06 de Junho

06 de Junho  – São Norberto

Norberto nasceu por volta de 1080 na Alemanha. Filho mais novo de uma família da nobreza, podia escolher entre a carreira militar e a religiosa. Norberto escolheu a vida religiosa, mas vivia despreocupado e numa vida de luxo e festas constantes. Um dia foi atingido por um raio enquanto cavalgava no bosque.

Quando o jovem nobre despertou do desmaio, ouviu uma voz que lhe dizia para abandonar a vida mundana e fosse praticar a virtude. A partir daquele instante abandonou a família, amigos, posses e a vida dos prazeres. Passou a percorrer na solidão, com os pés descalços e roupa de penitente, os caminhos da Alemanha, Bélgica e França.

Talvez envergonhado pelo passado, empreendeu a luta por reformas na Igreja, visando acabar com os privilégios dos nobres no interior do cristianismo. Fundou a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses, conhecidos como Monges Brancos por causa da cor do hábito.

Em 1126 foi nomeado Arcebispo de Magdeburgo e escolhido para conselheiro espiritual do rei. Norberto morreu no dia 06 de junho de 1134.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
São Norberto é considerado um dos maiores reformadores eclesiásticos do século doze. Atualmente existem milhares de monges da Ordem de São Norberto, em vários mosteiros encontrados em muitos países de todos os continentes, inclusive no Brasil. A vida monástica testemunha ao mundo que vale a pena dedicar-se totalmente a Cristo, pelo trabalho e oração. Rezemos hoje por todos os monges do mundo, de modo especial pelos premonstratenses.

Oração:

Ó Deus, que fizestes de São Norberto fiel ministro da vossa Igreja, pela oração e zelo pastoral, concedei-nos por suas preces e méritos, alcançar um dia, com a vossa graça, a realização de tudo o que nos ensinou por palavras e exemplos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
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01 de Junho

01 de Junho –  São Justino   – 

São Justino foi um filósofo leigo e mártir considerado “o mais importante dos Padres apologistas do segundo século”, segundo o Papa Emérito Bento XVI.

Chama-se apologista quem escreve em defesa de algo. E Justino escreveu várias apologias ou defesas do cristianismo que depois ensinou na Ásia Menor e Roma.

Seus escritos oferecem detalhes muito interessantes sobre a vida dos cristãos antes do ano 200 e como celebravam suas cerimônias religiosas.

Nas duas obras que escreveu e que ainda são conservadas, as ‘Apologias’ e o ‘Diálogo com o Judeu Trifão’, “Justino pretende ilustrar antes de tudo o projeto divino da criação e da salvação que se realiza em Jesus Cristo, o Logos, isto é o Verbo eterno, a Razão eterna, a Razão criadora”.

“Em particular Justino, especialmente na sua primeira Apologia, fez uma crítica implacável em relação à religião pagã e aos seus mitos, por ele considerados diabólicas ‘despistagens’ no caminho da verdade”, disse Bento XVI.

Nasceu por volta do ano 100, na antiga Siquem, em Samaria. Seus pais eram pagãos, de origem grega, e lhe deram uma excelente educação, instruindo-o o melhor possível em filosofia, literatura e história.

Um dia, meditando sobre Deus, um sábio ancião se aproximou dele e lhe recomendou estudar a religião cristã através da Bíblia, “porque é a única que fala de Deus devidamente e de maneira que a alma fica plenamente satisfeita”.

Justino se dedicou a ler as Sagradas Escrituras e encontrou maravilhosos ensinamentos que antes não tinha conseguido em nenhum outro livro. Tinha cerca de 30 anos quando se converteu e, mais tarde, o estudo da Bíblia foi para ele o mais proveitoso de toda a sua existência.

Posteriormente, fundou uma escola em Roma, onde ensinava gratuitamente aos alunos a nova religião, considerada como a verdadeira filosofia e arte de viver de forma correta.

Por isso, foi denunciado e decapitado por volta do ano 165, sob o reinado de Marco Aurélio, o imperador a quem Justino tinha dirigido sua Apologia.
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02 de Junho

02 de Junho – Santo Marcelino e Santo Pedro Mártir

 Marcelino era um dos sacerdotes mais respeitados entre o clero romano. Por meio dele e de Pedro, outro sacerdote, muitas conversões ocorreram na capital do império. Como os dois se tornaram conhecidos por todos daquela comunidade, inclusive pelos pagãos, não demorou a serem denunciados como cristãos. No cárcere, conheceram Artêmio, o diretor da prisão.

Diz a história que Artêmio tinha uma filha adoentada e contou isso a Marcelino e Pedro. Numa noite, misteriosamente liberto das cadeias, Pedro foi à casa de Artêmio e disse que a cura da filha Paulinha dependeria de sua sincera conversão. Começou a pregar a Palavra de Cristo e pouco depois o diretor da prisão e sua esposa se converteram. A filha Paulinha se curou e se converteu também.

Dias depois, Artêmio libertou Marcelino e Pedro, provocando a ira de seus superiores. Os dois foram recapturados e condenados à decapitação. Foram levados para um bosque isolado onde lhe cortaram as cabeças. Também Artêmio morreu decapitado, enquanto sua esposa e filha foram colocadas vivas dentro de uma vala que foi sendo coberta por pedras até morrerem sufocadas. Era o ano de 304.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
As grandes testemunhas de fé cristã são os mártires, homens e mulheres que não temeram derramar seu sangue em favor da fidelidade ao Cristo e a Igreja. A vida de são Pedro exorcista e São Marcelino nos inspiram a ter gestos e palavras de conforto aos sofredores e, sobretudo, dedicar nossas vidas para proclamar a Palavra santificadora do Evangelho.

Oração:
Ó Deus todo-poderoso, dá-me a exemplo dos mártires São Marcelino e São Pedro, crer em Ti, abandonar-me a Ti, confiar em Ti. Que a Tua vontade seja feita em mim e em todas as tuas criaturas. Livra-me de todo mal e dá-me um espírito de revelação para que realmente possa conhecer e amar teu filho Jesus, o Salvador. Amém!
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05 de Junho

05 de Junho  – São Bonifácio

Se chamava Winfrido. Nasceu em 672 e pertencia a uma rica família de nobres ingleses. Como era o costume da época, foi entregue ao mosteiro dos beneditinos ainda na infância para receber boa educação e formação religiosa. Logo percebeu que sua vocação era o seguimento de Cristo. Aos dezenove anos professou as regras na abadia, iniciando o apostolado como professor.

Em seguida decidiu iniciar seu trabalho missionário para a evangelização dos povos da Alemanha. Em 718 fez uma peregrinação à Roma onde conseguiu o apoio do Papa Gregório II para reiniciar sua missão na Alemanha. Além disso, o Papa o orientou também a assumir, como missionário, o nome de Bonifácio, célebre mártir romano.

Durante três anos percorreu quase toda a Alemanha e, numa segunda viagem à Roma, o Papa o nomeou bispo de Mainz. Bonifácio fundou o mosteiro de Fulda, centro propulsor da cultura religiosa alemã e muitos outros mosteiros masculinos e femininos. Acabou estendendo sua missão até a França.

No dia 05 de junho de 754 foi ao encontro de um grande grupo de catecúmenos, que receberiam o Crisma. Mal iniciou a Santa Missa o local foi invadido por um bando de pagãos frísios. Os cristãos foram todos trucidados e Bonifácio teve a cabeça partida ao meio por um golpe de espada.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

 Reflexão:

São Bonifácio iniciou a evangelização da Alemanha e lançou as bases para a completa cristianização das terras germânicas. São Bonifácio é venerado como o “Apostolo da Alemanha”, seu corpo foi sepultado na igreja do mosteiro de Fulda, que ainda hoje o conserva, pois em vida havia expressado essa vontade. Que este santo inspire nossos ideais missionários.

Oração:
Deus eterno e todo-poderoso, que destes a São Bonifácio a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por vosso amor as adversidades, e correr ao encontro de Vós que sois a nossa vida. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
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04 de Junho

04 de junho    – São Francisco Caraccioloco

Ascânio Caracciolo era um italiano. Nasceu próximo de Nápoles a 13 de outubro de 1563. A família, muito cristã, o preparou para a vida de negócios e da política, em meio às festas sociais e aos esportes.

Na adolescência, decidiu pela carreira militar, mas foi acometido por uma doença rara na pele. Quando todos os tratamentos se esgotaram, Ascâncio rezou com fervor a Deus, pedindo que Ele o curasse e se esta graça fosse concedida entregaria a sua vida somente a Seu serviço. Pouco depois, a cura aconteceu.

Cumprindo sua determinação, tinha então vinte e dois anos, foi para Nápoles onde estudou teologia e se ordenou sacerdote. Começou seu trabalho junto aos encarcerados, doentes e pobres abandonados.

Por uma ironia do destino, Ascânio recebeu uma correspondência destinada a outro padre, que o convidava a fundar uma nova congregação. O jovem sentiu-se tocado por Deus e resolveu assumir para si esta tarefa. Fez um retiro junto com dois amigos e ao final de quarenta dias eles resolveram iniciar o grupo dos “Clérigos Regulares Menores”.

Ascânio foi o primeiro a vestir o hábito, tomando o nome de Francisco, em homenagem ao Santo de Assis, no qual se espelhava.

Estabeleceu, com dificuldades, casas na Espanha e em Nápoles. Foram atividades tão intensas que seu corpo frágil logo se ressentiu. Adoeceu e morreu aos quarenta e quatro anos de idade.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão:
A vida de São Franscico de Caracciolo não teve nada de especial. Sua santidade nasceu de sua dedicação plena ao Reino de Deus e aos pobres abandonados de Nápoles, sobretudo os encarcerados. Nós temos a impressão de que a santidade é algo difícil, distante e reservada a poucos. Engano nosso: todos somos chamados a ser santos, vivendo nosso dia a dia ligados com Deus e com os irmãos.

Oração:

São Francisco Caracciolo, peço-vos, pelo amor que tivestes junto aos presidiários, que inspire leigos e religiosos para o conforto e para a conversão desses homens e mulheres que por falta de um berço cristão e pelas más companhias tornaram-se criminosos e marginalizados. Que todos os cristãos lembrem-se de orar diariamente por eles e por todas as crianças e jovens que também se encontram encarcerados. Amém!
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03 de Junho

03 de Junho  – São Carlos Lwanga  –  

O catolicismo penetrou vagarosamente na África. Em Uganda, temos o testemunho de Carlos Lwanga e seus companheiros. Este homem era pajem do rei Muanga e professava a fé cristã.

Entretanto, o rei decidiu acabar com a presença cristã em Uganda. Ele próprio matou um pajem cristão, usando este sinal como aviso aos outros que professavam a fé.

Sendo chefe dos pajens, Carlos Lwanga reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que ainda não haviam recebido o batismo e se prepararam para um final trágico. Nenhum destes jovens, cuja idade não passava de vinte anos, alguns com até treze anos de idade, arredou pé de suas convicções e foram todos encarcerados na prisão em Namugongo.

Carlos Lwanga morreu primeiro, queimado vivo, dando a chance de que os demais evitassem a morte renegando sua fé. De nada adiantou e os demais cristãos também foram mortos, sob torturas brutais e alguns queimados vivos. Vinte e dois pajens foram condenados à morte e cruelmente executados.

Os vinte e dois mártires de Uganda foram beatificados em 1920. Carlos Lwanga foi declarado o “padroeiro da juventude africana” em 1934.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
O povo africano talvez tenha sido o último a receber a evangelização cristã, mas já possui seus mártires homenageados na história da Igreja Católica. A maior dificuldade foi mostrar a diferença entre os missionários e os colonizadores. Aos poucos, com paciência, muitos nativos africanos foram catequizados. A fé cristã cresceu no continente negro e hoje o cristianismo desponta como uma das grandes religiões daquele continente.

Oração:
Deus todo-poderoso, que destes aos mártires Carlos Lwanga e seus companheiros a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
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31 de Maio

31 de Maio  –  Santa Camila Batista da Varano   – 

Camila, nascida em 1458, era filha ilegítima do Duque de Camerino, na Itália, gerada antes do seu casamento com Joana Malatesta. A madrasta a acolheu com amor, e Camila cresceu na corte, bela, inteligente, de espírito vivo, caridosa e piedosa. Gostava de cantar e dançar, e tinha dom para a filosofia e teologia. Ainda criança, ouvindo uma pregação sobre a Paixão de Jesus, fez um voto de toda sexta-feira derramar ao menos uma lágrima recordando os Seus sofrimentos; mas isto era difícil de conciliar com sua vida divertida, e ela se sentia mal por toda a semana quando não conseguia chorar esta lágrima.

Adolescente, recebeu e interessou-se pelas atenções de um pretendente, mas um sermão na Quaresma a inclinou para Deus; e com o auxílio de Frei Francisco de Urbino começou a amadurecer sua vocação religiosa, contra a qual na verdade relutou. A família, especialmente o pai, desejava para ela um casamento de vantagens políticas para o ducado. Mas Camila recusou, e após sete meses de grave doença, compreendeu o chamado de Deus e se decidiu pela vida religiosa.

Em 1481, com 23 anos, finalmente entrou no mosteiro das Irmãs Pobres de Santa Clara de Urbino, adotando o nome de Irmã Batista. Fez os votos definitivos em 1843, e redigiu “As Recordações de Jesus”, registrando as instruções e admoestações de Jesus que Dele recebera ainda no palácio paterno.

No ano seguinte, seu pai constrói um mosteiro em Camerino, movido por saudades, e Irmã Batista, com outras oito irmãs, nele funda uma nova comunidade de clarissas, sob a regra própria de Santa Clara e não das urbinistas. Ali foi humilde, servindo atentamente às necessidades das irmãs; várias vezes foi eleita abadessa, e viveu anos de intensas experiências místicas centradas na Paixão e Morte de Cristo, mas também com visões de Nossa Senhora, Santa Clara e dos anjos.

Entre 1488 e 1490, sofreu grande crise espiritual, e escreveu livros. “As Dores Mentais de Jesus na Sua Paixão”, de 1488, serviu como guia de meditação para grandes santos, e deve ter sido baseado nas revelações que o Senhor dignou-Se a lhe mostrar sobre todos os tormentos da Sua agonia. Seu confessor, Beato Domenico de Leonessa, a instruiu a escrever sua autobiografia, chamada “A vida Espiritual”, redigida em 1491. Outras obras se seguiram, como “Instruções ao Discípulo”, dirigida ao sacerdote franciscano João de Fano.

Em 1501, os tumultos políticos na Itália da época atingiram Camerino. O devasso Papa Alexandre VI excomunga o pai de Camila, Júlio, por interesses políticos, e seu general, César Borgia (que inspirou o livro “O Príncipe” de Maquiavel, por causa da sua infame conduta), prende Júlio e seus três irmãos. Camila e outra irmã clarissa, parente dos Varano, fogem refugiadas para Fermo, e depois seguem a pé para Atri, onde são recebidas pela duquesa Isabel Piccolomini.

Também conseguem escapar a mãe de Camila, seu irmão mais novo João Maria e seu sobrinho Sigismundo. Em 1503 Júlio e irmãos foram assassinados, mas após a morte de Alexandre VI e portanto com o fim do apoio a César Borgia, os Colonna e o papa Júlio II ajudaram João Maria a retomar Camerino. A abadessa Camila Batista perdoou os inimigos, retornando à cidade. Em 1505 retorna a Fermo para fundar um mosteiro clarissiano por ordem do Papa. Em 1511 morre sua amada mãe adotiva, Joana Malatesta.

A triste decadência dos costumes eclesiásticos, nesta época, que aliás serviriam em parte como motivo para a heresia protestante de Martinho Lutero em 1517, levava Irmã Batista a um tão grande desejo de correção na Igreja que, de acordo com uma irmã, não conseguia dormir nem comer, ficando por isso gravemente doente.

Em 1521, vai a São Severino, nas Marcas, para fundar um novo mosteiro. Ficou conhecida como reformadora da Ordem de Santa Clara por observar com radicalidade a sua Regra, por exemplo cultivando com empenho a pobreza pessoal e comunitária. Por esta época, escreveu “A Pureza do Coração”, a pedido de um religioso, um itinerário de perfeição a partir da sua experiência de vida.

Irmã Batista escreveu em Latim e majoritariamente no seu dialeto da Umbria, um legado místico famoso e notável pela originalidade, espiritualidade e linguagem vividamente pictórica. Por isso foi considerada uma das maiores eruditas do seu tempo e admirada por São Filipe Néri e Santo Afonso. Contribuiu também para a instituição dos Capuchinhos, intercedendo ao Papa Clemente VIII em favor da aprovação deste ramo franciscano em 1524; o beato Mateus de Bascio, seu fundador, antes de ser frade havia sido protegido dos Varano.
 Em 1524, na festa de Corpus Christi, 31 de maio, irmã Batista faleceu em decorrência da peste que assolou a Itália. A exumação do corpo, 30 anos depois, o revelou em perfeito estado de conservação. Nova exumação em 1593 expôs a língua ainda fresca e vermelha.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Há um aspecto especialmente importante na vida e espiritualidade de Santa Camila Batista, que a permitiu escolher uma vida de seguimento radical e árduo a Deus sob uma Regra monástica, ser profundamente caridosa, sempre atenta às necessidades do próximo, e inclusive perdoar os assassinos da sua família. Um aspecto que raramente se vê hoje em dia, infelizmente: a sensibilidade para Deus, para a Sua Paixão, e para a Sua Igreja. Pode ser que uma menina ainda inocente (como deve ser mesmo a infância) sinta como ela um desejo legítimo de chorar sempre os sofrimentos do Senhor na Sua Páscoa, mas ficar de fato verdadeira e seguidamente triste por não o conseguir já não seria comum ou normal. Sensibilidade, ainda mais para as coisas de Deus, e mesmo entre crianças e jovens, parece ser muito mais raro do que deveria, em especial nos lares ditos católicos… e igualmente pouco valorizada ou mesmo lembrada. Ouvimos, como Camila, sermões na Quaresma e na Páscoa, durante anos a fio. Alguma vez será preciso também escutá-los com os ouvidos da alma, se de fato desejamos nos converter para participarmos da Ressurreição de Cristo. É sim necessário nos adoentarmos pelos sofrimentos do Senhor, também no Seu Corpo Místico que é a Igreja, que sofre com os golpes do exterior e ainda mais com as infecções interiores; pois se não participarmos dos sofrimentos de Jesus, para consolá-Lo e reparar por eles, morreremos na alma da peste da indiferença, que nada mais é do que uma expressão da soberba, do orgulho que transformou um anjo no diabo.

Oração:
Pai de infinita bondade, por Vossa misericórdia e pela intercessão de Santa Camila Batista, sensibilizai as almas para Vós e para a Vossa obra de amor por nós, de modo a que, através da obediência e caridade, atentos à Vossa Palavra e às necessidades dos irmãos, mantenhamos em perfeito estado de conservação o coração e a língua, para com o primeiro acompanhar as pulsações do Vosso, e a segunda só proclame a Vossa verdade e louve a Vossa majestade, que precisa ser reconhecida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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30 de Maio

30 de Maio  –  Santa Joana d’Arc  – 

Joana nasceu no vilarejo de Domrémy, Ducado de Lorena, França, em 1412. Era filha de camponeses, demonstrando desde a infância muita piedade; gostava da contemplação e das celebrações litúrgicas, interessando-se pelo Catecismo e Doutrina Católica, embora analfabeta – assinava o nome com uma cruz. Trabalhava em casa e às vezes com as ovelhas do pai.

Aos 13 anos começou a ter experiências místicas, ouvindo as vozes que identificou mais tarde como sendo as do Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. O anjo dizia que ela deveria socorrer o rei da França. Os pais pensaram que a menina estivesse enlouquecendo.

Neste período, a França, um dos maiores países católicos do mundo, mas dividida internamente e sofrendo decadência moral e religiosa, lutava na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a invasora Inglaterra, que reivindicava o trono francês. Aos 17 anos, Joana, orientada pelas vozes celestes, entendeu que deveria encontrar o legítimo rei francês, Carlos VII, e trabalhar para a sua coroação (Henrique V da Inglaterra, neste período da guerra, tinha mais comando do país, e seu filho Henrique VI, então ainda um menino, veio a ser coroado rei da Inglaterra em 1429 e rei da França em 1431), bem como liderar os exércitos para combater os ingleses e expulsá-los da França.

Obviamente, o processo de uma camponesa iletrada chegar ao rei não foi simples, mas por fim ela o conseguiu em 1429. Para testar o que se dizia dela, que era enviada por Deus, Carlos VII disfarçou-se e um impostor foi colocado em seu lugar, com todo o aparato real. Joana, que nunca tinha visto a face de Carlos, sem se importar com o falso regente procurou e encontrou entre os presentes o legítimo monarca, dirigindo-se a ele e apresentando sua missão divina. Isto impressionou a todos, mas só após muitos testes, e a evidência de que ela conhecia coisas que só lhe poderiam ter sido reveladas por Deus, o rei concordou em seguir as suas orientações.

Joana, sempre vestida como um homem, tanto para não chamar a atenção dos adversários como para não provocar o desejo dos combatentes, passou a comandar os exércitos franceses. Sua presença disciplinava os soldados, e ela exigia deles um comportamento digno e orações: as prostitutas que acompanham a soldadesca foram expulsas, o jogo e a bebida proibidos; os soldados passaram a ter acesso aos Sacramentos e à Santa Missa, confessando e comungando antes das batalhas. O carisma sobrenatural de Joana impunha respeito e animava os soldados, que a viam como um ser angelical. Jamais a desrespeitaram.

Foi-lhe infundido um conhecimento militar que não possuía, e, montada num cavalo, com um estandarte trazendo as imagens de Jesus e Nossa Senhora em uma mão e uma espada na outra, que entretanto nunca usou, ela não apenas organizava as ações, como participava na vanguarda das batalhas. Sua primeira ação militar foi debelar o cerco que os ingleses faziam na cidade de Orleans. Seguiram-se várias campanhas, nas quais nem sempre os generais a obedeciam totalmente. Ainda assim sucederam-se as vitórias francesas, até que no vale de Loire os ingleses perderam 2.200 soldados e seu comandante foi preso. Isto permitiu a Carlos chegar à cidade de Reims, onde finalmente foi coroado, em julho de 1429.

A guerra continuou, sempre a favor da França, na qual restavam ainda poucas regiões invadidas. Mas o rei não foi verdadeiramente grato a Joana. Contrariamente à vontade dela, insistiu para que participasse na reconquista de Paris. No cerco de Compiègne, em 1430, Joana foi capturada à traição pelos borgonheses, colaboradores dos ingleses, que a receberam em troca de dinheiro.

Foi então montado um processo iníquo, grotesco e ilegal contra ela, conduzido por Pedro Cauchon, um bispo traidor membro do Conselho Inglês em Rouen, e que agiu como “autoridade” inquisitorial. Sem qualquer auxílio, do rei ou advogados, a que tinha direito e que lhe foi negado, ela enfrentou todo tipo de acusações, sob maus tratos e pressões, num proceder cada vez mais arbitrário e contrário às leis – pois, divinamente inspirada, a tudo respondia com exatidão, de modo que por mais que a tentassem confundir, não conseguiam que desse motivos para nenhuma condenação.

Durante quatro semanas, presa numa cadeia de ferro e humilhada constantemente, Joana manteve-se fiel às suas razões e missão divina; por proteção divina, sua virgindade foi mantida. Por fim, sem mais argumentos, foi condenada por usar roupas masculinas – as de quando capturada em batalha – e sob a alegação de bruxaria, por dizer que ouvia vozes divinas na ordem para restaurar o reinado francês: o tribunal “interpretou” tais vozes como demoníacas e a condenou à fogueira. Foi executada a 30 de maio de 1431, com 19 anos, numa praça pública de Rouen, afirmando até o final a veracidade das vozes e da sua missão divina.

Depois da sua morte, os ingleses continuaram perdendo a guerra, definida com a derrota em Castillon, 1453. Apenas Calais permaneceu como posse inglesa continental, mas também foi capturada em 1558.

O Papa Calisto III, a pedido dos pais de Joana, reviu seu processo 20 anos depois, constatando a sua completa injustiça, e a reabilitando publicamente. Joana d’Arc foi canonizada, reconhecida como Mártir da Pátria e da Fé e proclamada padroeira da França.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A vocação de Santa Joana d’Arc é uma das mais insólitas dentre a dos santos. Deus a cumulou de dons especialíssimos, e lhe deu uma missão original, de reconquistar militarmente um país para a sua identidade católica – sendo ela uma mulher pobre e iletrada, muito jovem e inexperiente. Deste modo, quis o Senhor evidenciar que é Ele, mesmo através dos fracos, que age nos destinos do mundo, ainda que sempre respeitando a liberdade que deu ao Homem: “Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo, para confundir os sábios. E Deus escolheu o que é fraco diante do mundo, para confundir os fortes. (…) Para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’” (1Cor 1,27-28.31). Deus quis preservar a França, maior país católico do mundo, que contudo, mais tarde, pela desobediência de não se consagrar a Ele, sofreu a punição da Revolução Francesa, em muitos aspectos parecida com a Revolução comunista Bolchevique: falsas promessas de igualdade, baseadas no abandono a Deus e desrespeito à hierarquia, e responsáveis por incontáveis mortes, a começar as dos próprios cidadãos e depois em outros países. Sempre com a propaganda falaciosa das ideias atraentes de igualdade, liberdade e fraternidade (as quais, obviamente, não podem existir sem Deus, fonte da verdadeira liberdade e fraternidade espiritual, e da única igualdade possível, a de sermos Seus filhos amados, e por este único motivo devermos ser tratados todos com caridade e justiça – o que não implica absolutamente em paridade material, de funções, etc., mas sim de dignidade existencial). Toda a trajetória de Joana é milagrosa, desde a consciência pessoal da sua missão até a sua efetiva defesa individual diante de um tribunal malicioso, e a determinação intransigente de morrer pela Fé. Seu mérito está, é claro, em aceitar tudo o que Deus lhe propôs, a começar pelo mais importante: nas suas próprias palavras, “Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. (…) Ela me ensinou a me conduzir bem e a frequentar a igreja”. Ouvir e obedecer à voz de Deus, que nos chegue por meios sobrenaturais se for a vontade divina, quer através da Doutrina da Igreja, é o caminho que nos é oferecido para a realização das boas obras, grandes ou pequenas, que nos levarão à salvação, segundo o plano de Deus para cada filho Seu, individualmente.

Oração:

Senhor Deus, que sempre combateis por nós, concedei-nos por intercessão de Santa Joana d’Arc expulsar de nossas vidas a invasão das tentações e pecados, que de Vós nos afastam, e pretendem nos dominar com falsas promessas de bens deturpados; pois só Vos ouvindo, e obedecendo à Palavra que ensinas é que restauraremos Vosso reinado na alma e poderemos participar da Vossa corte celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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29 de Maio

29 de Maio – Santa Úrsula Ledochowska  –  

Júlia Ledochowska nasceu em 1865, filha de nobres pais poloneses residentes na Áustria. Sua irmã mais velha, Maria Teresa, fundadora de uma congregação, foi canonizada. Seu irmão Vladimiro, sacerdote, foi o 26º preposto-geral dos jesuítas. A família permaneceu na Áustria até o final dos seus estudos na adolescência, voltando depois para a terra natal e estabelecendo-se na Croácia.

Com 21 anos, entrou no convento das irmãs ursulinas de Cracóvia, adotando o nome de Úrsula em homenagem à fundadora da Ordem quando da profissão dos votos perpétuos, em 1899. Possuía um pendor educativo e por isso fundou um pensionato para as jovens estudantes, entre as quais promovia a Associação das Filhas de Maria. Durante quatro anos foi superiora do convento, quando, chamada pelo pároco da igreja de Santa Catarina em Petersburgo, foi para a Rússia, a dirigir um internato de estudantes polonesas, exiladas.

O governo do país reprimia atividades religiosas, mesmo as assistenciais, e por isso ela e demais freiras (em número crescente) tinham que usar roupas civis, por segurança. A comunidade, uma casa autônoma das Ursulinas, vivia escondida do contínuo monitoramento da polícia secreta nacional, realizando intenso trabalho de formação religiosa e educativa, e buscando a aproximação entre russos e polacos.

Em 1909 fundou uma casa das ursulinas na Finlândia, seguindo um modelo inglês de pensionato e escola ao ar livre para moças doentes, e outra casa ursulina em Petersburgo, no mesmo ano. Foi perseguida pela polícia russa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por causa da sua origem austríaca, e por isso foi para a Suécia no início da guerra. Aí fundou um pensionato e uma escola, e ainda o jornal Solglimstar (“Vislumbres do Sol”), voltado para o apostolado católico, e que até hoje é editado. Em 1917 foi para a Dinamarca, assistindo aos poloneses perseguidos, voltando para a Polônia em 1919.

Mas em 1920, abandonou a Ordem, para fundar uma nova: as Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração Agonizante, dedicada ao cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, e aprovada pelo Vaticano em 1930. Por causa da cor do hábito, as novas irmãs ficaram conhecidas na Polônia como “ursulinas cinzas”; e na Itália por “irmãs polonesas”. Rapidamente a Ordem espalhou-se pela Europa, e quando Madre Úrsula Ledochowska faleceu, aos 29 de maio de 1939 em Roma, existiam já 35 casas e mais de 1.000 irmãs.

 Santa Úrsula Ledochowska escreveu vários livros em Polonês, que tiveram tradução para o Italiano.

Reflexão:
Mesmo perseguida, Santa Úrsula Ledochowska fez o bem por onde esteve. Este fruto de santidade teve origem sem dúvida no seio familiar, de onde sua irmã também veio a ser canonizada. Nunca será suficientemente enfatizada a importância de uma família bem estruturada em Cristo… Úrsula seguiu o exemplo do próprio lar e preocupou-se com o cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, mas sobretudo no que mais a marcou na casa paterna: a formação educacional e acima de tudo espiritual. A ênfase na atenção às moças, durante a maior parte da sua vida, reflete também uma herança da família, pois esta é estruturada, numa concepção católica, com base na esposa e mãe. Não à toa os que combatem Deus e a Igreja se esforçam de forma tão agressiva, atualmente, para deturpar a condição feminina, procurando convencer as jovens de que elas não devem ter qualquer responsabilidade como esposas e mães, e nem mesmo em serem o que são, mulheres! As falsas promessas de “igualdade” apenas escondem apelos à luxúria (o que na prática as torna, então sim, submissas e desvalorizadas), à ambição material e à ilusão de que devem competir (e não cooperar do seu modo único e específico) com os homens – como se fossem homens e não do sexo feminino, um contrassenso espiritual, moral, natural e biológico. E que, naturalmente, não traz a felicidade de anuncia, na medida em que é uma violência contra a própria natureza feminina. Que Deus suscite muitas outras mulheres como Úrsula, capazes de reconhecer a realidade e a verdade, e viver e ensinar com propriedade a condição divina da mulher, segundo o plano de Deus. A Igreja sempre teve que enfrentar perseguições, que aliás teve modernamente grande incremento a partir da mesma Rússia em que trabalhou Santa Úrsula, com o advento do seu governo comunista, condenado diretamente por Nossa Senhora em Fátima no ano mesmo (1917) da sua implementação regada a sangue. A necessidade de levar a Boa Nova, a Verdade, portanto, não apenas continua, mas aumentou, e este mandato de Cristo deve ser sempre obedecido pela oração, exemplo de santidade e evangelização perseverante.

Oração:

Senhor Deus dos Exércitos, concedei-nos, por intercessão de Santa Úrsula Ledochowska, enfrentar as guerras, sobretudo espirituais, contra Vós, a Igreja e as famílias, vivendo de forma santa e caridosa, para que como ela sirvamos ao Vosso Sagrado Coração, em consolo à agonia que O fere e em favor da salvação nossa e dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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28 de Maio

28 de Maio  –  São Germano de Paris

Germano nasceu em 496. Diz a tradição que sua mãe tentou abortá-lo e que na infância ele teria sido envenenado, mas o menino sobreviveu para tornar-se um grande santo. Foi criado por um primo bem mais velho, um ermitão chamado Escapilão, que o fez prosseguir os estudos em Avalon. Germano viveu como ermitão durante quinze anos, aprendendo a doutrina de Cristo.

Em 531, ele foi ordenado diácono e três anos depois, sacerdote. Foi então para Paris, e pelos seus dons, principalmente o do conselho, ganhou a estima do rei, que apreciava a sua sensatez. Tornou-se bispo de Paris.

Germano era pródigo em caridade e esmolas, dedicando ao seu rebanho um amor incondicional. Frequentemente, era visto apenas com sua túnica, pois o restante das roupas vestira um pobre, feliz por sentir frio, mas tendo a certeza que o pobre estava aquecido.

Assim viveu o bispo Germano de Paris, até morrer no dia 28 de maio de 576. Suas relíquias se encontram na majestosa igreja de São Germano de Paris, uma das mais belas construções da cidade.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

A história de São Germano nos mostra que Deus realmente tem caminhos misteriosos aos olhos humanos. Salvo da morte na infância, nosso santo soube aproveitar seus dias para o serviço dos mais pobres e abandonados, impulsionado pelo amor ao evangelho de Cristo. Na nossa vida, somos acometidos por muitas adversidades, mas confiar plenamente em Jesus Cristo nos dá forças para avançar mesmo em tempos de penúria.

Oração:

Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Germano de Paris, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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27 de Maio

 27 de Maio  –  Santo Agostinho da Cantuária   – 

Agostinho nasceu em Roma, Itália, no primeiro terço do século V. Era monge beneditino do mosteiro de Santo André, fundado pelo Papa Gregório Magno, o mesmo que destinou missionários para as ilhas da Grã Bretanha. Esta região havia sido já cristianizada, mas a partir de 596 a invasão dos Saxões, Anglos e Jutos, germânicos e pagãos, expulsaram os missionários celtas, e os Bretões nativos voltaram à idolatria. Agostinho, então prior do mosteiro, foi escolhido para seguir com 40 monges na missão de reevangelização.

Em 597 partiram, inicialmente para a ilha de Lérin, na França. Ali ouviram sobre muitas barbaridades cometidas pelos bretões, e Agostinho, preocupado, recorreu ao Papa. Mas São Gregório o animou, dando-lhe a informação de que Etelberto, rei dos Jutos de Kent, não era hostil ao Catolicismo, tendo inclusive casado com Berta, uma princesa cristã francesa (e a seu pedido construiu uma igreja).

A chegada a Kent, neste ano, foi favorável. Imediatamente após o desembarque, Agostinho seguiu em procissão até diante do rei e, com o auxílio de um intérprete, lhe fez um resumo das verdades da Fé católica, pedindo licença para levá-la ao reino, no que foi atendido. Estabeleceram-se os missionários na capela de São Martinho, na Cantuária, que persistira às invasões.

Inicialmente houve resistência do povo, e por isso Agostinho, com a concordância do Papa, permitiu algumas adaptações litúrgicas à cultura local. Impressionado com a coragem e as pregações dos missionários, Etelberto converteu-se – viria a tornar-se santo –, bem como todos os nobres da sua corte. Pelo Natal, mais de 10.000 anglo-saxões haviam sido batizados, praticamente todo o reino.

Animado, o Papa enviou mais missionários e tornou Agostinho Arcebispo e Metropolita da Inglaterra em 601. Como tal, podia criar dioceses, como a de Cantuária, Londres e Rochester. O seu trabalho se desenvolveu através dos séculos, e a conversão da Grã Bretanha só não foi completa na sua época porque estava dividida em vários reinos rivais, e a influência de Etelberto estendia-se apenas na região leste da ilha.

 Santo Agostinho faleceu em 25 de maio de 604, e suas relíquias estão na igreja de Cantuária, sua primeira diocese.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A obra de Santo Agostinho de Cantuária nos ensina, como destaque, duas coisas: aproveitar destemidamente as oportunidades favoráveis de evangelização, e a obediência às orientações da Igreja, apresentadas por aqueles que nela são reconhecidos como santos. Deste modo, poderemos sempre, como ele entre Lérin e Grã-Bretanha, passar de uma ilha a outra, ou seja, unir os irmãos no continente de amor que se abre aos que buscam servir a Deus e aos irmãos. Esta é a viagem que devemos fazer nesta vida, na barca da Igreja.

Oração:
Dai-nos, Senhor Deus, por intercessão de Santo Agostinho de Cantuária, a graça de bem nos prepararmos em humildade e conhecimento Vosso para vencer as distâncias que nos separam de Vós, a fim de que possamos incansavelmente levar a Boa Nova ao nosso próximo – tanto no sentido da nossa fraternidade como Vossos filhos, como no de haver sempre mais um a quem devemos amar e por isso evangelizar. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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26 de Maio

26 de Maio – São Filipe Néri   –   

Filipe Néri nasceu em San Pier Gattolino, próximo à cidade de Florença, Itália, no ano de 1515. Sua família era rica. Ficou órfão de mãe muito cedo, e ele e sua irmã Elisabete foram educados pela madrasta. Criança, era conhecido pela alegria, lealdade, inteligência e bondade, ganhando o apelido de Pippo il Buono, “Filipe o bom”.

Estudou e trabalhou com o pai, um tabelião, e embora frequentasse normalmente a igreja, não aparentava vocação religiosa. Quando fez 18 anos, recebeu o convite de um tio para trabalhar em São Germano, na região de Monte Cassino, sul de Roma. Ali, por contato e influência dos monges beneditinos da famosa abadia de Monte Cassino, decide, ao contrário do jovem rico que não seguiu Jesus (Mt 19,16-30), abandonar as riquezas para se entregar a Deus.

Foi para Roma sem dinheiro e sem projeto algum, confiando na Divina Providência. Foi recebido por uma família, na qual ajudou a criar os dois filhos, que se tornaram sacerdotes. Estudou Filosofia e Teologia com os agostinianos, e passou a viver austeramente, alimentando-se só de pão, água e legumes, dormindo pouco e dedicando-se longamente à oração e adoração. Por fim vendeu sua biblioteca, deu os bens aos pobres e passou a viver a maior parte do tempo nas igrejas e catacumbas.

Iniciou o hábito da “Visitação das Sete Igrejas” – Giro delle Sette Chiese. Passava a maioria das suas noites nas catacumbas da cidade. No tempo livre, dedicava-se com alegria à ajuda e pregação aos pobres, órfãos, doentes e prisioneiros.

Certa noite, a caminho de levar alimentos a um desvalido, foi salvo pelo anjo da guarda de cair num profundo buraco – não o seu anjo, mas o da pessoa a quem ia ajudar: Deus quis assim mostrar quanto Lhe era agradável a esmola que ia fazer.

Em 1544, na Vigília de Pentecostes, na catacumba da Basílica de São Sebastião, pediu ao Espírito Santo os Seus dons; uma bola de fogo entrou-lhe pela boca e fez arder de tal modo o seu coração, que este se dilatou, deslocando duas costelas (fato constatado por uma autópsia) e formando uma protuberância visível no seu peito. Mas ele nunca sentiu qualquer dor.

Fundou a Irmandade da Santíssima Trindade, em particular para acolher os romeiros que visitavam a cidade, particularmente os doentes e pobres, oferecendo hospedagem e tratamento gratuitos, com o auxílio de 15 companheiros. No início de cada mês, Filipe convidava o povo para a Adoração Eucarística, e embora fosse leigo pregava admiravelmente; muitas eram as esmolas recebidas para a Irmandade, à qual ficavam honrados de pertencer cardeais, bispos, reis, princesas, generais e ministros. Seu exemplo estimulou muitas vocações religiosas; e Santo Inácio de Loyola, que o conheceu, dizia que ele parecia um sino, levando todos para dentro da Igreja, enquanto ele mesmo não entrava… Filipe achava-se indigno.

Afinal, com 36 anos, obediente ao seu confessor, foi ordenado sacerdote em 1551 e designado para a igreja de São Jerônimo da Caridade. E desejou ir para as Índias e morrer como mártir. Mas São João Evangelista apareceu-lhe para dizer que sua missão era em Roma.

Assim, fundou ali a Congregação do Oratório, chamando outros homens distintos pelo saber e piedade para participarem. A origem foi o Oratório do Divino Amor, onde reunia jovens para cantar e rezar, ele mesmo um apaixonado da poesia e música; o drama lírico com coro e orquestra foi desenvolvido. Nas reuniões dos adultos, frequentadas por todo o clero e pelos fiéis, fazia profundas reflexões a partir da Summa Teologica de São Tomás de Aquino, seus estudos universitários e experiência particular.

Seu sucesso despertou a inveja, e daí a perseguição, que culminou numa falsa acusação às autoridades eclesiásticas: Filipe foi suspenso das suas ordens sacerdotais e impedido de celebrar a Missa, ministrar a Eucaristia e pregar. Em resposta, dizia: “Como Deus é bom, que assim me humilha!”. Mas, seu principal inimigo, cardeal Virgilio Rosario, acabou por se retratar, publicamente, e se tornar seu discípulo. A suspensão foi retirada, e o Papa, São Pio V, quis torná-lo cardeal, oferta que Filipe recusou.

Sua vida sacerdotal era exemplar. Passava grande parte do dia no confessionário. Suscitou vocações, como a de César Barônio († 1607), autor de “Anais Eclesiásticos”, obra de extremo valor histórico e espiritual por compilar com exatidão fatos pretéritos da Igreja. Para não entrar em êxtase, o que era frequente, Filipe pedia companhia para rezar a Liturgia da Horas. Podia ver a santidade no rosto dos outros, como disse por exemplo para São Carlos Borromeu e Santo Inácio de Loyola.

Fez vários milagres, o principal a ressurreição do jovem e doente Paolo Massimo, em 16 de março de 1583. Atrasado para lhe ministrar os últimos sacramentos, encontrou o rapaz morto, mas ao falar o seu nome ele voltou à vida; recebendo o viático e as últimas assistências espirituais, o moço morreu.

Assim, aos poucos Roma foi se transformando, afastando-se da devassidão e paganização, e Felipe Néri ficou conhecido como “Apóstolo de Roma”.

Por seus jejuns e orações, acompanhado por Barônio, confessor do Papa Clemente VIII, conseguiu que este perdoasse pela segunda vez a heresia calvinista do rei Henrique IV, evitando assim que toda a França caísse na apostasia.

No final da vida, entrava em êxtase durante a celebração da Santa Missa, ficando seu corpo elevado até 45 cm do chão. Por isso, o Papa o consultava em decisões importantes, e também quis beijar as suas mãos.

Em 1594, idoso e doente, cria-se que em breve morreria. Mas os médicos, saindo do seu quarto, ouviram sua exclamação: “Ó minha Senhora, ó dulcíssima e bendita Virgem! Não sou digno, não sou digno de Vós, ó dulcíssima Senhora, que venhais visitar-me!”. Voltando, encontraram Filipe elevado sobre o leito: “Não vistes a Santíssima Virgem, que me livrou das dores?”.

Levantou-se, curado, e só veio a falecer no ano seguinte, no dia de Corpus Christi, após prever o horário de sua morte. Deitou-se na cama, em perfeita saúde, e disse “Eu preciso morrer”. Três horas depois, faleceu serenamente, assistido pelo cardeal Barônio.

 São Filipe Néri é conhecido como o santo da alegria e da caridade, e padroeiro dos educadores e comediantes.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

 Reflexão:

São Filipe Néri foi exemplar como leigo, por saber abandonar as riquezas passageiras (ainda que legítimas) e pela imensa caridade no auxílio ao próximo, tanto na formação e assistência imateriais quanto nos auxílios materiais, e igualmente como sacerdote, pela pregação e ministério específico, particularmente no Sacramento da Confissão. Mas o que o singulariza dentre outros santos que assim também procederam é sem dúvida a sua alegria e bom humor. Seu lema, “Peccati e melancolia, fuori di casa mia”, “Pecados e melancolia, fora da casa minha”, é já uma declaração da sua confiança e abandono em Deus, ou seja, de um caminho concreto de santidade. E só a santidade pode trazer a verdadeira alegria. Nem sempre ela se manifestará em risos, é fato, mas quando além desta paz e serenidade internas que existem na comunhão (ainda que discreta) com Deus se traduz de forma mais perceptível, enorme é o seu poder de levar as almas para Deus. O verdadeiro bom humor, que tem sua origem e constância no seguir a Jesus, é apanágio dos santos, e parece ser especialmente recompensado por Deus (cf. São Jonas e São Baraquísio, em Santo do Dia – São Jonas e São Baraquísio (ou Barachiso) – Reze no Santuário Nacional (a12.com) ). Outro destaque em São Filipe Néri é que, apesar das suas grandes obras assistenciais, os seus maiores auxílios foram indiscutivelmente espirituais. Este é o sentido maior, aliás, do sacerdócio, e foi depois de abraçá-lo que a obra caritativa de Filipe tornou-se ainda maior, gigantesca. Talvez o melhor exemplo seja o caso de Paolo Massimo: receber os últimos sacramentos era de tal modo importante que Deus concedeu-lhe a ressurreição por meio do padre Filipe, para apenas em seguida levá-lo Consigo – o que talvez pudesse não ser o seu destino, sem esta ação espiritual. Devemos estar sempre atentos, clero e fiéis da Igreja, para a primazia do espiritual, pois é efetivamente desta dimensão existencial que teremos, ou não, a Vida infinita, e alegre, no Paraíso.

Oração:

Senhor Deus, que és e doais a Vida, concedei-nos por intercessão de São Filipe Néri dilatar o coração para Vós, abraçando a riqueza que é Vos servir na obediência e oração e na caridade aos irmãos, ainda que no corpo soframos as fraturas das imperfeições inerentes à nossa condição de pecadores; pois só assim chegaremos à alegria infinita de participar da Vossa Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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