22 de Agosto

22 de Agosto – São Filipe Benício – 
Filipe Benício nasceu no ano de 1233 em Florença, Itália, de nobre família. Com 13 anos foi estudar Medicina na Universidade de Paris, e com 19 mudou-se para a Universidade de Pádua, formando-se em 1253 com louvor em Filosofia e Medicina. Durante um ano, trabalhou como médico em Florença.

Ao mesmo tempo, tendo sólida formação religiosa e devoção a Maria Santíssima, frequentava a igreja do mosteiro da cidade, estudando as Sagradas Escrituras com os religiosos. E em 1254 decidiu-se pela vida religiosa, ingressando como irmão leigo na Ordem dos Servos de Maria (Servitas) do Convento de Monte Senário. Ainda irmão leigo, destacou-se pela retórica. Em 1258 ordenou-se sacerdote em Siena, assumindo inúmeras responsabilidades na direção e na ordem do convento. Em 1262, foi nomeado professor de noviços e vigário assistente do prior-geral.

Em 1267, foi eleito prior-geral da Ordem dos Servitas, por voto unânime. Logo ordenou a evangelização na região da Cítia no leste europeu (atualmente Ucrânia, na maior parte), enviando missionários. Pessoalmente viajou por grande parte da Itália advertindo os pecadores para a penitência, orientando os fiéis à obediência ao Papa, e intensificando a devoção à Nossa Senhora. Promoveu também a reforma do estatuto da Ordem, de modo a que se tornasse mendicante. Junto com Santa Juliana Falconeri fundou a Ordem Terceira dos Servitas para as mulheres.

No conclave papal de 1269 seu nome foi indicado, mas ele, por humildade, refugiou-se nas montanhas próximas de Viterbo, onde se realizava a eleição, até que Gregório X (hoje Beato) foi eleito.

Em 1274 participou do Segundo Concílio Ecumênico de Lyon, e em 1283 seguiu para a cidade de Forli, no norte da Itália, a pedido do Papa, para pacificar as disputas entre os guelfos, partido que o apoiava, e os guibelinos, partidários do imperador germânico. Ali foi agredido por um exaltado guibelino, perdoando-o com doçura, o que levou à sua conversão, entrada na vida religiosa e santificação: São Peregrino Laziosi.

 São Filipe Benício faleceu em 22 de agosto de 1285, na cidade de Todi, quando voltava para Roma. Foi o primeiro religioso canonizado da Ordem dos Servitas, que sob sua direção conciliatória e talentosa pregação expandiu-se rapidamente. É Padroeiro de Zamboanga do Norte, nas Filipinas.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Benício” significa “homem bom”, “abençoado”, “aquele que vai bem” ou “o que está sempre bem”. Para São Filipe Benício, cada uma destas acepções tem uma correspondência prática de vida: foi um homem bom, que buscou fazer da melhor maneira atividades corretas e de valor; foi abençoado com uma santa vocação e as graças necessárias para vivê-la; pela sua devoção e proximidade com Nossa Senhora, é aquele que vai bem no reto caminho, sem desvios ou tropeços; e elevado à glória celeste, está sempre, infinitamente bem. Vivendo na Ordem dos Servos de Maria, Ela é o foco e a fonte dos seus trabalhos, sem qualquer prejuízo ou confusão para a adoração exclusiva a Deus. A devoção a Maria é a melhor justamente porque Ela não faz outra coisa e não tem outra missão senão a de nos conduzir, mais rápida, segura e eficientemente ao Seu Filho, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E nada agrada mais a Jesus do que o nosso amor a Ela. São Filipe Benício formou-se com louvor na medicina das almas. Por isso propôs remédios universais que levam das chagas do pecado à cura na santidade: a devoção à Nossa Senhora, único caminho para Jesus, a sã obediência ao Papa, isto é, à Igreja regida pelo Espírito Santo, com a correta Tradição, Doutrina, Liturgia e Magistério, e prevenindo a todos nós, pecadores, da necessidade absoluta da penitência para ir para o Céu. Estes remédios, ele os ministrou por meio da sua brilhante pregação e exemplo de caridade. Tal receita, simples e completa, nos leva ao ideal de servitas do Senhor.

Oração:
Deus Todo Poderoso, Criador e Rei do Universo, que fostes o primeiro a, unicamente por infinito amor, querer servir às criaturas, concedei-nos por intercessão de São Filipe Benício exaltadamente agredir o pecado em nossas vidas, mas sempre perdoar com doçura os que pecarem, buscando a conversão deles e principalmente a nossa própria; e que, refugiados das tentações deste mundo na montanha das Vossas graças e bênçãos, fiquemos Convosco conciliados no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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19 de Agosto

19 de Agosto – São João Eudes  –

João Eudes nasceu no vilarejo de Ry perto de Argentan, na Baixa-Normandia (norte da França), em 1601. Seus pais, já idosos, suplicaram a Deus a graça de uma prole, consagrando o primeiro filho, de antemão, à Nossa Senhora. João foi o primogênito de sete irmãos, criados em ambiente profundamente religioso. A partir dos 12 anos, procurava comungar com frequência, ao contrário do costume de então de só fazê-lo na Páscoa.

Fez seus primeiros estudos com os jesuítas, em Caen, preferindo rezar na capela a brincar durante os recreios. Aos 14 anos fez o voto de perpétua virgindade. Em 1618 entrou para a Congregação Mariana do colégio, aprofundando a sua devoção a Nossa Senhora.

Em 1623, vencendo a resistência do pai, entrou em Paris na Congregação do Oratório de Jesus, do futuro cardeal Bérulle. Este percebeu seus dons de pregador e antes mesmo da sua ordenação em 1625, aos 24 anos, o encarregou de missões populares, ocasiões em que obtinha inúmeros frutos de piedade; dizia-se que desde São Vicente Ferrer (1350-1419) a França não tivera maior pregador.

Os encontros da Congregação, destinada à educação, formação e aprofundamento do clero, nos mesmos moldes daquela fundada por São Felipe Néri em 1575 na Itália, ocorriam semanalmente na residência de uma nobre francesa, surgindo daí uma elite conhecida como escola francesa de espiritualidade, que viria a reformar o clero francês no século XVII.

Em 1627 João assistiu aos enfermos da peste negra na Normandia. Visitou quase todos os locais afetados, especialmente os mais afastados e esquecidos, levando cuidados físicos e espirituais aos doentes e seus familiares. Não tinha medo da contaminação, e brincava que “até a peste tinha medo de sua pele”. Mas para evitar ser meio de propagação, dormia isolado num barril velho, ao lado de um paiol da própria casa.

Depois disso dedicou-se inteiramente à evangelização do povo, destacando-se nos três problemas fundamentais para a Igreja francesa da época: a evangelização das regiões rurais, a boa formação do clero e a necessidade de maior espiritualidade, no caso centrada na devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria.

Principalmente nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos, era lamentável a condição espiritual da população. Por isso João se indignava, dizendo: “Que fazem em Paris tantos doutores e tantos bacharéis, enquanto as almas perecem aos milhares por falta de quem lhes estenda a mão para tirá-las da perdição e preservá-las do fogo eterno?”. Suas pregações atraiam e convertiam multidões, por vezes milhares de uma só vez, e incluíam a administração dos Sacramentos, especialmente a Confissão. Há registro de impressionantes 110 das suas missões, cada uma de um ou dois meses, abrangendo vastos territórios como Bretanha, Bolonha, Normandia. Em Versailles, diante do rei Luís XIV e da rainha Ana d’Áustria, recriminou com termos severos a má conduta dos soberanos, que, reconhecendo os erros, passaram a apoiá-lo.

Nas suas inúmeras viagens pastorais, João constatou o mal causado pela heresia jansenista, que propunha a salvação para apenas certo número de eleitos e com isso levando o povo a perder a fé na misericórdia de Deus – e como consequência afastar-se da Igreja e se deixar levar pelos vícios. Contra esta “indignidade” que não permitia a participação nos Sacramentos, João ensinava a correta Doutrina do amor e do perdão de Deus pelos arrependidos, mesmo os que tivessem cometidos os mais graves pecados.

Entre 1641 e 1643, João foi forçado a um repouso absoluto por motivo de grave e súbita doença. “Deus me deu estes dois anos para empregá-los no retiro, para vagar na oração, na leitura de livros de piedade e em outros exercícios espirituais, a fim de preparar-me melhor para as missões”. Voltando ao trabalho ativo, constatou com tristeza que os frutos das evangelizações eram apenas temporários, e concluiu que isto se dava pela falta de sacerdotes piedosos e cultos, capazes de manter o fervor dos missionários. Esta situação, por sua vez, resultava da carência de seminários que bem preparassem os futuros padres, conforme as orientações do Concílio de Trento. Viu ele a necessidade da fundação de seminários, uma tarefa contudo difícil e exigente.

Mas seu propósito foi favorecido pelo auxílio de Maria de Vallées, uma virgem que conheceu em meados de 1643 na cidade de Coutances, e que havia se oferecido a Deus como vítima expiatória pelos pecados do mundo: sua extraordinária vida incluiu a possessão demoníaca do corpo, mas nunca a da alma e da vontade; por dois anos sofreu espiritualmente os suplícios do inferno, e durante 12 participou dos tormentos de Cristo. Por 15 anos ela auxiliou João com orações e conselhos, e assim ele se dedicou a fundar uma ordem religiosa destinada à formação do clero nos seminários, e uma congregação de religiosas cuja missão seria a regeneração das mulheres arrependidas: “O projeto é sumamente agradável a Deus, e foi o próprio Deus Quem o inspirou”, disse ela depois de muitas orações.

Para realizar estes trabalhos, João teve que se desligar da Congregação do Oratório, um processo muito custoso e ao longo do qual enfrentou muitas oposições e acusações injustas. Mas em 1643 fundou a Congregação de Jesus e Maria (ou Padres Eudistas), para a formação doutrinal e espiritual do clero e continuidade das missões paroquiais, e em 1651 a Congregação Nossa Senhora da Caridade do Refúgio (Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, ou Irmãs do Bom Pastor), destinada a socorrer tanto mulheres que se prostituíam por causa da pobreza como crianças abandonadas, para que não se perdessem no futuro. Fundou também a Sociedade do Coração da Mãe Mais Admirável, que se assemelha às Ordens Terceiras de São Francisco e São Domingos, para leigos que desejavam viver uma vida de perfeição.

Em todas estas iniciativas, começou a propagar a devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria (antes das revelações deste Coração Divino a Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690)). Dedicou as capelas de seus seminários de Caen e Coutances aos Sagrados Corações, estabelecendo neles confrarias em Sua honra, e compôs um Ofício para o Sagrado Coração de Maria. Esta devoção era uma necessária e providencial reação ao jansenismo, inspirando amor e confiança na Misericórdia Divina, e naturalmente tem base teológica. João demonstrou com argumentos que o Coração de Jesus e o de Maria não têm diferenças entre Si, mas constituem, pela união existente entre Ambos, um só e mesmo Coração. Em 1648 celebrou pela primeira vez o culto litúrgico (Missa e Ofício, compostos por ele mesmo), aprovado pela Igreja, da festa do Imaculado Coração de Maria, e a do Sagrado Coração de Jesus no ano 1672. Essas celebrações fazem parte agora do Calendário Litúrgico normal.

João Eudes e os missionários da Congregação de Jesus e Maria pregaram milhares de missões populares, e justamente onde eles estiveram o povo melhor resistiu à perseguições antirreligiosas da Revolução Francesa (1789-1799).

No final da vida, vários foram os sofrimentos de João. Doenças, morte de amigos e benfeitores, calúnias, murmurações – não apenas dos jansenistas, mas também de católicos, acusando-o de zelo indiscreto –, a publicação de um libelo difamatório, e intrigas para o desacreditarem junto ao Papa e ao rei da França, Luís XIV. Em 1680, renunciou ao cargo de superior-geral da sua própria congregação. E faleceu no mesmo ano em Caen, norte da França, aos 19 de agosto, com a idade de 79 anos.

 São João Eudes é o fundador de duas congregações religiosas e seis seminários. Além de extraordinário pregador popular, escreveu enorme número de obras ascéticas e místicas de grande valor teológico. É o “Autor do Culto Litúrgico do Sagrado Coração de Jesus e do Santo Coração de Maria” (Papa Leão XIII) e “pai, doutor [pelo seu embasamento teológico] e apóstolo” deste mesmo culto (Papa São Pio X).
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
São João Eudes foi um homem de oração, estudo e ação, muito harmoniosamente distribuídas e interrelacionadas na sua vida. Seguindo uma vocação eclesiástica, de início naturalmente fica mais enfatizada a sua busca espiritual e preparação/aprofundamento intelectual, na Congregação do Oratório de Jesus, embora já iniciasse uma admirável atividade de pregador antes mesmo da sua ordenação. Logo porém dedica-se às vítimas da peste, onde conhece a dura realidade do abandono, também espiritual, das populações rurais: “É de partir o coração de piedade ver um grande número desta pobre gente vinda de três ou quatro lugares, apesar dos maus caminhos, pedir, entre lágrimas, para ser atendida em Confissão, e que permanece de seis a oito dias sem poder ser atendida, dormindo à noite nos pórticos e nos mercados, qualquer que seja o tempo”. Pode então, com conhecimento de causa, criticar os que se dedicam só à teoria em conhecimento, mas não à prática da caridade… carência espiritual esta exacerbada pela heresia jansenista, o que o motiva, em meio à ação, a aprofundar-se no estudo, pela oração, à devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, sendo precursor desta devoção. Desenvolve aí o conteúdo teológico da Sua união como um só, em espírito, sentimento e afeição, ele mesmo mantendo vínculos místicos próximos com Cristo e Maria. Deus lhe concede um período de descanso, doença e maior espiritualidade, durante o qual percebe a necessidade de novas propostas de fundações religiosas, que efetiva não sem trabalho e incompreensões. A congregação dos Eudistas, voltada para a boa e necessária formação do clero, mantém, totalmente, a sua atualidade, em vista das modernas confusões doutrinais, heresias nem tão disfarçadas e mediocridade de e no ensino… e as das Irmãs do bom Pastor oferecendo um trabalho de viés social mais de acordo com a perspectiva espiritual e caritativa da Igreja, e não misturada ou substituída por ideologias políticas. Todos estes esforços asseguraram, entre outras coisas, a melhor resistência dos católicos aos desmandos da monstruosa e assassina Revolução Francesa, que proporcionou só a liberdade, igualdade e fraternidade de homicídios e perseguições a todos os que não fossem ateus e materialistas, num prenúncio da propaganda mentirosa e da praxis destruidora do comunismo condenado por Nossa Senhora em 1917, e que, como Ela avisou, continua a “espalhar seus males pelo mundo”, com o mesmo molde de propaganda enganosa e assolação, tanto de pensamento quanto material. Como é marca de todos os que seguem Cristo de perto, sofreu muito tanto física quanto moralmente antes de passar para a glória celeste, ao longo do tempo desenvolvendo ainda robusta obra literária de espiritualidade. Da trindade oração-estudo-ação que marcou a sua vida, destacam-se respectivamente a devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, a formação do clero e a pregação evangelizadora. Mas também atual, e que deve verdadeiramente nos incomodar, é uma sua outra constatação: “Algo deplorável até às lágrimas de sangue é ver que, dentre o tão grande número de homens que povoam a Terra, que foram batizados e, em consequência, admitidos na condição de filhos de Deus, membros de Jesus Cristo e templos vivos do Espírito Santo, portanto obrigados a levar uma vida conforme a estas divinas qualidades, muito mais numerosos são os que vivem como animais, como pagãos e até mesmo como demônios; quase não há quem se comporte como verdadeiro cristão”. Não há qualquer motivo para desânimo ou pessimismo diante das maiores dificuldades, se somos verdadeiramente católicos, porque sabemos perfeitamente que até a morte foi vencida por Jesus, e que, particularmente pela Eucaristia, estamos unidos a Ele na Sua vitória sobre o mundo. Necessário, sim, é simplesmente viver de fato como Ele nos ensinou, para mudar em Bem o que está mal. Como fez São João Eudes.

Oração:

Deus eterno, que desde sempre Vos quisestes unir inteiramente a nós em alma, corpo e coração, concedei-nos pela intercessão e admirável exemplo de São João Eudes equilibrarmos na santidade, como ele, nossas orações, formação e ações, de modo a mais perfeitamente vivermos a Caridade que nos propusestes, e por fim iniciarmos plena e infinitamente a comunhão Convosco, com Maria e com todos os santos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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17 de Agosto

17 de Agosto – São Jacinto –

São Jacinto nasceu na Silésia, atual Polônia, em 1183, era sobrinho do bispo da Cracóvia. É conhecido como o apóstolo da Polônia e da Rússia.

Ele recebeu uma educação cristã, aprendendo desde cedo a viver a caridade e as virtudes. Com essa educação, sua vocação religiosa foi se concretizando.

Estudou direito e teologia em Cracóvia, Praga e Bolonha e foi ordenado sacerdote e depois cônego da catedral de Cracóvia. Em Roma, conheceu São Domingos de Gusmão e entrou na Ordem dos Pregadores. Um ano depois foi enviado por Domingos para evangelizar a Polônia, onde fundou duas casas, e pregou por todo o Oriente. Trabalhou para a união das Igrejas do Oriente e do Ocidente chegando até Kiev, Ucrânia, onde desenvolveu uma missão evangelizadora levando a Ordem dos Dominicanos para aquela região.

São Jacinto fundou Mosteiros Dominicanos na Ucrânia, na sua Polônia, e foi um incansável pregador da palavra de Cristo. Por onde ele passava, multidões se convertiam, segundo Alban Butler, 120 mil pagãos e infiéis foram batizados por ele. Fez muitos milagres em vida e, em Cracóvia, um jovem voltou a viver após a sua intercessão.

Butler conta em seu livro “Vida dos Santos”, que quando os tártaros saquearam a cidade de Kiev, São Jacinto estava lá e só soube depois que rezou a Missa. Ainda com as vestes litúrgicas, pegou o cibório e foi para fora da igreja. Ao passar por uma imagem de Maria, uma voz lhe disse: “Jacinto, meu filho, por que me abandonas? Leva-me contigo e não me deixes na companhia de meus inimigos”. A imagem era muito pesada, mas quando Jacinto a pegou, estava muito leve, então, ele saiu carregando o cibório e a imagem de Nossa Senhora e caminhou sobre as águas do rio Dnieper sem molhar os pés.

São Jacinto foi um grande pregador da Eucaristia e da Adoração do Santíssimo Sacramento, morreu em 1257 e ficou conhecido como padroeiro da Lituânia como nomeou o Papa Inocêncio XI, ele foi canonizado em 1594 pelo Papa Clemente VIII.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
São Jacinto é conhecido pelo amor à Eucaristia e por arriscar a própria vida para não permitir que fosse profanada. Os muitos milagres e feitos extraordinários brotam do seu amor a Jesus na Eucaristia, reconhecendo-o como o Senhor da sua vida. Desse amor, dessa devoção brotam a evangelização e a pregação. Que a fé vivida e compartilhada de São Jacinto seja um exemplo para cada um de nós, para que a partir do nosso encontro com o Senhor possamos pregar com zelo o Evangelho a todos.

Oração:
Oh Senhor, que todos os anos nos alegrais com a festa do vosso santo confessor Jacinto, concedei-nos que, enquanto celebramos a sua festa, imitemos também as suas ações. Por Cristo, Nosso Senhor, amém.
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16 de Agosto

16de Agosto – São Roque  –
Roque nasceu por volta do ano de 1295, provavelmente em Montpellier, na França. O sobrenome do pai era Rog, daí o nome Roque. Tinha como sinal de nascença uma cruz no peito. A família era nobre e abastada, e sua vida foi consequência de muitas orações da sua mãe, que, já mais idosa, ainda não tinha filhos. Suas preces a Nossa Senhora foram atendidas, e Roque foi educado na devoção à Santíssima Virgem.

A época era de grandes dificuldades. Disputas internas e externas na Igreja tinham levado o papado de Roma para Avignon, no sudeste da França (em 1305, com Clemente V), onde ficou por 70 anos. Graves heresias confundiam e afastavam os fiéis: os cátaros ou albigenses (que propunham entre outras coisas a existência de dois deuses, um bom e um mal), os patarinos (“perturbadores”, heresia surgida em Milão a partir de críticas válidas à simonia na Igreja – “venda” de bênçãos – e que se desvirtuou em fanatismo intolerante contra a validade dos Sacramentos ministrados por sacerdotes que não fossem “puros”, entre outros aspectos), os valdenses (de Pedro Valdo, a partir de Lyon, França, que só admitia a pobreza absoluta e negava a autoridade papal, entre outros pontos), os beguardos (provavelmente da palavra saxônica beg, mendigar; inicialmente em Flandres, região que fica atualmente quase toda na região da Bélgica, era um movimento de mulheres cenobíticas, que se desvirtuou em movimentos que só admitiam a mendicância e não aceitavam a autoridade papal). Por fim, grassava a peste negra (a maior pandemia da História, de peste bubônica, de origem bacteriana, que dizimou entre 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, com maior surto entre 1347 e 1353 na Europa).

Órfão dos pais aos 15 anos, Roque herdou grande fortuna, mas para viver como o Cristo, na pobreza, confiou todos os bens a um tio e seguiu como mendigo para Roma. No trajeto, demorou-se em várias localidades para socorrer vítimas da peste negra, que muitas vezes viviam em povoados isolados para não contaminar os demais, apenas esperando a morte. Roque adquiriu o dom da cura e operou inúmeros milagres. Depois de dois anos chegou à Cidade Eterna, onde passou três dias rezando diante dos túmulos de São Pedro e São Paulo. Cuidou dos doentes ali por três anos, e inciou o regresso para casa pelo mesmo caminho anterior. Em Piacenza, novamente auxiliando os empesteados, foi contaminado. Decidiu então retirar-se sozinho para um bosque, próximo a Sarmato, entregando-se à Providência divina.

Diariamente, um cachorro passou a lhe trazer um pão. O seu dono acabou por seguir o animal, que regularmente se ausentava, e encontrou Roque, a quem ajudou. O santo ficou curado por intercessão divina, e dispôs-se a continuar sua viagem para Montpellier. Em Aguapendente, região da Toscana, na Itália, a sua simples presença curou a epidemia em toda a cidade, o mesmo acontecendo em Cesena e outros lugares. Muitos eram curados simplesmente quando Roque lhes fazia o sinal da cruz.

A região de Montpellier estava em guerra, e Roque, nas proximidades, foi tomado por espião e encarcerado. Durante cinco anos, apesar dos sofrimentos e humilhações, pregou e converteu outros prisioneiros, auxiliando-os como podia. Em 16 de agosto de 1327, foi encontrado morto na cela. O carcereiro, que era manco, tocou-o com o pé para verificar se apenas dormia, e ficou imediatamente curado. Ao prepararem o corpo para o sepultamento, foi identificado pela marca da cruz no peito.

No Concílio de Constance, Suíça (1414 – 1418), tendo os participantes sido acometidos pela peste negra, foi proposta uma procissão pública penitencial, sob a proteção de são Roque. Antes mesmo de terminada, todos estavam curados.

São Roque é invocado como padroeiro contra as pestes, dos inválidos, e também dos cachorros.

No Brasil, principalmente por conta dos imigrantes italianos, várias são as dioceses, cidades e igrejas dedicadas ao santo, e justamente na cidade de São Roque, interior de São Paulo, encontra-se a principal Igreja a ele consagrada, com uma relíquia do seu braço.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Muitos santos medievais, pertencentes à nobreza, renunciam inteiramente à sua condição social para se dedicar a Deus, como São Roque. Isto aconteceu não somente na Idade Média, mas posteriormente e até hoje, mas talvez não tenhamos muitas notícias destes fatos no turbilhão de informações caóticas no qual estamos estonteados; e/ou também porque os frutos de santidade não são tão evidentes. O paradoxo da nossa “era da comunicação” é que a maioria dos conteúdos compartilhados nos tornam povoados isolados, pois o que é mundano separa, e a Boa Nova, que une, é combatida como uma peste. Muito necessário e apropriado ao povo de Deus seria organizar e participar de procissões públicas invocando a proteção divina contra as doenças heréticas e materialistas que nos atacam… de resto, a condição humana nos torna a todos contaminados com as consequências do Pecado Original, e por isso, como São Roque, precisamos nos retirar para um lugar interior isolado, onde recebamos diariamente o Pão Eucarístico que nos mantém vivos, até ficarmos curados pela ação divina. Neste mundo somos tomados por espiões inimigos, porque de fato não pertencemos a ele; mas enquanto estamos aqui encerrados, devemos cuidar do próximo, mesmo se somos humilhados e maltratados. Não podemos esquecer que a simples presença do Senhor tem o poder de nos curar dos males presentes, se permanecermos na Fé.

Oração:
Senhor Deus, Médico dos Médicos, que nos destes a cura do pecado pela Redenção de Jesus, concedei-nos que por intercessão de São Roque sejamos efetivamente encontrados mortos para este mundo, e ao voltar para a nossa verdadeira moradia Celeste numa jornada de amor e auxílio ao próximo, nos reconheçam à Vossa porta por termos carregado, no trajeto, o sinal da Cruz marcado no coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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15 de Agosto

15 de Agosto = Assunção de Nossa Senhora e São Tarcísio  – 

 A Virgem Maria está associada plenamente à Paixão de Jesus Cristo, Seu Filho, e por isso também Ela passou pela morte corporal, para ressuscitar como Ele. Contudo, como Mãe de Deus, teve o privilégio de não ter o corpo maltratado ou corrompido. Entende-se que após Sua morte Ela foi imediatamente elevada ao Céu, sem qualquer dano físico. De fato, até o século VII a igreja comemorava a Sua entrada no Céu como a festa da “Dormição” de Nossa Senhora, uma referência à suavidade do Seu falecimento, oficializada no Oriente por edito do imperador bizantino Maurício; neste mesmo século, em 687, passou a ser comemorada também no Ocidente pelo Papa Sérgio I, de origem oriental.

No século VIII o nome mais explícito de “assunção” passou a ser adotado. “Assunção” e não “ascensão”, porque Ela, ao contrário de Jesus, não subiu ao Paraíso por Seu próprio poder, mas sim pelo poder de Deus. O Dogma da Assunção de Maria foi proclamado em 1950 pelo Papa Pio XII, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Supõe-se que Nossa Senhora estivesse com idade entre 50 e 60 anos quando faleceu, muito provavelmente antes da dispersão dos Apóstolos e da perseguição promovida por Herodes Agripa no ano 42 ou 44. Uma antiga tradição indica como local a mesma casa da Última Ceia e da descida das línguas de fogo do Espírito Santo sobre os Apóstolos (cf. Mt 26,17-19 e At 2,1-4), e que os anjos Gabriel e Miguel a levaram ao Céu. São Bernardo e São Francisco de Sales sugerem que Maria morreu de amor, pelo desejo de estar diretamente com Jesus; que este tenha sido um dos motivos é mais que provável, mas o certo é que Deus A levou apenas quando a Sua missão nesta Terra foi completada – após a Ascensão do Senhor, Nossa Senhora ainda muito teve que auxiliar os Apóstolos e a Igreja Católica que nascia como instituição.

Esta Igreja crescia sob cruéis perseguições, como anunciara o Cristo (“Se o mundo vos odeia, lembrai-vos que Me odiou antes. (…) Lembrai-vos do que Eu vos disse: o servidor não é maior do que o seu mestre. Se a Mim Me perseguiram, também a vós perseguirão”, cf. Jo 15,18.20). Em 257 ocorreu a nona perseguição do Império Romano aos cristãos, sob o imperador Valeriano, e neste “século dos mártires”, sob o pontificado de Sisto II, mártir, também martirizado foi São Lourenço, seu diácono e muitos outros.

A Igreja de Roma contava então com 50 sacerdotes, sete diáconos e cerca de 50 mil fiéis, quase todos dizimados por ódio à Fé. Os fiéis presos desejavam a Comunhão antes de morrer, mas o acesso a eles era praticamente impossível e extremamente perigoso. Nesta circunstância Tarcísio, um jovem de 12 anos acólito do Papa Sisto II, ofereceu-se para tentar levar a Sagrada Eucaristia aos que esperavam a execução, alegando que a sua juventude não despertaria suspeitas. O Papa o admoestou, mas, confiando no seu valor, entregou-lhe um recipiente com Hóstias Consagradas para os encarcerados.

Durante o trajeto, alguns rapazes o interromperam por qualquer pretexto, e notando que ele procurava continuar, quiseram saber por que e em seguida o que ele levava na mão. Tarcísio não respondeu e logo eles se tornaram violentos, tentado abrir-lhe a mão à força, e começando a lhe bater e apedrejar. Contudo ele segurava as Hóstias com tal firmeza que não foi possível tomá-las, mesmo quando caiu ao chão. Há duas versões dos acontecimentos seguintes. Uma diz que Tarcísio morreu ali e nada foi encontrado com ele, pois seu corpo havia se tornado um com a Eucaristia, uma única hóstia imaculada, oferecida a Deus; outra diz que Tarcíso foi socorrido por um oficial ou soldado romano, cristão, chamado Quadrato, a quem entregou as Hóstias antes de morrer. O certo é que seu corpo foi recolhido por um militar romano, ocultamente cristão, e sepultado nas catacumbas.

O Papa Dâmaso I (366-384) mandou colocar no seu túmulo a data da sua morte, 15 de agosto de 257, e a seguinte inscrição: “Enquanto um criminoso grupo de fanáticos se atirava sobre Tarcísio que levava a Eucaristia, o jovem preferiu perder a vida, antes que deixar aos raivosos o Corpo de Cristo”.

 São Tarcísio é o Padroeiro dos Coroinhas ou Acólitos, isto é, dos que servem no altar ajudando o sacerdote durante a Missa.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A glorificação imediata da alma e do corpo de Nossa Senhora, na Assunção, é a recompensa pelas Suas virtudes e participação direta e única na corredenção da Humanidade, por meio dos Seus sofrimentos semelhantes aos do Cristo: a mais perfeita participação na missão de Jesus merece a mais perfeita participação na Sua glória divina. Assim, a honra e o poder (de intercessão) de Maria Virgem no Céu só é menor que os da Trindade. Seu título de Mãe de Jesus A torna igualmente Rainha do Céu e Mãe da Igreja (que é o Corpo Místico do Seu Filho), portanto, igualmente, de todos nós, irmãos de Cristo e membros do Seu Corpo. Como Mãe de Jesus, é igualmente a única Medianeira de todas as graças, porque da mesma forma que Cristo veio a nós por Ela, também só por Ela, por Sua humanidade igual à nossa, somos irmãos de Jesus Encarnado. Não podemos ter acesso a Cristo a não ser por meio da Mãe que no-Lo dá. Nesta mesma identificação de criatura, de humanidade com Maria, a nossa possível ressurreição ao Céu fica Nela garantida: Assunta, Ela conduziu à plenitude a expectativa humana da vitória definitiva sobre a morte e o mal. A Sua honra transborda para todo o gênero humano, e por isso a Igreja – nós – nos alegramos, tanto por Ela quanto pelo que Ela obteve para nós. A corredenção de Maria na nossa Salvação não terminou com a Sua Assunção, mas continua por Suas orações e intercessão, de modo eminente e eficaz porque o Filho não pode negar à Sua Mãe o que poderia nos negar se Lhe pedíssemos diretamente: por amor e obediência filial, atende às nossas súplicas por Ela purificadas e tornadas dignas de serem atendidas. O servidor não é maior do que o seu mestre… Maria, São Tarcísio, e nós, temos passagem obrigatória pela morte física (a menos que Deus determine de outra forma por exceção). O fundamental é que, como Maria e Tarcísio, estejamos unidos a Cristo neste momento: em comunhão com Ele. A união de Nossa Senhora com Jesus é única e não pode ser repetida, está num grau de perfeição inalcançável a qualquer outra criatura, anjo ou ser humano. Mas podemos ser santos num grau heroico como São Tarcísio, se esta for a vontade de Deus para nós e se correspondermos a esta Sua graça. No caso de São Tarcísio, a comunhão foi espiritual e física, pois estava literalmente abraçado ao Senhor na hora da morte… A consciência de que portava o Corpo de Cristo, vivo, e não um pão qualquer, como parte da sua decisão de correr o risco e responsabilidade que isto implicava, deixa claro que a maturidade espiritual do acólito de 12 anos no amor pelo Sagrado era de idade muito mais avançada do que os seus poucos anos no físico. Ele realmente entendeu que conservar no coração a graça de Deus vale mais do que conservar todos os bens criados, inclusive a própria vida, e que no seu caso não apenas a graça do Senhor, mas Ele mesmo!, estava nos seus braços. Por isso não hesitou em sofrer o martírio, que São Tomás explica ser, “por natureza, o mais perfeito dos atos humanos, como sinal do mais alto grau de amor” (Suma Teológica II-II, 124, 3 c.). Se oferecer a própria vida por outra pessoa, como fez por exemplo São Maximiliano Maria Kolbe, já é martírio que chama mais a atenção do que a morte por si mesmo, o que pensar de quem oferece a vida pela integridade do próprio Cristo vivo, presente diretamente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade? Ao menos somos cuidadosos e respeitosos com as Hóstias Consagradas que estão nos sacrários das igrejas, e que comungamos? Realmente nos preocupamos em não deixar cair nem uma mínima das suas partículas, já que em cada uma delas está plenamente Jesus? Se não temos as mãos ungidas como os sacerdotes, e nem lavadas ritualmente como as deles, por que pretendemos ter a dignidade de receber o Senhor em mãos que até, talvez, tenham segurado pouco antes moedas e cédulas sujas (pelo manuseio constante e pouco higiênico por inúmeras pessoas) no Ofertório? Seríamos capazes de morrer para evitar a profanação de uma única migalha da Hóstia Consagrada? Sabemos que ela é o Cristo, vivo… Cremos realmente que é melhor morrer a cometer um único pecado mortal que seja? Se pais de Tarcísio, diríamos a ele o mesmo que a mãe dos Santos Macabeus? (“Meu filho, não temas este carrasco, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles”, 2Mc 7,29). Porque os pais católicos têm que saber que a vida sobrenatural dos filhos, recebida no Batismo, é o que de mais precioso possuem, e que verdadeiramente mais vale que eles morram e vão para o Céu do que cometam um único pecado mortal. Não nascemos para este mundo, e tampouco devemos criar nossos filhos para ele. Os exemplos dos santos são admiráveis, mas não basta isso, é preciso imitar ao menos as virtudes que os fizeram agir. Se ainda não chegamos a essa disposição de entrega – talvez do próprio filho, como Deus Pai nos entregou Jesus –, convençamo-nos ao menos da necessidade de pedir a graça de querê-lo. “Porque Teu amor vale mais do que a vida” (Sl 62,4).

Oração:

Nossa Senhora, Mãe querida, que estais junto a Deus e sois o nosso único caminho para Jesus, obtende-nos Dele a graça de, como São Tarcísio, dar a vida a Seu serviço, pelo martírio se da vontade do Pai, ou pela fidelidade heróica ao Senhor nos afazeres do dia a dia. São Tarcísio, rogai por nós. Amém.
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14 de Agosto

14 – São Maximiliano Maria Kolbe  –

Raimundo (Raymond) Kolbe nasceu em Zdunska Wola, perto de Lódz, na Polônia, no ano de 1894, quando a Rússia ocupava o país. Seus pais eram operários, pobres materialmente mas ricos na Fé. Aos 13 anos entrou para o Seminário dos Frades Menores Conventuais Franciscanos em Lvov, cidade que por sua vez estava ocupada pela Áustria. Ali destacou-se pelo brilhantismo no estudo e intensa atuação.

Foi para Roma completar os estudos, e sua devoção à Virgem Maria o levou a fundar ali, em 1917, o movimento de apostolado mariano “Milícia da Imaculada”, cujos membros devem se consagrar à Virgem Maria e por meio Dela lutar pela edificação do Reino de Deus em todo o mundo, por todos os meios moralmente legítimos. Em 1918 foi ordenado sacerdote e adotou o nome de Maximiliano Maria, em homenagem a São Maximiliano e a Nossa Senhora. Voltou à Polônia para lecionar no seminário franciscano de Cracóvia.

Seu profundo amor à Santíssima Virgem e seu enorme empreendedorismo nas comunicações sociais se concretizaram na fundação, quase sem recursos, de uma tipografia em 1922, para a publicação da revista mensal “Cavaleiro da Imaculada”, cujo objetivo era difundir o conhecimento, o amor e o serviço a Maria como meio da conversão das almas a Cristo. A primeira tiragem foi de 500 exemplares; em 1939, já chegara a um milhão. Em seguida criou um periódico semanal, uma revista para crianças e outra para sacerdotes. Depois, uma rádio católica, cuja difusão chegou ao Japão. Em 1929, fundou a primeira “Cidade da Imaculada” no convento franciscano de Niepokalanów, e que viria a se tornar uma cidade consagrada à Virgem Maria.

Atendendo a uma solicitação do Papa, ofereceu-se como missionário em 1931, voltando em 1936 à Polônia como diretor espiritual de Niepokalanów. Com o início da Segunda Guerra Mundial, foi preso em 1939 pelos nazistas que invadiram o país e levado com outros frades para campos de concentração na Alemanha e na própria Polônia. Foi solto pouco tempo depois, no dia consagrado à Imaculada Conceição.

Em fevereiro de 1941 foi novamente preso e enviado à prisão de Pawiaak, de onde foi transferido para o campo de concentração de Auschwitz. Em agosto, um prisioneiro conseguiu fugir, e em represália os alemães sortearam dez presos para serem mortos cruelmente. Um destes era Francisco Gajowniczek, casado e com filhos, e que por causa da família desesperou-se. O padre Maximiliano Maria Kolbe ofereceu-se então para tomar o seu lugar, e o comandante aceitou.

Os condenados foram despidos e fechados numa cela pequena, úmida e escura, para morrer de fome e sede. Depois de duas semanas, além de dois outros de físico privilegiado, só Maximiliano permanecia vivo, por causa das orações e de estar habituado aos jejuns. Querendo desocupar a cela, os soldados alemães injetaram-lhes uma substância mortal, e faleceram em 14 de agosto de 1941.

O corpo do padre Maximiliano foi cremado e as cinzas jogadas ao vento. Antes ele escrevera uma carta na qual afirmava: “Quero ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”.

 São Maximilano Maria Kolbe é o Padroeiro do Século XX, Patrono da Imprensa e mártir da caridade. Na sua canonização, em 1982, estava presente Francisco Gajowniczek.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Vivemos numa Terra dominada por interesses estrangeiros aos de Deus… como quer que se apresentem, todos pretendem subjugar e comandar as almas, injetando nelas a substância mortal do materialismo. E para combatermos nesta guerra, com a intenção de vencer, não há outro exército ao qual nos filiarmos do que a Milícia da Imaculada, isto é, ao serviço de Nossa Senhora, pela Qual nos vem o Cristo e a Salvação, e pela Qual nos encontramos com Ele e o Reino de Deus. Como ensina a Igreja, não há outro caminho para chegar a Deus, a não ser Maria, Corredentora das almas com Jesus, inseparável Dele, Mãe Dele e nossa, com a missão justamente de interceder ao Seu Filho Redentor por nós, para que, por obediência amorosa a Ela, o Filho Se digne nos atender. Assim, a Igreja a reconhece como “Medianeira de todas as graças”, e inúmeros santos canonizados têm por ela uma devoção especial. São Maximiliano Kolbe foi um deles, e ciente de que só por Ela chegaremos a Cristo, pois só pela Mãe se pode ter o Filho, santificou-se também, e muito, pela devoção à Virgem e à sua divulgação. A sincera devoção a Ela é um sinal de predestinação da salvação, como ensinam São Boaventura, São Bernardo de Claraval e Santo Afonso Maria de Ligório. Só seremos soltos das prisões do pecado e da morte infinita pela intercessão de Maria, do mesmo modo como São Maximiliano Kolbe foi solto dos nazistas no dia consagrado à Imaculada Conceição. Seguindo seu exemplo, devemos nos concentrar nos campos de atuação apostólica, para sermos livres da tibieza e omissão, e o apostolado da Virgem é o caminho mais curto e seguro para levar as almas ao Céu. Na proposta da Milícia de Maria, na qual devemos ingressar, particular ação tem os Cavaleiros, tradicionalmente uma grande força dos exércitos cristãos na Idade Média, e que, especificamente na Polônia de São Maximiliano Kolbe, era o principal destaque militar até a Segunda Guerra Mundial. Associando os ideais elevados dos Cavaleiros medievais com a força de combate dos cavaleiros poloneses, o apostolado através da divulgação da revista “Cavaleiros da Imaculada” (editada até hoje e presente no Brasil) foi, junto com outras iniciativas, o modo de santificar os veículos de comunicação escrita no tempo de Kolbe, e bem representavam a pujança e alcance das cargas de cavalaria nos combates antigos. Atualmente, sem diminuir a importância da divulgação impressa, tanto os textos quanto imagens e áudios por via eletrônica chegam ainda mais longe, e este meio, de acordo com as intenções da “Nova Evangelização” proposta por São João Paulo II, deve ser também conquistado para Nossa Senhora. Os combates e guerras geram vítimas, e na batalha pela evangelização tombou mártir São Maximiliano. Mas, diferentemente da maioria dos outros mártires católicos, cuja morte foi em defesa individual da própria vida da alma, ele se ofereceu para morrer no lugar de outro – como Cristo Se ofereceu à Cruz por nós. Vivenciou assim o modelo mais perfeito de caridade: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Embora o martírio não seja necessariamente o chamado de Deus para todos, o católico tem que, por coerência à sua Fé, estar disposto a ele, a qualquer momento; mas estamos no caminho certo se oferecemos os pequenos martírios, mortificações, do dia a dia, para Deus, por Nossa Senhora: um sorriso sincero diante do mal humor alheio, uma esmola dada com amor, um esforço para não se atrasar para a Missa.

Oração:
Senhor Deus dos Exércitos, que nos protegeis pela Onipotência Suplicante de Vossa e nossa Mãe, concedei-nos por intercessão de São Maximiliano Maria Kolbe a sua mesma devoção e entrega a Maria, para que, despindo-nos do orgulho e prepotência que desejam conquistar este mundo, os troquemos pelo vigor do apostolado mariano, e montados nos ginetes das virtudes, no momento de desocupar a pequena cela deste corpo cavalguemos seguros para o Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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13 de Agosto

13 de Agosto – Santa Dulce dos Pobres  –

Nascida em Salvador, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes foi canonizada pelo Papa Francisco no ano de 2019, tornando-se a primeira santa brasileira. Recebe o título de Santa Dulce dos Pobres, em memória a sua vida completamente dedicada ao serviço dos mais necessitados.

Depois de sua formatura como professora, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Na toma de hábito escolheu o nome de Dulce em homenagem a sua falecida mãe e para recordar que foi no calor da família que brotou sua vocação religiosa e o amor desinteressado pelos mais pobres.

Mulher de saúde frágil, porém de coração forte e decidido, não regateou esforços e criatividade para ajudar a minimizar os sofrimentos dos irmãos mais desvalidos da sociedade baiana. Foi promotora de diversas obras sociais e amou com carinho de mãe a cada um dos pequenos a ela confiados por Deus Pai.

Dulce dos Pobres é conhecida como o anjo bom da Bahia, pois para muitos foi ajuda vinda dos céus em momentos de extrema pobreza e desamparo. Seu olhar terno e penetrante confortou doentes, órfãos, idosos e moradores de rua; suas mãos trabalhadoras deram sustento aos abandonados e descartados do nosso Brasil.
Colaboração: Yara Fonseca
Reflexão:
A santidade de Santa Dulce dos Pobres é um convite à caridade para todos os cristãos, especialmente para nós, brasileiros, que compartilhamos com ela a mesma cultura e desafios sociais. Nosso anjo bom foi mensagem de Deus para os desamparados, com suas palavras e ações foi rosto da misericórdia e amor providente de Deus Pai. Busquemos que seu testemunho desperte em nossos corações a atitude do bom samaritano que no caminho da vida socorreu ao irmão ferido.

Oração:
Santa Dulce, Anjo Bom do nosso Brasil, já que na vida terrena fostes enviada pelo Pai para socorrer aos pobres, imploramos a Deus que no céu sejais nossa intercessora e nos ajude a viver uma autêntica caridade para com todos, especialmente os mais necessitados. Intercedei para que nesta terra de Santa Cruz reine o amor de Cristo e a fraternidade universal. Que assim seja, amém.
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12 de Agosto

12 de Agosto – Santa Joana Francisca de Chantal  –

Joana nasceu no ano de 1572 em Dijon, na França. Ficou órfã de mãe muito cedo. Seu pai era presidente de uma seção política em Borgonha, e por intrigas sofreu muitas humilhações e pobreza, mas teve sempre um caráter exemplar, orientando a família na verdadeira Fé. Assim, com cinco anos, Joana respondeu a um calvinista que questionava seu pai a respeito da Transubstanciação: “O Senhor Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque Ele mesmo o disse. Se pretendeis não aceitar o que Ele falou, fazeis Dele um mentiroso”.

Aos 20 anos Joana se casou com o barão de Chantal, indo morar no castelo de Bourbillye. O casal teve quatro filhos, educados pelo seu santo exemplo. Ela era caridosa e humilde com todos, esposo, filhos e empregados. Instituiu a Missa diária para que todos estes participassem, e cuidou pessoalmente da educação religiosa dos seus servidores, bem como das suas necessidades materiais.

Um acidente de caça a deixou viúva aos 28 anos. Perdoando os responsáveis, dedicou-se à educação dos filhos, entre orações e trabalho. Por essa época conheceu o bispo de Genebra, futuro São Francisco de Sales, que se tornou seu diretor espiritual e a orientou para uma vida religiosa. Depois de nove anos de viuvez, tendo já as filhas bem casadas e o seu filho de 15 anos, herdeiro do baronato, sob a tutela do avô em Dijon, retirou-se para um convento.

No ano seguinte, 1610, fundou com São Francisco de Sales a Congregação da Visitação de Santa Maria (Irmãs da Visitação de Nossa Senhora, conhecidas também como “Salesianas” e “Visitandinas”), com o carisma do cuidado aos doentes. Foi sua primeira Superiora, acrescentando ao próprio o nome de Francisca. A partir de então devotou-se exclusivamente a esta obra. A primeira casa foi em Anecy; ela fundou mais 75, com o auxílio da sua fortuna.

Após um período de grande sofrimento por causa de uma febre, Joana faleceu em Moulins, aos 13 de dezembro de 1641. Neste ano já havia 90 casas da Ordem na França, e atualmente a obra está presente no mundo todo. Santa Joana Francisca de Chantal é venerada como modelo de perfeição em todos os estados de vida feminina – solteira, casada, mãe, viúva e religiosa.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Aceitar com perfeição qualquer coisa que Deus permitir na nossa vida, sem revoltas ou reclamações, não é algo fácil, e muitos não lidam bem sequer com as mudanças naturais da vida, como da juventude à maturidade e desta à velhice. É grande, portanto, o valor e o exemplo de Santa Joana, que em cada diferente estado de vida primou pela santidade. De fato, mesmo na infância deu corajoso e contundente testemunho de Fé sobre a Transubstanciação para um herege. Transubstanciação essa que, por comprovação pessoal e direta, constatou-se como totalmente desconhecida por uma criança, de família católica, há dois dias de receber a Primeira Comunhão… isto depois de dois anos de, digamos, “catequese”, numa paróquia com presença normal de padres e pastorais diversas. É criminoso, diante de Deus, fechar os olhos à decadência e desvios dentro da Igreja atual. Urge que os religiosos e as famílias católicas, conscientes, rezem e trabalhem na prática para uma sã renovação espiritual, pois o Corpo Místico de Cristo está seriamente doente, com vários membros em processo de gangrena. Não surpreenderá que, eventualmente, tenham que ser amputados. Oração, penitência, firmeza e não tibieza, amor a Deus e não respeitos humanos, coragem e não omissão, formação séria e não comodismo, assumir a evangelização e não delegá-la a quem não tem condições de fazê-la, estas as necessidades atuais da Igreja, pela qual e da qual Santa Joana recebeu, e proveu inclusive aos seus empregados, o apostolado da palavra e do exemplo.

Oração:
Deus e Pai de amor, que para nos instruirdes na Verdade não poupastes a vida do Vosso próprio Filho, concedei-nos por intercessão de Santa Joana Francisca de Chantal a disposição de nos santificarmos em todas as situações que nos permitis vivenciar, e nos dedicarmos, à imitação do carisma da sua Congregação, à cura dos doentes, principalmente os da alma, com nossas orações, sacrifícios, evangelização e fidelidade total aos Vossos ensinamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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11 de Agosto

11 de Agosto -Santa Clara  –  

Clara (Chiara) d’Offreducci nasceu em Assis, Itália, no ano de 1193. Sua família era rica e nobre, seu pai um conde. Teve dois irmãos e duas irmãs, as quais mais tarde, junto com a mãe já viúva, se tornariam religiosas franciscanas. A família se mudou para Corozano; e depois para Perugia, fugindo dos tumultos de uma revolução.

Desde jovem Clara era conhecida por sua religiosidade e recolhimento. Aos 18 anos, ouvindo uma pregação quaresmal de São Francisco de Assis, ela entendeu intensamente a sua vocação e lhe pediu ajuda para viver também como ele “segundo o modo do Santo Evangelho”. Mas a família desejava para Clara um casamento vantajoso, e assim ela fugiu de casa com uma amiga, Felipa de Guelfuccio, para encontrar com São Francisco na capela de Santa Maria dos Anjos em Porciúncula (onde nasceram as Ordens de São Francisco – Franciscanos – e de Santa Clara – Clarissas).

Ali ela fez os primeiros votos da fraternidade menor dos franciscanos, tendo os cabelos cortados pelo próprio São Francisco como sinal do voto de pobreza e exigência da vida religiosa, na tarde do domingo de Ramos de 1211. Monaldo, tio de Clara, foi enviado pela família para buscá-la, mas diante da sua recusa e da condição indicada pelos seus cabelos cortados, desistiu.

Clara foi encaminhada para um mosteiro das beneditinas. Vendeu seus pertences, incluindo o dote de casamento, e distribuiu o valor aos pobres. São Francisco se tornou seu diretor espiritual, e em 1212 ambos fundaram a segunda Ordem franciscana, ou Clarissas, para as mulheres.

Catarina, irmã de Clara, fugiu também para o convento, com 15 anos, e Monaldo foi outra vez enviado para buscar uma sobrinha. Chegou a amarrá-la com a intenção de a carregar, mas Clara, vendo o sofrimento da irmã, pediu ao Senhor que interviesse, e Catarina ficou tão pesada que ninguém conseguia movê-la. Monaldo, novamente, desistiu.

As Clarissas ficaram temporariamente no convento de Santo Ângelo de Panço, mudando-se definitivamente para o Santuário de São Damião em Assis. Um breve relato do estilo de vida franciscano ficou registrado pelo bispo Santiago de Vitry: um grande número de homens e mulheres de todas as classes sociais, que “deixando tudo por Cristo, escapavam ao mundo. Chamavam-se frades menores e irmãs menores e são tidos em grande consideração pelo senhor Papa e pelos cardeais… As mulheres… moram juntas em diferentes abrigos não distantes das cidades.

Não recebem nada; vivem do trabalho de suas mãos. E lhes dói e preocupa profundamente que sejam honradas mais do que gostariam, por clérigos e leigos. Clara preocupou-se especialmente com a radicalidade da pobreza material associada à confiança plena na Providência divina. Por este motivo obteve do Papa o Privilegium Paupertatis, pelo qual as clarissas de São Damião não podiam possuir nenhuma propriedade material. Esta extraordinária concessão do direito canônico da época foi uma confirmação do quanto era reconhecida a santidade de vida destas clarissas.

A invasão muçulmana à Europa gerou carências também em Assis. Houve uma situação em que restava apenas um pão para as 50 irmãs do convento. Clara mandou a cozinheira dividi-lo em 50 pedaços e confiar em Deus – e surgiram dezenas de pães que sustentaram a comunidade por vários dias: “Aquele que multiplica o pão na Eucaristia, o grande mistério da Fé, por acaso Lhe faltará o poder para abastecer com pão Suas esposas pobres?”, comentou Clara. Metade dos pães foi enviado aos frades.

Os Papas Inocêncio III e Inocêncio IV a visitavam, bem como cardeais e bispos, para lhe pedir conselho.

Numa das visitas do Papa Inocêncio III ao seu convento, este pediu que ela abençoasse os pães da refeição, o que ela fez traçando sobre eles o sinal da Cruz mesmo a contragosto, pois pensava que este ato era um direito do Papa. Imediatamente cada pão ficou marcado com uma Cruz.

O maior milagre de Santa Clara em vida, porém, talvez tenha sido o da expulsão dos muçulmanos sarracenos que tentaram invadir o convento. Ela se apresentou diante deles com o Santíssimo Sacramento no Ostensório, diante do qual eles foram tomados de pânico e fugiram, sem fazer mal algum.

Já muito doente, e depois da morte de São Francisco, Clara desejou ir a uma Missa na igreja que recebera o nome do santo, mas sua condição de saúde a impedia. A celebração então foi como que projetada na parede da sua cela, de modo a que ela a pudesse acompanhar. O seu relato deste fato foi confirmado por pessoas presentes à referida Missa, da qual Clara reproduziu detalhadamente as palavras do sermão e outras ocorrências durante a cerimônia.

Mesmo acamada, Clara rezava, bordava e costurava, sem cessar. Faleceu em 11 de agosto de 1253 no convento de São Damião, após 27 anos de doença e 60 de idade. É a primeira e única mulher na Igreja a escrever uma Regra para uma Ordem religiosa. As Clarissas já se tinham espalhado em grande número nesta data. Sua canonização foi extraordinariamente rápida, depois de somente dois anos.

 Santa Clara de Assis é a Padroeira da Televisão, por causa da Missa que lhe foi miraculosamente projetada na parede.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Desde a infância, Clara teve a salutar experiência de fugir das revoluções deste mundo, para buscar a estabilidade de uma vida fixada em Deus. Como São Francisco, não o fez senão com esforço evangélico, abandonando a casa, a família e os bens: “Quem ama pai ou mãe mais do que a Mim não é digno de Mim. Quem ama filho ou filha mais do que a Mim não é digno de Mim. Quem não toma sua cruz e não Me segue não é digno de Mim” (Mt 10,37-38). A seriedade com que assumiu esta decisão, e que a levou ao privilégio de nada possuir… a não ser Cristo, é admirável e inspiradora. Mas certamente não todos têm vocação franciscana ou a das clarissas, então, como seguir este exemplo maravilhoso e verdadeiro? Trata-se de, mesmo possuindo bens, não se apegar a eles. A capacidade de se desapegar das coisas e dos interesses materiais pode ser vivida e cultivada por qualquer pessoa, com a graça de Cristo, ainda que isto seja um esforço constante – e esta perseverança também leva à santidade. Muitos ou poucos bens, o saber partilhá-los é que tem valor diante de Deus. De nada adianta ter por exemplo um só par de calçados, se o dono tem a disposição e intenção de matar um irmão para não os perder… Nada pode ser mais significativo para a nossa vida espiritual, e se for o caso também para a física, do que imitar o seu gesto de afugentar o inimigo com a Eucaristia! É uma bela e prática síntese da vida católica, estar em comunhão com Deus, e nesta vida não existe outra forma de proximidade maior com Jesus do que no Santíssimo Sacramento. Missa, Comunhão frequente e Adoração Eucarística habitual são o centro da vida na Igreja, e nunca serão suficientemente enfatizadas a sua importância e necessidade vitais. Que a lembrança de Santa Clara diante dos sarracenos nos torne sempre mais empenhados em buscar o Senhor, Transubstanciado sob as espécies do pão e do vinho, ao longo da vida, dia a dia. Deus quer abençoar todas as atividades humanas, incluindo as suas invenções. Por isso Clara é padroeira da Televisão, e pode-se dizer, por extensão, de outros veículos de imagem semelhantes. Mas o que oferecemos por meio deles? As primeiras atividades televisivas no Brasil, que não ocupavam como hoje 24 horas de transmissão, iniciavam-se às 18h00, hora do Angelus, justamente com esta oração. Será preciso comentar sobre o conteúdo televisivo atual? Muito poucas são as emissoras católicas (e nem todas as suas programações estão isentas de críticas sérias, particularmente a postura de certos clérigos), e em geral poucos são os programas que não oferecem um conteúdo com visões morais ambíguas ou frívolas, para dizer o mínimo. A grande maioria se inspira no mundano (e no diabólico, com maior ou menor disfarce). Ora, que o mundo ofereça a sua podridão, não é novidade ou espanto; mas que muitas pessoas que se dizem de fé não tenham discernimento e os assistam, permitindo e incentivando inclusive que também as crianças o façam, é assustador. Programas não assistidos não serão mais produzidos. Há muitas atividades que enriquecem a vida e distraem saudavelmente; este tipo de podridão mundana é um dos “bens” dos quais é preciso se desapegar, porque absolutamente não há como conciliá-los com a busca da Verdade e da santidade.

Oração:
Senhor, que projetas para nós a Salvação e não a condenação infinita, concedei-nos por intercessão de Santa Clara ficarmos inamovíveis para tudo o que nos quer afastar de Vós, e que o peso da confiança na Vossa Providência nos leve a entregar sem medo e com tranquilidade todas as nossas necessidades, de pão material e principalmente do Pão Eucarístico, em Vossas amorosas, sábias e protetoras Mãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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10 de Agosto

10 de Agosto – São Lourenço  –  
Lourenço nasceu em Huesta, reino de Aragão (atual Espanha), em 225, recebendo dos pais cristãos excelente formação. Em função dela, decidiu mudar para Roma, centro do Catolicismo, embora esta ainda estivesse numa fase de transição entre o passado idólatra e a realidade da Cátedra de Pedro. Seu santo zelo o destacou aos olhos do Papa São Sisto II, que o tornou diácono e seu auxiliar, responsável por um centro dedicado aos pobres.

Logo foi nomeado arquidiácono, o principal entre os sete da igreja em Roma. O diaconato, desde o tempo dos Apóstolos (cf. At 6,1-6), implica na administração de bens da Igreja, como o dinheiro necessário para a vida dos os clérigos e auxílio aos necessitados, o cuidado dos paramentos e objetos de culto, e ações como a distribuição da Eucaristia, isto é, um cargo de alta responsabilidade, ao qual Lourenço correspondia com rara prudência e vigilância, humildade e honestidade absoluta. Não muito depois de assumir tais funções, o imperador Valeriano I iniciou uma duríssima perseguição aos cristãos, em 257.

No ano seguinte, o Papa Sisto II foi martirizado, por decapitação. A Tradição conta que, ante a sua condenação, Lourenço falou: “Meu pai, vais sem levar o teu diácono?”. E o Papa respondeu: “Meu filho, em poucos dias me seguirás”.

De fato, três dias depois do seu martírio, Valeriano exigiu que a Igreja lhe entregasse todos os seus bens. Lourenço teria então reunido os pobres e lhos apresentado, dizendo: “Estes são os bens e o tesouro da Igreja”. Foi então preso e condenado à tortura, na tentativa de apostasia. Na prisão, recuperou milagrosamente a vista de um cego, o que levou à conversão de Hipólito, o oficial romano responsável pelo cárcere. No dia seguinte, foi colocado sobre um cavalete, onde o esticaram de modo a lhe deslocar os ossos, e o açoitaram com cordas acrescidas de bolas de chumbo nas extremidades.

A serenidade de Lourenço durante o suplício levou à conversão de um soldado imperial, de nome Romano, que também foi martirizado pouco depois. Valeriano decidiu então queimar Lourenço vivo. Colocaram-no sobre uma grelha de ferro com carvão aceso por baixo, mas depois de certo tempo o diácono, sorrindo, disse aos torturadores: “Já podeis virar-me, desta lado já estou bem assado”. Diante dessa sua heroica serenidade e bom humor, ainda muitos dos presentes se converteram, fato narrado por São Prudêncio, seu contemporâneo, enquanto Valeriano, sempre mais colérico, mandou aumentar a intensidade do fogo.

 Por fim, Lourenço faleceu sobre a grelha, em 10 de agosto de 258. Ele é o padroeiro dos diáconos e da cidade de Huesca, na Espanha. São Lourenço tem a honra de ser mencionado na Liturgia da Santa Missa (Oração Eucarística I) e na Ladainha de Todos os Santos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Destacar-se aos olhos dos santos, especialmente de Deus Santo, e se colocar a Seu serviço, é evidência de um grande privilégio e direção certa nos caminhos desta vida. E este serviço não está direta ou obrigatoriamente relacionado a alguma função eclesiástica, é acessível em qualquer atividade ou situação da vida humana. Todos podemos e devemos servir a Deus e ao próximo, varrendo lixo ou governando, doentes ou saudáveis, jovens ou idosos. Mas sem dúvida os vocacionados religiosos estão no campo mais rico de trabalho espiritual, e os frutos que nele plantam e colhem devem ser os mais abundantes. O diaconato, possível também aos leigos, conforme a sua origem apostólica, é importantíssima no auxílio dos sacerdotes, de modo a que estes tenham tempo e condições para se dedicar ao que lhes é único, próprio, e fundamental, a administração dos Sacramentos; talvez falte a muitas paróquias quem possa administrar seus bens de modo a não sobrecarregar os padres com os cuidados materiais, o que, conforme as palavras bíblicas, “não está certo” (cf. At 6,2). São Lourenço se destaca também pelo bom humor, sempre agradável a Deus. Seu comentário sobre a grelha é prova disso, bem como a apresentação dos pobres ao imperador. Humor cheio de pureza e verdade, não malícia: de fato, os pobres são um tesouro da Igreja… mas é preciso compreender o sentido profundo desta ideia, atualmente muitíssimo deturpada ideológica e hereticamente. Os pobres, necessitados, que precisam da caridade e solicitude da Igreja somos todos nós, pois todos precisamos da ajuda de Deus. Sofremos, com maior ou menor intensidade, da chamada “pobreza de espírito”, um modo popular de se referir à mediocridade espiritual. Verdade é que as aparências chamem mais atenção para as necessidades materiais, e obviamente o cuidado destas é dever de todo católico; mas a pobreza material não significa falta de santidade, enquanto que a de espírito significa a ida para o inferno. A igreja não tem por missão resolver os problemas materiais do mundo, mas sim trazer a Salvação das almas, obra máxima do amor de Deus. Por este amor, derivatimamente, deve-se expressar a caridade material para com os pobres; mas isto é consequência, não causa da missão da Igreja, como muitos, confusa e/ou desonestamente, querem fazer crer. O fogo que nos deve consumir é o do Espírito Santo, que nos conduz prioritariamente para as necessidades de vida infinita do espírito, e não o do inferno, que aumenta de intensidade por meio daqueles que se preocupam acima de tudo com os bens materiais. “Lourenço”, do Latim Laureamtenens (“coroa feita de louro”), faz referência aos atletas vencedores da Antiguidade, cuja premiação era uma coroa trançada com as folhas desta planta. Lourenço foi vitorioso pela coroa do seu martírio, conforme ensina São Paulo: “Não sabeis que, nas corridas do estádio, todos correm, mas só um recebe o prêmio? Correi para receber o prêmio. Todo atleta se priva de tudo para ter uma coroa que se acaba; mas nós, para termos uma coroa que dura para sempre. (…) Mas castigo o meu corpo e o domino para que eu mesmo não venha a ser reprovado depois de ter pregado aos outros” (1Cor 9,25-28).

Oração:
Senhor, que nunca deixais de recompensar quem Vos coloca como prioridade nesta vida, concedei-nos pela intercessão de São Lourenço esticarmos sempre mais os nossos esforços para o bem dos irmãos, açoitando as tentações e concupiscências que nos querem cremar, e acendendo a Vós o incenso de toda boa obra, de modo a que sejamos laureados com vida no Paraíso, junto de Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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02 de Agosto

02 de Agosto – Santo Eusébio
Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, Itália, em 283. Seu pai morreu na perseguição aos cristãos do imperador Diocleciano, depois do que sua mãe o levou para Roma, onde completou seus estudos eclesiásticos. Foi ordenado sacerdote e eleito reitor na cidade, vivendo ali por algum tempo e mudando-se posteriormente para Vercelle (atual Vercelli) no Piemeonte. Foi consagrado bispo desta diocese entre 340-345.

Segundo Santo Ambrósio, ele foi o primeiro bispo do Ocidente a unir a vida monástica à clerical, convivendo com o clero numa vida inspirada nos cenobitas orientais, com o estudo dos santos livros, o serviço nas paróquias e trabalhando manualmente para prover a própria subsistência. Esta concepção inspirou as futuras comunidades de cônegos regulares na Igreja.

Em 355 participou, forçado pelo imperador Constâncio, ariano, do Concílio de Milão; previa que os hereges não aceitariam os decretos do Concílio de Nicéia (que condenavam o arianismo) e por isso perseguiriam Santo Atanásio, defensor da verdadeira Fé. De fato, sua participação foi exigida, mas somente depois que um documento contra Santo Atanásio já estivesse redigido, e apenas para obter nele a sua assinatura de concordância. Por se recusar a isto, foi exilado, inicialmente em Citópolis na Síria, onde foi cruelmente tratado pelo bispo ariano Patrófilo. Ali foi preso e isolado de comunicação com os católicos, sofrendo castigos físicos e psicológicos. Os protestos veementes do povo, ao tomar conhecimento do fato, levaram à sua libertação, e ele foi mandado para a Capadócia na Turquia, e de lá para o deserto de Tebaida, no Egito. Ficou ali até 362, quando o novo imperador, Juliano o Apóstata, permitiu que bispos presos retornassem às suas dioceses.

Contudo Eusébio ainda permaneceu no Oriente. Com Santo Atanásio, convocou o Sínodo de 362 em Alexandria, para novamente defender a Fé contra os arianos. Pregou depois em Antioquia e na Ilíria, voltando a Vercelle em 363. Ajudou então Santo Hilário de Poitiers na supressão do arianismo na Igreja Ocidental.

Faleceu em Vercelle em 1 de agosto de 371, e é considerado mártir da Igreja, em função não de morte cruenta, mas dos seus sofrimentos que incluíram exílios e torturas em defesa da verdadeira Fé.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Defender os santos e a santidade também nos santifica. Muitas são as heresias deste mundo, que sempre pressiona e pune os que buscam e vivem a Verdade e a convivência harmoniosa numa comunidade de obediência a Deus. Este mundo é de fato um exílio e um deserto, não nosso lar definitivo, e como Santo Eusébio devemos estar dispostos a não nos apegarmos e cedermos às propostas de uma passageira hospedagem – um hotel com uma ou muitas “estrelas” de qualidade – que inevitavelmente fechará suas portas e dos quais serão encerradas e pagas as contas. Ao contrário, para evitar o calor insuportável de um deserto e exílio definitivo, subamos à Barca de Pedro que é a Igreja Católica e sigamos a Estrela do Mar que é Nossa Senhora, assinando o nome de nossas almas somente no documento da Cruz salvadora do Senhor.

Oração:
Deus de amor e providência, que nos consagrastes para a vida celeste, Concedei-nos pela intercessão de Santo Eusébio resistir como ele aos conciliábulos do erro, de modo a que não permaneçamos ilhados de Vós num martírio infinito e inglório, mas pelo estudo dos santos textos, do serviço de caridade ao próximo e no trabalho de segurar nas nossas almas o alimento Eucarístico da verdadeira Vida, participemos do sínodo permanente a que nos convocais no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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01 de Agosto

01 de Agosto – Santo Afonso Maria de Ligório

Afonso Maria Antônio João Francisco Cosme Damião Miguel Ângelo Gaspar de Ligório nasceu em 1696, na aldeia de Marianella, cidade de Nápoles, Itália. Destes 11 nomes, Afonso era uma homenagem ao avô e ao trisavô; Antônio, João, Francisco e Gaspar homenageavam outros antepassados paternos; Cosme e Damião e Miguel Ângelo em função dos santos celebrados na proximidade de seu nascimento; e Maria por causa de Nossa Senhora, no sábado (dia tradicional da Santíssima Virgem) do seu batismo, dois dias após o seu nascimento.

Primogênito de família cristã, rica, nobre e numerosa, teve do pai o empenho na sua formação acadêmica e científica – ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura, música – e da mãe a educação na Fé. Quando ainda criança, o futuro São Francisco Jerônimo, ao abençoá-lo, profetizou: “Este menino viverá muito, muito; não morrerá antes dos 90 anos; será bispo e fará grandes coisas por Jesus Cristo”.

Participou desde pequeno de confrarias, grupos pastorais voltados para o crescimento espiritual. Aos 12 anos inicia a faculdade de direito, doutorando-se aos 17 em Direito Civil e Canônico. Neste mesmo dia, 21 de janeiro de 1713, fez o voto público de defender a verdade da Imaculada da Conceição de Maria: ““Eu, Afonso Maria de Ligório, humilde servo de Maria Sempre Virgem, Mãe de Deus, prostrado aos pés da Divina Majestade (…) proclamo firmemente com a boca que Vós (…) fostes objeto por parte do Todo Poderoso Deus, de um privilégio absolutamente único: Vós fostes inteiramente preservada da mancha do Pecado Original, desde o primeiro instante de Vossa concepção, ou seja, a partir do momento da união do Vosso corpo com a Vossa alma (…)”.

Trabalhou como advogado no Fórum de Nápoles, onde atendia a todos, mas dava preferência àqueles que não tinham como pagar. Em dez anos, desenvolveu uma carreira brilhante, sem perder uma única causa. Porém num caso de grande repercussão social, por motivo de um juiz corrupto sob influência política, foi injustiçado e perdeu a causa, o que o levou, desiludido, a abandonar a advocacia: “Ó mundo falaz, agora eu te conheço! Adeus tribunais!”

Decidiu-se então pela vida religiosa, apesar da inicial oposição do pai, que contudo, ao ver a alegria com que ele renunciou à herança e aos títulos de nobreza, aceitou sua vontade. Estudou Teologia e foi ordenado em 1726, aos 30 anos de idade. Dedicou-se à pregação e à orientação dos fiéis, especialmente no confessionário, e ao cuidado dos mais necessitados. Fundou as “Capelas da Tarde”, centros dirigidos por leigos para a oração, proclamação da Palavra de Deus, atividades sociais, educação e vida comunitária.

Por volta de 1729, num período de necessário descanso, viaja para Scala, uma região montanhosa, aonde conhece a realidade da pobreza material e espiritual da população do interior. Conheceu também a futura beata irmã Maria Celeste Crostarosa, ajudando-a na fundação de uma nova congregação de irmãs contemplativas, a Ordem do Santíssimo Redentor, em 1731. E ela mesma lhe diz que o “Senhor queria que ele deixasse Nápoles e viesse para Scala para fundar a congregação dos homens para a evangelização”.

De fato, ele se muda para lá, e sob a inspiração divina (a Virgem Santíssima lhe apareceu muitas vezes, orientando-o), fundou em 1732 a Congregação do Santíssimo Redentor, ou dos Padres Redentoristas, destinada, exclusivamente, à pregação aos pobres, às regiões de população abandonada, sob a forma de missões e retiros. Passou a viajar por quase toda a região sul da Itália pregando a Palavra de Deus e a devoção a Maria e escrevendo sobre temas ascéticos e teológicos. As casas da Congregação foram construídas em locais que permitissem o fácil acesso do povo, bem como o dos padres à população.

Seus primeiros congregados, em desacordo, o abondaram, mas posteriormente outras vocações surgiram, incluindo por exemplo São Geraldo e o Beato Sarnelli.

Três são as particularidades da atividade de Santo Afonso. Em primeiro lugar, a sua devoção à Imaculada Conceição, que desde o século IV era refletido e rezado: 140 anos antes da proclamação deste Dogma Mariano pela Igreja (em 1854), ele o defendeu e divulgou, inclusive através do voto pessoal citado acima. Também a sua produção literária, destacando-se suas contribuições para a Teologia Moral.

São 123 obras traduzidas em pelo menos 72 línguas, e acessíveis à população em geral, formando na piedade não apenas as pessoas já cultas. Seus livros mais conhecidos são “Tratado sobre a Oração”, “A Prática de Amar a Jesus Cristo”, “As Glórias de Maria”, “Visitas ao Santíssimo Sacramento” e “Teologia Moral”. Por fim, músico e pintor, usou destas formas de arte na evangelização com enorme sucesso. Compôs músicas ainda tradicionais na Itália, como “Dueto da Paixão” e Tu Scendi dalle Stelle – “Tu Desces das Estrelas”, esta uma canção natalina, e numerosos hinos.

Afonso foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Godos em 1762, aos 66 anos, por obediência, já que se entendia demasiado idoso e doente para o cargo. Mas por 13 anos dedicou-se à renovação dos sacerdotes e do seminário, das paróquias e do povo. Dizia que o dinheiro da diocese era para os pobres, sendo o bispo um administrador; chegou a dar auxílios mensais para moças, de modo a que não se prostituíssem por causa da pobreza. Numa situação de falta de alimentos, empenhou os bens da diocese para comprá-los e distribuí-los à população. Já como bispo, renovou sua consagração à Imaculada Conceição: “Minha Imaculada Senhora (…) juro defender este grande privilégio de Vossa Imaculada Conceição, e juro dar, se for preciso, a minha vida também”.

Em 1775, sofrendo muito com artrite degenerativa deformante, já paralítico e quase cego, teve a permissão de deixar o bispado, e foi residir no convento redentorista de Nocera dei Pagani em Salerno, onde ainda completou sua obra literária. Faleceu ali em 1 de agosto de 1787, com 91 anos.

Nesta época, já eram 72 as “Capelas da Tarde” por ele fundadas, com mais de 10 mil participantes ativos. E atualmente são mais de 5.500 redentoristas. Santo, historiador, apologeta, pregador, poeta e grande músico, foi proclamado Doutor (Zelosíssimo) da Igreja e Patrono dos Confessores e dos Teólogos de Teologia Moral.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Afonso” significa “apto para a nobreza” e “pronto para a luta”. Certamente Santo Afonso Maria de Ligório vivenciou a nobreza da alma e lutou o “bom combate” (cf. 2Tm 4,7-8), mas todos nós somos “aptos” e “prontos” para fazer o mesmo, pelas graças de Deus e pelo Batismo e demais Sacramentos. É da natureza humana, feita à imagem e semelhança de Deus, a prontidão para assumirmos a nossa nobreza espiritual e assim estarmos aptos para a luta pela santidade. Devemos porém desejar e escolher o que já temos na nossa própria constituição pessoal. Para isso, muitas vezes será preciso tirarmos um “período de necessário descanso” das agitações do mundo, buscando no silêncio, na oração e sobretudo junto a Nossa Senhora a compreensão do que Deus deseja que seja a nossa obra, a nossa “fundação” dentro da ordem que ele estabeleceu. Que não sejamos como os congregados, os chamados pelo Senhor – e estes somos todo nós – que, “em desacordo, O abondaram”, o que é sempre negarmos também a nós mesmos, ao que verdadeiramente somos e para Quem (não “o quê”) existimos. Como bispo, Santo Afonso tinha evidente a noção correta de que o clero está a serviço dos homens, seguindo o exemplo e o carisma que o próprio Cristo lhes deu: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Eu vos dei um exemplo, para que vós também façais como Eu fiz” (Jo 13, 14-15). Em contrapartida, assim como ao Cristo, devemos amar aqueles que o Pai nos deu como o Seu Filho, mestres e servidores na mesma pessoa, cumprindo assim a nossa parte de lhes lavarmos também os pés. Atualmente, em dias de crise, rezemos e façamos penitência para que todos os consagrados, em especial os ministros dos Sacramentos e autoridades eclesiásticas, usem da verdadeira arte da evangelização, na fidelidade a Jesus, para levar a redenção, a salvação, como verdadeiros redentoristas, aos mais necessitados, nós os pecadores.

Oração:
Senhor Deus, que nos destes o Vosso Primogênito da rica, nobre e numerosa família cristã que fundastes, concedei-nos pela intercessão de Santo Afonso Maria de Ligório advogar, como ele, pelos Vossos interesses, e não para a corrupção do mundo que leva a perder a causa da nossa existência, de modo a que possamos igualmente cantar com ele as glórias Vossas e de Maria no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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