08 de Março

08 de Março – São João de Deus  –  
Intercede por: Patrono dos Hospitais, doentes e enfermeiros|Localização: Portugal

João Cidade Duarte nasceu em 08 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, próximo de Évora, Portugal. Seu pai era vendedor de frutas, e a família modesta. Aos oito anos, não se sabe ao certo se fugiu ou se foi levado de casa, e conta-se que por isso sua mãe morreu de tristeza e saudade pouco depois. O pai viúvo se fez monge franciscano em Xabregas, Lisboa, falecendo em 1520.

Sabe-se que João foi levado a pé para Madri, Espanha, caminhando com saltimbancos e mendigos. Perto da cidade de Toledo, um viajante o entregou a Francisco Majoral, administrador dos rebanhos do Conde de Oropesa, afamado por ser caridoso. Nessa época o menino recebeu o apelido de “João de Deus”, porque ninguém sabia quem ele era e de onde vinha. Ali João foi acolhido quase como filho, e trabalhou como pastor de ovelhas. Por volta dos seus 27 anos, Francisco quis casá-lo com sua própria filha, mas João não desejava isto. Sem saber o que fazer, fugiu e iniciou uma vida errante na Europa e na África.

Com 22 anos, soldado no exército de Carlos V, lutou na batalha de Paiva contra Francisco I, na reconquista de Feunterrabia aos Franceses, nos Pirineus. Desentendeu-se porém na tropa, sendo acusado de irregularidades e expulso. Volta assim a ser pastor em Oropesa, na casa de Francisco, até 1532, quando se alista novamente para combater os turcos em Viena. Mas em 1533 retorna a Montemor-o-Novo, onde não foi reconhecido. Afinal um tio lhe comunica a morte dos pais; segue então para Sevilha, Espanha, onde novamente trabalhou como pastor.

Muda-se para Ceuta, à época cidade lusitana no norte da África, servindo heroicamente a uma família portuguesa de seis pessoas, exilada e adoentada, sustentando-a com seu trabalho nas obras de fortificação das muralhas da cidade. Teve uma crise espiritual quando um amigo decidiu abraçar o islamismo, decidindo voltar para a Espanha. Assim, em 1538 vende livros como ambulante em Gibraltar, estabelecendo depois uma livraria em Granada. Apaixonou-se pelos livros, especialmente os com imagens sacras, entendendo-os como uma ajuda para a oração e a fé.

Em 1539, na festa de São Sebastião, 20 de janeiro, ouve a pregação de João d’Ávila, futuro santo e Doutor da Igreja. Ocorre então a sua verdadeira adesão à Fé, tão intensa que começou a gritar pedindo perdão e misericórdia a Deus pelos seus pecados. Vendeu ou distribuiu tudo o que possuía e deu aos pobres, queimou os livros imorais e passou a se penitenciar publicamente, percorrendo a cidade ferindo o peito com pedras e manchando o rosto com lama; pedia esmola para os necessitados, com o que se tornou um lema: “Fazei o bem, irmãos, a vós mesmos, ajudando os pobres”. Acharam que estava louco e o internaram no Hospital Real de Granada, um hospício, onde o tratamento aos pacientes era desumano, conforme (em parte) a ignorância da época sobre doenças mentais. Sofrendo cruelmente ele mesmo, percebeu então a vocação que Deus lhe dava, a de cuidar destes irmãos.

Acolhido, auxiliado e aconselhado por João d’Ávila, saiu do hospício em 1539 e visitou o mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, para aprender o cuidado aos doentes. Voltou a Granada e alugou uma casa, onde atendia com amor e de forma adequada aos pobres e enfermos. A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curando muitos doentes mentais, para espanto da sociedade de então. Nascia assim uma Ordem religiosa, que ele veio a chamar de Ordem dos Irmãos Hospitaleiros.

Ajudava também, voluntariamente, aos internados no hospício. Ganhou simpatia, e finalmente conseguiu fundar a “Casa de Deus”, à qual se dedicou totalmente, um hospital para doentes incuráveis e moléstias contagiosas. Foi o primeiro a separar os doentes de acordo com as enfermidades e oferecer uma cama para cada interno. Pedia constantemente esmolas para o sustento da obra, com o seu antigo lema, adotando outro para os tratamentos: “Pelos corpos, às almas”. Antes de 1547 ganha dois ajudantes, e passam todos a usar um manto com uma cruz vermelha. Neste ano chegam mais discípulos, e o hospital é transferido para o prédio maior de um antigo convento na Encosta de Los Gomeles. No ano seguinte vai a Valladolid pedir auxílio ao príncipe, Felipe II, que lhe concede grandes esmolas. Logo inicia ali também uma “rede de assistência”. De volta a Granada, paga dívidas do hospital e consegue dotes matrimoniais para dezenas de mulheres.

Nos anos seguintes, arriscando a vida, salva os doentes de um incêndio no Hospital Real, fica gravemente doente mas esconde o fato dos médicos para não ser impedido de trabalhar, salva um garoto de afogar-se num rio – o que lhe agrava a broncopneumonia. Por obediência muda-se então para a casa da família Pisa, onde fica mais confortável. O arcebispo o visita e promete manter o hospital.

A Ordem dos Irmãos Hospitaleiros foi confirmada, sob a regra de Santo Agostinho, em 1571, pelo papa Pio V. João tinha a convicção de que a cura espiritual auxiliava a cura física, e muitos dos seus pacientes foram testemunha disso. O sucesso da obra levou à fundação de mais de 80 casas-hospitalares na Europa, inicialmente para doentes mentais e terminais, depois para todos os doentes. Atualmente a Ordem Hospitaleira de São João de Deus é um instituto religioso internacional presente em 53 países (incluindo o Brasil), e são conhecidos popularmente como “Irmãos dos Enfermos” e “Fazei-o-bem-irmãos”.

São João de Deus faleceu em Granada, no dia 08 de março de 1550, ao completar 55 anos. É padroeiro dos doentes e hospitais junto com São Camilo, e dos enfermeiros e suas associações católicas.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Fazei bem, irmãos, a vós mesmos, ajudando os pobres”. Nada mais certo, porque é necessário ver a face de Cristo no rosto dos mais pobres, Seu corpo chagado no corpo dos enfermos. Esta é a verdade que vemos e ouvimos de um santo, como o mesmo João de Deus a ouviu de São João d’Ávila – e levou a sério. Sem dúvida curar os doentes e resgatar a dignidade dos mais necessitados é uma forma de louvor a Deus, em Cristo, que sofreu por nós; mas São João não esqueceu de que a cura da alma era fundamental para a cura do corpo, e a precedia. Por isso, nos Princípios Institucionais da sua Ordem, estão incluídos as diretrizes: o centro de interesse é a pessoa assistida, nunca o lucro; por isso, é obrigação atender às necessidades espirituais dos moribundos; assim é realizada a defesa (integral) e a promoção da vida humana, pois ela se continua para além da morte física, tendo sua plenitude em Cristo. Uma vida atribulada sem dúvida pode causar tribulação também na alma, mas nem por isso é desculpa para se esquecer a caridade, como nos mostra a vida de São João de Deus. Ele também nos exemplifica o valor dos bons livros, que conduzem a Deus, e a importância de eliminar os que ensinam coisas pecaminosas, uma parte muito concreta da sua verdadeira conversão. Facilitar e divulgar a boa literatura, que não contraria a Igreja nem ofende a Deus com comportamentos, filosofias, ideias e ideais errados é uma necessidade para a saúde espiritual da cultura atual. Muito depende disso a conformação das sociedades no futuro próximo, se curadas em Deus ou moribundas no pecado.

Oração:

Deus Pai de bondade, que desejas a cura espiritual para os que praticam a caridade e para os que a recebem, dai-nos a graça de, por intercessão de São João de Deus e como ele, sermos os Vossos braços no zelo pelo cuidado dos irmãos, no corpo e na alma. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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09 de Março

09 de Março – Santa Catarina de Bolonha   –

Catarina de Vigri nasceu em Bolonha, Itália, em 1413. Era filha de um advogado e professor da Universidade de Bolonha, e agente diplomático do marquês de Ferrara. Na primeira infância morou na casa dos avós, sendo educada pela fervorosa mãe e pelos parentes. Mas por volta dos 10 anos muda com sua mãe para Ferrara, e aos 11 é indicada para ser a dama de honra de Margarida, filha do Marquês, de quem se torna amiga e confidente, compartilhando da sua mesma educação.

O marquês valorizava a cultura e convidada a Ferrara artistas e pessoas letradas de diversos países. Assim, na corte, Catarina aprende música, pintura, dança, Latim, poesia e composições literárias; torna-se especialista na arte da miniatura e da cópia. Ao mesmo tempo, não vive os perigos mundanos da corte, tendo o espírito constantemente voltado para as coisas do Céu. Seu contato com os Frades Menores da Observância do convento do Santo Espírito, de onde recebia orientação espiritual, solidificou seu desejo de servir a Deus.

Em 1427, com 14 anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do casamento de Margarida, Catarina decide entrar para um grupo de jovens mulheres provenientes de famílias nobres que viviam em comum, consagrando-se a Deus. Sofre então tentações do demônio e uma grande crise espiritual, da qual Deus a tira através de uma visão, na qual lhe mostra a verdade da presença de Cristo na Eucaristia. No mesmo período, a comunidade sofre com a divisão entre as que desejam seguir a regra agostiniana e as que desejam a regra franciscana, mais rigorosa, de Santa Clara de Assis. Catarina pertence ao segundo grupo, que por providência divina tem a proximidade da Igreja do Espírito Santo, anexa ao convento dos Frades Menores, seguidores do movimento de Observância de Santa Clara.

Catarina e as companheiras podem assim participar regularmente das celebrações litúrgicas e receber uma adequada assistência espiritual. Têm também a alegria de escutar as pregações de São Bernardino de Sena.

Em 1431 tem uma visão do Juízo Final, e a cena aterradora dos condenados faz com que intensifique as orações e penitências pela salvação dos pecadores. O demônio continua a atacá-la e ela se confia de modo sempre mais completo ao Senhor e à Virgem Maria. A este respeito, escreve para a instrução das irmãs, alertando sobre as tentações do demônio que frequentemente se esconde com aparências enganadoras, para depois insinuar dúvidas de fé, incertezas vocacionais e sensualidade. Estes escritos, “As Sete Armas Espirituais”, trazem grande sabedoria e profundo discernimento, contra o mal e o diabo.

Além do conteúdo, seu estilo literário de várias obras é original, e precioso para o estudo do dialeto da sua região na língua italiana da época.

No convento, Catarina, apesar de ser habituada à corte de Ferrara, serve como lavadeira, costureira, padeira, e é empregada no cuidado de animais. Faz tudo, também os serviços mais humildes, com amor e pronta obediência, pois vê na desobediência aquele orgulho espiritual que destrói toda outra virtude. Por obediência, aceita o encargo de mestra de noviças, e depois o serviço do parlatório. Falecendo a abadessa, os superiores a querem por substituta, mas ela os convence de que nas Clarissas de Mântua, mais instruídas nas constituições e nas observâncias religiosas, encontrariam opção melhor.

Porém, um ano depois é pedido ao seu mosteiro que crie uma nova fundação em Bolonha, e para lá ela vai como abadessa, sendo exemplo de serviço. Em pouco tempo o número de irmãs em Bolonha se vê multiplicado. Ocupa ainda outra vez este cargo quatro anos depois, mas já então está muito doente, com agravamentos desde 1461. Em 1463, anuncia sua morte e, depois de mais de um mês de grandes sofrimentos, falece em 9 de março. Foi enterrada sem caixão no cemitério da comunidade e não foi embalsamada.

Depois de 18 dias, em função de milagres e de um perfume que saía do seu túmulo, seu corpo exumado se conservava incorrupto, em perfeito estado de conservação e flexível. Assim permanece até hoje na Igreja do convento das Clarissas em Bolonha. Está sentada, com a Regra de Santa Clara nas mãos.

 Santa Catarina de Bolonha é considerada uma das grandes místicas da Idade Média, e padroeira da Academia de Arte de Bolonha, dos artistas das belas-artes.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Santa Catarina de Bolonha se destaca pela sua imensa humildade, total confiança em Deus, e pronta obediência. Cada um destes aspectos mereceria uma longa reflexão; mas busquemos um resumo deles, por assim dizer, no seu atualíssimo programa de vida espiritual, as sete armas para combater o diabo: 1. ter cuidado e preocupação de trabalhar sempre para o bem; 2. crer que, sozinhos, nunca poderemos fazer nada de verdadeiramente bom; 3. confiar em Deus e, por Seu amor, não temer nunca a batalha contra o mal, seja no mundo, seja em nós mesmos; 4. meditar com frequência nos eventos e palavras da vida de Jesus, sobretudo Sua Paixão e Morte; 5. recordar que devemos morrer; 6. ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso; 7. ter familiaridade com a Sagrada Escritura, levando-a sempre no coração, para que nos oriente todos os pensamentos e todas as ações.

Oração:
Senhor Deus, Todo-Poderoso, que nos ensinais ser a verdadeira autoridade o servir ao próximo, concedei-nos pela intercessão de Santa Catarina de Bolonha a confiança na Vossa Providência, deixando-nos guiar pela Vossa vontade com humildade, para na obediência generosa realizarmos o santo e melhor projeto que desejais para cada um de nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora, fontes excelsas da humildade, da obediência e do serviço. Amém.
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07 de Março

07 – Santa Perpétua e Santa Felicidade –
Muitos foram os mártires do ano 203 em Cartago (norte da África, atual Túnis). Dentre eles, Víbia Perpétua, nobre e rica, com aproximadamente 22 anos, casada, já com um filho e grávida de outro; seu pai era o único pagão da família. E Felicidade, escrava de Perpétua, também muito jovem e grávida.

Um decreto do imperador romano Lúcio Septímio Severo condenou à morte os cristãos. Perpétua e felicidade foram presas em casa, com outros escravos, cristãos e catemúmenos (os que se preparam para o Batismo).

O diácono Sáturo as batizou na prisão, e, a pedido dos outros presos, Perpétua escreveu um diário como testemunho para outros cristãos. Este é um dos textos mais antigos do Catolicismo, conhecido hoje como “Paixão das Santas Perpétua e Felicidade”. Nele a santa evidencia as horríveis condições da cadeia e pede a graça de sofrer e lutar pela Verdade. Ela recebeu a visita do pai, que entre lágrimas pedia que apostatasse, lembrando-lhe inclusive do seu filho pequeno – um duro teste para a sua fé. Mas ela registra que o pai era o único da família que não se alegrava com o seu martírio.

À Felicidade foi concedida a graça de dar à luz antes da morte. Um carcereiro debochou, dizendo que se sofria com as dores do parto, maiores seriam as do martírio. Ao que ela respondeu ser fraca, no parto, pela natureza, mas que estaria forte, pela graça de Deus, no martírio.

A Ceia de Despedida concedida aos condenados foi convertida pelos presos em Ceia Eucarística, com a Comunhão lhes sendo levada por dois diáconos. Os condenados deviam usar vestes pagãs na apresentação para a morte, mas recusaram decididamente a isto, pois livremente davam a vida justamente por não aceitarem o paganismo. Então, a 7 de março de 203, foram todos expostos no Circo a animais ferozes. Os escravos catecúmenos foram atacados por um urso e um leopardo. Contra Sáturo, o diácono, que não havia sido preso, mas que se apresentara voluntariamente, soltaram um javali. Antes de morrer, ele converteu um dos carcereiros. Perpétua e Felicidade foram chifradas selvagemente por uma vaca, mas não morreram. Os soldados as degolaram, Felicidade antes, mas erraram no primeiro golpe em Perpétua, que indicou o local onde lhe deveria cortar o machado.

 A memória litúrgica de Santas Felicidade e Perpétua é obrigatória. São invocadas também na Ladainha de Todos os Santos e nas orações da Missa de Finados, e seus nomes estão no Cânon oficial da Missa, um privilégio de poucos santos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Atenção aos nomes Perpétua e Felicidade. Perpétua felicidade, unidas na História, entrando juntas na vida celeste, onde certamente já estão desde sempre, na eternidade do Senhor que as criou – as quatro. Mas é interessante que há uma ordem a seguir, como de fato ocorreu no martírio em 203: primeiro a felicidade, que nos é já garantida nesta vida pela comunhão e fidelidade a Cristo; e depois e infinitamente, por consequência, a vida perpétua, a qual, dependendo da nossa escolha pessoal, pode não estar junto à primeira, daí que estas duas jovens mães nos ensinam, renunciando às alegrias (mesmo se em si legítimas) de um lar natural por uns quantos anos neste mundo, que a verdadeira flor da vida desabrocha no Paraíso. O que devemos sacrificar nesta vida? E o que não devemos perder? Certamente não o tempo que temos, o preciosíssimo e irrecuperável tempo de servir a Deus, recusando tudo o que o puder impedir.

Oração:
Deus Eterno que nos dá a Verdade e a existência, concedei-nos pela intercessão de Santa Perpétua e Santa Felicidade a coragem de sacrificar como elas as nossas vidas, segundo a Vossa vontade, na fidelidade à Fé, morrendo ao que é do mundo para nascer no Paraíso que não tem fim. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, que no Céu nos mostrará perpetuamente as Suas chagas que nos salvaram, e Maria Vossa e Nossa Mãe, feliz desde sempre. 
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06 de Março

06 – Santa Rosa de Viterbo – 
Intercede por: Juventude Franciscana, Juventude Feminina da Ação Católica Italiana e dos exilados.|Localização: Itália

Viterbo, próximo a Roma, Itália, é uma cidade importante para a igreja, pois abrigou conclaves e serviu de refúgio para diversos Papas. Ali nasceu Rosa, em 1233, de família pobre e humilde. Seus pais a educaram desde cedo na Fé. Ela nasceu sem o esterno, osso maior e central na parte anterior do tórax, e em teoria estava condenada a morrer em três anos, pois nestes casos não há sustentação suficiente para o esqueleto.

Desde tenra infância possuía dons místicos. Aos três anos, rezou ao lado do caixão de uma tia e esta ressuscitou. Entende-se que esta foi também uma ressurreição para a fé de Viterbo, na época em que havia duro confronto entre o partido dos guelfos, que apoiavam o Papa Inocêncio IV, e o dos guibelinos, apoiando o imperador Frederico II, autoritário e abusando dos seus poderes.

Rosa vivia asceticamente, buscando a oração e penitências. Aos sete anos, vítima de uma febre, apareceu-lhe Nossa Senhora, que a curou e confiou uma missão: visitar as igrejas de São João Batista, Santa Maria do Oiteiro e São Francisco, e pedir admissão na Ordem Terceira de São Francisco. Aos 11 anos procurou o Convento de Santa Maria das Rosas, mas as freiras a recusaram, pela falta de estudo e constituição frágil, sem o esterno. A santa menina lhes disse: “A donzela que repelis hoje há de ser por vós aceita um dia, com alegria, e a guardareis preciosamente”. Rosa então transformou seu quarto numa cela de religiosa e assim viveu os seus últimos anos de vida.

No ano de 1247 Viterbo, fiel ao Papa, caiu nas mãos do imperador Frederico II, herege cátaro (ou albigense, professando o dualismo – um Deus bom e um deus mal –, a reencarnação e uma suposta “pureza superior” para os escolhidos, manifesta no celibato). Após uma visão de Cristo crucificado, Rosa, com 12 anos, foi impelida a sair às ruas, pregando contra os hereges com um crucifixo nas mãos. Atraía multidões tão grandes que por vezes não era possível vê-la; numa destas ocasiões, levitou até uma altura suficiente, o que foi confirmado por milhares de testemunhas e noticiado por toda a Itália. Em consequência das pregações, ocorreram conversões, retorno de hereges à Igreja, e a reconciliação com o Papa.

Denunciada ao imperador, a quem também questionava, Rosa foi levada a ele, que a proibiu de pregar. Sua resposta foi, “Quem me manda pregar é muito mais poderoso e, assim, prefiro morrer a desobedecê-Lo”. Frederico mandou prendê-la, mas temendo uma revolta na cidade, deportou-a com seus pais para Soriano nel Cimino, aonde chegaram depois de muitas privações na neve. Mas tanto ali quanto em outra cidade, Vitorchiano, Rosa já era conhecida, foi muito bem recebida e continuou sua missão. Na noite de quatro para cinco de dezembro, ela teve uma visão da morte do imperador, de fato ocorrida no dia 13.

Em 1250 Viterbo voltou ao domínio papal, e Rosa para lá retornou como heroína. Mas contraiu uma doença e faleceu com 18 anos, provavelmente em 6 de junho de 1251, sendo sepultada na terra nua, próximo à igreja de Santa Maria no Poggio.

A exumação do corpo, pedida pelo Papa Inocêncio IV, revelou-o intacto, incorrupto e flexível. Foi então transladada para o Mosteiro das Clarissas (renomeado depois para Mosteiro de Santa Rosa), hoje seu Santuário. Assim, Rosa acabou aceita, como dissera, neste convento. Apesar de um incêndio em 1357, seu corpo, até então incólume, continua incorrupto.

Excepcionalmente, Santa Rosa de Viterbo tem duas festas litúrgicas oficiais, 6 de março na sua morte, ou início da vida celeste, como para todos os demais santos, e 4 de setembro, data da sua transladação em 1258. Desta ocasião, ficou tradicional a procissão com a Máquina de Santa Rosa, uma estrutura de madeira e tecido sempre mais cuidada. A festa é atualmente reconhecida pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade.
 Santa Rosa é padroeira da Juventude Franciscana e da Juventude Feminina da Ação Católica Italiana, e também dos exilados.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
O que sustenta a nossa vida não depende dos ossos e da carne, mas da comunhão com Deus; não do esterno do esqueleto nem do externo à Fé; buscar a intimidade com o Senhor e a ortodoxia dos Seus ensinamentos na Igreja é tarefa de todo cristão, desde a infância até o momento da morte física. Poucas obras são tão importantes, especialmente em ocasiões de crise espiritual na Igreja – como hoje acontece por exemplo por causa da herética “Teologia da Libertação” – do que o ensinamento correto da Doutrina e da Verdade, como fez Santa Rosa de Viterbo. O pão espiritual é muito mais importante do que o pão material, pois o corpo morre cedo ou tarde, em melhores ou piores condições, mas inevitavelmente; porém à alma é destinada a vida infinita, e para ela só há céu ou inferno, de modo definitivo. O corpo doente de Santa Rosa faleceu, e antes sofreu provações na pobreza e dificuldades, mas nele o reflexo incorrupto da sua alma em santidade dá ainda hoje o testemunho muito concreto de que fundamental é unicamente o destino do espírito.

Oração:

Senhor, que nunca nos deixais faltar o que realmente importa para a verdadeira Vida, seja ao corpo ou à alma, concedei-nos por intercessão de Santa Rosa de Viterbo a coragem e o ardor de viver e proclamar firmemente a Fé, sem temor dos poderes deste mundo, pois só assim estaremos de fato fazendo o Bem, ajudando os irmãos a chegarem a Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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05 de Março

05 de Março – São José da Cruz  –  

Carlos Caetano Calosirto, filho de pais nobres e ricos, nasceu em1654 na cidade de Ponte, ilha de Ischia, Itália. Já na infância recolhia-se a maior parte do tempo num quarto mais retirado da casa, onde colocou um pequeno altar em honra da Santíssima Virgem. Desejando para ele uma melhor formação religiosa, os pais o enviaram para estudar com aos agostinianos de Ischia. Ali, quando por motivo de estudo tinha que se juntar a outros jovens, evitava as más companhias, querendo preservar a inocência, bem como combatia a vaidade, a mentira e a superficialidade.

Admirador de São Francisco de Assis, quis imitá-lo, e em 1671 entrou para a Ordem dos Franciscanos Descalços, conhecidos como “Alcantarinos” (porque eram oriundos da Reforma de São Pedro de Alcântara), no convento de Santa Luzia no Monte, em Nápoles. Adotou então o nome de João José da Cruz. Identificou-se com a maior austeridade destas regras, e por isso decidiu ficar sempre descalço. Havia, então, uma divisão entre os alcantarinos da Espanha e da Itália.

Em 1671 foi enviado com 11 irmãos para Piedimonte d’Alife, a construir o primeiro convento da Ordem. Eram muitas as dificuldades. João José começou a construção sozinho, juntando pedras com as próprias mãos e trabalhando com a enxada, cal, madeira, até fazer os alicerces. Inicialmente pensaram que estava louco, mas depois os outros religiosos e o povo o ajudaram, e o convento foi erigido em tempo recorde. Construiu-se também um pequeno eremitério, ainda hoje meta de peregrinações, chamado “A Solidão”.

Em 1677 foi ordenado sacerdote, logo depois mestre dos noviços e, aos 24 anos, guardião da Ordem do convento de Piedimonte. Construiu um outro local para retiro, chamado “ermo”, num local isolado na encosta do bosque. E também o convento do Granelo em Portici em Nápoles.

Foi nomeado em 1702 vigário provincial e geral da Ordem Franciscana de Nápoles, seguidores da reforma alcantarina, o que o permitiu abrir várias casas religiosas. Com isso a ordem cresceu, também em santidade, em toda a Itália. Esta fama chegou à Santa Sé, e, com o peso dos seus 20 anos de trabalho, os alcantarinos da Espanha e da Itália se reunificaram. Isto lhe custou muitas injustiças e calúnias, ao que respondia com voto de silêncio, dizendo: “Tudo o que Deus permite, permite para o nosso bem.”

De volta a Santa Luzia, o arcebispo Francisco Pignatelli o convocou para dirigir 73 mosteiros e retiros na região de Nápoles, onde restaurou a disciplina religiosa. Por isso recebeu a mesma incumbência para a diocese de Aversa. Recebeu de Deus a graça se realizar bilocações, profecias, perscrutar corações, levitações, curas milagrosas e até uma ressurreição.

Vivia em grande austeridade. Seu quarto continha apenas um crucifixo, uma imagem da Virgem, de quem era profundo devoto, um livro de orações e um “leito” – dois pedaços de couro e uma coberta de lã. Usou por 65 anos, até a morte, um único hábito de pano grosseiro, sempre remendado, e por isso era chamado de “frade dos cem remendos”. Comia pouco, uma vez ao dia; dormia pouco, acordando à meia-noite para rezar.

São Francisco de Jerônimo e Santo Afonso Maria de Ligório o conheceram e lhe pediam conselhos. Faleceu aos 84 anos em Piedimonte d’Alife e foi sepultado no convento de Santa Luzia. É padroeiro de Ischia, juntamente com Santa Restituta.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

Muitos são os bons exemplos de São João José da Cruz. A busca constante do silêncio para estar a sós com Deus, o desapego das coisas materiais, a austeridade de vida, levados a graus heroicos, mas que todos devem seguir na própria medida. Desta autodisciplina, pôde, com a constante devoção a Nossa Senhora – característica de inúmeros santos – orientar e disciplinar os demais, inclusive outros santos. Sobretudo, devemos imitar a sua busca de união espiritual, a começar pelos irmãos de fé e na fé, e o constante remendar das nossas faltas: a túnica de Cristo, inconsútil (e feita por Maria), é o nosso ideal, mas não sendo perfeitos como Ele, devemos, como São João José, consertar sem desânimo os rasgos da nossa veste espiritual, na oração, confissão e Eucaristia, pois são inevitáveis as nossas quedas ao carregar a Cruz, seja circunstancialmente no nome, seja certamente na vida.

Oração:

Senhor, Uno e Trino, que tudo criastes por Vós mesmo, concedei-nos pela intercessão de São José da Cruz a iniciativa de, mesmo que sozinhos dos demais, porém sempre Convosco, construir os alicerces das Vossas obras, para que sejam abrigo dos nossos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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04 de Março

04 de Março – São Casimiro  – 

Casimiro, nascido em Wawel, Cracóvia, na Polônia, com o título de grão-duque da Lituânia em 1458, foi o 13º filho do rei Casimiro IV da Polônia e da rainha Isabel de Habsburgo da Áustria. Todos os seus irmãos e irmãs foram coroados.

De sua mãe recebeu excelente educação e formação espiritual, e desde pequeno buscou a simplicidade, sem se deixar encantar pelo luxo. Os faustos da realeza não o seduziam, e jovem ainda fez voto de castidade, acompanhado de penitências e jejuns, e tão rigorosos que chegaram a afetar a sua saúde. Usava cilício e dormia no chão. Transformou o próprio quarto numa cela, onde dedicava-se à oração, solidão e ascese.

Tinha direito ao trono da Hungria, mas desistiu de reinvindicá-lo para evitar disputas. Renunciou à coroa como havia renunciado aos prazeres mundanos. Devoto de Nossa Senhora, a Ela consagrou-se, divulgando Suas virtudes.

Contudo, aos 17 anos, auxiliou o pai temporariamente ausente governando a Lituânia, que fazia parte do reino, na qualidade de grão-duque. Atuou com competência, prudência e retidão, ganhando a admiração e afeto do povo. Na volta do rei, preferiu novamente retirar-se do governo. Depois disso, seu pai quis casá-lo, mas Casimiro recusou, preferindo ser fiel ao celibato.

Contraindo uma tuberculose, veio a falecer com apenas 25 anos em Grodno (ou Hrodna), na Bielorrússia, em 4 de março de 1484. Foi sepultado em Vilnius, capital da Lituânia, onde 120 anos depois seu corpo foi constatado incorrupto – nem mesmo as suas roupas haviam deteriorado, apesar da grande umidade do local. Sobre seu peito, estava uma poesia dedicada à Nossa Senhora, com a qual havia pedido para ser enterrado.

 São Casimiro é padroeiro da Lituânia, bem como da sua juventude, e da Polônia.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Casimiro” significa “grande no comandar”, e assim fez este santo, no autocomando da sua alma e do seu corpo. De fato, viveu de forma heroica muitas virtudes, especialmente a castidade, ao buscar de forma consciente afastar-se das concupiscências num ambiente onde o luxo e a vaidade estavam presentes. Sua entrega a Maria Santíssima, porém, mostra que em qualquer situação é possível a fidelidade a Cristo, e trocando a saúde do corpo pela da alma, foi capaz de manter a retidão pessoal e para com os demais, familiares, súditos e necessitados.

Oração:

Ó Deus de infinita realeza, concedei-nos por intercessão de São Casimiro a nobreza da alma e do caráter, em especial a fidelidade e apreço da juventude atual para com a castidade santa, de modo a que possamos reinar sobre nós mesmos submissos à Virgem Maria, pela vida de oração e de caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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03 de Março

03 de Março – São Marino de Cesareia  –

No século III, Marino, um oficial do Império Romano, era reconhecido pelo seu valor militar, e por isso candidato a um cargo importante, o de centurião na Cesareia, em Israel, sob o domínio romano. Marino era cristão, embora não abertamente por causa das perseguições constantes. A sua provável indicação ao cargo despertou a inveja de outros militares que também o cobiçavam, e um deles, sabendo da sua crença religiosa, invocou uma lei antiga, pela qual era necessário, para assumir tal posto, sacrificar aos deuses romanos; intentava assim que Marino publicamente se declarasse cristão, de modo a poder ser incriminado.

De fato, Marino não hesitou em assumir publicamente a sua Fé, alegando que não poderia fazer um ato de adoração a falsos deuses. Normalmente teria sido imediatamente condenado, mas por causa do seu prestígio e a admiração de muitos, teve como concessão um período de três horas para decidir entre a apostasia e a sentença de morte.

Saindo do Pretório, onde dera o seu testemunho, encontrou-se – certamente de forma providencial – com um bispo, Teocteno. Ou o bispo já ouvira sobre a sua sentença (ou talvez o soubesse por inspiração divina), ou Marino lhe expôs a situação. Teocteno o levou a uma igreja, e ali, diante de uma espada e dos escritos do Evangelho, instruiu-o a decidir entre um e outro, ressaltando que tal escolha deveria ser digna de um cristão.

Marino logo colocou as mãos sobre os santos escritos. Teocteno, então, disse-lhe, como despedida: “Conta com a graça de Deus para permaneceres fiel à tua escolha e mereceres as recompensas prometidas pelo Evangelho.”

Ao fim do prazo determinado, Marino apresentou-se ao tribunal e, diante das autoridades, confirmou a sua fé e a impossibilidade de prestar ao imperador de Roma um culto que só pode ser oferecido a Deus. Em seguida foi executado por degolação.

Outro cristão, o senador Astério, estava presente na execução, e envolveu na sua capa a cabeça e o corpo do mártir, transportando-a sobre os próprios ombros para sepultá-lo de modo digno. Ele não ignorava que tal atitude pudesse colocá-lo também em perigo de vida, e realmente foi também condenado e morto. Assim ambos receberam a coroa da glória, em torno do ano de 260.

Reflexão:

Numerosos foram os cristãos, e militares romanos, que abraçaram o martírio nos inícios do Igreja, por conta das perseguições pagãs e imperiais. Contudo, o império mundano nada pode diante do poder verdadeiro que é Deus. São Marino, na sua época, já sofria as tentações e pressões que antes, hoje e sempre existirão para escolhermos o mais cômodo e prazeroso, ainda que às custas de trair a Cristo e perder a alma; e realizava aquilo que São João Paulo II, mais recentemente, nos convida a fazer: avançar para mares mais profundos. De fato, a nossa Fé deve ter a largueza do mar, a profundidade e a extensão onde se descobrem os verdadeiros tesouros, da paz, da realização, do Amor. A palavra corta mais fundo do que a espada (Hb 4,12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos Daquele a Quem havemos de prestar contas.”), e São Marino de Cesareia soube escolher a melhor arma para a sua salvação. Escreveu assim, da forma mais penetrante possível, o exemplo que devemos seguir, se de fato aspiramos ao sucesso que não passará, como passam as situações desta vida. E para isto nunca falta a Providência divina. No momento mais importante da sua existência, o Senhor colocou no caminho de São Marino um Seu representante, o bispo Teocteno, para lhe garantir a graça necessária à fidelidade espiritual. Também a nós, no curto intervalo das horas nesta passagem terrena, Deus nos oferece constantemente o Seu apoio e proteção, o vigor necessário que nos chega pela Igreja Católica, oração, pelos Sacramentos, e particularmente pelo alimento da Eucaristia, de modo a garantir a vida infinita, que nos vem através da morte para o pecado, isto é, para o apego a um mundo que caminha inexoravelmente para a degola. Santo Astério não demostra menos coragem que São Marino. Sabendo do risco à sua vida, não deixou de praticar a caridade (enterrar os mortos é uma das obras de misericórdia corporais), e é pela caridade que seremos salvos. Ele também nos ensina, por bela metáfora encarnada, a verdadeira valorização do corpo: o seu sepultamento digno traz a Vida, enquanto que a vida dissoluta da carne é morte; e para viver é portanto necessário unir, já aqui na terra, o corpo e a Cabeça da Igreja, pois aquele não pode viver sem Esta.

Oração:

Senhor Deus, que nos mergulha no mar da Vossa misericórdia, dai-nos as graças necessárias para resistir ao mundo, ao império das tentações pagãs, aos constrangimentos e perseguições, para que, a exemplo e por intercessão de São Marino de Cesareia e São Astério, sermos capazes de carregar nos ombros a dignidade da verdadeira escolha cristã, na firmeza da Fé e na vivência da caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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02 de Março

02 de Março – Santa Inês da Bohemia  –  

Inês (Agnes, ou Aneska em Tcheco), filha de Premysl Otokar I, rei da Bohemia (atual República Tcheca), e da rainha Constância da Hungria, nasceu em Praga, no ano de 1205. Mas na sua maior nobreza, espiritual, tinha como ascendentes do lado paterno Santa Ludmila e São Venceslau; e por parte de mãe Santa Edwiges da Silésia era sua tia-avó, Santa Isabel da Turíngia sua prima, e Santa Margarida da Hungria sua sobrinha.

Como era o costume da época, ainda criança, foi prometida em casamento ao príncipe polonês Boleslav. A fim de ser educada para este matrimônio, foi levada com sua irmã mais velha, Ana, para a cidade de Trzebnica na Polônia, ao mosteiro cisterciense de sua tia-avó Santa Edwiges. Com ela, aprendeu os fundamentos do Catolicismo, e descobriu o desejo profundo de consagrar a Deus sua vida e virgindade. Em 1217, com a morte do seu noivo, volta para a Bohemia, em Doksani, no mosteiro premonstratense fundado por seu avô São Venceslau. Aprendeu então a ler e a escrever, e desenvolveu acentuado amor pela vida de oração, de modo que preferia rezar do que brincar como as meninas da sua idade.

Novamente foi prometida em casamento, desta vez ao rei Henrique VII da Sicília e da Alemanha, e de novo, em 1219, mudou-se para completar a sua formação de rainha, agora na corte de Viena, a familiarizar-se com a língua e os costumes germânicos. Inês sofria imensamente com a perspectiva de um casamento que contrariava a sua vocação religiosa. Mas confiando em Deus e implorando-Lhe que a permitisse entrar para o convento, permaneceu cinco anos na corte, que a desagradava, praticando os deveres cristãos – mortificava-se frequentemente com jejuns, distribuía muitas esmolas, e consagrou-se totalmente a Maria Santíssima, desejando preservar a virgindade.

E aconteceu que o duque Leopoldo, da Áustria, que a recebera em Viena, pretendia que sua própria filha desposasse Henrique. Deste modo, o noivado foi cancelado, e ela pôde voltar para Praga em 1225. Ali, Inês dedicou-se mais intensamente às orações e obras de caridade. Neste mesmo ano, os Frades Menores franciscanos, acolhidos na cidade pela família real, mostravam a nova proposta de Francisco de Assis e Santa Clara para a vida consagrada que surgia com eles na Itália.

Mas, ainda uma vez, Inês é pedida em casamento, pelo rei Henrique III da Inglaterra e por Frederico II, imperador do Sacro-Império Romano-Germânico. Apesar das objeções da princesa, seu irmão e agora rei Venceslau I (Otokar I havia morrido neste mesmo ano de 1230) a prometeu ao imperador. Inês, então ainda mais certa de sua vocação e fortificada por sofrimentos, dispôs-se a lutar para unir-se totalmente a Cristo. Aumentou as suas orações e penitências; acordando frequentemente antes do nascer do sol, saía com outras donzelas devotas a percorrer algumas igrejas da cidade – descalça e mal agasalhada; na volta ao palácio, lavava os pés machucados, vestia-se e calçava-se com os trajes principescos, tendo por baixo uma camisa rude feita de pelo e um cilício de aço, para começar suas atividades diárias que incluíam as obrigações da corte e as suas pessoais e características visitas aos doentes.

Não demonstrava a ninguém as mortificações que fazia, desejando assim louvar a Deus e Dele obter a vida religiosa que almejava. Assim preparada, escreveu ao Papa Gregório IX implorando-lhe que impedisse o matrimônio, explicando o seu desejo de viver num convento e que nunca havia consentido em se casar. Ora, o Papa havia acabado de consolidar a paz com o imperador, e apoiou o pedido de Inês, enviando a ela uma carta. Venceslau temia o imperador, mas preferiu ceder à missiva papal, e igualmente não obrigar a irmã a contrariar a vontade de Deus. A reação de Federico foi surpreendente e digna: ao saber que não se tratava de uma manobra política, mas de um santo desejo da princesa, anulou o compromisso, dizendo: “Se ela tivesse me deixado por um homem mortal, eu faria sentir o peso da minha vingança; mas não posso me sentir ofendido por ela ter preferido o Rei do Céu”. Este seu procedimento, certamente iluminado pelo Espírito Santo, e a decisão de Inês em recusar os bens terrenos pela glória de Deus, despertou enorme admiração nas cortes europeias.

Agora, definitivamente livre das perspectivas mundanas, Inês dedicou-se a colocar em prática a imitação da vida de São Francisco e Santa Clara. Desfazendo-se das joias, vestidos suntuosos e outros adornos caros, investiu seu valor no auxílio dos pobres da região. Também com os próprios recursos, e ajuda de Venceslau, construiu o Hospital de São Francisco, que confiou à Fraternidade dos Hospitaleiros, a qual deu origem à ordem dos Crucíferos da Estrela Vermelha (Cônegos Regulares da Santa Cruz da Estrela Vermelha), aprovada por Gregório IX. Em Praga, construiu ainda um convento e uma Igreja para os Frades Menores franciscanos, e o Mosteiro das Clarissas de São Salvador de Praga. O povo da Bohemia quis contribuir para as despesas destas obras, mas o rei e a princesa, sabendo da sua condição humilde, recusaram; porém os trabalhadores em muitos dias terminavam o expediente e saíam escondidos, para não receber o salário e poderem desta forma auxiliar nos custos.

Em 1234, Inês solicitou que um grupo de irmãs clarissas viessem para o mosteiro que ela havia fundado; cinco delas chegaram de Trento, com a permissão do Papa. Estas cinco e mais sete donzelas nobres da Boehmia, incluindo a própria Inês, iniciaram a vida monástica das clarissas na cidade. Por obediência a Gregório IX, Inês teve que aceitar o cargo de abadessa, que em humildade não desejava. O exemplo da sua vocação foi seguido por muitas mulheres, o que multiplicou o número destes conventos na Europa.

Neste mesmo ano, Inês recebe a primeira de muitas cartas de Santa Clara de Assis (da correspondência entre elas, conservam-se só quatro cartas). Clara elogiava sua fama de virtude e lhe dava os parabéns por ter preferido “um esposo de linhagem mais nobre” e ter renunciado às glórias do mundo. As duas nunca se encontraram pessoalmente, mas desenvolveram uma imensa amizade e afinidade; Inês tinha Clara por mãe espiritual, e Clara a chamou de “metade da minha alma e escrínio singular da minha afeição”.

Em 1238 o Papa, a contragosto, concede o privilégio da pobreza solicitado por Inês para o seu mosteiro, isto é, a renúncia dos bens, de modo que a partir de então este seria mantido apenas por esmolas. Inês viveu a humildade, caridade e pobreza, e na sua dedicação fundou um segundo hospital, dirigido pelas clarissas e dedicado aos pobres. Ali ela mesma cuidava deles, incluindo os leprosos, de quem remendava as roupas. Com intensa vida eucarística e de oração, nestes momentos podia entrar em êxtase; recebeu os dons da cura e da profecia. Aconselhava com sabedoria, incentivando o reino à fidelidade à Igreja, e buscava evitar conflitos.

Deus permitiu que Inês sentisse a perda de todos os seus parentes, e também de Santa Clara (falecida em 1253). Mas teve a felicidade de ver a canonização de sua tia-avó, Santa Edwiges, em 1267. Outro sofrimento foi a rebelião de Otokar, filho do seu irmão o rei Venceslau I, em 1248; ela conseguiu a reconciliação entre os dois. Com a morte de Venceslau em 1253, o trono passa ao herdeiro, Premysl Otokar II: a trágica morte deste sobrinho, na batalha da Morávia em 1278, foi vista numa visão por Inês.

O falecimento do rei foi seguido pela invasão da Bohemia por exércitos estrangeiros, abrindo um período de violência, fome e peste, com muitas mortes. As clarissas atendiam a inúmeros moribundos. Neste cenário caótico, faleceu Inês de causas naturais em 6 de março de 1282, já com fama de santidade. Seu túmulo, na capela do seu mosteiro, logo se tornou local de peregrinação.

Em 12 de novembro de 1989, Inês é canonizada por São João Paulo II; no dia 17 deste mês, termina a “Revolução de Veludo”, que libertou a Tchecoslováquia da opressão comunista – fato que muitos atribuíram à intercessão de Santa Inês, que é a padroeira de Praga.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A vida de Santa Inês nos ensina o valor e a importância de lutarmos pela nossa vocação, pois este é o caminho que Deus prepara para a felicidade, santificação e salvação de cada um. Embora obediente, Santa Inês não deixou de usar de todos os recursos – lícitos – de que dispunha, para garantir a sua vida monástica. Em primeiro lugar, sempre, na listagem destes recursos, estão a oração e a penitência, aliadas à confiança em Deus e Nossa Senhora. Até que ponto aumentamos (ou ao menos iniciamos) nossa dedicação à oração, e às penitências, para obtermos objetivos verdadeiramente nobres? E, se o fazemos, fazemos com reta intenção, para agradar a Deus? Ou para tentar “forçá-Lo” a algo que desejamos? Por exemplo, podemos pedir a cura de uma doença, mas confiamos que o Senhor, se não a concede, está agindo para o nosso bem, ou nos revoltamos? Por vezes, uma doença é o fator que levará alguém a pensar seriamente na sua mortalidade, e assim buscar a comunhão com Deus; enquanto que o desejo de saúde não estava voltado para a realização de boas obras, mas para poder aproveitar melhor as tentações de uma vida mundana. Deus sabe o que é melhor para a nossa salvação, e a salvação é exatamente o motivo pelo qual vivemos nesta Terra. Mas Santa Inês tinha intenções honestas. E sua persistência influenciou beneficamente os demais: seu irmão, o rei Venceslau, por respeito à vocação da irmã e mesmo temendo o imperador Frederico II, foi capaz de priorizar a vontade de Deus à dos homens; e por isso a Providência pôde dignificar Frederico, que igualmente teve a humildade de aceitar a vontade divina. A nobreza claramente se manifesta na alma, acima de qualquer outro aspecto. Santificante foi a escolha livre dos trabalhadores de Praga, que para contribuir com uma obra de caridade “desobedeceram” aos reis da Terra para, cedendo seus salários, contribuírem para o hospital dedicado ao Rei do Céu. Isto resume a própria natureza da união que Santa Inês e Santa Clara possuíam, na espiritualidade elevada dos membros da família de Deus: filhos do Senhor, e irmãos Nele: também nós o somos. O que temos, muito ou pouco, devemos por consequência colocar concretamente à disposição do Primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Oração:

Senhor, de majestade infinita, concedei-nos pela intercessão de Santa Inês da Bohemia a sua mesma nobreza espiritual, de modo a que como ela nos disponhamos a lutar incessantemente para nos unirmos cada vez mais a Cristo, e pela oração, penitência e caridade sinceras vivermos desde já alegria de nos despojarmos deste mundo para receber o Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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01 de Março

01 de Março – Santo Albino  –

Santo Albino nasceu no ano de 469 em Vannes, na Bretanha, França, filho de uma nobre família inglesa e cristã que ali se estabeleceu. Desde criança, destacou-se pela inteligência, piedade e generosidade. Jovem, manifestava já a vocação religiosa.

Aos 20 anos, tornou-se monge no mosteiro de Timcillac, perto de Angers (depois nomeado Saint-Aubin em sua honra); para isso renunciou a títulos e a uma rica herança. Com apenas 25 anos foi escolhido abade, e mais tarde feito bispo de Angers.

Sua atuação no bispado destacou-se pela moralização dos costumes, o combate aos casamentos incestuosos comuns à sua época na região, motivados em essência por interesses sucessórios. Condenou este e outros vícios morais em dois concílios regionais em Órleans, de 538 e 541, deles participando ativamente, e arriscando a vida, por causa da oposição de pessoas poderosas interessadas nestes costumes. Seus esforços tiveram sucesso e tal barbaridade diminuiu de forma drástica.

As narrações populares atribuem para Dom Albino a realização de grandes milagres. Assim, uma mulher chamada Etheria que estava na prisão, por dívidas ao Estado no tempo do rei Childebert, recebeu sua visita, e atirou-se-lhe aos pés, implorando ajuda; um guarda ameaçou bater nela, mas Albino, com apenas um sopro, teria feito com que ele caísse no chão, como morto. Depois disso, ela foi solta.

Em outra ocasião, ao passar perto da torre da prisão de Angers, Dom Albino ouviu gritos e gemidos dos presos, muito maltratados. Recorreu então ao juiz local, intercedendo pela libertação dos que podiam ser soltos e pelo tratamento mais caridoso aos que não podiam. Seu pedido sendo negado, voltou à torre e ali rezou por horas. Em seguida, um grande deslocamento de terra derrubou a torre, libertando os prisioneiros, que o seguiram até a igreja de São Maurício, onde se estabeleceram. E, sob sua orientação, tornaram-se fiéis exemplares.

Noutra situação, um homem que sofria horrivelmente de dores nos rins o procurou, ajoelhou-se e pediu-lhe a bênção. Albino, tocado de misericórdia, impôs-lhe as mãos, e imediatamente o cálculo renal foi expelido e o homem curado.

Santo Albino faleceu no dia 1º de março de 549. Seu túmulo tornou-se logo um local de peregrinação, e muitos milagres lhe foram atribuídos.

 Ele é protetor dos que sofrem de doenças renais.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
As depravações humanas sempre existiram, mas após a irradiação do Catolicismo, inicialmente na cultura europeia e ocidental e posteriormente no mundo todo, em muito foram mitigados os comportamentos aberrantes e antinaturais que o pecado oferece. Hoje em dia, muito da cultura cristã foi esquecida, perdida ou rejeitada, em vários setores – moral, arte, educação… não à toa, mesmo nos países tradicionalmente católicos do Ocidente, vê-se o retorno ou o surgimento de vícios e erros que ofendem a Deus e desorganizam a sociedade de forma alarmantemente prejudicial. Necessária é a retomada da postura de São Albino, de fidelidade aos ensinamentos e Mandamentos de Cristo, para corrigir estes desvios, e assim, como que por milagre, certamente as nações, a partir das suas famílias bem estruturadas, poderão ter paz e progresso verdadeiro: primeiro o do espírito, para conduzir correta e beneficamente o material.

Oração:
Senhor Deus de Misericórdia, que não Vos esqueceis das necessidades e sofrimentos dos Vossos filhos, concedei-nos pela intercessão de Santo Albino a Fé para renunciar às pobres riquezas deste mundo, e seguir o seu exemplo de firmeza moral e espiritual a fim de derrubar as torres de vícios e erros do nosso tempo, de modo a termos a verdadeira libertação das almas, das pessoas e dos países. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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26 de Fevereiro

26 de Fevereiro – São Porfírio de Gaza  –

Nasceu na Tessalônica em 353 e morreu em Gaza em 420. São Porfírio nasceu de uma família rica e com vinte e cinco anos mudou-se para o Egito, onde entrou no monastério de Esquete, no deserto. Cinco anos depois ele viajou para a Palestina, para visitar os lugares santos, e residiu numa caverna perto do Rio Jordão por mais cinco anos, em profunda solidão.

Neste período ele adoeceu profundamente e resolveu gastar seus últimos dias em Jerusalém, onde poderia estar perto dos lugares onde Jesus Cristo viveu. Sua austeridade era tão grande que a doença agravou e ele só podia visitar os lugares santos apoiado num pedaço de madeira.

Um amigo seu, chamado Marcos, propôs a ajudá-lo, oferecendo seu braço, mas Porfírio recusou a ajuda dizendo: “Eu vim até a Palestina para procurar o perdão dos meus pecados e não devo procurar o conforto de ninguém”, dizia Porfírio.

Neste sofrimento ele viveu alguns anos, com olhar sereno e feliz. Só uma coisa ainda o incomodava: sua riqueza deixada na Tessalônica. Um dia, chamou seu amigo Marcos e lhe deu ordens para ir até sua casa e vender suas propriedades. Três meses depois, seu amigo retornou trazendo grande quantia em ouro. Porfírio o recebeu com alegria, pois estava completamente recuperado de sua enfermidade.

O santo explicou ao amigo que, dias antes, durante um acesso de febre, ele tinha sentido vontade de caminhar até o Calvário. Lá chegando, ele teve uma queda como um desmaio e pensou ter visto Cristo na cruz. Implorou ao Mestre que o levasse com Ele para o Paraíso. Jesus então apontou-lhe a cruz e pediu que ele a carregasse. São Porfírio tomou então a cruz nos ombros e quando acordou estava completamente recuperado da doença.

O santo distribuiu, então, seus bens entre os pobres da Palestina. Para sobreviver, Porfírio aprendeu a fazer sapatos e tornou-se um grande sapateiro.

No fim da vida, Porfírio retornou para Gaza, foi ordenado bispo e passou a defender a fé contra o ataque constante dos pagãos. Diz a história que, em Gaza, terrível seca assolava os campos. Os pagãos culpavam os cristãos e não queriam receber Porfírio entre eles. Às portas da cidade, Porfírio rezou a Deus e a chuva caiu com abundância. Assim, ele foi reconhecido pelos cidadãos de Gaza e pôde entrar na cidade.

Porfírio retirou do maior templo da cidade os ídolos pagãos e construiu uma grande Igreja, consagrada em 408. Na ocasião de sua morte, sua diocese era toda cristã, conforme o testemunho de seu amigo Marcos, que escreveu a biografia do santo.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.

Reflexão:
A vida de São Porfírio está cercada de lendas e tradições. Ele fascinava o povo. As pessoas simples encontravam em São Porfírio a expressão de sua alma. Nosso santo foi um eremita, mas nunca deixou de caminhar ao encontro do Cristo. Faleceu muito idoso, sempre no exercício zeloso de suas funções pastorais. Nós também somos chamados a seguir o caminho de Jesus Cristo, seja assumindo nossa vocação à vida ministerial, consagrada ou leiga. O importante é ter Jesus Cristo como meta de nossa vida. Só com Ele somos capazes de carregar nossas cruzes.

Oração:
Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Porfírio de Gaza, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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25 de Fevereiro

25 de Fevereiro – São Cesário de Nazianzo – 

Cesário, nascido em Arianzo, Capadócia (atual Turquia) no ano de 330, pertencia a uma família de santos – seu pai Gregório, bispo da cidade próxima de Nazianzo, sua mãe Santa Nona, o mais famoso irmão mais velho São Gregório de Nazianzo, Doutor da Igreja, e sua irmã, Santa Gorgonia.

Estudou em Cesaréia e Alexandria, dedicando-se à medicina, e como médico foi servir em 325 ao imperador Constantino II e posteriormente ao imperador Juliano, em Constantinopla. Este, que abandonou o Catolicismo e ficou conhecido como Juliano o Apóstata, várias vezes tentou levá-lo ao paganismo. Mas Cesário, embora ainda catecúmeno, como o foi durante a maior parte da sua vida, não cedeu e abandonou a corte.

Estando em Nicéia em outubro de 368, Cesário sobreviveu milagrosamente a um terremoto, o que o levou finalmente a querer o Batismo. Depois disso trocou a cura dos corpos na medicina pela cura das almas, como pregador respeitado na comunidade cristã por sua fé, virtudes cristãs e caridade. Antes de falecer em Constantinopla, com apenas 39 anos em 369, fez seu testamento deixando tudo o que possuía para os pobres. Foi sepultado em Nazianzo, e seu irmão São Gregório lhe fez a oração fúnebre.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Curiosas são as diferenças das personalidades humanas. São Cesário, de uma família de santos e que certamente era bom homem e médico, resistindo inclusive às seduções do paganismo vindas diretamente do imperador, demorou-se a pedir o Batismo, só o fazendo depois de um acontecimento milagroso. Mais do que provavelmente, as orações dos seus familiares o auxiliaram, na preservação da sua vida e na sua decisão pelo Sacramento. Eis o valor da santidade pessoal e das orações: são meios efetivos de auxiliar o próximo, tanto temporal como espiritualmente, e este caminho de serviço ao irmão é o melhor que podemos seguir. Também Cesário, depois do Batismo, cuidou de se santificar e ajudar na santificação dos outros (o que aumentava a sua própria santidade…). Não é prudente esperar por fatos extraordinários para imitá-lo: as nossas vidas estão sempre sujeitas a terremotos para o corpo e para o espírito. Por isso, inclusive, a Igreja entendeu que o Batismo das crianças deve ser realizado logo que possível.

Oração:
Deus de amor, que nos preserva de todos os males, dai-nos por intercessão de São Cesário Nazianzeno a graça de intercedermos uns pelos outros e não adiarmos o Vosso serviço no serviço aos irmãos, especialmente no anúncio tão fundamental da Boa Nova, pela conduta e pela palavra. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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24 de Fevereiro

24 de Fevereiro – São Sérgio   –  
Este Sérgio, um dos vários santos com o mesmo nome, foi monge e mártir no século IV, e tinha por profissão o trabalho de magistrado antes de se consagrar somente a Deus, num eremitério. Na cidade de Cesaréia da Capadócia (hoje Turquia), o governador Saprício executava as ordens de perseguição à Igreja do cruel imperador Dioclesiano, em 304.

Ordenou então que todos os cristãos da cidade fossem levados para diante do templo pagão, onde seriam prestadas as homenagens anuais a Júpiter; se não comparecessem e fossem denunciados, seriam presos e condenados à morte. Poucos conseguiram fugir, a maioria foi ao local indicado.

 Não houve lembrança de Sérgio, por viver afastado, mas um chamado interior o convidava a ir à cidade. Ali chegando, encontrou um sacerdote pagão invocando as divindades tutelares de Cesaréia diante do templo. Sérgio compreendeu que havia sido chamado por Deus para dar testemunho da Verdade, e diante do povo denunciou a mentira, condenando a crença em falsos deuses, a inutilidade dos sacrifícios a eles direcionados, e a falsidade dos sacerdotes pagãos, passando a anunciar a Boa Novo do Evangelho.

A sua presença fez com que os fogos preparados para os sacrifícios se apagassem; os pagãos atribuíram imediatamente a causa do fenômeno aos cristãos, que com suas recusas haviam irritado ainda mais os “deuses”. Sérgio foi então agarrado pelos soldados e ali mesmo decapitado.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
São Sérgio buscou a verdadeira Justiça, tanto na vida leiga quanto na religiosa, e por isso, na oração e intimidade com Deus, soube apagar os fogos das tentações mundanas que, a ele como a nós, pedem o sacrifício do nosso amor a Deus e o das nossas almas, para que queimem no inferno. Não adianta servirmos aos deuses deste mundo, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ganância, tendo um brilho fugaz como o dos fogos de artifício, que logo se apaga para sempre, na escuridão infinita onde não estará Deus. Na comunhão pessoal com Deus, o anúncio da Boa Nova é um dever de alegria, que possibilita aos irmãos a firmeza e/ou a conversão à Fé: não há nada melhor que possamos dar ao próximo, se o amamos por amor a Deus.

Oração:
Senhor, Justo e Bom, concedei-nos pela intercessão de São Sérgio jamais resistirmos aos Vossos chamados no interior dos nossos corações, para que cortando radicalmente, como que por uma espada, o pecado das nossas vidas, não fiquemos presos aos templos do mundanismo, e sejamos por Vós agarrados para o Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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