitorium” ou “conmonitorium” é uma palavra muito usada como título de obras daquela época, e significa notas ou apontamentos de auxílio à memória, sem a intenção de se compor um tratado exaustivo.

Realmente, através de exemplos da Tradição e da História da Igreja, Vicente quis tornar acessível a todos os fiéis, de todos os tempos, os critérios para diferenciar a verdade do erro e conservar intacta a Santa Doutrina. Trata-se simplesmente de manter a fidelidade à Tradição viva da Igreja: o católico deve crer quod semper, quod ubique, quod ab ómnibus, “só e tudo quanto foi crido sempre, por todos e em todas as partes” isto é, deve-se considerar por verdadeiro na Fé aquilo que sempre e por toda parte foi aceito por certo na Igreja.

Este conceito é como que uma definição do seja a Tradição, e muitos Papas, e Concílios, confirmaram com sua autoridade a imutável validez desta regra de Fé. Por este motivo, o Commonitorium é plenamente atual, útil para esclarecer as confusões doutrinais desde as heresias antigas, passando pelo protestantismo e chegando até a crise modernista; ele traz respostas para os riscos do ceticismo e do relativismo teológico.

O Commonitorium é de fato uma joia da literatura patrística, uma obra prima com regras claras e fáceis para a perfeição cristã e orientação para a verdadeira Fé, e por isso chamado por São Roberto Belarmino de “livro todo de ouro”, uma das obras mais reproduzidas da História***.

São Vicente de Lérins faleceu no seu mosteiro, em 450 ou pouco antes. É considerado um farol de ortodoxia da Igreja, o teólogo, pensador e escritor mais importante da França no século V.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Num momento histórico em que qualquer coisa “tradicional” é considerada sem valor e tratada pejorativamente (ainda que, certamente, muitas tradições mundanas sejam de fato desprezíveis), e a própria Tradição da Igreja venha sendo contestada de forma agressiva e por caminhos inimagináveis, parece mais do que recomendável reproduzir os pensamentos de São Vicente de Lérins que há mais de 15 séculos servem de orientação doutrinal, pois de resto a Verdade – Deus (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, disse Jesus, cf. Jo 14,6) é mesmo imutável. Isso não significa que a Verdade – Deus! – é estagnada e incapaz de lidar com as novidades humanas, mas sim que para A entendermos e segui-La, devemos nos aprofundar Nela, não desvirtuá-La segundo interesses paritculares. São Vicente já denunciava a este respeito, isto é, das confusões doutrinárias: a causa delas é “… a introdução de crenças humanas no lugar do dogma vindo do céu.” Por isso, ensina: “… é próprio da humildade e da responsabilidade cristã não transmitir a quem nos suceda nossas próprias opiniões, mas conservar o que tem sido recebido de nossos maiores.”; “Todo cristão que queira desmascarar as intrigas dos hereges que brotam ao nosso redor, evitar suas armadilhas e manter-se íntegro e incólume em uma fé incontaminada, deve, com a ajuda de Deus, apetrechar sua fé de duas maneiras: com a autoridade da lei divina antes de tudo, e com a tradição da Igreja Católica.”; “… o verdadeiro e autêntico católico é o que ama a verdade de Deus e à Igreja, Corpo de Cristo; aquele que não antepõe nada à religião divina e à fé católica: nem a autoridade de um homem, nem o amor, nem o gênio, nem a eloquência, nem a filosofia; mas que desprezando todas estas coisas e permanecendo solidamente firme na fé, está disposto a admitir e a crer somente o que a Igreja sempre e universalmente tem crido.”; E, citando São Paulo: “Meus irmãos, eu vos peço que tomeis cuidado com os que provocam divisões e escândalos em contradição com a doutrina que aprendestes. Evitai-os. Esta gente não serve a Cristo, Nosso Senhor, mas ao próprio estômago. Eles seduzem os corações simples com frases belas e adulações.” (Rm 16,17-18); “Pois bem, mesmo se nós próprios, mesmo se um anjo descido do céu vos anunciasse um Evangelho diferente daquele que vos anunciamos, maldito seja! Já vos dissemos e agora repito: se alguém vos anunciar um Evangelho diferente daquele que recebestes, maldito seja!” (Gl 1,8-9). Não se enganem os católicos. Cristo mesmo deixou claro, “Tomai cuidado para que ninguém vos engane; porque muitos virão invocando Meu nome. Dirão: ‘Eu sou o Messias’, e enganarão a muitos”, e “Muitos falsos profetas surgirão e não vão ser poucos os arrastados para o erro” (cf. em Mt 24,4-14. Recomenda-se vivamente ao leitor que reveja toda esta passagem). Só na Tradição da Igreja, que remonta a Cristo e não aos homens, está a Verdade, e, como advertiu o Apóstolo das Gentes, não se deve seguir ninguém, sequer apóstolo ou anjo, que dela se afaste. A Igreja tem por obrigação, sim, estar atenta aos sinais dos tempos, mas é somente o imutável Espírito Santo que na sã Doutrina a dirige. O que estiver em desacordo com isso não vem de Deus.

Oração:
Ó Deus, que sois a Verdade, e que pela Tradição, a qual precede e dá suporte à própria Bíblia, Vos manifestastes, concedei-nos por intercessão de São Vicente de Lérins sermos como ele peregrinos de reto caminhar nesta vida, abandonando os exércitos mundanos para combater o Bom Combate; e a graça de livrar a Igreja dos falsos profetas atuais, para que não se percam em confusão os Vossos filhos: mas suscitai a clareza e a santidade nos Vossos fiéis, de modo a crerem no que já ensinastes e que não mudará, rejeitando firmemente as seduções mentirosas dos lobos que se apresentam em pele de ovelha. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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23 de Maio

23 de Maio  –  São João Batista de Rossi

João Batista de Rossi nasceu em Voltagio, província de Gênova, Itália, no ano de 1698. Aos dez anos, precisando trabalhar, foi como pajem para uma rica família em Gênova. Em 1711 mudou-se para Roma e morou com um seu primo que era sacerdote.

Teve então oportunidade de estudar Filosofia no Colégio Romano dos jesuítas, e depois formou-se em Teologia com os frades dominicanos de Minerva. Conviveu neste período com os mais bem preparados religiosos da sua geração.

Paralelamente aos estudos, João juntou-se ao Sodalício da Virgem Maria e dos Doze Apóstolos, cujos membros se dedicavam a exercícios de piedade e visitas a doentes nos hospitais, evangelização dos jovens, assistência aos pobres e abandonados, e outras obras de misericórdia. Sua intensa atividade o levou a um esgotamento físico e psicológico, despertando nele ataques epiléticos e uma grave doença ocular, males dos quais jamais se recuperou. Apesar disso, não abandonou as penitências, e pouco comia, comprometendo ainda mais a sua já frágil saúde.

Foi ordenado sacerdote em 1721, e começou a atender os homens que semanalmente levavam seu gado para vender em Roma, buscando atraí-los para os Sacramentos, bem como dava atenção aos adolescentes mendicantes da cidade. Fundou a Pia União de Sacerdotes Seculares, que dirigiu durante alguns anos (onde, até 1935, grandes personagens do clero se formaram, incluindo santos canonizados, bispos e Papas). Igualmente fundou e dirigiu a Casa de Santa Gala, para moços carentes, e seu correspondente feminino, a Casa de São Luís Gonzaga.

Além disso, era cônego da igreja Santa Maria in Cosmedin. Porém, até então, não atendia confissões, por temor sagrado. Mas o bispo de Civita Castellana, ao norte de Roma, para onde fora transferido, insistiu para que ele o fizesse.

A partir daí, seu apostolado frutificou extraordinariamente: de início, as Irmãs de Caridade, da própria Santa Maria, então quase deserta, teve significativo aumento de frequência; nele manifestou-se o dom do conselho, da consolação, da exortação e da orientação, e sua atenção e paciência atraíam cada vez mais pessoas de toda a cidade e vizinhanças, que formavam longas filas para serem atendidas; passava deste modo muitas horas no confessionário. Ele mesmo declarou: “Eu não sabia um caminho mais curto para ir ao Paraíso; mas agora, já sei: é dirigir os outros na confissão. Quanto bem se pode fazer aí”. Tornou-se famoso confessor.

João buscava também os hospitalizados e os pobres, sendo igualmente encarregado das catequeses aos encarcerados; tornou-se o apóstolo dos abandonados. Pregava quatro ou cinco vezes por dia nas igrejas, capelas, conventos, hospitais, quartéis e prisões.

 Aos 66 anos, doente, faleceu em 23 de maio de 1764. Seu funeral foi custeado pelos devotos, pois sua pobreza era extrema.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não bastassem as formidáveis obras caritativas de São João Batista de Rossi, por si já suficientes para a santidade de qualquer um, Deus ainda quis nele ressaltar o primeiro trabalho de amor propriamente devido aos sacerdotes: a pregação e a dedicação aos Sacramentos. Com efeito, a caridade prática é necessária para todos na Igreja, mas o cuidado direto aos pobres, enfermos, encarcerados, pode ser feito por leigos também. Mas o ministério sacerdotal é um dom e uma vocação específica de Deus, e o mais necessário para a salvação das almas, pois sem o clero, santo, não é possível aos homens receberem os Sacramentos, caminhos mais essenciais para esta salvação. A Confissão é um dos Sacramentos mais frequentes e necessários: ao longo da vida, é através dele que podemos nos reconciliar com Cristo e, assim, recebê-Lo na Eucaristia, verdadeiro alimento da alma para a vida celeste, sem o qual o espírito definha e morre de inanição. Mais de um santo destacou-se na diligência em confessar, e talvez o mais recente e famoso seja São Pio de Pietreltina. Os presbíteros podem se santificar de muitas formas, porém a mais simples e direta é dedicar-se ao sacerdócio. Nada há de mais importante para o clero.

Oração:

Ó Deus, Sacerdote supremo, concedei-nos por intercessão de São João Batista de Rossi imitá-lo na sua incessante caridade, e por suas orações obter a santificação daqueles aos quais Vos dignastes chamar para a hierarquia eclesiástica, protegendo-os dos enganos deste mundo, esclarecendo-os no intelecto e na alma, e os iluminando para priorizar o exercício da sua vocação específica em plenitude, de modo a que se salvem e à salvação conduzam o rebanho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho e Supremo Pastor, e Nossa Senhora. Amém.
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22 de Maio

 22 de Maio – Santa  Rita de Cássia

Margarita Lotti nasceu em 1381 na periferia de Roccaporena, perto de Cássia, região da Úmbria na Itália. Era filha única, e foi apelidada de “Rita”. Seus pais eram humildes camponeses, iletrados, mas ensinaram-lhe a Fé e lhe proporcionaram uma boa educação num colégio dos agostinianos, em Cássia. Ela ouvia histórias dos santos, e desenvolveu a devoção à Nossa Senhora, São João Batista, Santo Agostinho e São Tolentino, aos quais escolheu como protetores.

Criança, manifestou vocação religiosa, mas obedecendo aos pais casou-se em 1385. Seu marido, Paolo Ferdinando de Mancino, revelou-se agressivo, violento, alcoólatra e infiel. Mas sua paciência, resignação, caridade e orações acabaram por convertê-lo ao longo do tempo, e de tal forma que outras mulheres casadas vinham se aconselhar com ela.

Mas os desmandos da vida anterior de Paolo deixaram inimizades sérias, e ele foi assassinado. Rita perdoou os culpados – chegando a abrigá-los em casa, para que não fossem presos. Os dois filhos do casal, porém, tinham desejos de vingança. Rita pediu a Deus que desistissem, mas que se isto fosse impossível, os levasse antes de matarem alguém. De fato, ambos ficaram gravemente doentes, incuráveis, e neste período ela conseguiu que se convertessem e perdoassem o assassino paterno. Dentro de um ano, ambos faleceram, sem cometer o crime.

Viúva, Rita, aos 36 anos, pediu admissão no Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia, das agostinianas. Mas foi recusada, pois as religiosas temiam por sua segurança, sendo Rita viúva de um homem assassinado, e assim talvez perseguida. Rita rezou aos seus protetores, e afinal as famílias envolvidas na morte de Paolo fizeram as pazes, e enfim ela conseguiu entrar na vida consagrada.

Durante o noviciado, a superiora, testando a humildade de Rita, deu-lhe a incumbência de regar um tronco seco de videira. Milagrosamente, esta planta, ainda hoje, produz uvas que de sabor especial, amadurecidas em novembro.

Rita tornou-se uma monja exemplar, de obediência humilde e total às regras da Ordem, dedicando-se à oração, penitências, jejuns, e zelo nos trabalhos. E não deixou de cuidar dos enfermos, assistir aos pobres e visitar os idosos, o que a levou, junto com algumas outras religiosas, a ser conhecida pela caridade também fora do mosteiro. 

Durante a Quaresma de 1443, ouvindo um sermão magnífico sobre a Paixão de Jesus, que enfatizava a Sua coroação de espinhos, Rita desejou participar dos Seus sofrimentos. Em oração diante de um crucifixo, um espinho da coroa da imagem desprendeu-se e cravou-se na sua testa: esta ferida ali permaneceu até a sua morte, 14 anos depois. O estigma lhe provocava muitas enfermidades e exalava mau odor, de modo que ela tinha que ficar isolada das irmãs.

Já muito enferma, ela pediu a Jesus um sinal de que seus filhos estavam no Céu. Recebeu então primeiro uma rosa, depois um figo, de sua antiga casa em Roccaporana, em pleno e rigoroso inverno. Por fim, faleceu em 22 de maio de 1457, aos 76 anos, desaparecendo o estigma na sua testa; os sinos começaram a repicar sozinhos. Uma irmã, Catarina Mancini, paralítica de um braço, ficou curada ao abraçá-la no leito de morte. Seu corpo passou a exalar um perfume de rosas, que perdura até hoje, na urna em que está depositado, incorrupto, na igreja do mosteiro.

Santa Rita de Cássia é invocada como Advogada dos impossíveis, e protetora das esposas e mães maltratadas pelos maridos. Também é padroeira das cidades de Cássia, em Minas Gerais, e de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, Brasil (onde há uma estátua sua de 56 metros de altura, uma das maiores estátuas católicas do mundo); é igualmente considerada Madrinha dos Sertões no país.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Não é importante, nesta vida, que tenhamos o corpo incorrupto, mas sim a alma. Alma incorrupta é quela que ama a Deus e ao próximo por amor a Ele. E para isso não há limites, pois, parafraseando Santo Agostinho, o limite do amor é amar sem limites. Santa Rita não mediu esforços: para obedecer, uma das mais difíceis virtudes, pois obediência significa fazer a vontade de outro contrariamente à própria, o que mortifica a natureza humana que recebeu de Deus a liberdade; perdoou as violências do marido e contra ele, incluindo o assassinato; preferiu, por verdadeiro amor, a morte física dos próprios filhos, a que se perdessem no inferno – e perder um filho é tão grande dor que Nossa Senhora dela não foi poupada; perseverou diante de todos os obstáculos que o mundo e o diabo colocaram diante da sua vocação religiosa; praticou de modo iminente a caridade para com todos os necessitados; e por tudo isso, fez florir o que era estéril, na Comunhão com Cristo. Não à toa foram uvas de sabor especial que brotaram “impossivelmente” por seu trabalho, pois é o vinho da parreira que se transforma, na ação divina, no Sangue Eucarístico de Jesus. A que ponto desejamos participar, como ela, da Paixão do Senhor? Em cada vocação particular, está a potencialidade para a santidade, já que esta é a vontade de Deus para cada um de nós.

Oração:
Senhor Deus, que sacias a nossa sede de vida infinita através do Vosso próprio Sangue, concedei-nos pela intercessão de Santa Rita de Cássia transformarmos com a Vossa graça os espinhos desta vida em frutos de amor e imensa caridade, para que o bom odor das nossas obras apague o fedor das chagas que produzem os nossos pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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20 de Maio

20 de Maio   –  São Bernardino de Sena   –  

Bernardino nasceu numa pequena aldeia, Massa Marítima, Carrara, República de Sena na Itália, em 1380. Sua família Albizzeschi era nobre, e seu pai governador de Massa. Era filho único, concebido pela intercessão da Virgem Maria, pedida pelos pais.

Órfão de mãe aos três anos e do pai aos sete, foi criado em Sena por duas tias muito devotas, que desde cedo lhe despertaram o profundo amor a Nossa Senhora e a Jesus. Rezava frequentemente diante de alguma imagem da Virgem, comovendo-se até as lágrimas, e desde cedo jejuava todos os sábados em Sua honra, hábito que levou pela vida inteira. Recitava diariamente o Ofício de Nossa Senhora, e gostava de visitar as igrejas; com memória excepcional, reproduzia detalhadamente às outras crianças os sermões que ouvia.

Certa vez, vendo a tia despedir um pobre sem nada lhe dar, por não haver em casa sequer um pão para o jantar da família, disse-lhe: “Pelo amor de Deus, demos alguma coisa ao pobre homem; dai-lhe o que me daríeis para o jantar; de bom grado passo em jejum”.

Bernardino era dócil, cortês, modesto, respeitoso, muitíssimo inteligente. Também era belo e de extrema pureza, não suportando conversas obscenas. Recebeu, além da ótima educação religiosa, igual formação em letras e ciências humanas, formando-se aos 22 anos na Universidade de Sena. Logo depois, ingressou na Ordem de São Francisco, na mesma cidade.

Foi recebido por João Nestor, venerável ancião que, no Martirológio franciscano, consta como Bem-Aventurado. Desejando maior radicalidade na vida religiosa, Bernardino ingressou na Observância, uma forma mais extremada de pobreza à imitação de São Francisco, fazendo seu exemplar noviciado em Colombière, um convento completamente isolado, em Sena.

Ali haviam estado mais de uma vez o próprio São Francisco e São Boaventura, sendo costume que os jovens religiosos lá permanecessem algum tempo. Mesmo na Observância, acrescentava ainda mais austeridades do que as já estabelecidas; procurava fazer os serviços mais repulsivos e humilhantes, e alegrava-se quando, nas ruas, os meninos o injuriavam e tacavam pedras – até quando um parente o censurou amargamente pelo tipo de vida abjeto e desprezível que levava, o consideravam uma desonra para a família…

Seu empenho o levou a ser eleito pelos frades da Estrita Observância como seu Superior Geral em 1438. Após cinco anos no cargo e tendo promovido uma reforma rigorosa para o setor italiano, pediu a dispensa desta função, e aos 35 anos iniciou seu apostolado como pregador.

Viajando por toda a Itália, levava sempre um quadro de madeira com a inscrição IHS, Iesus Hominibus Salvatoren em Latim, ou “Jesus Salvador dos Homens” (criada por ele e que no século XVI foi adotada como emblema da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola, sendo até hoje frequente em várias ornamentações nas igrejas e nas hóstias). A ideia era de que os fiéis recordassem a missão salvadora de Cristo em favor da Humanidade, de modo a que arrependendo-se dos pecados e se convertendo, pudessem ser salvos.

Exortava sobre a caridade, a humildade, a concórdia, a justiça, e tinha palavras duríssimas para aqueles que “renegam a Deus por uma cabeça de alho”. Promovia em praça pública a queima de livros impróprios. Elaborando o método taquigráfico, que permitia a um ajudante transcrever com facilidade e rapidez, fez registrar os seus sermões, que por este motivo chegaram até os dias de hoje.

O enorme esforço físico necessário para estas ininterruptas atividades, somado às constantes penitências, pouca alimentação e repouso, desgastaram a sua saúde, e ele veio a falecer em 20 de maio de 1444, no convento de Áquila, aos 64 anos.

São Bernardino de Sena é o patrono dos publicitários por causa dos meios empregados na evangelização – cartazes (com “IHS”), taquigrafia, fogueiras públicas, etc., que chamavam a atenção.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
As ações verdadeiramente santas são inevitavelmente precedidas por uma profunda formação espiritual na Verdade, e por isso as obras concretas de São Bernardino, que como discípulo de São Francisco sempre buscou ajudar os pobres, direcionam-se prioritariamente para a conversão das almas, pois de fato Iesus Hominibus Salvatoren est, e não é por exemplo o pão material ou reformas sociais que darão ao ser humano a felicidade, muito menos a infinita, após a morte. Por isso divulgou, por meios inéditos mas lícitos, o Evangelho, e não ideologia. Sua publicidade não foi voltada para o escândalo ou a mentira, mas para o que é justo diante de Deus. Que contraste, a sua iniciativa de queimar livros impuros, e a atual exaltação mediática e jurídica dos pecados da carne. O fogo do inferno não agirá sobre papel ou imagens, mas sobre as imagens impressas nas almas daqueles que fazem o papel de corruptores da castidade e da pureza. Para todos que trocam ninharias mundanas pela alegria da Comunhão infinita com Deus; os que “renegam a Deus por uma cabeça de alho”. Fundamental é saber o que desejamos ingerir, interiorizar no espírito e no corpo, as “cebolas e alhos do Egito” (cf. Nm 11,5), ou a Sagrada Eucaristia. São Bernardino apropriadamente faleceu em Áquila, origem do Latim para “águia”, pois, como o símbolo utilizado em referência a São João Evangelista e a profundidade e acuidade do seu Evangelho, também ele soube voar alto na busca do Céu, tendo aguda visão da Terra e suas miudezas…

Oração:

Deus Pai, que não nos deixa órfãos, concedei-nos pela intercessão e exemplo de São Bernardino de Sena buscarmos desde já a companhia dos Vossos santos, aprendendo com eles a perfeição do espírito, para que também nossas boas ações possam ser registradas no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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21 de Maio

Carlos Eugênio de Mazenod nasceu em 01 de agosto de 1782, no Sul da França. Ele foi bispo de Marsella e fundador da Congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada.

Pertencia a uma família nobre, sua infância foi tranquila até os oito anos, quando por causa da Revolução Francesa, a sua família teve que exilar-se na Itália, deixando todos os bens para trás.

Chegando à Itália, seu pai sem nenhuma experiência, entrou no ramo do comércio, Eugênio estudava normalmente no colégio em Turim, porém após alguns anos o negócio do pai não deu certo e a família mudou-se para Veneza, Eugênio precisou abandonar os estudos.

Em Veneza um padre que era próximo à família, Don Bartolo Zineli ajudou na formação educacional do menino ensinando a ele o sentido de Deus e o desejo de uma vida de piedade, esses ensinamentos o acompanharam para sempre.

Aos 20 anos, em 1802, Eugênio e sua mãe voltaram para França, seus pais haviam se separado e sua mãe tentava recuperar o patrimônio familiar e queria casá-lo com uma herdeira rica. Eugênio não concordava com as atitudes de sua mãe.

Eugênio ficou abalado com a situação da Igreja após a Revolução, totalmente destruída. A fé e os ensinamentos que adquiriu em Veneza com Don Bartolo, fizeram aflorar nele a sua vocação religiosa.

Entrou para o seminário em Paris, em 1811, e foi ordenado sacerdote em Amiens.

Retornando a sua cidade natal, não assumiu nenhuma paróquia, sua missão era com os mais pobres ajudando-os espiritualmente: prisioneiros, jovens, camponeses, doentes.

Logo encontrou outros sacerdotes que se juntaram a ele para percorrer as aldeias ensinando e passando horas e horas numa vida comunitária de orações, estudos e vivência da fraternidade. Eles se denominaram “Os Missionários da Provença”.

Para garantir a continuidade da obra (pois vinham sendo perseguidos e enfrentavam a oposição do Clero local), Eugênio foi até o Papa para pedir-lhe a autorização para que o grupo fosse reconhecido como Congregação de Direito Pontifício. O Papa Leão XII, em 17 de fevereiro de 1826, aprovou a nova congregação sob o nome de “Oblatos de Maria Imaculada”.

Em 1832, Eugênio foi nomeado Bispo Auxiliar e sua ordenação Episcopal aconteceu em Roma, o governo francês achou uma provocação tal nomeação, pois se achavam no direito de confirmar tais nomeações.

Foi um período de muitas dificuldades para ele, mas se manteve firme até as coisas acalmarem. Cinco anos depois foi nomeado Bispo de Marselha, construindo várias igrejas e continuando seu trabalho formando sacerdotes para serem missionários.

A Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada foi fundada inicialmente para levar serviços de fé aos pobres da França, mas a dedicação pelo Reino de Deus e o amor pela Igreja de Eugênio, conduziram os Oblatos ao apostolado missionário, levando-os a se instalarem em vários países. Eugênio era visto como um segundo “São Paulo”.

Ele morreu aos 79 anos, em 21 de maio de 1861, deixando uma última recomendação: “Entre vós praticai o bem e a caridade!”. “A caridade é no mundo o zelo pela salvação das almas”.

Em 3 de dezembro de 1995, foi canonizado pelo Papa João Paulo II que disse que “a glória de Deus, o bem da Igreja e a santificação das almas sempre foram as forças que impulsionaram” o santo Eugênio de Mazenod.       
Reflexão:
A caridade que o cristão está chamado a exercer é antes de tudo, como nos ensina são Carlos Eugênio Mazenod, o zelo pela salvação das almas, o amor pela missão de levar o nome de Jesus a todos os cantos da terra, a todas as pessoas. A paixão pela missão ardia no coração dele, porque estava cheio do amor de Jesus, alimentado no encontro diário e constante com Ele na oração. O zelo apostólico é um termômetro que mede o nosso amor a Jesus. O nosso coração arde pela missão? Arde para que as pessoas se encontrem com o Senhor? Que a vida de São Carlos Eugênio Mazenod nos inspire a buscar todos os dias o encontro com Jesus para anunciá-lo e testemunhá-lo ao mundo.

Oração:

Ó Deus, que na tua misericórdia, quiseste enriquecer o santo Bispo Eugênio de Mazenod grandes virtudes apostólicas para anunciar o Evangelho às gentes, concede-nos, por sua intercessão, de arder no mesmo espírito e de tender unicamente ao serviço da Igreja e à salvação das almas. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

 

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19 de Maio

19 de Maio   –  São Pedro Celestino 

Pedro nasceu em 1215 na Itália, filho de pais camponeses. Segundo os escritos, decidiu que seria religioso aos seis anos de idade, quando revelou esse desejo à mãe. Cresceu estudando com os beneditinos e, assim que terminou os estudos, retirou-se para um local isolado, onde viveu por alguns anos. Depois foi para Roma recebendo o sacerdócio em 1239.

Voltou para a vida de eremita e foi viver no sopé de um morro onde levantou uma cela, vivendo de penitências e orações contemplativas.

Em 1251 fundou, com a colaboração de dois companheiros, um convento. Rapidamente, sob a direção de Pedro, o convento abrigava cada vez mais seguidores. Assim, ele fundou uma nova Ordem, mais tarde chamada “dos Celestinos”.

Em 1292 morreu o Papa Nicolau V e Pedro foi eleito o novo papa. Entretanto a sua escolha foi política, por pressão de Carlos II, rei de Nápoles. Com temperamento para a vida contemplativa e não para a de governança, o erro de estratégia logo foi percebido pelos cardeais.

Pedro Celestino exerceu o papado durante um período cheio de intrigas, crises e momentos difíceis. Reconhecendo-se deslocado, renunciou em favor do Papa Bonifácio VIII, seu sucessor. Para não gerar um cisma na Igreja, Pedro Celestino aceitou humildemente ficar prisioneiro no Castelo Fumone. Ali permaneceu até sua morte.

Dez meses depois de seu confinamento, Pedro Celestino teve uma visão e ficou sabendo o dia de sua morte. Assim, recebeu os Santos Sacramentos e aguardou por ela, que chegou exatamente no dia e momento previstos: 19 de maio de 1296.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão:
O Espírito Santo concede a cada um de nós um dom específico. Viver esta vocação doada por Deus é sinal de sabedoria e união com a vontade de Deus. Quando trocamos nossa vocação por outros caminhos, fica-nos uma lacuna na vida. Assim, vamos encontrar em Deus nossa verdadeira vocação e responder ao chamado de Deus com alegria e fidelidade.

Oração:
Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Celestino V governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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18 de Maio

18 de Maio   –  São João I   – 

João nasceu na região da Toscana, Itália, por volta do ano 470. Era do clero romano e foi eleito Papa em 523.

Teve apenas três anos de Pontificado, durante os quais estabeleceu o calendário cristão, que começa a contar os anos a partir do nascimento de Cristo e não da fundação de Roma; fixou a data da Páscoa; introduziu o cantochão na Liturgia, que evoluiria para o canto gregoriano.

Na época, o império romano estava dividido, governando Justiniano I, católico, no Oriente, e Teodorico, herético ariano, no Ocidente. Em 523, Justiniano promulgou um severo decreto contra os arianos orientais, obrigando-os à retratação e devolução, aos católicos, das igrejas e bens deles confiscados anteriormente, bem como os proibia de assumirem cargos civis e militares. Incluídas estavam regiões arianas no ocidente, o que desagradou a Teodorico.

Assim, este resolveu enviar uma delegação a Constantinopla em 524, para negociar a revogação do decreto. Dela participavam legados romanos e alguns bispos, mas João I foi obrigado pelo imperador a liderar o grupo: pretendia assim constranger Justiniano a ceder a uma intervenção do próprio Papa católico a seu favor, ao mesmo tempo que pressionava implicitamente João com represálias aos católicos romanos e ocidentais se não viajasse ou obtivesse a revogação que desejava.

Ao conceder liberdade de culto aos católicos, Teodorico impunha pesadas taxas ao clero e lhe retirara muitas das suas imunidades. João entendeu que era preciso usar de diplomacia e sabedoria para evitar perseguições ainda maiores à Igreja, e se dispôs a partir, sendo, depois de Pedro, o primeiro Papa a sair de Roma.

Justiniano, entendendo a honra de receber o Vigário de Cristo na Terra, empenhou-se em recebê-lo da melhor forma possível, pedindo inclusive que João o coroasse como imperador católico. Porém, discordou do Papa, que lhe sugeriu acatar o pedido de Teodorico, com base em que, mesmo reavendo aquelas igrejas no Ocidente, isto de nada adiantaria, uma vez que naqueles locais os arianos dominavam e não as frequentavam, e o decreto de Justiniano, embora bem-intencionado, não surtiria efeito, pois na prática se tratava de manter apenas uma aparência de poder; correto seria um plano de evangelização bem elaborado, que primeiramente levasse a conversões. Justiniano cedeu parcialmente, com certas concessões aos arianos, mas não o necessário para acalmar Teodorico.

De volta com estas notícias, João foi vítima da raiva do imperador, insatisfeito com as negociações e culpando-o por não conseguir o que queria. João foi muito maltratado e encarcerado em Ravena, sofrendo de fome e sede, e falecendo não longo tempo depois, em 18 de maio de 526. Sua morte foi considerada como martírio.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Os ímpios não medem esforços para constranger a Igreja, e Teodorico, ardilosamente, quis forçar o Papa a lhe ser útil. Porém os planos humanos nada são diante do poder de Deus, que aliás pode dar ao ser humano um paraíso, terrestre, e mesmo do seu pecado providenciar o Paraíso Celeste… não é dos ardis humanos que devemos ter medo, mas sim dos ardis do diabo, que procura nos fazer pecar. A fúria de Teodorico não impediu a santidade, e canonizada, de São João I, e nem os desmandos do século devem nos apavorar. A fidelidade a Deus é a garantia do católico, para que obtenha o prêmio que desde sempre o Senhor quer dar aos Seus filhos. Sábia e sempre atual foi, sim, a proposta de João a Justiniano: sem um programa bem elaborado de evangelização (que começa pelo exemplo que este mesmo Papa ofereceu), não se pode ou deve forçar as almas. “Ide e levai o Evangelho a todos os povos” (cf. Mc 16,15), de modo que a graça de Deus atue e muitos se convertam. Que a Santa Igreja, clero e leigos, atendamos à ordem de Jesus Ressuscitado, neste momento particularmente difícil da História, onde multidões não conhecem ou se afastam do Senhor.

Oração:

Senhor Deus, que com sabedoria ordenais os Vossos servos, de modo a que alcancem a verdadeira felicidade, concedei-nos por intercessão de São João I a prisão ao Vosso amor, a fome dos Vossos Mandamentos, e a sede dos Vossos Sacramentos, para que, desejando-as com sinceridade de coração, possamos ser saciados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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17 de Maio

17 de Maio  –  São Pascoal Bailão   – 

Pascoal nasceu na cidade de Torrehermosa, Reino de Aragão, Espanha, em 1540 – no dia de Pentecostes, conhecido no país como “Páscoa do Espírito Santo”, daí o seu nome. Sua família era pobre, de camponeses extremamente virtuosos, e desde criança trabalhou como pastor de ovelhas para outros. Isolado, nos campos, admirava a natureza, reconhecendo nela a mão de Deus, e aproveitando o tempo, a solidão e o ambiente para rezar.

Tinha enorme interesse em aprender a ler e escrever, sendo muito autodidata, e também, na impossibilidade de ir à escola, pedindo por caridade a todos que encontrava no caminho, ao levar o rebanho, que lhe ensinasse as letras de um livro que carregava consigo. Sempre um livro de oração, ou sobre a vida de Jesus, ou de algum santo, pois seu interesse era unicamente conhecer melhor a religião.

Seu rico patrão, piedoso e admirando suas qualidades, quis adotá-lo como filho e fazê-lo seu herdeiro, mas pascoal recusou, pois tinha o propósito de vida consagrada e temia que os bens terrenos o atrapalhassem neste caminho. Na sua pobreza, dividia o que recebia para a própria subsistência com os necessitados.

Aos 20 anos decidiu ir para o reino de Valência, em busca de admissão no convento dos franciscanos descalços, em região desértica próxima a Monteforte. O superior quis testá-lo, e pediu que primeiramente cuidasse dos rebanhos dos habitantes vizinhos. Isto Pascoal fez com grande humildade, e em breve ficou conhecido como o “santo pastor”. Em 1564, finalmente foi admitido como irmão converso no noviciado; recusou o convite para ser incluído no coro entre os religiosos, por se achar indigno.

Também se achava indigno do sacerdócio e de assim poder tocar Jesus Eucarístico com as próprias mãos. Assim permaneceu irmão leigo a vida toda, procurando os serviços mais humildes no convento. Trabalhou como porteiro, hospedeiro, enfermeiro, na cozinha e refeitório, como ajudante de serviços gerais ou urgentes. Aproveitava todas as oportunidades de prestar aos outros qualquer serviço penoso e humilhante, tendo-se por muito honrado com isso.

Com o tempo, seu fervor aumentou, e procurou acrescentar novas austeridades à Regra; mas era obediente e, sem apego à própria vontade, se advertido pelos superiores de algum exagero, abandonava tais mortificações. De toda a forma, sua rotina incluía penitências constantes, pouca alimentação, oração constante, mesmo durante o trabalho; tinha apenas um hábito, velho pelo uso, andava descalço na neve e nos caminhos mais ásperos, distribuía com os pobres as sobras da comida dos frades, rezando com eles antes e depois das refeições.

Observava exemplarmente a regra, e sempre tratava a todos com respeito, caridade e afabilidade. Jamais se queixava com a mudança de convento, que, para evitar apegos secretos do coração, ocorria regularmente de acordo com o costume da Ordem.

Em 1576, foi encarregado de levar documentos importantes ao Padre Geral da Ordem, em Paris. Viagem perigosa (que fez descalço), pois quase todo o trajeto incluía cidades dominadas pelos huguenotes calvinistas, muito hostis à Igreja, e seu hábito franciscano o evidenciava.

O perigo de vida era real. Duas vezes foi preso como espião; foi atacado com pedras e bastões, insultado, ridicularizado; em Orléans, quase foi apedrejado por uma disputa sobre a Eucaristia, negada pelos hereges; um ferimento no ombro o incomodou pelo resto da vida. De tudo Deus o livrou.

De volta à Espanha, retomou no mesmo dia da chegada, apesar do evidente cansaço, seus trabalhos no convento. Nunca comentou os perigos da viagem, limitando-se a responder com poucas palavras às perguntas feitas, e suprimindo qualquer coisa que lhe pudesse ser elogiado.

Pascoal era devotíssimo de Nossa Senhora, a Quem continuamente pedia a intercessão para obter a pureza de alma, da Paixão de Cristo e também da Eucaristia, passando horas e noites inteiras diante do Santíssimo. Sem ter estudado Teologia, escreveu uma Coleção de Máximas provando a presença real de Jesus na hóstia e no vinho consagrados, bem como no poder divino transmitido ao Papa. Este livreto chegou às mãos de Gregório XIII, e o Pontífice apelidou Pascoal de “Serafim da Eucaristia”.

Muitas vezes o observaram em êxtase, e também flutuando durante as horas de Adoração Eucarística. Nos seus últimos anos de vida, passava a maior parte das noites ajoelhado ou prostrado diante do altar.

 Após a Comunhão, faleceu em Villa Real, Valência, com 52 anos, alquebrado pelas provações, jejuns constantes e privações corporais, aos 17 de maio de 1592 – assim como a data do seu nascimento, um dia de Pentecostes. Grande número de milagres ocorreu no período de três dias de exposição do seu corpo. São Pascoal é patrono dos Congressos Eucarísticos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há quem, contemplando sinceramente a Natureza, não possa chegar a Deus, como indica São Paulo na sua carta aos romanos (cf. Rm 1,21-25). É preciso saber “ler neste livro”, e não foi outro o interesse de São Pascoal Bailão em aprender as letras: queria conhecer a Palavra. Muito empenho e interesse dedicamos a muitas coisas, mas a que ponto naquelas de Deus e da Igreja? É certo que crescemos em santidade e alegria se, como este santo, dedicarmos amor e tempo à devoção para com Nossa Senhora, a Paixão de Cristo e a Eucaristia – Deus vivo entre nós! – porém, o fazemos? Com seriedade? Não se diga que as atividades diárias o impedem, pois também Pascoal as tinha, e mesmo em viagem, aliás árdua, não deixou de buscar a intimidade com Deus. Vale a pena, se quisermos viver as duas primeiras proposições da seguinte afirmação de São Pascoal, prestar atenção na terceira: “Precisamos ter um coração de filho para Deus; um coração de mãe, para o próximo; um coração de juiz, para si”. O chamado “santo pastor” não quis contudo ser sacerdote, por se achar indigno de ter a permissão de segurar, nas próprias mãos, a Hóstia Consagrada, Jesus Cristo vivo e presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que tipo de juízes somos, de coração, para não nos importarmos com os abusos litúrgicos na Santa Missa? Pode ser que a Igreja determine períodos de exceção, mas o correto é que os fiéis recebam a Eucaristia de joelhos e diretamente na boca, das mãos ungidas – só elas – do sacerdote. Não é meramente uma questão de higienização manual, é uma questão de direito e dignidade específicas que só os presbíteros têm. Se tão negligentes são assim os fiéis com as coisas de Deus, também no momento mais sagrado do mais sagrado dos momentos que é a Santa Missa, como desejar sinceramente que o mundo em que vivemos se aproxime mais de Deus? Acaso serão os ateus, hereges e idólatras os responsáveis por louvar corretamente a Deus?

Oração:

Ó Deus e Senhor Nosso, Bom Pastor, por intercessão de São Pascoal Bailão, dai-nos a graça de sermos santas ovelhas, não deixando passar frivolamente o sacrifício da Vossa Santa Páscoa redentora, para que no Vosso Pentecostes definitivo se manifeste, também, mais o nosso amor verdadeiro a Vós, à Vossa Igreja e aos irmãos, do que os nossos pecados de indiferença, descaso e comodismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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16 de Maio

16 de Maio – São João Nepomuceno   –

João Nepomuceno nasceu por volta de 1330 – 1345 em Nepomuk, num dos vales da Boêmia, atual República Tcheca, numa família pobre. Em 1370, trabalhava como notário na Cúria Metropolitana, e em 1379 foi ordenado sacerdote. Como pároco de São Gall (São Galo), acumulou o estudo de Direito Eclesiástico na Universidade de Praga, obtendo o Bacharelado.

Enviado pelo bispo a Pádua, Itália, em 1382, doutorou-se em Direito Canônico em 1387, voltando em seguida a Praga onde foi cônego da igreja de São Gil (São Giles, Santo Egídio) até 1389, e em 1390 foi nomeado cônego honorário da Catedral de São Vito e vigário geral desta arquidiocese, extensa e importante.

Seus sermões levaram a uma significativa melhora nos costumes do povo, e impressionaram a rainha, que o chamou por isso e por sua conhecida virtude e segurança doutrinária a ser seu confessor e diretor espiritual.

O rei Venceslau IV, porém, não possuía a espiritualidade da esposa, e tinha acessos de fúria violentos. De maneira infundada, começou a desconfiar da fidelidade da esposa. Como não obtivesse provas disso, e obcecado pela ideia, convocou João e o intimou a lhe contar as confissões da rainha. João, espantado tanto pela suspeita quanto pelo pedido, naturalmente negou-se, de forma categórica, a divulgar os segredos de confissão, invioláveis, da soberana (e de qualquer outra pessoa), como exige a define a Igreja.

Enraivecido, Venceslau mandou que o sacerdote fosse torturado, mas mesmo depois de violências brutais João não cedeu. Ainda mais furioso ficou o rei, e entendendo que não conseguiria forçar João, mandou amarrá-lo e jogá-lo no rio Vltava (Moldava), o que foi feito da Ponte Carlos, a mais importante e famosa de Praga. Assim, João Nepomuceno morreu afogado na noite de 20 de março de 1393. O corpo foi achado e dignamente sepultado na igreja de Santa Cruz.

Em 1725 foi feita a sua exumação, diante do Arcebispo de Praga, dignidades eclesiásticas, um professor de Medicina e dois cirurgiões. Constatou-se que a língua estava apenas ressequida, mas extraordinariamente conservada: e, naquele mesmo momento, diante dos presentes, ela começou a se refazer, adquirindo a coloração rósea própria de uma pessoa viva! Este milagre constou do processo de canonização de São João Nepomuceno, o primeiro mártir do segredo da Confissão, e patrono contra as calúnias, bem como padroeiro dos Confessores e da cidade de Praga.

Reflexão:

Admirável foi o empenho de João Nepomuceno no eu estudo e trabalho, que lhe valeram o reconhecimento da virtude e segurança doutrinária. Porém o seu maior brilho e luz, mais esplendorosos do que os dos famosos cristais da sua terra pátria a Boêmia, foi saber quando, o que e como falar, e quando silenciar. Uma grande lição para uma atualidade descompromissada com a verdade do que é dito, que fala o que não deve, e não sabe fazer silêncio, especialmente o necessário para os momentos de buscar a Deus na oração, meditação e adoração. A intimidade do nosso coração deve ser conhecida por Deus, e é, mesmo que não o percebamos; e parte desta intimidade devemos revelar, quando necessário, ao mesmo Senhor, diante do Seu sacerdote, no Sacramento da Penitência. Por outro lado, Deus mesmo não permite que os presbíteros revelem espontaneamente o que ouvem em confissão dos pecados, haja visto que nem aqueles que pela idade ou doença têm suas faculdades mentais afetadas o fazem. As garantias divinas que recebeu a Igreja, a respeito dos Sacramentos, é parte da Verdade que podemos nela identificar, ainda que clero e fiéis, humanos, sejam falhos. Mas não confiamos nossa Fé nem a ideias ou ideais, filosofias ou leis, e sim na realidade de Deus Encarnado, que nos revelou a Trindade e a Sua obra de salvação pela Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Temos motivos para ter fé, com base Razão e na Revelação de Deus: muito devemos nos empenhar em conhecer cada vez mais profundamente a Doutrina Católica, pois só nela, pela inspiração infalível do Espírito Santo, conheceremos a Verdade, “… e a Verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Oração:

Senhor, que és o Caminho, a Verdade e a Vida, pela intercessão de São João Nepomuceno, concedei-nos a sua fidelidade aos Sacramentos, testemunhando pela palavra e ação a Vossa sabedoria e bondade, para podermos como ele ser mergulhados nas águas eternas da Vossa graça, que triunfa sobre os pesos desta vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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15 de Maio

15 de Maio – Santo Isidoro   –

Padroeiro dos trabalhadores, camponeses e agricultores de algumas cidades espanholas e italianas.

Nascido em Madrid, por volta de 1070, Isidoro torna-se santo rezando, trabalhando nos campos e partilhando os seus bens com os mais pobres. Um agricultor que,  junto com a sua esposa, a Beata Maria de la Cabeza, esperou com empenho no trabalho dos campos, colhendo pacientemente a recompensa celestial ainda mais do que os frutos terrestres, e foi um verdadeiro modelo de agricultor cristão.

Trabalho e Oração
Apesar de trabalhar arduamente no campo, participava todos os dias da Eucaristia e dedicava muito espaço à oração, tanto que alguns colegas invejosos o acusavam, aliás, injustamente, de se afastar horas do trabalho. Inveja não falta, mas ele supera tudo também graças à ajuda de sua esposa Maria. Dessa maneira, revelou a profunda relação e importância entre trabalho santificado e oração. 

Matrimônio
Com sua esposa, Maria de La Cabeza, viveu um casamento que sempre se caracterizou pela grande atenção aos mais pobres, com quem compartilhavam o pouco que possuíam. Ninguém saiu de Isidoro sem ter recebido algo. Os dois se santificaram mutuamente e Maria também foi reconhecida pela Igreja como Beata. 

Morte e canonização
Morreu em 15 de maio de 1130. Foi canonizado em 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Seus restos mortais estão preservados na igreja madrilena de Sant’Andrea.

A minha oração
“Querido santo, tu nos dá testemunho de que oração e trabalho são pilares de espiritualidade. Mostra-nos que a caridade advém também dessa experiência. Interceda para que tenhamos boas colheitas, interceda para que sejamos trabalhadores exemplares e pessoas generosas por excelência. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!”
Santo Isidoro lavrador, rogai por nós!
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14 de Maio

14 de Maio –  São Matias  – 
Matias é nome frequente entre os judeus e quer dizer “dom de Deus”. É o apóstolo que recebeu o dom do grande privilégio de ser agregado aos Doze, tomando o lugar vago deixado pela deserção de Judas Iscariotes. Sua eleição foi mediante sorteio, após a ascensão do Senhor, pela proposta de Simão Pedro, que, em poucas palavras, fixou os três requisitos para o ministério apostólico: pertencer aos que seguiam Jesus desde o começo, ser chamado e enviado: “É necessário, pois, que, destes homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado, haja um que se torne conosco testemunha de sua ressurreição”. Essa foi uma das condições necessárias: Ser testemunha ocular do ressuscitado!

Testemunha
Matias esteve, portanto, constantemente próximo de Jesus desde o início até o fim de sua vida pública. Testemunha de Cristo e mais precisamente da sua ressurreição, pois a ressurreição do Salvador é a própria razão de ser do cristianismo. Matias, portanto, viveu com os onze o milagre da Páscoa e poderá, com todo o direito, anunciar Cristo ao mundo, como espectador da vida e da obra de Cristo “desde o batismo de João”. Também a segunda e a terceira condições, ser divinamente chamado e enviado, estão claramente expressas pela oração do colégio apostólico: “Senhor, tu que conheces o coração de todos, mostra qual destes dois escolheste”.

Sorteio
A eleição de Matias por sorteio pode causar-nos espanto. Tirar a sorte para conhecer a vontade divina é método muito conhecido na Sagrada Escritura. A própria divisão da Terra prometida foi mediante sorteio; e os apóstolos julgaram oportuna a conformidade com esse costume. Entre os dois candidatos propostos pela comunidade cristã, José filho de Sabá, cognominado o Justo; e Matias, a escolha caiu sobre o último. O novo apóstolo, cujo nome brilha na Escritura somente no instante da eleição, viveu com os onze a fulgurante experiência de Pentecostes antes de encaminhar-se, como os outros, pelo mundo afora a anunciar “a glória do Senhor”. 

Tradição e morte
Segundo a tradição, Matias evangelizou na Judeia, na Capadócia e, depois, na Etiópia. Ele sofreu perseguições e o martírio, morreu apedrejado e decapitado em Colchis, Jerusalém, testemunhando sua fidelidade a Jesus. Nada se sabe de suas atividades apostólicas, nem se morreu mártir ou de morte natural, pois as narrações a seu respeito pertencem aos escritos apócrifos. À tradição da morte por decapitação com machado liga-se o seu patrocínio especial aos açougueiros e carpinteiros. Normalmente, é representado com um machado ou com uma alabarda, que são símbolos da força do cristianismo e do seu martírio.

Relíquias
Há registros de que Santa Helena, mãe do imperador Constantino, o Grande, mandou trasladar as relíquias de São Matias para Roma, onde uma parte está guardada na igreja de Santa Maria Maior. O restante delas se encontra na antiquíssima igreja de São Matias, em Treves, na Alemanha, cidade que a tradição diz ter sido evangelizada por ele e que o tem como seu padroeiro.

Festa
Sua festa, celebrada por muito tempo a 24 de fevereiro para evitar o período quaresmal, foi fixada pelo novo calendário a 14 de maio, data certamente mais próxima do dia da sua eleição.

A minha oração
“Ó glorioso Apóstolo, vós sois uma luz em meio à multidão, um testemunho vivo da ressurreição de nosso Senhor. Mesmo sem tê-lo visto, queremos também ser sinais e anunciadores do ressuscitado. Ajuda-nos, mesmo em meio às dificuldades, a evangelizar levando a experiência do encontro pessoal com Jesus!”
São Matias, rogai por nós!
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13 de Maio

13 de maio: Nossa Senhora de Fátima

A Igreja celebra Nossa Senhora, no dia 13 de maio, por causa das suas aparições em Fátima, Portugal, em 1917. A Virgem Maria apareceu seis vezes aos três pastorzinhos, Lúcia dos Santos e Francisco e Jacinta Marto, pedindo-lhes orações, penitência e conversão.

“Não tenham medo”! Com estas palavras, a Virgem Maria dirigiu-se aos três pastorzinhos portugueses de Aljustrel, no dia 13 de maio de 1917.

Na manhã de um esplêndido domingo, Lúcia dos Santos, de dez anos de idade, e seus primos Francisco e Jacinta Marto, respectivamente de 9 e 7 anos, após participarem da Missa, na paróquia de Fátima, levaram suas ovelhas para pastar no declive da Cova da Iria. Ao ouvir o toque dos sinos para a oração do Angelus, puseram-se a rezar o Terço, como faziam de costume. Depois, enquanto brincavam, ficaram assustados por um clarão improviso. Pensando que era um raio e com medo de um temporal, se apressaram em abrigar o rebanho.

Porém, logo depois, foram detidos por outro clarão, diante de um carvalho, no qual viram uma Senhora, vestida de branco e radiante de luz, que lhes disse: “Vim para pedir-lhes que venham aqui, todo o dia 13, por seis meses consecutivos, nesta mesma hora. Oportunamente, dir-lhes-ei quem sou eu e o que quero”.

A Senhora tinha um vestido, com bordados dourados, um cordão de ouro na cintura, um manto cândido e um Terço de grãos brancos nas mãos. Enquanto Lúcia falava com ela, Jacinta seguia a conversa, mas Francisco não ouvia nada. Então, Maria lhes perguntou: “Vocês querem se oferecer a Deus, suportar todos os sofrimentos que Ele lhes mandar, em ato de reparação dos pecados, com os quais Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores­­?” E Lúcia lhe respondeu: “Sim, queremos”.
Vatican News

 

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