15 de Maio – Santa Dionísia – Dionísia foi uma das muitas vítimas cristãs das perseguições romanas dos primeiros séculos. Nasceu na Anatólia, Turquia, em 234. Na época o imperador Décio, intolerante ao Cristianismo, fazia muitos mártires tendo mandado matar o Papa Fabiano. Na Ásia Menor, seu procônsul Ottimo seguia diligentemente as suas ordens.
Assim prendeu os irmãos André e Paulo, e os amigos Pedro e Nicômaco, torturando-os para que negassem o Cristo. Dionísia acompanhou de perto a prisão deles, e pôde presenciar a apostasia de um só deles; Nicômaco: este, liberto, e a ponto de sacrificar aos deuses pagãos como lhe fora exigido, caiu subitamente no chão, tomado por convulsões, e morreu. A isto, ela chorou, comentando que ele perdera a vida eterna por alguns poucos momentos de vida terrena…
Quando presa foi levada ao tribunal e declarou-se cristã, e diante da ameaça de Ottimo respondeu que o seu Deus era muito mais poderoso do que o dele. Era uma donzela de 16 anos, e o procônsul a entregou à soldadesca para ser violentada. Mas os legionários, miraculosamente, permaneceram estáticos, impedidos de tocá-la.
Chegou o momento em que André e Paulo foram retirados da prisão para serem mortos na arena. Dionísia conseguiu escapar da sua própria cela e, juntando-se a eles, teria dito: “Eu partilhei os vossos sofrimentos no coração, por isso poderei partilhar a vossa glória no Céu.” Os soldados romanos a decapitaram. O martírio de Dionísia, Pedro, Paulo e André aconteceu em Lâmpsaco, no Helesponto, atual Turquia, aos 15 de maio de 250.
Entre as relíquias de Dionísia, conserva-se uma jarra contendo o seu sangue cristalizado, na igreja da Abadia de Flône, Bélgica. Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Impressiona sempre a firmeza dos primeiros mártires católicos, sobretudo porque incluíam não apenas varões, mas crianças, idosos, mulheres e jovens, cuja fragilidade e impossibilidade de defesa deveria antes enternecer os corações dos algozes, e que a covardia dos que perseguem a Deus parece que, ao contrário, estimulavam na maldade. Esta coragem e tão firme convicção na recompensa do Paraíso seriam a atitude esperada também para nós… e contudo não é difícil ficarmos abatidos com a perseguição verbal e moral, muitas vezes a ponto de não termos reagirmos adequadamente. Mas, como esclareceu Santa Dionísia diante do procônsul, nosso Deus é de fato mais poderoso. Diante da ameaça de morte por causa da Fé, seríamos como ela ou Nicômaco? Por mais alguns momentos nesta vida terrena e inevitavelmente passageira, perder a vida eterna! Várias outras santas, como por exemplo Joana d’Arc, viram sua castidade ameaçada, e foram miraculosamente resguardadas. Não é pequeno o valor que Deus dá à pureza e castidade. Que contraste para com os nossos tempos, de imoralidade e depravação exacerbadas e exaltadas, aceitas e incentivadas, inclusive para com a infância. Na medida em que Deus valoriza e preserva a pureza, assim será a gravidade da Sua punição por estes pecados. Aos católicos, além da rejeição a estas perversidades em todos os âmbitos, espera-se – Deus mais do que todos – um vestuário e comportamento decente. Como educar os filhos na castidade, se nas igrejas, diante do Santíssimo, vê-se mulheres católicas com roupas indecentes, e homens de chinelos e bermuda, como num boteco? Serão todos tão pobres que não podem usar roupas minimamente dignas?
Oração:
Senhor Deus, de bondade mas também de infinito poder, concedei-nos por intercessão de Santa Dionísia e seus companheiros mártires a alegria de partilhar corajosamente os Vossos sofrimentos nesta Terra, para podermos também partilhar da Vossa Glória no Céu, cristalizando o nosso sangue junto ao do Redentor, de modo a que se tornem, por Vossa graça e amor infinitos, inseparáveis nos trabalhos e na recompensa. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
14 de Maio – São Matias – São Matias ocupou o lugar deixado por Judas Iscariotes no grupo dos 12 Apóstolos escolhidos por Cristo. Este número representa as 12 tribos de Israel, portanto todo o povo judeu e, por extensão, o povo restaurado de Deus, os que viverão no paraíso Celeste – daí a sua importância.
Em At 1,21-26, fica evidente que Matias já acompanhava o Senhor desde o anúncio de João Batista, perseverando entre Seus discípulos até depois da Ressurreição e de Pentecostes, e tendo sido testemunha ocular de Cristo já glorioso. Certamente foi um dos 72 enviados por Jesus para evangelizar (Lc 10,1-24). A “sorte” que definiu a sua escolha evidentemente é obra do Espírito Santo.
Segundo uma tradição Matias evangelizou na Judéia, Capadócia e depois na Etiópia, tendo morrido crucificado. Em outra versão, ele foi apedrejado em Jerusalém pelos judeus, e então decapitado. As informações não são precisas, tendo origem nos evangelhos apócrifos (isto é, em escritos não aceitos como confiáveis para fazerem parte do conjunto de escritos da Bíblia, seguramente inspirados pelo Espírito Santo).
É normalmente representado com um machado ou uma alabarda, símbolos da força do cristianismo e do martírio; o machado também está ligado, por causa do martírio, ao seu patronato dos açougueiros e carpinteiros.
Registros indicam que Santa Helena, mãe do imperador Constantino e a santa que recuperou as relíquias da Cruz de Cristo, mandou transladar as relíquias de São Matias para Roma. Uma parte delas ali ficou, na igreja de Santa Maria Maior, e o restante está na Alemanha, na igreja de São Matias em Treves, cuja cidade foi por ele evangelizada segundo uma tradição, e motivo pelo qual é seu padroeiro.
A festa de São Matias era celebrada em 24 de fevereiro, de modo a evitar a Quaresma, mas no novo calendário ficou em 14 de maio, uma data certamente próxima do dia da sua eleição. Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
“Matias” deriva do Grego Matthias ou Mahthias, do Hebreu Mattathias ou Mattithiah, que significa “presente (ou dom) de Deus”. Sem dúvida que este Apóstolo é tanto presente como dom de Deus para a Sua Igreja, e a sua altíssima missão, confiada a este mínimo grupo de pessoas, indica uma singular preferência e confiança do Senhor. Os critérios para ser Apóstolo incluíam ter visto diretamente o Cristo Ressuscitado, ter acompanhado Jesus desde a manifestação de João Batista até a Ascensão e permanecido até Pentecostes, ter sido chamado e enviado por Cristo para evangelizar… apenas 12 foram santos Apóstolos, mas até que ponto podemos nos aproximar da sua obra? Vemos o Cristo, vivo, na Eucaristia, recebemos o Espírito Santo na Crisma, somos chamados por Jesus, através da Igreja e do Batismo, para com Ele levarmos a Boa Nova aos irmãos. Não temos o carisma particular dos Apóstolos, mas somos sim herdeiros da sua missão, e unidos a eles na Comunhão com Cristo. Neste sentido, Deus também demonstra a Sua escolha e confiança em cada um de nós. Resta escolhermos a via de Judas Iscariotes ou a de Matias.
Oração:
Deus Todo Poderoso, que do nada nos chamastes à existência e nos chamastes à salvação, concedei-nos por intercessão de São Matias também sermos fiéis no “apostolado tardio”, e tendo tido a honra inefável de sermos por Vós escolhidos desde sempre para receber o Paraíso, aceitarmos com amor e alegria os dons que nos destes para vencer as provações, estando sempre presentes diante de Vós para repassá-los em proveito dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
André Humberto Fournet, nasceu em uma família de dez filhos, em 6 de dezembro de 1752, em Saint Pierre de Maillé, na França. Ele era uma criança muito inquieta, que preferia brincar a estudar. Na juventude, gostava da vida fácil, com regalias, das festas e diversões.
Ao ver a vida sem sentido que o filho estava levando, seus pais o mandaram morar com seu tio que era pároco de Haims. Depois de algum tempo, o menino decidiu se tornar sacerdote.
Em 1776, ordenou-se em Poitiers, foi nomeado Vigário de Haims e depois pároco de São Pedro em Maillé.
Embora tenha sido ordenado sacerdote, o Padre André continuava apegado às comodidades, via o sacerdócio como uma profissão, não como uma missão.
Um encontro mudou o rumo da sua vida. Depois de uma conversa com um mendigo que lhe fez repensar em tudo o que havia vivido até aquele momento, o Padre André sentiu-se incomodado, vendeu tudo o que tinha e distribuiu aos pobres. Passou a viver com mais simplicidade e humildade.
Começou a viver com austeridade, dedicando-se à oração, ao jejum e à penitência. Seus sermões tocavam o coração das pessoas, eram simples e compreensíveis. Em 1791, durante o período da Revolução, recusou-se assinar a Constituição Civil do Clero e foi expulso da França, refugiando-se na Espanha.
Em 1797, retornou para a França na clandestinidade, e se manteve escondido celebrando os sacramentos para os fiéis. Quando a paz voltou à França, e à Igreja, o Padre André voltou à sua paróquia e trabalhou refazendo tudo o que havia sido destruído, recebendo o título de “Bom Padre”, pelo exemplo de sua santidade.
Trabalhou junto com Elisabetta Bichier, na educação cristã de meninas, especialmente as mais pobres, foi aí que nasceu a Congregação das Filhas da Cruz. Em 1820, Padre André, mudou-se para La Puye onde foi estabelecida a nova sede da Congregação.
Suas pregações eram feitas baseadas na humildade, no desprendimento de prazeres, no mistério de Jesus Crucificado e nas virtudes evangélicas da pobreza.
O Padre André era admirado por sua imensa devoção à Santíssima Trindade e à Cruz, num espírito de penitência e zelo apostólico ilimitado.
Faleceu em maio de 1834, em La Puye. Foi beatificado por Pio XI em 1926 e canonizado 1933, também pelo Papa Pio XI. Colaboração: Nathália Queiroz de Carvalho Lima
Reflexão:
Santo André encontrou Cristo no pobre que lhe pedia esmola, deixou-se tocar por este encontro e passou por uma profunda conversão. Deixou todos os apegos e comodismos vazios para se dedicar ao que verdadeiramente importa, conhecer e amar a Deus através da oração e fazê-lo conhecido através da sua pregação. Uma vida de oração e serviço. Que o exemplo de Santo André nos ensine que para ter uma vida plena e feliz é preciso desapegar de tudo o que nos impede de seguir a Cristo e amar os irmãos.
Oração:
Glorioso Santo André Humberto Fournet, hoje eu te escolho como meu padroeiro especial: sustenta-me na Esperança, confirma-me fortalece-me na Virtude. Ajude-me em minha luta espiritual, obtenha de Deus todas as graças que me são mais necessárias e os méritos para alcançar contigo a Glória Eterna… https://www.a12.com/
Joana, nascida no ano de 1452 em Lisboa, Portugal, era a filha primogênita do rei D. Afonso V, da Casa de Avis, e da rainha D. Isabel. Seu nome vem da devoção da mãe a São João Evangelista. Recebeu ótima educação religiosa e humanística, sendo muito querida pelo pai, bela e graciosa, de temperamento dócil e perseverante. Apresentava grande inclinação religiosa, mas sua formação era direcionada para que pudesse ser rainha.
De fato, com 15 anos, com a morte da mãe, teve que assumir temporariamente encargos governamentais, como Princesa Regente, Herdeira da Coroa de Portugal, pois neste ano de 1471 seu pai partira em expedição militar a Arzila, no Marrocos. Contudo, o nascimento do seu irmão, o futuro rei D. João II, acabou por desobrigá-la, ao menos parcialmente, destas funções.
Por si, desejava e praticava uma vida de penitente, passando as noites em oração. Jejuava com frequência, especialmente às sextas-feiras, usava cilício, e como insígnia real portava uma cora de espinhos.
Dedicava-se à contemplação, leitura religiosa, penitências; cuidava pessoalmente dos pobres que acorriam ao palácio, anotando o nome de cada um, sua condição particular, e o dia em que deveria ser dada a esmola. Amparava também os enfermos, os prisioneiros e os religiosos. A cada Semana Santa, lavava os pés de 12 mulheres pobres, providenciando para elas roupas, alimentos e dinheiro.
Pretendia consagrar-se à vida religiosa num convento. Mas sofreu pressões para o casamento, tanto pelas circunstâncias políticas de sucessão ao trono quanto por sua beleza, personalidade e alta formação. Recebeu propostas matrimoniais de Carlos VIII da França, Maximiliano da Áustria e de Ricardo III da Inglaterra, recusando veementemente a todos.
Aos 19 anos, conseguiu convencer o pai a permitir sua vida religiosa, como oferecimento a Deus pelas muitas vitórias recentes que o rei havia conquistado, em Arzila e Tânger; ele se convenceu da sua vocação, e Joana entrou no Mosteiro de Odivelas em 1471. Em 1475 mudou para o Convento dominicano de Jesus de Aveiro, na busca de uma regra com disciplina mais austera.
Porém nunca chegou a professar os votos definitivos na vida religiosa, tanto por causa de questões de saúde quanto pelo fato de que permanecia potencialmente como herdeira do trono, chegando a ter que voltar à corte várias vezes. Ainda assim seguia com rigor louvável as regras conventuais e se dedicava aos serviços mais humildes, como verdadeira monja, despojando-se de tudo.
Faleceu em 12 de maio de 1490, amada em vida pelos portugueses por sua santidade, e venerada depois da morte pelos milagres que a sua intercessão obtinha. É padroeira da cidade de Aveiro. Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: A sabedoria dos santos os faz perceber quanto é melhor servir a Deus, na humildade e simplicidade, do que viver as honrarias sociais e políticas, quando recebem a vocação de vida religiosa. Naturalmente, a santidade não depende de uma vida num mosteiro, e os muitos santos nobres, reis e rainhas, bem como os de inúmeras profissões e diferentes condições de vida, atestam esta verdade. Mas nunca é fácil a renúncia às comodidades de uma vida legitimamente régia, especialmente numa jovem pessoa com beleza física, personalidade marcante e destacada formação cultural. Por muito menos, somos facilmente tentados a relaxar os deveres da nossa vida espiritual, mesmo no estado leigo… Mas é importante também destacar que, em contraste com o nosso século, paganizado, na época de Joana, numa Europa católica, mesmo a realeza civil sabia inclinar-se à maior nobreza espiritual, preservando assim a correta hierarquia de valores que deve permear qualquer tipo de organização social e política. Tais valores, vindos de Deus e portanto eternos e imutáveis, nunca estão ultrapassados e serão sempre soberanos para as decisões e organização humana. Quando ausentes, constata-se sempre as distorções nas ideias e comportamentos, e os períodos de maior sofrimento para a Humanidade. Não podemos ter medo, assim como Santa Joana, de buscar e viver a regra mais austera, na linha dos valores espirituais e morais, dos quais depende todo o resto das nossas vidas, tanto pessoal quanto comunitariamente: só assim teremos paz e realizaremos o que verdadeiramente nos alegra, e poderemos ser intercessores de bens para os irmãos.
Oração: Senhor Deus, nosso verdadeiro Pai e Rei, concedei-nos por intercessão de Santa Joana vivermos como ela ao menos o noviciado na realeza da Cruz, preferindo seguir a vocação que na Vossa sabedoria nos levará ao Paraíso do que as qualidades, ainda que legítimas, que possamos ter nesta vida terrena. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
09 de Maio – São Pacômio – Pacômio nasceu na região de Tebaida, próximo a Tebas no Egito, no ano 287 ou 292. Filho de pagãos, desde criança, apesar de doce e modesto, demonstrava aversão aos rituais profanos de idolatria.
Contra a vontade, foi alistado aos 20 anos no exército do imperador romano Maximiano que dominava a região, e enviado para o combate em Tebas ou Dióspolis, contra os opositores também romanos Licinius e Constantino. Com a derrota, foi preso em Tebas, e no cárcere conheceu cristãos que levavam alimento aos cativos famintos e consolavam os aflitos. Decidiu então converter-se ao Catolicismo, e ao ser libertado buscou uma comunidade religiosa cristã, onde recebeu o Batismo.
Em seguida, buscando uma maior perfeição, e tendo conhecimento da vida dos ascetas, procurou o venerável ancião Palemon, de quem se tornou discípulo em 317. Este o preveniu das asperezas, dificuldades e sacrifícios da vida ascética, mas o jovem não desanimou, procurando vencer tais exigências por meio da humildade, oração e paciência.
Na época, a vida eremítica mais conhecida era a dos anacoretas, como Santo Antão, monges que viviam sozinhos no deserto. Porém São Macário iniciava então pequenas comunidades onde havia celas (ou larves), próximas mas isoladas. Pacômio desenvolveu mais este sistema, provendo uma organização formal sob a direção de um superior – o “pai”, “abba”, de onde deriva a palavra abade. A vida monástica passou a ter regras bem definidas, com disciplina e organização sob a autoridade abacial.
Com votos de obediência, castidade e pobreza, a rotina diária bem equilibrada incluía momentos de oração, trabalho, estudo, penitência, descanso, em silêncio e pontualidade. A comunidade incluía várias celas, a igreja, cozinha, hospedaria e biblioteca, rodeadas por muralhas. Os monges usavam hábitos de lã grosseira; Pacômio acrescentou para si o cilício e continuamente jejuava.
O primeiro destes mosteiros foi edificado em Tabennisi, no Egito, e o primeiro discípulo de Pacômio foi seu irmão mais velho, João, que logo faleceu. Em breve, a comunidade teve cerca de 100 monges, sendo necessária uma ampliação. Com o tempo, oito mosteiros masculinos e um feminino foram construídos em Tebaida.
Em 333 Santo Atanásio, bispo, visitou Pacômio, concedendo a aprovação eclesiástica para a sua Regra. Quis o bispo ordená-lo sacerdote, mas Pacômio e todos os seus discípulos preferiram permanecer como simples monges. Em outra ocasião, São Basílio de Cesaréia também o visitou, e na sua regra baseou a Regra Ascética (que ainda hoje é utilizada na Igreja Ortodoxa), comparável à Regra de São Bento.
A partir de 336 Pacômio passou a residir no mosteiro de Pabau, que se tornou famoso. Deus lhe deu o dom da profecia, e muitas foram as conversões obtidas pelo santo. Opôs-se aos arianos; deixou alguns sermões escritos em copta; cuidava pessoalmente dos doentes no mosteiro; pouco dormia, para mais se dedicar à oração; fez vários milagres; libertou vários possessos do demônio, aplicando-lhes óleo bento; através da paciência, oração, jejuns, mortificações e exortações, conseguiu que um ex-ator de teatro chamado Silvano, que procurara a vida monástica mas não a levava a sério, se tornasse exemplar no seguimento da Regra.
São Pacômio faleceu em 347 ou 348, de peste. Nos seus mosteiros havia então cerca de 7.000 monges, em 3.000 mosteiros no Egito; na geração seguinte já eram mais de 7.000, na Palestina, deserto da Judeia, Síria, norte da África e Europa. No século XII, viviam ainda mais de 500 monges seguindo a sua Regra.
São Pacômio é comemorado em outras denominações cristãs, além do Catolicismo. É considerado o fundador do monasticismo cenobita. Colaboração: José Duarte de Barros Filho Reflexão: Nesta vida nada acontece fora da vista de Deus, e por isso tudo é Providência, mesmo as dificuldades: a prisão, onde Pacômio veio a conhecer o Catolicismo, foi o caminho pelo qual o Senhor, sem desrespeitar a liberdade humana que pode por exemplo levar às atrocidades da guerra, o levou para a conversão e santidade. E certamente à santidade daqueles que faziam a obra de misericórdia de assistir aos presos, o que nos recorda e ressalta o valor e a necessidade das boas obras, materiais e espirituais. Especialmente, começando pela oração, a de procurar assistir aos que se encontram presos no pecado e no erro… A vida monástica é particularmente favorável para a santificação das almas, pelo seu equilíbrio e intrínseca prioridade às coisas de Deus. Mas o mesmo princípio pode e deve ser aplicado para os leigos, na vida familiar ou dos solteiros: primazia do espiritual e equilíbrio nas diversas atividades, todas elas buscando o serviço a Deus e ao próximo, segundo suas características específicas. Silêncio interior, oração, trabalho, estudo, descanso, uma vez regidos pela sincera busca de Deus, sempre serão bem ordenadas de acordo com as circunstâncias, e vias para uma maior união com o Senhor ao longo da caminhada terrestre. Esta mentalidade contrasta com o desvario mundano, que incessantemente estimula o barulho, a agitação, a irresponsabilidade, a valorização maior do prazer por si mesmo do que o serviço ordenado e bem feito para o benefício dos irmãos, e mesmo o risco da própria saúde em nome de diferentes excessos. O legado de São Pacômio, de sobriedade e temperança, e, sim, de sacrifícios, é algo da maior atualidade, como resposta às instabilidades, inconstâncias e inconsistências do nosso tempo.
Oração: Deus Pai de bondade, que unis os Vossos filhos na Vossa comunidade de Amor que é a Igreja Católica, concedei-nos pela intercessão de São Pacômio a graça de desejar e buscar a Regra que nos destes pela Tradição e pela Palavra, de modo a que possamos com sucesso ordenar as nossas vidas para a Vida que nos ordenas, em comunhão de alegria perfeita Convosco. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
07 de Maio – Santa Flávia Domitila – Flávia era sobrinha de Flávio Clemente, que era então um dos cônsules de Roma. Nesta época, os cristãos que não adoravam os deuses romanos eram considerados ateus. O imperador Domiciano emplacou uma séria perseguição aos cristãos.
Flávia Domitila teria sido convertida ao cristianismo por dois eunucos. Enquanto ela se preparava para o casamento com o filho de um cônsul, Nereu e Aquiles lhe falaram sobre Cristo e a beleza da virgindade. Ela teria abandonado o casamento e se convertido imediatamente.
Juntamente com numerosas pessoas, Flávia foi deportada para a ilha de Ponza, por ter confessado a Cristo. No atas do martírio da nobre dama romana, vemos a força penetrante do Evangelho na sociedade romana, conquistando adeptos até mesmo entre a família imperial.
Sua morte aconteceu de forma lenta, cruel e dolorosa, numa ilha abandonada, sem as menores condições de sobrevivência, conforme escreveu sobre ela São Jerônimo. Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão: Hoje celebramos a vida de mais uma mulher que morreu pela defesa da fé. Nossa religião deve muito ao testemunho de mulheres corajosas e fiéis. Enfrentando os costumes de suas épocas, souberam colocar Jesus Cristo como o centro da vida e dedicaram esforço e amor aos mais empobrecidos. Que Deus abençoe hoje todas as mulheres do Brasil, sobretudo aquelas que gastam seu tempo para auxiliar os mais desfavorecidos.
Oração:
Deus, nosso Pai, Santa Flávia foi reduzida ao silêncio, porque confessou publicamente o vosso Nome. Velai, Senhor, por aqueles que, lutando pela justiça, foram reduzidos ao silêncio, exilados ou assassinados. Olhai por todos os silenciados da América Latina, especialmente pelas mulheres sofridas do nosso continente. Dai-nos denunciar as injustiças e lutar sempre pela verdade. Por Cristo nosso Senhor. Amém! https://www.a12.com/
06 de Maio – São Domingos Sávio – Domingos Sávio nasceu em 2 de abril de 1842, em Turim, na Itália e morreu de uma doença incurável quando tinha pouco mais de 15 anos. Ele é padroeiro das mulheres grávidas e dos cantores infantis.
Seus pais eram camponeses muito pobres, mas cristãos muito devotos. Domingos cresceu querendo ser sacerdote e santo.
Foi aceito no colégio de Dom Bosco em Valdocco para estudar e assumiu para si a espiritualidade salesiana, marcada por uma vida alegre e responsável. Ele fazia trabalhos simples como varrer o chão e tinha especial paciência e cuidado com os jovens mais travessos.
Quando fez a primeira comunhão ele disse: “Confessarei e comungarei com frequência, meus amigos serão Jesus e Maria, antes morrer do que pecar”.
No dia 8 de dezembro de 1854, quando foi proclamado o dogma da Imaculada Conceição, Domingos Sávio se consagrou a Nossa Senhora, para confiar a ela o seu caminho de santidade. Em 1856, fundou a “Companhia da Imaculada”, uma ação apostólica de grupo, na qual junto com seus amigos, rezavam e cantavam para a Virgem Maria.
Na biografia de Domingos Sávio escrita por São João Bosco ele narra que em várias ocasiões viu Domingos extasiado depois de receber a Comunhão.
Certa vez Domingos pediu a Dom Bosco a permissão para ir a sua casa. Seu formador lhe perguntou o motivo e o jovem respondeu: “Minha mãe está muito delicada e a Virgem quer curá-la”.
Dom Bosco perguntou de quem tinha recebido notícias e Domingos respondeu que de ninguém, mas que ele sabia. O sacerdote, que já conhecia seus dons, deu-lhe dinheiro para a viagem.
Sua mãe estava grávida e com fortes dores e a criança com dificuldade de nascer, ambos poderiam morrer, quando o jovem chegou para vê-la, abraçou-a fortemente, beijou-a e lhe deu um escapulário, depois foi embora. O bebê nasceu bem e sua mãe recuperou a força.
Tempo depois, Domingos disse à sua mãe que conservasse e emprestasse aquele escapulário às mulheres grávidas que necessitassem. Assim se fez e muitas afirmavam ter obtido graças de Deus com a ajuda do escapulário de Nossa Senhora.
Domingos tinha dons espirituais extraordinários, reconhecia a necessidade das pessoas e conseguia profetizar o futuro.
Ele foi diagnosticado com tuberculose. No dia 9 de março de 1857, Domingos, pediu ao pai para rezar com ele, terminada a oração, disse estar tendo uma linda visão e morreu.
Domingos Sávio tinha dois sonhos na vida, tornar-se padre e alcançar a santidade. O primeiro não conseguiu porque a terrível doença o levou antes, mas o sonho maior foi alcançado com uma vida exemplar.
Ele foi canonizado em 1957 pelo Papa Pio XII que o definiu como “pequeno, porém um grande gigante de alma”. Suas relíquias são veneradas na basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, em Torino, Itália, perto das de São João Bosco. A sua festa foi marcada para o dia 6 de maio. Textos: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R I Colaboração: Nathália Queiroz de Carvalho Lima
Reflexão: São Domingos Sávio mostra-nos na sua pequena trajetória de vida, que se cultivarmos o amor a Deus, o amor e o respeito ao próximo e a tolerância com alguns contratempos, poderemos evitar diversos acontecimentos dramáticos como os que vem acontecendo nas escolas, alunos agredindo professores, brigando entre si, crianças e adolescentes sem limites e sem horizontes na vida. Que a vida de São Domingos Sávio inspire muitos jovens a buscar a verdadeira felicidade que é viver uma vida de entrega e amor a Deus e aos irmãos, aspirando sempre a santidade.
Oração: São Domingos Sávio, que com sua firme resolução “quero ser santo” obteve na juventude o esplendor da santidade, obtenha também para nós a perseverança nas boas resoluções para fazer de nossas almas o templo vivo do Espírito Santo e merecer um dia a bem-aventurança eterna no céu. Que assim seja, Amém! https://www.a12.com/
05 de Maio – Santo Ângelo – Santo Ângelo nasceu em Jerusalém, em 1185. Seus pais eram judeus e se converteram após Nossa Senhora ter avisado Ângelo, durante as orações, que ele teria um irmão, o que lhes parecia impossível porque eram idosos. Mas, isto aconteceu. Os pais de Ângelo receberam o batismo junto com a criança, à qual deram o nome de João.
Desde pequeno Ângelo mostrou ter dons extraordinários, principalmente o dom da profecia e dos milagres. Entrou para a Ordem do Carmo aos 25 anos e durante cinco anos viveu no monte Carmelo, mesmo lugar onde também viveu o profeta Elias.
Foi ordenado sacerdote em 1218, e logo depois foi a Roma para defender os interesses de sua Ordem. Segundo a tradição, Ângelo e os primeiros carmelitas foram para Roma a fim de obterem do Papa Honório III a aprovação da Regra do Carmelo. Em Roma, conheceu Francisco de Assis, de quem previu morte pelo martírio.
Dali partiu para a Sicília, a fim de converter os hereges cátaros que acreditavam que o homem na sua origem havia sido um ser espiritual e para adquirir consciência e liberdade, precisaria de um corpo material, sendo necessárias várias reencarnações para se libertar. Eram dualistas e acreditavam na existência de dois deuses, um do bem (Deus) e outro do mal (Satã), que teria criado o mundo material e mal.
Estas ideias contrariavam a fé católica e foram consideradas heresias. Na Sicília, lutando contra a ideia dos cátaros, Santo Ângelo converteu a amante de um rico senhor que levava vida de pecado. Por vingança, este mandou matá-lo. Santo Ângelo foi morto em 05 de maio de 1220, enquanto pregava na Igreja de São Tiago de Licata. Venerado pela população, logo uma igreja foi erguida no lugar de seu martírio, onde foi sepultado o seu corpo. A Igreja canonizou o mártir Santo Ângelo em 1498. Porém, somente em 1662, as suas relíquias foram transladadas para a igreja dos Carmelitas.
Sua veneração se manteve até os nossos dias, sendo invocado pelo povo e devotos nas situações de suas dificuldades. Os primeiros padres carmelitas da América difundiram a sua devoção, construindo igrejas, nomeando as aldeias que se formavam e expandiram o seu culto, que também chegou ao Brasil. Textos: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R I Colaboração: Nathália Queiroz de Carvalho Lima
Reflexão:
A fé do cristão deve ser enraizada na história. Mais do que louvores ao Senhor, o serviço ao próximo é parte essencial da vida dos seguidores de Cristo Jesus. Santo Ângelo soube conjugar fé e obras, agindo sempre em favor daqueles mais abandonados e lutando pela verdade da fé na Igreja. Morreu defendendo a justiça. Mereceu a coroa da santidade. Para nós, fica o exemplo de Santo Ângelo, que nos convida a viver a nossa fé com plenitude e fidelidade.
Oração:
Ó Deus de admirável providência, que, no mártir Santo Ângelo destes ao vosso povo pastor corajoso e forte, concedei-nos, pela sua intercessão, ajuda nas tribulações e firme constância na fé. Por Cristo Nosso Senhor. Amém! https://www.a12.com/
04 de Maio – São Floriano – Floriano nasceu em Zeiselmer, povoado da Alta-Áustria, no século III. Era oficial romano, administrador militar servindo numa legião imperial da região do Rio Danúbio, em Nórica (atualmente parte da Áustria e da Alemanha).
A rápida disseminação do Catolicismo no Império Romano ocorreu em parte pela sua boa rede de estradas e pelo envio de soldados para as diversas áreas do império. Muitos militares se converteram, entre eles Floriano.
Nesta época ocorria a duríssima perseguição de Dioclesiano aos cristãos, que incluía a morte para os que não renegassem o Cristo e sacrificassem aos deuses pagãos, bem como a destruição de qualquer escrito da Palavra de Deus. Juntamente a 40 soldados, Floriano declarou-se cristão a Aquilino, comandante militar no vale do Rio Danúbio, em Lorch (atual Áustria); foi agredido a pauladas e teve arrancada a carne das espáduas.
Mas, não renunciando à Fé ele e os demais, foram todos condenados à morte. A sentença cumpriu-se com os condenados sendo atirados do alto de uma ponte ao rio Enns, próximo a Lorch, com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, em 4 de maio de 304.
Seu corpo foi levado pelas águas, recolhido numa margem por cristãos e enterrado num local que no século VIII foi doado à Igreja por um presbítero, Reginolfo, que incluía as terras “do lugar aonde foi enterrado o precioso mártir Floriano”.
Em 1138, o rei polaco Casimiro e o bispo Gedeão, de Cracóvia, pediram ao Papa Lúcio III a doação de algumas relíquias de mártires, seguindo entre elas as de São Floriano; por este motivo, ele é padroeiro da Polônia, e também de Linz no norte da Áustria, e ainda outros países da Europa Central.
Seu culto foi muito divulgado, especialmente entre soldados, na Idade Média. É também invocado contra os incêndios, sendo padroeiro dos bombeiros europeus e norte-americanos, pois ele teria criado um destacamento de legionários, conhecido como “combatentes do fogo”, para apagar os constantes incêndios nas modestas construções de acampamento. Sua imagem o representa embraçando um recipiente de onde a água cai sobre habitações queimando. Colaboração: José Duarte de Barros Filho Reflexão: Pode-se dizer que São Floriano viveu e morreu na sua própria “casa”, hoje Áustria, ainda que sob o Império Romano; o mesmo se aplica a nós, que devemos viver, neste mundo, na nossa “casa” – mais ainda, “Corpo”, Místico e também material – que é a Igreja, e na qual queremos permanecer igualmente para sempre. Isto implica em que devemos combater, como num verdadeiro exército, as pressões mundanas e despóticas que nos querem afastar de Deus e consequentemente de nós mesmos, que somos Sua imagem e semelhança. A água do Batismo que caiu sobre cada um de nós deve constantemente apagar as chamas do pecado que nunca deixarão de nos tentar consumir durante o nosso serviço, neste posto avançado que é a terrena existência, e o apoio mútuo entre as legiões de Cristo deve formá-las, à semelhança de Nossa Senhora, “como um exército em ordem de batalha” (cf. Ct 63.9). Não poucos foram os mártires cristãos entre os legionários romanos, e como eles é preciso militar na obediência antes a Deus do que aos homens (cf. At 5,28-30).
Oração: Senhor, Deus dos Exércitos, concedei-nos pela intercessão de São Floriano, e seus companheiros mártires, a união na Vossa obediência, e a graça de administrar as nossas vidas na lógica da conversão diária e perseverante, de modo a que em qualquer momento e situação, nas pequenas ou decisivas situações, tenhamos o destemor de confessar a Fé por obras e palavras, para a Vossa glória, o bem dos irmãos, e a nossa salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
Filipe nasceu em Betsiada da Galiléia, no reino de Israel, mesma cidade de São Pedro e Santo André, e talvez fosse pescador como eles. Tem origem judaica e nome grego, sendo discípulo de São João Batista, mas foi chamado a ser Apóstolo por Cristo no mesmo dia que Pedro e André; consta que era casado e com três filhos, e seguir Jesus foi de consentimento mútuo e doloroso para ele e para a família.
Aparece sempre em quinto lugar nas listas dos Apóstolos, indicando uma preferência de Jesus, talvez por segui-Lo imediatamente após o convite (“Segue-me”, Jo 1,43). Logo chamou Natanael (São Bartolomeu), e em resposta às suas dúvidas, disse: “Vem e vê!” (Jo 1,46), o que segundo Bento XVI mostra que agiu como verdadeira testemunha, não apenas apresentando uma teoria, mas convidando para uma experiência pessoal.
A ele Se dirige Jesus na multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,5-7), outra sugestão de Sua preferência. Com Santo André, próximo da Paixão, intercede junto ao Cristo por alguns gregos que O queriam ver (Jo 12,20-22), provavelmente porque falava o idioma, demonstrando assim já caridade para com os pagãos (por isso é muito querido na Grécia e padroeiro do país).
Contudo é chamado à atenção por Nosso Senhor na Última Ceia, após pedir a Ele que mostre o Pai, pois “isto nos basta”: “Filipe, há tanto tempo que convivo convosco e ainda não Me conheces? Quem Me viu, viu o Pai. (…) Não crês que estou no Pai e o Pai está em Mim? (…) Se não, crede ao menos em razão das obras” (Jo 14,7-11).
A Tradição diz que após Pentecostes pregou na Ásia Menor a gregos, citos e partos, obtendo muitas conversões. Chegando a Hierápolis, na Frígia (centro-oeste da atual Turquia), foi martirizado, por lapidação ou crucificado de cabeça para baixo num cruz em forma de “X”; isto por volta dos anos 80, quando ocorre a conversão de São Policarpo, que foi seu discípulo.
Tiago “Menor” é assim diferenciado de outro Apóstolo, Tiago Maior, irmão de São João Evangelista e filho de Zebedeu, não porque fosse inferior em santidade, mas porque o segundo participou de algumas situações específicas que ganharam destaque, como a Transfiguração e o chamado à vigília com Cristo no Horto das Oliveiras.
Tiago Menor era filho de Alfeu e primo de Jesus, fisicamente parecido como o Senhor (um dos motivos pelos quais Judas Iscariotes precisou indicar Jesus aos romanos quando da Sua prisão); de fato, São Paulo se refere a ele como “irmão” de Jesus, um termo que indicava o parentesco próximo na língua hebraica (e erroneamente interpretado de forma literal pelos protestantes, que por isso alegam que Nossa Senhora teria mais de um filho…). São Judas Tadeu e São Simão Cananeu, igualmente Apóstolos, eram seus irmãos consanguíneos. Por sua conduta exemplar, recebeu o apelido de “o Justo”.
Após a Ressurreição, Jesus lhe aparece especificamente (cf. 1 Cor 15,7). É considerado o primeiro bispo de Jerusalém, e São Paulo o cita mesmo antes de Pedro (“Tiago, Pedro e João, considerados colunas da Igreja”, Gl 2,9) a este respeito. Nesta função, seu parecer no Concílio de Jerusalém que presidiu no ano 50 foi acatada, ao afirmar que os convertidos pagãos não precisavam ser circuncidados para pertencer à Igreja (At 15,13).
Na sua carta constante no cânon bíblico está fundamentado o Sacramento da Unção dos Enfermos, e também a essencial afirmação de que “a fé sem obras é morta” (Tg 2,14-19; 5,14-15), ou seja, crer sem praticar as boas obras e obedecer aos ensinamentos de Cristo não é suficiente para a salvação (o que levou Lutero, ao querer justificar a sua heresia de que basta a fé para a salvação – “sola fide” – a não incluir, com outros documentos, esta carta na sua versão da Bíblia, versão esta que, por sua vez – “sola escriptura” – alegou ser fonte única da palavra de Deus, ignorando a Tradição que necessariamente a precede e justifica).
Flavio Josefo, famoso historiador romano, registrou que o Sumo Sacerdote judeu Anano, filho de Anás, aproveitando o intervalo entre a deposição de um Procurador romano e a chegada do seu sucessor, decretou em 62 a pena de morte por lapidação para São Tiago Menor, na época já muito idoso.
As relíquias de São Filipe e de São Tiago Menor foram sepultadas na Basílica dos Santos Doze Apóstolos em Roma, inicialmente dedicada somente a eles; por este motivo sua festa é celebrada no mesmo dia.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: Consolador é vermos que nossos altos e baixos na vida espiritual têm paralelo na conduta dos próprios Apóstolos: por exemplo, à grandiosa primeira atitude de São Filipe para com Jesus, de “segui-Lo imediatamente” e abandonar tudo o mais, seguiu-se a posterior repreensão de “há tanto tempo que convivo convosco e ainda não me conheceis”. De fato, somos verdadeiramente capazes de gestos generosos, mas há quanto tempo nós, a grande maioria dos católicos, convive com o Cristo, na oração e Eucaristia, mas não O conhece realmente, pois sequer lembramos das Suas obras, que devemos imitar na caridade com o próximo, ou dos Seus – atualíssimos – milagres, que devem na Fé acabar com nossas dúvidas e hesitações? Ao menos, perseveremos e cresçamos como os Apóstolos, que mesmo nas suas misérias humanas, contando com a infinita e misericordiosa bondade de Deus, escolheram por Ele, apesar de tudo. Só assim seremos “irmãos de Cristo” – da Sua família – semelhantes a Ele… não “de aparência”, mas “na aparência” da vida interior e exterior de resoluta caridade: “parentesco” entende-se como “parecer por laços de íntima união”.
Oração: Senhor, nosso Mestre e Pai, concedei-nos pelos exemplos e intercessão de São Filipe e São Tiago Menor seguir-Vos como eles o fizeram, testemunhas do Vosso amor a ponto de Vos dar a conhecer pelo convívio direto Convosco, pois queremos morrer para uma vida sem obras concretas de Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
Atanásio, de raríssima inteligência, nasceu em Alexandria do Egito no ano de 296. Esta cidade era na época o mais importante centro comercial e cosmopolita do Império Romano. Em 319, o bispo Alexandre ordenou Atanásio diácono; ele já conhecia a língua grega, bem como gramática e retórica, em função de sua boa formação e educação.
Em 325, como secretário e assessor deste mesmo bispo, Atanásio participou do I Concílio Ecumênico de Nicéia, que condenou a heresia ariana (o arianismo afirmava erroneamente que Cristo não tinha a mesma substância do Pai, sendo inferior a Ele). Seus discursos, embasados em perfeita argumentação bíblica e com doutrina lúcida, expuseram todos os erros dos hereges, condenando irrevogavelmente seus falsos ensinamentos. Definiu-se assim solenemente o Credo rezado até hoje. O brilho, clareza e evidência na sua contestação da heresia deixou a todos admirados, e despertou o ódio dos arianos.
Três anos depois, com a morte de Alexandre, o povo e o clero colocaram Atanásio como seu sucessor. Seu bispado, de 45 anos (328 a 373), teve 17 deles no exílio em cinco ocasiões diferentes, por causa das perseguições promovidas sob quatro imperadores diversos, pela influência dos arianos, ainda ativos, e dos quais era o mais vigoroso opositor.
Além disso, por cerca de seis vezes teve que fugir para não ser morto pela população da cidade. Nos primeiros anos, ainda teve a oportunidade de visitar as igrejas da sua diocese (que incluía o Egito e a Líbia) e de se encontrar e conviver com eremitas e monges do deserto, como São Pacômio e Santo Antão.
O primeiro exílio ocorreu entre 335 e 337. Melécio de Licópolis e seguidores, que não haviam aceitado o Concílio de Nicéia, o acusou de maus tratos, e Eusébio de Nicomédia, ariano, o depôs no I Concílio de Tiro de 335; o caso foi levado ao imperador Constantino I em Constantinopla, onde Atanásio foi acusado de interferir com o suprimento de cereais do Egito (!) e exilado sem julgamento formal pelo imperador, em Augusta dos Tréveros (Tréveris, Alemanha), na Gália Bélgica.
Segundo exílio (339 a 346): com a morte de Constantino, Atanásio voltou à Alexandria, mas em 338 Constâncio II, filho e sucessor do imperador, renovou o banimento. Atanásio foi para Roma, protegido por Constante, imperador romano do Ocidente, e pelo Papa Júlio I, que num sínodo de 341 inocentou Atanásio. Este foi então para Sárdica, encontrar-se com Santo Ósio e participar de um Concílio, mas Eusébio e seguidores convenceram Constâncio II a ordenar a pena de morte se Atanásio voltasse para Alexandria. Mas em 346 Constante garantiu a volta à sua Sé, onde foi recebido como herói e iniciou uma década de paz e prosperidade.
A morte de Constante em 350 tornou Constâncio II o único imperador, e ele impôs ao santo bispo o terceiro exílio (356 a 361), no Alto Egito, para onde Atanásio fugiu, escondendo-se em diferentes mosteiros e eremitérios. Voltou em 361 depois da morte do imperador, e convocou um concílio tratando da Trindade, que definiu penas leves para os bispos arianos arrependidos e outras severas para os líderes heréticos.
O quarto exílio (362 a 363) foi determinado pelo novo imperador Juliano o Apóstata, e passado no Alto Egito até a morte dele, em 363. Dois anos depois, outro imperador ariano, Valente, exilou ainda pela quinta vez Atanásio, entre 365 e 366, até que autoridades locais conseguissem a suspensão da pena. Durante esse tempo, Atanásio escondeu-se no túmulo de sua família nos subúrbios da cidade, saindo apenas às noites para cuidar do seu rebanho.
Estas idas e vindas, e seguidas perseguições, originaram a expressão latina “Athanasius contra mundum” (“Atanásio contra o mundo”).
Nos seus últimos anos, o santo bispo cuidou dos prejuízos causados por tanto tempo à sua Sé. Retomou seus escritos e pregações, sedimentando as conclusões do Concílio de Nicéia sobre a divindade de Cristo e a Trindade. Em 373, tendo consagrado seu sucessor, Pedro II de Alexandria, faleceu aos 2 de maio, dormindo, com 77 anos, e reconhecido por toda a Igreja.
Além da sua firmeza na ortodoxia da Fé e sua heróica perseverança em defendê-la diante de todas as perseguições, pessoalmente Santo Atanásio demonstrava igualmente inúmeras virtudes santas. Era humilde, verdadeiro, acessível a todos, doce, compassivo, afável e sem cólera, amável nas prédicas e na conduta; caridoso com os pobres, condescendente com os humildes, intrépido contra os soberbos; repreendia com doçura, era indulgente sem fraqueza, firme sem dureza; fervoroso e assíduo nas orações, jejuava austeramente, sendo incansável nas vigílias. Para tudo isso, preparou-se na meditação do mistério da Encarnação de Cristo, dos Seus sofrimentos e morte, de modo a imitá-Lo na conduta.
Outra grande contribuição de Santo Atanásio foi impulsionar, no Ocidente, a vida monacal. No seu exílio em Roma, foi acompanhado por dois monges santos e exemplares, Amônio e Isidoro, que conquistaram mesmo os não fiéis, e assim o monaquismo começou a florescer a partir das Gálias, sob a influência do santo bispo.
Atanásio foi um profundo e fecundo escritor, apesar das dificuldades criadas pelos frequentes deslocamentos. Sua primeira obra, em dois volumes, anterior a 319, foi “Contra os Pagãos – Sobre a Encarnação do Verbo de Deus”, as primeiras obras clássicas de teologia clássica mais desenvolvida.
A “Carta sobre os Decretos do Concílio de Nicéia” (“De Decretis”) é uma referência histórica e teológica importante. Outras cartas são: “Cartas a Serapião”, tratando da divindade do Espírito Santo, com base na Tradição, na Fé e ensinamentos dos Apóstolos e dos santos padres; carta a Epiteto de Corinto, que antecipa a futura controvérsia sobre a divindade de Cristo; e uma carta ao monge Dracônio, instando-o a assumir o bispado.
Entre 346 e 356, uma década de paz, escreveu “Apologia Contra os Arianos”, “Quatro Orações contra os Arianos”, “Apologia a Constâncio”, “Apologia por sua Fuga” e “História dos Arianos”. Em 367, na “39ª Carta Pascal”, foi o primeiro a listar os 27 livros do Novo Testamento reconhecidos pela Igreja Católica. Sua obra mais conhecida é a biografia de Santo Antão (“Vita Antonii” ou “Antônio, o Grande”), importante para popularização do ascetismo e traduzida em diversas línguas. Atanásio foi o primeiro patriarca de Alexandria a escrever não só em Grego mas também em Copta.
Suas obras são reconhecidas pela Igreja, que o declarou Doutor. Grande teólogo, grande na Fé e nas obras, São Gregório de Nazianzeno o chamou de “Pilar da Igreja”; é também reconhecido como Pai da Ortodoxia. Como o seu cânon do Novo Testamento é o mais parecido com o das modernas igrejas protestantes, muitos dos seus teólogos o chamam de “Pai do Cânon”. Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: A vida de Santo Atanásio é grandiosa, e imensa a sua obra em favor da Igreja. Na oração e na ação, sempre exemplar, mostra como devemos conhecer e defender a Fé e a Doutrina, não importa quais sejam as dificuldades. Essencialmente, o que ele fez foi imitar a Cristo, o que também nós devemos buscar, incansável e perseverantemente, de modo a obtermos as graças necessárias de Deus para agir coerentemente a ele nesta vida. Constância e aprofundamento no conhecimento e serviço de Deus, eis um seu legado para a nossa vida prática.
Oração: Pai de amor constante e zeloso por nós, Seus indignos filhos, concedei-nos por intermédio de Santo Atanásio a firmeza para exercermos as nossas obrigações nesta vida, tudo direcionando para Vós que sois a Verdade, de tal modo que, escrevendo no exílio deste mundo a apologia das obras de caridade pelo exemplo e serviço ao próximo e à Igreja, mereçamos a Vossa acolhida infinita no reconhecimento de ter “nosso nome contra o mundo” e a Vosso favor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém. https://www.a12.com/
São José é modelo de inúmeras virtudes, e sempre vale a pena conhecê-lo melhor. Mas esta data específica nos remete a um aspecto particular da sua vida, aquele voltado para a santificação do trabalho.
Desde o princípio, Deus quis que o Homem cooperasse na Sua obra – “E Deus criou o Homem à Sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele os criou. Deus os abençoou dizendo: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a Terra’” (Gn 1,27-28); “Javé Deus tomou o Homem e colocou-o no jardim paradisíaco do Éden de delícias para o cultivar e o guardar” (Gn 2,15).
Mesmo após o Pecado Original, o trabalho foi santificado, ainda que, nesta nova realidade, haja o sacrifício e as dificuldades a ele inerente (“Com trabalho penoso dela [da Terra] tirarás o sustento todos os dias de tua vida” (Gn 3,17).
Por outro lado, este modo de “carregar a sua cruz” todos os dias (cf. por exemplo Mt 16,24) é, agora, um meio de santificação, da escolha de seguir a Deus que, nesta vida, nos conduz para o Paraíso Celeste. São José é o modelo perfeito do trabalhador que, com suma humildade, caridade, honestidade e competência, sustentou Jesus e Maria, e ensinou o Cristo a fazer o mesmo.
O Dia do Trabalhador, a 1º de maio, foi originalmente instituído como uma comemoração ideológica do comunismo, para ser o símbolo da “luta de classes” que incentiva o ódio entre os patrões e empregados.
Ao contrário, São Paulo nos ensina que “Os servos obedeçam em tudo aos patrões desta terra; não só enquanto são vigiados, nem por bajulação, mas com sinceridade, por temor de Deus. Em tudo o que fizerdes, procurai trabalhar com ânimo, como quem serve a Deus e não aos homens. Pois sabeis que o Senhor vos recompensará com a herança eterna. De fato, Cristo é o Senhor: estais a Seu serviço. Pois quem comete injustiça recebe o pagamento da injustiça na mesma medida, sem distinção de pessoas. Patrões, tratai vossos trabalhadores com justiça e equidade, sabendo que vós também tendes um Senhor no Céu” (Cl 3,22-25; 4,1).
Verdadeiramente, Deus abençoa o trabalho humano, que é digno e necessário, e por isso a Igreja, ressaltando o valor salvífico, cooperativo com Deus, e da dignidade do trabalho não apenas em si mesmo mas como forma de bom relacionamento de amor e serviço entre os seres humanos, desmistificou esta depravação ideológica destacando a obra e a figura de São José, que com seu labor santificou a vida ao oferecê-lo para Deus e para os irmãos, a começar no sustento de Jesus e Maria.
Assim agiu também a Igreja no Natal, a 25 de dezembro, trocando o significado pagão da data comemorativa do “deus sol” para o acolhimento da verdadeira Luz, Cristo Jesus que Se fez homem na Encarnação e nasce da Virgem Maria para nos resgatar da culpa do Pecado Original e nos obter a possibilidade da Salvação: ou seja, todas as realidades humanas estão submetidas à obra salvífica de Cristo, e por isso têm dignidade e implicações de infinito.
Assim, em 1955 o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, que, nas suas próprias palavras, é “uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho”, de modo a dignificar os frutos laborais humanos. E o Papa Leão XIII deixa claro que os operários têm o direito de recorrer a São José, e de procurar imitá-lo, no seu serviço e santidade.
Deste modo, a Igreja evidencia que a pretensa busca de “justiça” materialista, por meio de trabalhadores revoltados e não responsáveis e fiéis, sem a perspectiva cristã do serviço – fonte de serenidade e merecimentos – é algo ofensivo a Deus e prejudicial à sociedade.
São José Operário é o padroeiro dos trabalhadores, e o melhor exemplo da santidade possível a um ser humano, uma vez que a santidade perfeita de Cristo, que também é Deus, e de Nossa Senhora, criada sem Pecado Original, está acima da possibilidade de qualquer outro. Certamente não chegaremos jamais a ter a sua dignidade de pai adotivo de Jesus, mas sem dúvida devemos imitá-lo e invocá-lo na vida de serviço a Deus e ao próximo, o labor próprio da vida neste caminho de salvação! Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: Adverte São Paulo, “…quem não quer trabalhar, não coma” (2Ts 3,10). Quem não quer empregar o seu tempo no trabalho da própria salvação, santificando a sua vida, não poderá comer do Pão Eucarístico, isto é, da Comunhão com Deus, nesta vida e especialmente na futura e infinita. Os ofícios humanos são dignos e necessários, aproveite-mo-los como meio de salvação, mas não só eles: tudo o que fazemos deve servir a Deus e ao próximo na caridade, como ensina o Primeiro Mandamento.
Oração: Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; De trabalhar com consciência, pondo o dever acima de minhas inclinações; De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus! Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém. São José Operário, rogai por nós! https://www.a12.com/