19 de Julho

19 de Julho – Santo Arsênio  –
Arsênio nasceu em 354 em Roma e morreu em 450 em Troe, Egito. Pertencia a uma família nobre romana que o educou na fé cristã. Ele é considerado um dos “Padres do Deserto”.

Foi ordenado sacerdote pessoalmente pelo Papa Dâmaso e exerceu os primeiros anos do seu ministério na Corte do Imperador Teodósio. Em 383, o Imperador pediu-lhe que assumisse a educação de seus filhos, Honório e Arcádio, em Constantinopla. Ali permaneceu por onze anos, até 394, quando teve uma profunda crise espiritual, pois tinha uma grande vontade de renunciar ao mundo.

Um dia, em oração sobre o que deveria fazer, ele ouviu uma voz dizendo: “Arsênio, deixe a companhia dos homens, e serás salvo”. Ele foi secretamente para Alexandria, no Egito, e foi rapidamente para o deserto de Scetis, pedindo para ser admitido entre os solitários que viviam lá. O abade, sabendo da vida de nobreza e de luxo que Arsênio vivia, impôs-lhe uma grande provação: jogou a comida no chão e disse-lhe para “comer”.

Arsênio agradeceu ao abade e se ajoelhou para pegar sua comida. Todos ficaram impressionados com seu bom temperamento e humildade.

Na época, essa era uma prática comum para testar a disposição e desejo de entrega de uma pessoa. Com a sua atitude, Arsênio provou que estava apto para uma vida de mortificações e foi admitido. Passou a viver como eremita na prática de orações constantes, sacrifícios e jejuns.

Ele era o mais rigoroso dos monges, mesmo quando estava dedicado aos trabalhos manuais, não deixava de se dedicar à oração. Ele se distinguia por seu desejo de que nada interrompesse a sua união com Deus.

Quando depois de muita procura o seu local de retiro foi encontrado, ele se recusou a voltar à corte e ser conselheiro do seu ex-aluno, o imperador Arcádio. O povo buscava nele conselhos e paz espiritual.

Uma tribo da região invadiu o mosteiro e santo Arsênio se refugiou em uma gruta e lá viveu isolado entre os anos de 434 e 450, apenas nos últimos anos de sua vida aceitou que poucos discípulos o acompanhassem.
Morreu em 450, em Troc, perto de Mênfes.
Colaboração: : José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Santo Arsênio foi um dos mais conhecidos eremitas do Egito, sendo considerado como um dos “padres do deserto”. O seu legado nos chegou através de uma crônica biográfica e de suas sábias máximas. Dizia: “Muitas vezes temos que nos arrepender de haver falado. Porém nunca me arrependi de haver guardado silêncio”. A vida ascética de Arsênio nos leva a buscar mais as coisas de Deus e deixar de lado as muitas preocupações inúteis da vida.

Oração:
Santo Arsênio, vós que deixastes todas as vitórias do mundo para serdes vitorioso somente em Deus, intercedei para que alcancemos a graça dessas santas virtudes que tivestes. Que o silêncio seja mantido quando nos insultarem e que o amor supere todos os obstáculos. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
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18 de Julho

18 de Julho – São Francisco Solano  –

Francisco nasceu no ano de 1549 em Montilla, na Andaluzia, Espanha. Seus pais eram de família nobre e rica, católicos fervorosos e virtuosos. Possuía rara sensibilidade musical, tendo por passatempo cantar com os pássaros no jardim de casa. Tinha espírito sereno mas não deixava de chamar a atenção de crianças ou adultos quando brigavam, buscando sempre uma reconciliação.

Assimilou com naturalidade o Catecismo, dedicava-se à oração, era devoto da Santa Missa e se confessa com frequência, o que lhe deu solidez para manter uma adolescência pura e retidão moral.

Cedo foi enviado pelos pais para formação no colégio dos jesuítas da cidade, onde foi modelo de integridade contando com a estima dos colegas, inclusive dos mais levianos, que por respeito à sua aproximação abandonavam as más conversas e com ele partilhavam um ambiente de sadia alegria.

Aos 20 anos entrou para o Convento de São Lourenço dos franciscanos de Montilla, onde fez profissão religiosa em 1570. Desejava ardentemente ser missionário. Aprofundou os estudos no Convento de Santa Maria de Loreto, e foi ordenado sacerdote em 1576, voltando a Montilla três anos depois por causa do falecimento do pai. Aí estando, curou milagrosamente alguns doentes, e começaram a aclamá-lo como santo: mas durante a vida inteira lutou para que não atribuíssem a ele os louvores devidos somente a Deus.

Durante um surto de peste que surgiu na Espanha, voluntariou-se como enfermeiro para cuidar dos doentes, em especial dos mais pobres. Contraiu também ele a doença, mas recuperando-se voltou a servir os enfermos.

Em 1589 realizou seu sonho missionário ao ser indicado para a evangelização na América Latina, embarcando para o Peru. Uma forte tempestade no caminho encalhou o navio num banco de areia em situação crítica, mas por sua atuação conseguiu acalmar os viajantes, inclusive batizando muitos passageiros e também os escravos negros que estavam a bordo. De acordo com suas previsões, logo surgiu um outro navio que os levou com segurança ao destino.

Durante seus 15 anos de incansável apostolado, realizou muitos prodígios. Tinha uma capacidade milagrosa para aprender as novas línguas e a cada tribo catequizava em seu próprio dialeto, conquistando os índios de maneira simples e tranquila. Nos povoados de Socotonio e Magdalena, aprendeu em menos de quinze dias o complicado dialeto tonocoté, passando a falar melhor que muitos nativos. Recebeu também o dom dos Apóstolos no dia de Pentecostes: em algumas de suas pregações, espanhóis e índios de diferentes dialetos o entendiam na sua própria língua. Seu método de evangelização incluía alternar as pregações com músicas que cantava ou tocava ao violino.

Mesmo com grande risco, buscava os indígenas dentro das matas, percorrendo um total de três mil quilômetros entre Lima e Tucumán, na Argentina. Realizava inúmeros milagres por onde passava, tanto para alimentar a Fé deles quanto para auxílio das suas necessidades materiais.

Entre outros, fez brotar nascentes em lugares desérticos, a água de uma delas, conhecida hoje como Fonte de São Francisco Solano, curando os doentes que a bebiam; amansou animais ferozes; proveu alimentos em tempos de escassez; livrou totalmente uma vasta região da praga de gafanhotos; curou muitos doentes com o toque de seu cordão de franciscano. Mas, certamente, seus maiores milagres foram as conversões das almas.

Numa pregação em Assunção, no Paraguai, foi ouvido por um jovem de 15 anos, o futuro São Roque González, que impressionado por ele veio a fundar as Reduções Guaranis e a ser martirizado, no Brasil.

Seus últimos cinco anos de vida, em Lima, foram dedicados à reforma dos conventos com a restauração da então abalada disciplina franciscana. Faleceu em 14 de julho de 1610, apelidado de “o Frade do Violino”.

 São Francisco Solano, chamado de Apóstolo do Peru e da Argentina, é padroeiro destes dois países e do Uruguai, e também dos missionários da América Latina.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Santas famílias geram santos filhos. Os pais devem escolher. E agir. A reta postura sempre impõe respeito, e é de se notar que, em plena adolescência, Francisco fosse respeitado mesmo pelos colegas mais levianos. Importante é incentivar os jovens a se manterem dignos de Deus, em qualquer ambiente, o que por si só é um testemunho coerente com a Fé, inibindo abusos e estimulando a firmeza das boas convicções. Em sentido oposto, é preciso lutar, com muita sinceridade, contra a instigante tentação de ser muito valorizado, mesmo por fazer o bem: mais uma vez Francisco dá o exemplo certo, mantendo que as coisas extraordinárias que fazia eram obra de Deus, não de seus próprios poderes. “Quem se gloria, glorie-se no Senhor. Não é homem de valor quem se recomenda a si mesmo, mas aquele a quem o Senhor recomenda” (2Cr 10,7-8). E muitas coisas espantosas ele fez, particularmente como missionário, mas não só pelos muitos milagres, mas também pela dedicação, persistência e disposição de enfrentar graves perigos e distâncias imensas. Isto numa época onde as possibilidades de conforto e a disponibilidade do necessário eram parcas e inversamente proporcionais aos desafios e as agruras do terreno. Independentemente de milagres, o trivial era de exigência heróica. O trabalhar um grande projeto é provado por grandes oposições. Querendo ser missionário, numa dimensão continental e árdua, Francisco tem como primeira experiência uma tempestade e um navio perigosamente encalhado. E a expectativa de impossibilidade de sequer iniciar o trabalho. No plano espiritual, situações semelhantes são ainda mais exigentes: fortes temporais na alma, onde todo tipo de barreiras parece encalhar os bons propósitos e os maiores esforços, impedir qualquer progresso. E pelas oscilações do espírito ameça naufragar no mar das agitações, desânimos ou desesperos, todo o conteúdo do que fôra tão cuidadosa e penosamente preparado. São provas de Deus, por vezes com um adendo do diabo… mas, como Francisco, é possível transformar a situação numa vitória, com oração, trabalho, tranquilidade e confiança em Deus. Esta é a têmpera dos santos, santidade que é proposta a todos os batizados. Nem sempre o sucesso terá a aparência que o mundo espera – apenas Nossa Senhora entendeu o Cristo na Cruz e no sepulcro – mas não é a míope visão mundana que importa. Estas situações fazem parte da vida de quem quer que se lance a levar Deus ao mar do mundo, navegando na barca da Igreja, e exigem “milagres”: fazer brotar fontes de esperança em corações secos, amansar os ferozes animais das tentações, prover o alimento da Palavra em tempos de escassez moral, livrar totalmente da praga do desespero e do desânimo a imensa região dos corações, restaurar a disciplina espiritual das almas distorcidas. E talvez o mais difícil, fazer com que o único Verbo seja conjugado em línguas diferentes. Mais uma vez, Francisco nos mostra que tudo isso é viável: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1,37). Seja feita a Sua vontade!

Oração:
Senhor Deus, que Vos dignastes enviar como missionário salvífico do Céu para a Terra o Vosso próprio Filho, concedei-nos por intercessão de São Francisco Solano o dom de aprender a língua do amor e da caridade, e só por ela me dirigir aos irmãos, para que, depois das obras no desterro desta terra, possamos entoar na Pátria Definitiva a música dos anjos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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17 de Julho

17 de Julho – Santo Aleixo  –
Um mendigo que o povo venerava como santo viveu em Edessa, na Síria, no início do século V, e era conhecido como o “homem de Deus”. Segundo a lenda, o mendigo era Santo Aleixo, nascido em 350, em Roma, filho de um senador romano.

Conta-se sobre ele que era muito virtuoso e caridoso. Quando ficou um pouco mais velho seguindo a tradição, seus pais o prometeram a uma jovem de excelente família cristã e eles acabaram se casando.

Os pais de Aleixo não sabiam que ele tinha o desejo no coração de tornar-se consagrado a Deus. Por isso, na noite de núpcias, Aleixo conversou com sua noiva que também parecia ter o desejo de ser consagrada e eles resolveram não consumar o matrimonio para se dedicar totalmente a Deus.

Ao perceber que a vida cheia de riquezas era um perigo para a alma, Aleixo abandonou todos os bens materiais e passou a peregrinar em oração por diversas cidades. Chegou a Edessa, na Síria e lá permaneceu por um bom tempo, vivia como mendigo pedindo esmolas perto da Basílica de São Tomé, repartia tudo que ganhava com os outros, ajudava os doentes na rua, a compaixão movia seu coração. Diversos casos de curas milagrosas aconteceram por causa de suas orações.

Aleixo começou a ficar famoso pelas suas curas milagrosas e essa fama o incomodou fazendo com que ele voltasse a vida de peregrinação. Só que desta vez, o ser peregrino lhe causou muitos sofrimentos e maus tratos lhe causando uma deformação no rosto, por isso, voltou para Roma e pediu ajuda na casa do seu pai.

Por causa do rosto deformado Aleixo não foi reconhecido pelo pai, mesmo assim, Santo Aleixo pediu: “Tende compaixão deste pobre de Jesus Cristo e permita-me ficar em algum canto do palácio”.

O pai o acolheu e ordenou que ele ficasse cuidando da cocheira e dos animais, foram dezessete anos trabalhando na cocheira do palácio sem que ninguém desconfiasse de sua identidade, sendo maltratado pelos outros empregados. Mesmo assim, nunca revidou manteve acesa a chama de sua fé.

Morreu em 17 de julho e foi colocado num cemitério comum para criados. Porém, antes de morrer, entregou um pergaminho ao criado que o socorreu, no qual revelava sua identidade. Os pais quando souberam, levaram o caso ao conhecimento do Bispo, que autorizou sua exumação. Aleixo foi levado então para um túmulo construído na propriedade do senador. A fama de sua história de “homem de Deus” se espalhou entre os cristãos romanos e orientais, difundindo rapidamente o seu culto.

A casa do senador, pai de Santo Aleixo, ficava no monte chamado Aventino. No ano 1217 iniciou-se no local a construção de uma igreja dedicada a São Bonifácio. Ao se fazerem as escavações para a fundação, encontraram os restos mortais de Santo Aleixo. Por isso, a igreja construída ali passou a ser dedicada a Santo Aleixo, sob as ordens do Papa Honório III.

Em fins do século X, o bispo Sérgio de Damasco fundou o Mosteiro de Santo Aleixo, dedicado a uma vida simples e pobre, para os monges gregos em Roma. No ano 1817, a Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria nomeou Santo Aleixo como o segundo patrono, por seu exemplo de paciência, caridade e humildade.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5, 3). Santo Aleixo viveu as bem-aventuranças, despojou-se de tudo, teve a coragem de abandonar as riquezas, as honras para abrir espaço em sua vida para o seguimento do Senhor Jesus. Ele viveu a humildade para combater o orgulho que é um dos pecados mais próprios das almas espirituais. Mesmo as pessoas mais dedicadas à oração, às boas obras precisam lutar contra o orgulho porque, se permitirem que ele cresça, arruinará a sua santidade. O orgulho se esconde nas boas ações, por isso é necessário vigilância, pois ele esteriliza o nosso apostolado. Peçamos a Deus, através o exemplo e intercessão de Santo Aleixo, que possamos crescer em verdadeira humildade para poder assim combater o orgulho e a vaidade em nossas vidas.

Oração:

Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz, tudo cria, se revelando sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o simples, o indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-“Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz e tudo cria, revelando-se sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, dai que busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o Simples, o Indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-nos a retidão no falar e no agir, a compaixão no acolher e a dedicação em servir, pois realizar essas coisas é participar das vossas bem-aventuranças. Por Cristo nosso Senhor Amém. Santo Aleixo, rogai por nós.”
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16 de Julho

Bartolomeu Fernandes nasceu em Lisboa em 3 de maio de 1514, na região de Verdelha, Mártires, e entrou para a Ordem dos Pregadores ou Dominicana aos 14 anos, quando recebeu o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires, em homenagem à Virgem Maria venerada como Nossa Senhora dos Mártires na igreja onde foi batizado.

Fez o noviciado em Lisboa e terminou os estudos de Filosofia e Teologia em 1538, tendo São Tomás de Aquino como referência em seus trabalhos teológicos.

Ele se dedicou a ensinar em diferentes conventos de Lisboa, ficou tão conhecido por sua sabedoria e ensinamentos que a Rainha de Portugal, Catarina, o apresentou para suceder o Arcebispo de Braga e foi confirmado pelo Papa Paulo IV em 27 de janeiro de 1559. Na época, esta Arquidiocese incluía os territórios das dioceses de Braga, Bragança, Vila Real e Viana do Castelo.

Recebeu a ordenação episcopal em 3 de setembro de 1559, na igreja de São Domingos, em Lisboa.

Em sua nova missão como Arcebispo fez mais de 90 visitas pastorais em todas as 1260 paróquias que faziam parte da Arquidiocese de Braga.

Dom Bartolomeu tinha muita preocupação pela falta de formação dos fiéis e dos sacerdotes, por isso, escreveu um catecismo que foi dividido em duas partes: na primeira parte uma exposição do Pai Nosso, da Profissão de Fé, dos Dez Mandamentos, dos Pecados Capitais e dos Sacramentos. A segunda parte tinha práticas de sermões a serem lidos aos fiéis aos domingos e dias de festa. Com este Catecismo, Dom Bartolomeu atingiu as camadas mais simples, difundindo a doutrina Cristã de forma mais fácil e acessível.

Dom Bartolomeu corrigia os hereges de forma fraterna e humana (em segredo) ao invés de mandá-los ao Santo Ofício, com isso poupava o indivíduo de uma pena mais dura e da exposição pública.

Aplicou um verdadeiro programa de reforma pastoral em Braga onde se destacam alguns pontos essenciais: o ensino da doutrina cristã e a obrigatoriedade da homilia.

São Bartolomeu dos Mártires viveu num tempo de crise na Igreja no século XVI. Ele teve uma participação importante no Concílio de Trento defendendo a necessidade de um tempo de renovação, testemunhada por ele com a vivência na própria vida. Participou das reuniões de 1562 e 1563, na qual apresentou 268 petições, síntese dos pedidos de reforma da Igreja.

Para aplicar as normas do Concílio de Trento, convocou um Sínodo Diocesano em 1564 e em 1566 um Sínodo Provincial.

Encontrou resistência nas estruturas eclesiásticas conservadoras de Braga. Mas isso não o impediu de privilegiar a formação dos futuros presbíteros com a fundação de um seminário.

Frei Bartolomeu dos Mártires foi um bispo muito próximo ao povo, preocupado com as questões sociais e comprometido nas obras de caridade. Em 23 de fevereiro de 1582 renunciou ao cargo de Arcebispo por motivos de idade e recolheu-se no convento dominicano da Santa Cruz, na cidade de Viana do Castelo, o qual ajudou a construir em 1561 para favorecer os estudos eclesiásticos e a pregação.

Morreu em 16 de julho de 1590 no Convento de Santa Cruz, onde foram depositados os seus restos mortais. No coração do povo ficou conhecido como “Arcebispo santo, pai dos pobres e dos doentes”, que percorreu toda a região da Arquidiocese de Braga no século XVI. A sandália é o símbolo da sua dedicação ao povo.

Bartolomeu dos Mártires foi beatificado em 2001 por João Paulo II e canonizado em 2019 pelo papa Francisco, sem a atribuição de um milagre.

Conferência Episcopal Portuguesa o declarou “padroeiro dos catequistas”. Ele também é um dos patronos da JMJ Lisboa 2023.

Sua Festa Litúrgica foi movida para o dia 18 de julho, embora seu falecimento tenha ocorrido em 16 de julho.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de São Bartolomeu dos Mártires mostra a proximidade, ternura e compaixão de um pastor totalmente dedicado ao seu rebanho, preocupado com o essencial que é a vida de fé, de oração e a formação do seu povo. Era um homem de oração e a partir de uma vivência renovada da fé em sua própria vida, era capaz de propor com audácia e ternura uma renovação na fé e na vida da Igreja e das pessoas. Um homem comprometido, corajoso que marcou a Igreja da época e ainda hoje é modelo e grande intercessor. Peçamos a intercessão de São Bartolomeu dos Mártires por todos os Bispos e Padres, para que tenham a mesma proximidade com o povo e coragem de anunciar a Verdade e o Amor a um mundo cada vez mais afastado de Deus.

Oração:

Senhor, que dotastes de grande caridade apostólica São Bartolomeu dos Mártires, protegei sempre a vossa Igreja de modo que, assim como ele foi glorioso na sua solicitude pastoral, também nós sejamos, pela sua intercessão, sempre fervorosos no vosso amor, no compromisso eclesial desde a juventude. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

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15 de Julho

15 de Julho – São Boaventura  – 

João de Fidanza nasceu no ano de 1218 em Bagnorea (atualmente Bagnoregio), região de Viterbo, Itália. Seu pai era um médico famoso, mas não conseguiu curá-lo de uma enfermidade grave na infância, que foi obtida quando a família reunida a pediu por intercessão de São Francisco de Assis.

Foi para Paris estudar, e lá, aos 20 anos, entrou para a Ordem Franciscana com o nome de Boaventura. Concluídos em 1253 os cursos de Filosofia e Teologia na Universidade de Paris, foi nela nomeado, no mesmo ano, catedrático das duas matérias, pois sua inteligência e sabedoria o destacavam. Nesta mesma universidade conheceu e fez grande amizade com São Tomás de Aquino, a partir da qual muitas e fundamentais obras espirituais e literárias surgiram através de ambos, conduzindo a Igreja nos séculos futuros.

Boaventura via na Ordem Franciscana, e por isso com ela se identificou, um reflexo da própria Igreja, pois ambas haviam surgido entre homens simples e humildes, só posteriormente agregando-se a elas os nobres e cultos. As ordens mendicantes, como a dos franciscanos, representavam assim as origens da Igreja, e por isso precisavam ser preservadas.

Em 1254 surgiu grande controvérsia entre os mestres seculares e os das ordens mendicantes, os primeiros argumentando que aquelas não deveriam ser reconhecidas pelas universidades. Foi na defesa destas Ordens que, pelas suas qualidades superiores como teólogo e orador, Boaventura se destacou no meio eclesiástico.

Em 1257 ele foi nomeado pelo Papa Alexandre IV, em função da sua virtude e cultura, ciência e sabedoria, como superior geral dos franciscanos (com o título oficial de Ministro-Geral da Ordem dos Frades Menores). Por isto deixou o ensinou nos seguintes 18 anos, bem como teve que viajar muito pela Europa em missões importantes.

Em 1260 escreveu uma biografia de São Francisco de Assis, a Legenda Maior, superior a todas as anteriores e com o objetivo de fortalecer a unidade da Ordem, que já contava com cerca de 30 mil frades, mas se via ameaçada por espiritualidades discutíveis e influências mundanas. O famoso pintor Giotto inspirou-se nesta obra para realizar sua série “Histórias de São Francisco”.

O Papa Gregório X o tornou bispo e cardeal de Albano Laziale em 1273, encarregando-o de organizar e dirigir o Concílio de Lyon de 1274, no qual foi trabalhada a unidade entre a Igreja latina e a grega, bem como a reconciliação entre o clero secular e as ordens mendicantes

Além de todas estas suas altas funções e responsabilidades, Boaventura escreveu ainda uma vasta e profunda obra, abordando quase todos os assuntos acadêmicos da sua época, com destaque porém para a Filosofia e Teologia, testemunhando a relação mútua entre estas duas disciplinas, com a submissão da primeira à segunda. Para ele, Cristo é o caminho de todas as ciências, e só a Verdade revelada pode uni-las e plenificá-las para o seu objetivo de levar ao conhecimento de Deus.

Procurando sempre fundamentar com a Razão as verdades da Fé, tomou a Caridade como base do seu pensamento teológico. Este foi desenvolvido num total de 11 volumes. Entre os muitos e diversos textos, destacam-se “Comentário sobre as Sentenças de [Pedro] Lombardo”, (incluindo “Comentário sobre o Evangelho de São Lucas”, Itinerarium Mentis in Deum, Breviloquium, De Reductione Artium ad Theologiam, Soliloquium e De septem itineribus aeternitatis), realizado por ordem dos seus superiores, quando tinha apenas 27 anos. Escreveu o tratado “Sobre a Perfeição da Vida” para Santa Isabel de França, irmã de São Luís IX de França, e suas clarissas.

Após duas e decisivas intervenções no Concílio de Lyon, São Boaventura faleceu em 15 de julho de 1274, assistido pessoalmente pelo Papa.

 O modo exemplar como conduziu a ordem franciscana o tornou conhecido por “Segundo Fundador” e “Segundo Pai” da mesma. Recebeu o título de Doutor da Igreja – “Doutor Seráfico”, paralelamente a São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Fato comum na vida dos santos é a influência benéfica e inicial da família na sua formação espiritual, independentemente da situação cultural, social ou econômica. São Boaventura foi curado na infância pela intercessão da família reunida… não apenas por um dos pais, por exemplo, mas por toda a família. A oração em família é, de fato, um caminho de cura para muitos males e para a obtenção de muitas graças, e precisa ser urgentemente resgatada e valorizada como atividade habitual nos lares católicos. “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18,20): quanto mais se estes forem uma família… a de Nazaré rezava junta. Sua grandiosa obra, acadêmica, pastoral, evangelizadora, administrativa, e especialmente espiritual é centrada na Caridade, como fundamento teológico, fundamento este a que se submetem a Filosofia, e demais ciências: uma ordenação hierárquica que interconecta na Verdade o conhecimento e a ação humana sob a primazia de Deus. Escreveu que “Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça”. Amém. São Boaventura foi também reformador da Ordem Franciscana, ameaçada então por discutíveis espiritualidades. E suspeitas influências humanas. Também hoje, no contexto maior da crise da Igreja em geral, os franciscanos foram muito atacados pela herética “Teologia da Libertação”. Rezemos para que o Senhor, a Virgem Maria, São Francisco de Assis e São Boaventura libertem a sã Teologia desta ideologia comunista infiltrada no Catolicismo, e que se espalhou também por outros dos seus setores.

Oração:
Senhor, que quereis reformar nossas almas no caminho da santidade, concedei-nos por intercessão de São Boaventura viver na Verdade da caridade, portanto em harmonia Convosco e com as criaturas em meio às desordens deste mundo, para que tenhamos a boa ventura de repousar em Vós depois dos nossos terrenos trabalhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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14 de Julho

14 de Julho – São Camilo de Léllis  –  
Camilo nasceu na vila Bucchianico, em Chieti, região de Abruzos, geograficamente no centro da Itália, no ano de 1550. Sua família era nobre e tradicional, e seus pais já muito idosos, por isso seu parto foi difícil, mas bem sucedido.

O pai, militar, passava muito tempo fora de casa, mas sua mãe, dedicada e de fé, o educou nos princípios católicos e nos bons costumes. Camilo tinha 13 anos quando ela faleceu, sendo obrigado a morar com o pai. Este não era propriamente má pessoa, mas tinha o vício do jogo, o que, além das frequentes mudanças da vida militar, tornavam a vida instável. Camilo tornou-se rebelde e passou a detestar os estudos.

Apesar das suas fraquezas, seu pai o amava e procurou ajudá-lo colocando-o como soldado no exército. O filho, com 14 anos e mal sabendo ler, fazia serviços braçais, favorecido ao menos pelo corpo atlético. Perdeu o pai aos 19 anos, tendo como herança apenas sua espada e seu punhal, e o vício do jogo; jovem, forte, violento e jogador, desenvolveu má fama, levando vida mundana e com dificuldades financeiras. Estas se agravaram quando lhe surgiu uma úlcera no pé.

Em 1570, conheceu um jovem frade franciscano que, sem medo dele como outros, dispôs-se a aproximar-se e conversar, desenvolvendo uma amizade e descobrindo até para ele mesmo os sofrimentos e bondade que havia no seu coração. Esta maravilhosa experiência o motivou a procurar também a vida franciscana, mas não foi aceito no convento por causa da grave úlcera podal. Os religiosos o encaminharam para ser atendido no hospital de São Tiago, em Roma, onde descobriu-se que o tumor não tinha cura. Para receber os possíveis cuidados paliativos, ofereceu-se como servente, pagando o tratamento com o trabalho. Mas por causa do vício no jogo, gerando dívidas e confusões, acabou despedido.

Viu-se assim sem casa, trabalho e dinheiro, com uma chaga incurável. Buscou então o emprego de servente de pedreiro junto a frades capuchinhos que começavam a construção de um convento. O contato diário com os religiosos começou a mudar seu coração. E indo para a construção Deus um dia lhe concedeu a graça de uma visão, nunca revelada a ninguém, que mudou completa e definitivamente a sua vida aos 25 anos, convertendo-o e fazendo com que abandonasse o jogo. Procurou novamente a admissão nos franciscanos, sem sucesso, mas de novo os frades conseguiram que voltasse ao hospital de São Tiago para ser cuidado.

Desta vez, não apenas empenhou-se no tratamento, mas pediu para trabalhar voluntariamente como auxiliar de enfermeiro e assistir também aos outros doentes, que entendeu deveria servir como ao Cristo chagado. Antes já havia, como soldado, testemunhado a situação de enfermos agonizantes e terminais, e na realidade do hospital procurou cuidar dos casos mais repugnantes, usualmente abandonados pelos funcionários regulares da casa. Passou a amar os enfermos como a Jesus, com dedicação total, e muitos reconheceram o seu amor cristão. Vários deles, por intermédio de Camilo, aproximaram-se do arrependimento e da Confissão, morrendo em estado de graça.

Surgiram então outros jovens que, motivados pelo seu exemplo, se dispunham ao cuidado gratuito e amoroso dos doentes. A amizade com o futuro São Filipe Néri levou a que retornasse aos estudos, com 32 anos, e à sua ordenação sacerdotal aos 34, bem como à fundação por ambos, em 1582, da Companhia dos Servidores dos Enfermos, ou Congregação dos Ministros Camilianos.

Os Camilianos, como eram simplesmente conhecidos, era inicialmente apenas uma irmandade de voluntários para assistir aos doentes pobres, miseráveis, terminais e rejeitados. Em 1591, com aprovação do Papa, a Congregação se tornou uma Ordem religiosa, a Ordem dos Padres Enfermeiros, ou Ordem dos Ministros dos Enfermos, sendo Camilo eleito superior e como tal atuando por 20 anos. Além dos votos de pobreza, castidade e obediência, havia também o da dedicação aos doentes, ainda que com risco da própria vida.

Pouco depois os camilianos serviram como a primeira unidade médica de campo, na guerra ocorrida na Hungria.

Camilo, apesar das dores no pé, ia visitar os doentes em casa, e quando preciso, dando graças a Deus pelo seu físico, os carregava nas costas para o hospital. Recebeu o dom da cura pela oração, e por isso era muito procurado. Trabalhou duramente, até não ter mais forças. Nos seus últimos sete anos de vida, já não como superior, dedicou-se a ensinar aos irmãos como cuidar e conviver com os enfermos.

Faleceu em Roma aos 14 de julho de 1614, com 64 anos, recomendando aos seus religiosos a dedicação ao apostolado dos enfermos. A úlcera no seu pé desapareceu no instante da sua morte.

Atualmente, no Brasil, a Ordem dos Camilianos está presente em muitos Estados, e no de São Paulo, na cidade de Santo André, está localizada a Paróquia São Camilo de Léllis.

 São Camilo de Léllis é padroeiro dos enfermeiros, dos doentes e dos hospitais católicos, juntamente a São João de Deus, e protetor contra o vício do jogo.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Do princípio da vida de São Camilo, fica a evidência de que não se deve jogar com os vícios. Um leva a outro, e o aparecimento de chagas é inevitável. E se é verdade que Deus pode tudo curar, há uma doença para a qual, nesta vida, não há operação definitiva: o nosso orgulho, para o qual temos que tomar, a vida toda, o remédio da humildade, na Eucaristia. Numa segunda fase, destaca-se a importância da atuação dos religiosos na conversão das pessoas. Particularmente a eles foi dada a unção de buscar as ovelhas desgarradas, e seu exemplo e ensinamentos são um padrão natural de comportamento humano, constantemente observado e avaliado. Mesmo por quem não é da Igreja. Sim, por serem abertamente comprometidos com uma vida de perfeição, muito se espera dos religiosos, nada menos que a santidade, e por isso devemos rezar continuamente por eles, agradecendo sua vocação e pedindo ao dono da messe que envie mais trabalhadores (cf.Lc 10,2). Mas, sem esquecer que todo ser humano é falho, é preciso o empenho sincero dos vocacionados na própria santificação, pois “A quem muito foi dado, muito será pedido. A quem muito foi confiado, dele muito será exigido” (Lc 12, 48). E a cobrança virá de Deus. Vivemos em tempos, previstos por Nossa Senhora em Fátima, Portugal, 1917, de séria crise no testemunho do clero e dos consagrados da Igreja Católica. Aumentemos nossas orações, pelo bem de todos, fiquemos atentos à Verdade, e “…quem pensa estar de pé cuide para não cair” (Lc 10,12). Numa última etapa da sua vida, a dedicação de São Camilo aos doentes fala por si mesma. São suas palavras: “Os doentes nos revelam o rosto de Deus”; “Todos peçam a Deus que lhes dê um amor de mãe para com o próximo”; “Deixe tudo nas mãos de Deus e recorra a Nossa Senhora”. Esta última citação destaca a sua preocupação também com as enfermidades da alma. De fato, no seu leito de morte, recomendou aos seus religiosos a dedicação ao apostolado dos enfermos. Um modo de entender o desaparecimento da úlcera no seu pé, até então incurável, é que, no Céu, só a perfeição entra. Antes, Camilo precisava da chaga para lembrá-lo da sua pobre condição humana, e lhe trazer méritos por suportá-la com amor. Aproveitemos este sinal visível para pensar – também, aqui, no sentido de cuidar – nas nossas feridas de alma ainda abertas, dentre as quais há de haver algumas que possam e devam ser curadas ainda nesta vida.

Oração:

Senhor Deus, Médico dos Médicos, que pelas chagas de Vosso Filho curastes as nossas, concedei-nos, pela intercessão e pelo exemplo de São Camilo de Léllis, a sua mesma caridade para com os adoentados de corpo e alma, seguindo a recomendação de continuamente preservar a dignidade humana, para alcançarmos a realização do significado plena destas suas palavras: “Tudo passa, o bem permanece”. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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11 de Julho

11 de Julho – São Bento de Nórcia  –
A principal fonte sobre a vida de São Bento é o livro II dos “Diálogos” de São Gregório Magno, totalmente dedicado a ele. Bento nasceu por vota do ano 480 em Núrcia (Norcia, em Italiano), província de Perúgia, região da Úmbria na Itália central. Tinha uma irmã gêmea, Escolástica, também canonizada. Os pais provavelmente tinham boa condição social e financeira, e por isso Bento teve a oportunidade de ir estudar em Roma.

A época era difícil, de decadência, desagregação e confusão, pois todo o território do antigo Império Romano ainda sofria com as sucessivas invasões de variados povos bárbaros. Roma apresentava desorganização e mediocridade moral. Também na Igreja a situação era difícil, incluindo um cisma de três anos após a morte do Papa Anastácio II em 498, que foi seguida pela disputa entre Símaco, Papa legítimo, e Lourenço, antipapa. Neste ambiente, corrompido por barbárie e antiga cultura decante, ficou evidente para Bento que seus desejos de busca elevada e sobrenatural não poderiam ser alcançados.

De fato, mesmo moço, já tinha a personalidade sedimentada numa profunda maturidade: assim São Gregório se refere a ele, “Houve um varão de vida venerável, bento por graça e por nome, dotado desde sua mais tenra infância de uma cordura de ancião. Com efeito, antecipando-se por seus costumes à idade, jamais entregou seu espírito a qualquer prazer (…), desprezou o mundo com suas flores, como se estivessem murchas”.

Portanto abandonou os bens, a casa e os estudos, escolhendo viver na erma aldeia de Efide (atual Affile), a aproximadamente 50 km de Roma, nas montanhas de Sabina, em recolhimento e oração. Sua antiga governanta não se quis separar dele e o acompanhou, servindo-o nos afazeres domésticos.

Veio a ocorrer que esta mulher, por descuido, deixou cair e quebrar uma jarra de argila emprestada de uma vizinha. Bento a encontrou chorando pelo acontecido, e, compadecido, juntou os pedaços e rezou sobre eles, que se reconstituíram de forma perfeita. Este foi o primeiro milagre por sua intercessão, que logo lhe trouxe muita fama e popularidade; ele, que “desejava mais os desprezos que os louvores deste mundo” (São Gregório Magno), retirou-se, agora sozinho, para as montanhas de Subíaco.

Ali, por volta de 505, refugiou-se numa gruta, tendo antes encontrado com um monge chamado Romão (ou Romano) de um mosteiro próximo. Romão o ajudou baixando diariamente, por uma corda, o pão que durante certo tempo foi o único alimento do jovem eremita; também forneceu a Bento um hábito monástico.

Durante três anos, entregue à direção do Espírito Santo, viveu Bento, sofrendo muito as tentações do diabo. Em relação à pureza, em ocasião particularmente intensa, encontrou como recurso o expediente de, para não fraquejar, retirar as vestes e atirar-se nu nas moitas de espinhos e urtigas, nas quais arrastou-se, de modo que todo o corpo ficou ferido, e a dor substituiu o desejo. Depois do episódio, não mais foi tentado pela luxúria.

Estando com cerca de 30 anos, a comunidade de um mosteiro próximo, em Vicaro, insistiu para que ele se tornasse o abade. Estes monges, tíbios e insinceros, logo se arrependeram, pois Bento os queria conduzir para a perfeição, através da observância estrita da regra monástica e do dever, o que não desejavam; decidiram então matá-lo, colocando veneno no seu vinho.

Ao abençoar Bento a bebida, com o sinal da Cruz, o recipiente se quebrou, e o santo abade descobriu as suas intenções. Abandonando o mosteiro, Bento voltou para a sua gruta (conhecida depois como Sacro Speco, “gruta sagrada”, e que foi protegida para preservação com a construção do Mosteiro de São Bento na montanha de Subíaco).

Mesmo na solidão a sua fama de santidade se espalhou, e surgiram discípulos em número crescente. De Roma chegavam nobres varões, e filhos de muitos patrícios desejosos de que Bento os ensinasse e formasse. Entre eles estavam por exemplo os futuros São Mauro e São Plácido, importantíssimos na História da Ordem e da Igreja. Houve a necessidade de Bento fundar 12 mosteiros nas proximidades, no vale do rio Aniene, cada qual com 12 monges dirigidos por um abade sob sua supervisão.

Na prática, estava fundada assim a Ordem Beneditina. Em paz e harmonia, dedicando-se à oração e ao trabalho, a comunidade prosperava, e os milagres, a doutrina e santidade de Bento despertavam numerosas vocações.

Muitos foram os milagres de São Bento ali. Curou doentes, salvou pessoas de perigos, expulsou demônios, fez um monge andar sobre as águas, ressuscitou um menino morto. Um dos mais famosos foi ter feito brotar água de um ponto alto na montanha, para abastecer três dos mosteiros, cujos monges tinham grande dificuldade em subir e descer para consegui-la.

A fonte permanece abundante até hoje. Bento recebeu também o dom de saber o que se passava com os seus filhos espirituais, sem vê-los, à distância; assim pôde corrigir, por exemplo, dois monges que indevidamente tinham bebido e comido fora do mosteiro, e outro que, também indevidamente, aceitara um presente das monjas de um mosteiro próximo, ao qual Bento lhe mandara dar assistência espiritual.

Como é comum, tais maravilhas despertam inveja, e o pároco de uma igreja nas vizinhanças de Subíaco, de nome Florêncio, iniciou uma campanha de difamação dos beneditinos e seu abade, procurando afastar deles as pessoas. Não tendo sucesso, presenteou São Bento com um pão envenenado. Ora, todo dia o santo oferecia pão a um corvo que vinha na hora da refeição.

Bento ordenou-lhe que levasse o pão envenenado para longe, onde não pudesse fazer mal a ninguém, e assim aconteceu. Florêncio então tentou corromper os outros monges, fazendo entrar no quintal do mosteiro sete moças nuas para despertar a sua luxúria. Bento, sabendo que era ele próprio o motivo desta perseguição, resolveu ir embora com alguns poucos irmãos, depois de organizar a direção da comunidade. Florêncio contemplava satisfeito a partida do abade, sobre um terraço, quando só esta parte da construção ruiu, e o matou… São Bento, avisado, chorou pelo inimigo. A data aproximada era 529.

Bento chegou com seus companheiros a Cassinum, uma antiga vila fortificada romana, entre Roma e Nápoles. Reformando a fortaleza e o antigo templo pagão do lugar, transformou-os na célebre Abadia de Monte Cassino, de onde a Ordem Beneditina se espalhou por toda a Europa. Realmente foi a sua influência de comunidade verdadeiramente católica, de governo sábio e organizado, baseado nas diretrizes do Evangelho, que se tornou o exemplo iluminado para os costumes espirituais e materiais, tanto no âmbito público como no privado, de toda uma época, sendo igualmente referência para todos os tempos.

Um dos aspectos essenciais deste sucesso é a famosíssima Regra que São Bento aí escreveu (ao menos na sua redação atual) para os seus monges, um farol de sensatez, equilíbrio e sabedoria espiritual e prática, que permite “aos fortes progredirem a aos fracos não desanimarem”. É uma leitura obrigatória para todo católico, religioso ou leigo, que queira aprofundar e desenvolver a sua vida espiritual, sob o benefício da equidade.

Como esclarece o erudito bispo e teólogo Bossuet, do século XVII, a Regra de São Bento é “uma suma de cristianismo, um douto compêndio de toda a doutrina do Evangelho, de todas as instituições dos Santos Padres, de todos os conselhos de perfeição. Nela sobressaem eminentemente a prudência e a simplicidade, a humildade e o valor, a severidade e a mansidão, a liberdade e a dependência; nela a correção desdobra todo o seu vigor, a condescendência todo o seu atrativo, a autoridade a sua robustez, a sujeição a sua tranqüilidade, o silêncio a sua gravidade, a palavra as suas graças, a força o seu exercício, e a debilidade o seu sustentáculo”.

O seu objetivo é afastar do coração humano as trivialidades, facilitando a alma a elevar-se sem obstáculos a Deus, serena e permanentemente focando na vida infinita do Paraíso, e o seu modus operandi é o conhecido aforismo Ora et Labora, “reza e trabalha”, que harmoniza – na ordem certa – as atividades vitais do ser humano, a oração e a ação.

A obra civilizadora de São Bento e sua Regra foram a resposta de Deus ao caos do período, trazendo obediência e beleza, cultura e espiritualidade – os fundamentos da vida humana comunitária – para as sociedades medievais e posteriores.

Monte Cassino e São Bento passaram a ser procurados e visitados por bispos, abades, reis, príncipes, nobres, pessoas comuns, em busca de conselho, conforto, orientação e aprendizado. Da mesma forma, posteriormente, outros mosteiros beneditinos passaram a ser o centro de núcleos de civilização e progresso, em torno dos quais os países europeus fixaram as bases do seu desenvolvimento, que só é possível com paz e estabilidade.

Santa Escolástica, irmã gêmea de São Bento, promoveu o desenvolvimento do ramo feminino da Ordem. Encontravam-se anualmente numa casa pertencente ao mosteiro de Monte Cassino, relativamente próxima do mosteiro feminino. No ano de 547, sabendo que sua morte estava próxima, e tendo passado como sempre aquela data especial em elevada conversação com o irmão, Escolástica pediu que ele ali ficasse e tivessem ainda a noite para falar das coisas de Deus. Bento recusou energicamente, pois disciplinadamente queria passar a noite no mosteiro.

Ela então abaixou a cabeça, rezando por alguns momentos, e quando a ergueu de novo o tempo, límpido, transformou-se numa tempestade tão absurdamente violenta que água e raios impediam completamente que o abade e seus poucos monges acompanhantes saíssem da casa.

“— Que Deus Todo-Poderoso te perdoe, irmã! O que fizeste?

Supliquei a ti e não quiseste atender-me. Roguei ao meu Senhor e Ele me ouviu. Agora sai, se podes, e regressa ao mosteiro…”

São Bento entendeu, e passaram a noite em vigília. Três dias depois, ele viu a alma da irmã, sob a forma de pomba, subir ao Paraíso. Mandou recolher o seu corpo e o sepultou no local que havia aprontado para si. Bento faleceu provavelmente no mesmo ano, 547, em 21 de março.

Tendo conhecimento do que ia acontecer, mandou preparar a sepultura ao lado da irmã com seis dias de antecedência. Logo foi tomado de febre, com a condição piorando rapidamente. No dia previsto, fez questão de ser levado ao oratório, onde, apoiado nos braços dos irmãos, recebeu a Santíssima Comunhão e morreu, de pé, com a alma erguida diante do Senhor.

Após sua morte, a Ordem Beneditina continuou a crescer, especialmente a partir da Abadia de Cluny, na França do século X: chegaram estar subordinados a ela 17 mil mosteiros. Nações inteiras foram convertidas ao Catolicismo sob a influência beneditina; muitas e famosas universidades, como Paris, Cambridge, Bolonha, Oviedo, Salamanca e Salzburgo tiveram origem a partir de colégios beneditinos; mais de 30 Papas adotaram sua Regra; incontáveis mártires, cardeais, bispos, santos, discípulos, partilharam e partilham desta espiritualidade.

São Bento é o Fundador e Patriarca do monaquismo do Ocidente, e primeiro Patrono da Europa, atualmente junto com santos Metódio e Cirilo e santas Brígida, Catarina de Sena e Tereza Benedita da Cruz.
 Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Absolutamente notável é a vida e a figura de São Bento, bem como a sua obra. Claro, muitos são os santos que tiveram vidas e missões particularmente excepcionais, e também com obras imensas. O alcance do que fez e o legado que deixou é que o torna um destaque mesmo entre eles. O equilíbrio da Regra Beneditina, de profundíssima espiritualidade a par com um bom senso “divinamente humano”, e uma praticidade chã e elevada ao mesmo tempo a torna verdadeiramente acessível a potencialmente qualquer um, religioso ou leigo. É uma receita de santidade palpável e universal, uma solução direta às aspirações do “como viver”, e bem, do ser humano. Tem, neste sentido, a catolicidade da própria Igreja. Sua própria vida incluiu harmoniosamente milagres estrondosos e a mais normal rotina de oração, trabalho, estudo, lazer e descanso, dando exemplo da maior elevação espiritual em todos os aspectos que compõem a vida humana, de forma simples e realmente praticável, tanto individual quanto comunitariamente. Isto de fato é tão inusitado quanto grandioso: as vidas e obras de outros gigantes de santidade não apresentam todos estes aspectos juntos. São conhecidos muitos que passaram por exemplo por experiências, místicas ou humanas, de exigência extrema, grandes taumaturgos, grandes doutores, grandes missionários, grandes penitentes…uma lista incontável; mas o aspecto individualíssimo das suas vivências, situações e desdobramentos na vida dos povos e da Igreja, principalmente considerando todos os aspectos em conjunto, não abarca ou pode incluir na sua proposta de santidade um número tão grande de almas como é possível pela espiritualidade beneditina. Não quer dizer que todos tenham gosto, propensão, vocação específica para ela, mas sim que ela pode de alguma forma ser praticada por qualquer um, porque é maleável o suficiente para se adaptar a circunstâncias diferentes, sem perder o conteúdo. Traz sempre um equilíbrio acessível. E isto, em outras palavras, é possibilitar que se torne individual a salvação universal de Cristo, num mesmo âmbito de comunhão: a própria essência da unidade na diversidade desejada pela Igreja.

Oração:
Escuta, filho, os preceitos do mestre, e inclina o ouvido do teu coração; recebe de boa vontade e executa eficazmente o conselho de um bom pai para que voltes, pelo labor da obediência, Àquele de Quem te afastaste pela desídia da desobediência. A ti, pois, se dirige agora a minha palavra, quem quer que sejas que, renunciando às próprias vontades, empunhas as gloriosas e poderosíssimas armas da obediência para militar sob o Cristo Senhor, verdadeiro Rei” (Início do Prólogo da Regra de São Bento). Ó Deus de amor e sabedoria, concedei-nos que, por intercessão de São Bento, como ele reformemos a dura fortaleza e antigo templo mundano da nossa própria alma, pela vivência humilde da regra de Salvação que nos destes na Palavra da Vossa Igreja, ouvindo e obedecendo ao Mestre a Quem queremos voltar. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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13 de Julho

13 de Julho – Santa Teresa de Jesus dos Andes  –

Santa Teresa de Jesus dos Andes nasceu em Santiago do Chile, no dia 13 de julho de 1900, com o nome de batismo de Juanita Fernández Solar. Ela é a padroeira dos jovens da América Latina.

Viveu uma infância normal com sua família que tinha uma boa situação econômica. Gostava de passar as férias na fazenda, andar a cavalo e brincar na natureza. Foi educada dentro da fé cristã, e desde muito nova manifestou o seu gosto pelas coisas de Deus.

Estudou no colégio das Irmãs francesas do Sagrado Coração. Em 11 de setembro de 1910 recebeu a primeira comunhão, que marcou profundamente a sua vida. Sobre esse dia, ela escreveu em seu diário: “Por um ano me preparei. Durante esse tempo a Virgem me ajudou a limpar meu coração de toda imperfeição”. Ela prometeu receber a comunhão todos os dias, na medida do possível.

Aos quatorze anos, leu pela primeira vez a “História de uma alma” de Santa Teresinha do Menino Jesus. Passou por muitos problemas de saúde e movida por Deus, ela decidiu consagrar-se a Ele como religiosa, começando o discernimento sobre a sua vocação.

Aos 17 anos, leu os escritos de Santa Teresa d’Ávila. Começou a viver a oração como amizade e entrega aos demais. Também conheceu os escritos de Isabel da Trindade, experimentando uma grande sintonia com ela. Ao sentir o chamado para ser Carmelita, entrou em contato com a Madre Angélica, priora das Carmelitas de Los Andes e falou com ela sobre sua inquietação vocacional.

Em 7 de maio de 1919, entrou para o Carmelo de Los Andres, iniciando assim o postulantado com o nome de Teresa de Jesus. Exerceu um verdadeiro apostolado com as suas cartas a familiares e amigos, tratando de conduzi-los à amizade com Deus, à alegria e à gratidão. As suas Cartas e os seus Diários ficaram como legados da sua espiritualidade.

Recebeu o hábito carmelita no dia 14 de outubro de 1919 em presença de familiares e amigos de Santiago. Para ela a vida carmelita se resumia em três coisas: amar, sofrer e rezar pela conversão dos pecadores, pela santificação dos sacerdotes e da Igreja.

Em março de 1920, iniciada a Quaresma, Irmã Teresa comunicou ao seu confessor, Padre Avertano, que morreria dentro de um mês; pediu autorização para intensificar sua penitência pelos pecados da humanidade. Sem dar importância ao anúncio, como única resposta o confessor lhe pediu inteira disponibilidade a Deus e que viva a regra carmelita. Foi o que fez, dedicando-se ainda mais aos trabalhos, na entrega à oração e na vivência fraterna com suas coirmãs. Algum tempo depois, ela começou a ter muita febre, sofreu frequentes delírios, seis médicos a atenderam e a diagnosticaram com Tifo.

No dia 07 de abril, fez sua profissão religiosa, por causa do perigo eminente de morte. Repetiu três vezes, emocionada, a fórmula de consagração ao Senhor e agradeceu à comunidade a graça de poder fazer a profissão antes do tempo, pois ainda não havia completado seu Noviciado.

No dia 12 de abril, a Irmã Teresa de Jesus morreu com 19 anos e nove meses, tendo apenas onze meses como carmelita. Muitas pessoas foram à capela do convento para o funeral daquela que já era considerada uma “santinha” por muitos. A fama de santidade foi imediata, muitos diziam ter recebido bênçãos através da intercessão da Irmã Teresa de Jesus.

Em 13 de abril de 1987, Irmã Teresa de Jesus foi beatificada pelo Papa João Paulo II. Em 21 de março de 1993, o mesmo Papa a canonizou em Santiago do Chile. “A Luz de Cristo para toda a Igreja chilena é a Irmã Teresa de Los Andes”, disse João Paulo II na ocasião.

Padroeira dos jovens da América Latina, Santa Teresa dos Andes foi escolhida como uma das intercessoras da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013, no Rio de Janeiro, sendo invocada como contemplativa de Cristo.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Para uma sociedade secularizada, que vive de costas para Deus, esta carmelita chilena, que viveu com alegria apresentada como modelo da perene juventude do Evangelho, oferece o testemunho límpido de uma existência que proclama aos homens e mulheres de hoje que no amar, adorar e servir a Deus estão a grandeza e a alegria, a liberdade e a realização plena da criatura humana”, disse João Paulo II na homilia de canonização de Santa Teresa. O Pontífice destacou que a vida de Santa Teresa “grita suavemente a partir do claustro: ‘só Deus basta!’” e este é um grito “especialmente aos jovens, famintos de verdade e em busca de uma luz que dê sentido a suas vidas”. “A uma juventude solicitada pelas contínuas mensagens e estímulos de uma cultura erotizada e uma sociedade que confunde amor genuíno, que é doação, com o uso hedonista do outro, esta jovem virgem dos Andes proclama hoje a beleza e bem-aventurança que emana corações puros”, acrescentou o Papa.

Oração:

Que das mãos de Maria te converteste Em uma jovem apaixonada por Jesus Cristo, És modelo de santidade e caminho de perfeição para a Igreja. Tu soubeste sorrir, amar, alegrar e servir. Tu foste forte para assumir a dor E generosa para amar. Tu soubeste contemplar a Deus Nas coisas sensíveis da vida. Mostra-nos o amor do Pai Para viver a amizade com alegria E com ternura na família. Ajuda aos fracos e aos tristes Para que o Espírito os anime na esperança. Intercede por nós E pede para o Chile o amor e a paz. Teresa dos Andes, Filha predileta da Igreja chilena, Religiosa do Carmelo, Amiga dos jovens, Serva dos pobres, Roga por nós cada dia.











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12 de Julho

12 de Julho – São João Gualberto  –  

João Gualberto Visdonini nasceu no ano de 995 em Florença, Itália, de pais nobres e cristãos. Seu pai o educou, junto com o irmão mais velho, para saber defender e administrar o patrimônio e a honra da família, como bons cavaleiros, hábeis nas armas e nas palavras. Sua mãe proveu o ensino religioso.

Aconteceu que o irmão foi assassinado, e João jurou vingança. Na Sexta-Feira Santa de 1028 ele encontrou o homicida sozinho e desarmado numa estrada deserta próxima da cidade, e imediatamente puxou da espada. O homem caiu de joelhos e abrindo os braços implorou: “Por amor de Jesus, que neste dia morreu por nós, tem piedade de mim, não me mates!”. Tocado pela misericórdia do Senhor, João largou a espada, desceu do cavalo e o abraçou fraternalmente, perdoando-o.

E saindo dali dirigiu-se diretamente para a igreja de São Miniato, ajoelhando-se diante do crucifixo do altar; consta que a imagem do Cristo inclinou-Se sobre ele, em aprovação, e Dele João ouviu: “Vem e segue-Me”. Foi tomado então de grande paz de espírito, e resolveu tudo abandonar para se tornar religioso.

Ingressou no mosteiro beneditino de Florença, vivendo exemplarmente a humildade, a disciplina e o seguimento da santa Regra, na oração e no estudo, na penitência e na caridade. Aprendeu então a ler e escrever – os nobres na época davam mais importância ao conhecimento das armas – e adquiriu os dons da profecia e dos milagres.

Estimado por todos, foi eleito abade em 1305, mas logo renunciou, indignado, descobrindo que o tesoureiro do mosteiro havia subornado o bispo local para a sua escolha. João os denunciou e combateu, mas foi tão ameaçado que saiu do mosteiro.

Mudou-se para uma rústica casa encontrada numa floresta da montanha Vallombrosa, nos Montes Apeninos, seguido por alguns monges. Sua fama de santidade logo atraiu jovens para a vida religiosa, e João fundou novo mosteiro, com as regras beneditinas. O Papa acabou por aprovar a Ordem dos Monges Beneditinos de Vallombrosa, onde João implantou tão respeitado centro de estudos que bispos e sacerdotes vinham de fora para se aprofundar em espiritualidade.

De acordo com a Regra de São Bento, os monges oravam e trabalhavam a terra, plantando para alimentar o mosteiro e inclusive replantando os bosques do local. Por isso são considerados os precursores da agricultura autossustentável. Saíram dali também monges missionários, para evangelizar em Florença e depois em muitas outras cidades italianas, com a construção de novos mosteiros em por exemplo Passignano, na Úmbria.

Foi neste último que João Gualberto faleceu, em 12 de julho de 1073, sendo considerado o herói do perdão.

Os monges da sua fundação tornaram-se, nos séculos seguintes, especialistas em Botânica, e assim convidados para criar a Cátedra de Botânica da reconhecida Universidade de Pávia. Já outras universidades famosas como as de Roma, Pádua e Londres buscavam nos seus mosteiros os seus mestres para essa matéria. Desse modo, o Papa Pio XII declarou São João Gualberto o padroeiro da Engenharia Florestal.

 Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
São João Gualberto é um típico monge e santo beneditino, vivendo exemplarmente a sua Regra, fundando mosteiros, levando espiritualidade, cultura, trabalho e paz – “tranquilidade na ordem” – a se fixarem em novos locais de evangelização. Em comum com São Bento, fundador da Ordem, foi perseguido pelos próprios monges e teve que se mudar de mosteiro. Mas destas provações a Providência divina espalhou mais longe a semente do apostolado. Por isso devemos entender que as dificuldades que Deus permite que passemos, mesmo as muito sérias, nada mais são do que os passos necessários pelos quais nos conduz a Ele. Agradeçamos sinceramente por elas, com serenidade e confiança no Seu desejo do nosso bem, o verdadeiro Bem que é a Salvação e que só teremos carregando – com Ele – a nossa cruz.

Oração:
Senhor, que nos perdoastes na Paixão e Ressurreição do Vosso Filho, concedei-nos por intercessão de São João Gualberto a graça de rejeitar energicamente os favorecimentos ilícitos e outras tentações egoístas, como a vingança covarde; e não recusemos o trabalho de cultivar a Verdade, de modo a que floresça em nossa alma a árvore que dá bons frutos, aquela que forneceu o Madeiro da Cruz, de onde, pregados ao Salvador, podemos pedir a Vós: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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23 de Junho

23 de Junho – São José Cafasso   –
José Cafasso nasceu em Castelnuovo Don Bosco, na Itália, em 1811. Mesma região de São João Bosco ao qual foi contemporâneo.
Sentiu-se chamado ao sacerdócio desde sua infância, estudou no seminário de Chieri e no ano de 1833 foi ordenado. Depois estabeleceu-se no Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis, em Turim, para aperfeiçoar a sua formação sacerdotal e pastoral, foi nomeado professor e depois reitor ficando nesta função até o fim da vida.

Teve um importante apostolado junto aos presos, principalmente, com os condenados à morte, por isso ficou conhecido como “Santo da Forca” e é considerado padroeiro dos presos.

Deixou a sua marca como notável diretor espiritual e pregador influenciando e orientando padres mais jovens.

Padre Cafasso, de fato, dedicava grande parte do seu ministério sacerdotal às confissões e confidências de todos os que frequentavam a sua igreja, atraídos pela inteligência e bondade daquele padre que compreendia a todos e sabia falar tanto aos intelectuais quanto aos mais humildes.

Cafasso aprofunda a espiritualidade de São Francisco de Sales, que depois transmitirá a um aluno: João Bosco, do qual foi diretor espiritual de 1841 a 1860.

Cafasso é ainda considerado cofundador dos Salesianos. Antes de morrer, ele doou tudo o que possuía a João Bosco, para que ele continuasse sua obra no ensino e orientação dos jovens.

Morreu aos quarenta e nove anos, no dia 23 de junho de 1860. Declarado santo em 1947, foi declarado o patrono dos encarcerados e dos condenados à pena capital.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
O título de “padroeiro dos encarcerados e dos condenados à pena capital” esclarece bem como viveu o seu apostolado. Suas visitas aos cárceres eram o consolo dos presos e sua figura se tornou a presença mais constante em todos os enforcamentos realizados em sua cidade. Mas sua ajuda não se limitava aos encarcerados, estendia-se às famílias, ao socorro às esposas e filhos para que não se desviassem do caminho de Cristo.

Oração:
Deus, nosso Pai, pela intercessão de João Cafasso, ensinai-nos a amabilidade, a alegria, o bom humor, pois um semblante amável, alegre e de bem com a vida tem força divina que eleva o ânimo dos que estão abatidos e vale mais que mil conselhos e instruções. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
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22 de Junho

22 de Junho – São Paulino de Nola  –
São Paulino de Nola nasceu por volta do ano 354 dC em Aquitânia, no sul da França. Ele é padroeiro de Nola (Itália) e considerado um dos grandes Padres da Igreja do Ocidentes. É venerado como um exemplo de santidade e amor ao próximo. Sua festa é celebrada em 22 de junho.

Nasceu em uma família rica, recebeu uma boa educação e fez carreira na política. Tornou-se cônsul substituto e governador da Campânia, Itália. Ele se casou com uma mulher chamada Terásia e teve um filho, chamado Celso, que morreu ainda muito novo.

A providência e a bondade de Deus fizeram o caminho de Paulino se cruzar com o de Santo Ambrósio de Milão e com Santo Agostinho de Hipona. A partir deste encontro, ele se converteu e pediu para receber o batismo. Paulino era admirado e respeitado por sua sabedoria e fidelidade a Deus.

Após a morte do filho, Paulino e Terásia decidiram abandonar tudo e se dedicar totalmente a Deus, através da vida monástica, doando a maioria de seus bens aos mais necessitados. Eles viveram uma vida ascética dedicada à oração, à leitura e meditação da Palavra de Deus e à caridade.

Após a morte de sua esposa, Paulino foi ordenado padre e, mais tarde, foi nomeado

bispo de Nola, onde exerceu seu ministério com grande dedicação.

Além de ser muito querido e admirado pela alta sociedade, era amado também pelo povo simples e pelos pobres. É lembrado por sua piedade, humildade e caridade. Também era um poeta talentoso e compôs muitos hinos e poemas religiosos.

Paulino morreu por volta do ano 431 dC. A canonização de São Paulino de Nola ocorreu durante a Idade Média, quando o processo de canonização não era tão formalizado como é hoje.

Naquela época, a canonização muitas vezes ocorria por aclamação popular ou pela fama de santidade reconhecida pelos fiéis e pela autoridade da Igreja local. São Paulino de Nola foi muito venerado como santo e considerado um exemplo de virtude e piedade, principalmente em Nola e nas regiões circunvizinhas. Sua santidade foi reconhecida e confirmada ao longo dos séculos pela veneração contínua e pela devoção popular.

Embora São Paulino de Nola não tenha sido canonizado por nenhum papa, sua santidade foi reconhecida pela Igreja e ele é considerado um santo pela tradição católica.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:
São Paulino não escreveu tratados de teologia, mas os seus poemas e o denso epistolário são ricos de uma teologia vivida, embebida da palavra de Deus, constantemente perscrutada como luz para a vida. Em particular, sobressai o sentido da Igreja como mistério de unidade. A comunhão era por ele vivida, sobretudo através de uma marcada prática da amizade espiritual. Nela Paulino foi um verdadeiro mestre”, diz o Papa Bento XVI. A vida de São Paulino nos ajuda a entender a Igreja como sacramento da união íntima com Deus e, assim de unidade de todos nós e de todo o gênero humano. Somos todos membros de um só corpo, o corpo de Cristo que é a Igreja. Que São Paulino nos ajude a viver essa comunhão em nossas pastorais, grupos e movimentos.

Oração:
Senhor nosso Deus, que, no bispo são Paulino [de Nola], quisestes enaltecer o amor à pobreza e o zelo pastoral, fazei que, celebrando os seus méritos, imitemos os exemplos da sua caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
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21 de Junho

21 de Junho – São Luís Gonzaga  – 
Luís Gonzaga nasceu em Castiglione, perto de Mântua norte da Itália, em 09 de março de 1568, em uma família cercada de riqueza e prestígio. Filho primogênito de seu pai Ferrante, que era o Marque de Castiglione, Luís seria o herdeiro do título de marquês, porém já desde criança já se dedicava a uma vida de oração e penitência.

No ano de 1581, acompanhado de seus pais, viajou para a Espanha para ingressar na corte de Filipe II em Madri, porém Luís decidiu que queria ingressar na ordem religiosa Companhia de Jesus. Seu pai era contrário à decisão, mas em 1584 ele voltou para a Itália em com muita dificuldade, conseguiu obter o consentimento do seu pai. Luís renunciou à herança em favor de seu irmão, em 2 de novembro de 1585.

Entrou na Companhia de Jesus em Roma no dia 25 de novembro de 1585. Durante os seus primeiros anos de estudos em Roma, saía para as ruas da cidade para cuidar dos doentes e principalmente das vítimas da peste. Assim ele próprio contraiu a doença como resultado de carregar os doentes nas costas, morreu em 21 de junho de 1591, aos vinte e três anos, seis anos antes de ser ordenado.

Foi canonizado pelo Papa Bento XIII em 1726, sendo proclamado “Patrono da Juventude”. Depois, foi nomeado protetor dos estudantes pelo Papa Pio XI em 1926. Suas relíquias estão na Igreja Santo Inácio, em Roma.
Reflexão:
Antes de morrer, escreveu carinhosamente para sua mãe: “Senhora minha mãe, aceiteis a minha morte como um dom precioso da graça. Que a vossa benção de mãe me assista e me ajude a alcançar com felicidade o porto dos meus desejos e esperanças. Escrevo-vos com tanto maior prazer quanto é certo que não me resta outra ocasião para vos testemunhar o respeito e o amor filial que vos devo.”

Oração:
Glorioso São Luís Gonzaga, que em tão poucos anos de vidas tanto fizestes pela glória da Igreja, volvei o vosso olhar para os jovens desta terra a fim de que encontrem muitos como vós, pastores que os levem para o caminho da virtude e os tire das ciladas do mundo. Concedei às famílias deste mundo a consciência cristã. Enviai operários para a messe do Senhor. Amém!
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