31 de Agosto

31 de Agosto – São Raimundo Nonato  –

Raimundo nasceu na cidade de Portell, na região da Catalunha, Espanha, no ano de 1204, de família nobre mas sem grande fortuna. Sua mãe faleceu durante o trabalho de parto, e por isso ele foi chamado “Nonato”, isto é, “não-nascido”, já que foi retirado do corpo falecido da mãe. Possuía inteligência privilegiada, tendo facilidade nos estudos primários, e já adolescente descobriu sua vocação para a vida religiosa.

O pai não aprovava esta ideia, e o colocou para trabalhar num pedaço de terra da família, de modo a que ele desenvolvesse outros gostos. Mas no ambiente propício da solidão e silêncio do contato com a natureza, Raimundo se dedicava à oração e contemplação nas horas de descanso, sedimentando seu discernimento de entrar para a Ordem de Nossa Senhora das Mercês, fundada pelo futuro São Pedro Nolasco, seu amigo. O carisma da Ordem era voltado para a libertação dos cristãos escravizados pelos mouros muçulmanos.

Obtida, com dificuldade, a permissão paterna, Raimundo ingressou na Ordem em 1224, e nela foi ordenado sacerdote. Missionário, foi para a Argélia, no norte da África, conseguindo libertar e devolver às famílias 150 cristãos.

Voltou para a Europa com o encargo de conseguir do Papa a aprovação da Regra da sua Ordem, e depois tornou à Argélia. Como os recursos para os resgates escasseassem, ofereceu-se ele mesmo para ficar no lugar dos presos, e por mais de um ano sofreu no cárcere torturas e humilhações.

Como continuasse a evangelizar, evitando a apostasia de muitos dos companheiros, reconvertendo apóstatas e até convertendo alguns muçulmanos, os mouros o condenaram a ter a boca perfurada para a fixação de cadeados, de modo a que ele não pudesse mais falar. Como consequência, seu testemunho silencioso de fé, confiança, paz e oração converteu outros mais.

Por fim, liberto, voltou para a Catalunha em 1239, mas com a saúde abalada. O Papa Gregório IX, informado das suas obras apostólicas na Argélia, tornou-o cardeal e seu conselheiro em Roma, o que não agradou à sua humildade, mas o que aceitou por obediência. Raimundo preparou-se o melhor que pôde para a viagem, mas com a saúde precária foi atingido por uma febre fortíssima e, em Cardona, próximo a Barcelona, faleceu em 31 de agosto de 1240, com 36 anos. O seu túmulo passou a ser um centro de peregrinação por causa dos inúmeros milagres aí obtidos.

 São Raimundo Nonato é padroeiro dos nascituros, das gestantes na hora do parto, das parteiras e dos obstetras.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A natividade incomum de São Raimundo foi uma prefiguração do seu verdadeiro nascimento no Batismo, o qual nos faz realmente nascer da morte do pecado para a vida em Cristo. Esta vida tem que ser mantida, e sempre de novo gerada entre os que não O conhecem, ou resgatada naqueles que se deixaram prender no cárcere do mundanismo. Para isso, os recursos de Deus jamais escasseiam, e por isso sempre será possível encerrar as torturas da apostasia, e a humilhação de quem não quis obter para si mesmo a aprovação das regras da ordem divina. Os meios de que Deus dispõe para o nosso bem são infinitos, e mesmo as mais bárbaras oposições às obras de caridade não as podem impedir. Não se pode calar a boca de Deus, que sempre terá os meios adequados para a salvação, individual, de todos os homens de boa vontade. De fato, o apostolado é sempre algo pessoal, pois não são “massas” de homens que o Criador fez, mas sim gerou particularmente a cada filho Seu, cuidando de cada um como se fosse o único. E portanto para cada um há um caminho próprio de salvação, pelo qual Deus age naquela alma. A evangelização é divinamente criativa, e, como sugere nesse sentido uma frase usualmente atribuída a São Francisco de Assis, “é preciso evangelizar sempre, até com palavras”. (Talvez ele não tivesse formulado a ideia exatamente nesta forma, mas uma versão da sua regra explicita, por um lado, a proibição dos frades de pregarem sem consentimento, mas que “No entanto, todos os irmãos podem pregar pelas obras” (RegNB 17.1 e 3). Oferecer-se de algum modo para devolver à família de Deus, isto é, a Igreja, os que dela estão afastados, é um direito e um dever oriundos do mesmo Batismo que nos salva. Esta é a vida do cristão, faz parte do exercício da sua caridade. E há muitos, muitos, muitos os que dela necessitam. A começar, sempre, por nós mesmos, na confissão frequente.

Oração:
Senhor Deus infinitamente bom e misericordioso, que nos libertais da morte infinita pela obra da Redenção, concedei-nos por intercessão de São Raimundo Nonato a graça de abrirmos os cadeados do coração de modo a que, depois de receber-Vos nos Sacramentos, podermos dar à luz Cristo para os irmãos, na pregação e nas boas obras, e viajarmos para a morte neste mundo obedecendo ao chamado superior da Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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30 de Agosto

30 de Agosto – São Félix e Santo Adauto  –

São Félix e Santo Adauto são dois mártires cristãos que viveram por volta do ano 300, em Roma, durante a perseguição do imperador Dioclesiano. São considerados padroeiros dos perseguidos pela causa de Deus.

Como eles viveram nos primeiros tempos do cristianismo, pouco se sabe sobre as suas vidas. São Félix foi um sacerdote cristão romano que foi preso pelos soldados do imperador Diocleciano, um dos maiores perseguidores dos cristãos, simplesmente por se declarar cristão e exercer o seu ministério sacerdotal em Roma. Como não renunciou à fé em Cristo, foi condenado à morte.

Quando os soldados romanos levavam Félix para ser executado, um homem desconhecido apareceu e se declarou cristão. Determinados a exterminar cristãos, os soldados prenderam o homem e o levaram junto com São Félix.

Félix foi decapitado e depois, com a mesma espada, decapitaram o homem que tinha tido a ousadia de desafiar o decreto do imperador Diocleciano.

Ninguém sabia dizer quem era o homem. “Por isto, ele foi chamado somente de Adauto, que significa adjunto, aquele que recebeu junto com Félix a coroa do martírio”. Ainda segundo estas narrativas eles foram sepultados numa cripta do cemitério de Comodila em Roma, próxima da Basílica de São Paulo Fora dos Muros. O Papa Sirício transformou o lugar onde eles foram enterrados numa basílica, que se tornou um local de peregrinação.

Com o passar do tempo, o culto aos dois santos foi diminuindo até ficar quase esquecido pelos cristãos. Somente em 1903 a pequenina basílica dedicada a São Félix e Santo Adauto foi restaurada definitivamente.

A Igreja Católica celebra São Félix e Santo Adauto no dia 30 de agosto.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
O sangue dos mártires é a semente de cristãos”. Os mártires dos primeiros tempos da Igreja deram as suas vidas com coragem e alegria para mostrar a verdade de Cristo que é o nosso Senhor e Salvador. A fidelidade a Cristo, mesmo em meio às tribulações e perseguições, mostram para nós que vale a pena seguir o Senhor, abraçando a nossa cruz de cada dia. Que São Félix e Santo Adauto nos inspirem a viver a fé na vida cotidiana com a certeza de que só a Verdade nos fará livres!

Oração:
Concedei-nos, Ó Deus Onipotente, a graça de sermos sempre firmes na fé, e pela intercessão de São Félix e de Santo Adauto, dai-nos, Senhor, a graça que vos pedimos. Por Cristo Nosso Senhor, Amém.
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29 de Agosto

29 de Agosto – Santa Joana Maria da Cruz  –

Santa Joana Maria da Cruz, cujo nome de batismo é Jeanne Jungan, nasceu em 25 de outubro de 1792, em uma aldeia chamada Cancale, na França. É a fundadora da Congregação das Irmãzinha dos Pobres. É considerada a amiga e padroeira dos idosos.

Filha de José e Maria Jungan, era a sexta de oito irmãos, ficou órfã de pai aos quatro anos, sendo cuidada apenas pela mãe. Ela experimentou a pobreza e as dificuldades da vida, por isso, começou a trabalhar cedo como empregada na cozinha dos Viscondes de la Choue, para ajudar no sustento da família.

Com seu trabalho, ela ajudava a sustentar a família e ainda encontrava tempo para cuidar de idosos abandonados e pobres, reservando uma parte de seu salário para eles.

Joana acompanhava sua patroa, que era muito piedosa e católica, em suas visitas aos doentes e aos pobres. Aos 25 anos, Joana deixou sua cidade para ser enfermeira no Hospital Santo Estevão. Nesse meio tempo, entrou para a Ordem Terceira, fundada no século XVII por São João Eudes.

Em 1823, ela deixou o hospital e foi trabalhar como cuidadora de uma senhora de 72 anos de idade, Francisca Aubert Lecog, trabalho que fez por doze anos. As duas alugaram uma pequena propriedade junto com Virginia Tredaniel, uma órfã de 17 anos e fundaram uma comunidade católica de oração, começaram a dar catequese para as crianças e a cuidar de pobres e outros necessitados, até a morte de Lecog.

Joana começou uma campanha junto à população para conseguir dinheiro, conseguindo sensibilizar uma rica comerciante e, com essa ajuda, conseguiu comprar um antigo convento.

Este convento se tornou a casa mãe da nascente Congregação das Irmãzinhas dos Pobres, na qual Joana fundou o seu próprio carisma: “a doação como apostolado de caridade para com quem sofre por causa da idade, da pobreza, da solidão e de outras dificuldades”.

Joana morreu em 29 de agosto de 1879, na casa mãe de Pern, França. As Irmãzinhas dos Pobres tinham quase duas mil e quinhentas irmãs, com cento e setenta e sete casas em dez países. Ela foi sepultada na casa de Pern. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 3 de outubro de 1982 e canonizada em 11 de outubro de 2009, pelo Papa Bento XVI.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Santa Joana Maria da Cruz é um modelo para aqueles que cuidam dos pobres, dos doentes e dos idosos. Para todos os que se sentem ansiosos nestes tempos econômicos difíceis, ela oferece um convite a viver as bem-aventuranças, confiando na providência de Deus. Ela nos ensina a fazer tudo através do amor. Ela é uma santa amiga dos pobres e dos idosos! Que Santa Joana Maria da Cruz nos ajude a refletir em como a sociedade muitas vezes descarta os idosos e não reconhece o seu valor. Que através de sua intercessão, os idosos possam ser acolhidos e valorizados em toda a sociedade, mas principalmente dentro da Igreja.

Oração:
Jesus, alegrastes-Vos e louvastes o Vosso Pai por terdes revelado aos pequeninos os mistérios do Reino dos Céus. Nós vos agradecemos pelas graças concedidas à vossa humilde serva, Santa Joana Maria da Cruz, a quem confiamos os nossos pedidos e necessidades. (pausa para exprimir as necessidades e intenções pessoais) Pai dos pobres, nunca recusastes a oração dos humildes. Pedimos-vos, portanto, que escuteis as petições que ela vos apresenta em nosso nome. Jesus, por Maria, vossa Mãe e nossa, nós vos pedimos isto, que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, agora e para sempre. Amém. Santa Joana Maria da Cruz, rogai por nós.
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28 de Agosto

28 de Agosto – Santo Agostinho  – 
Aurélio Agostinho nasceu em Tagaste, antiga cidade da Numídia. atual Argélia no norte da África, no ano de 354. Filho primogênito de Santa Mônica e de Patrício, rude pagão que depois viria a se converter ao Catolicismo. Teve um irmão, Navígio, e uma irmã, Perpétua, que viria a ser religiosa.

Com inteligência superior, aos 11 anos estudou inicialmente em Madauro, perto de Tagaste. Aprendeu ali sobre literatura latina mas também sobre o paganismo local e romano.

Sua mãe o educara na Fé católica, mas a inconstância, o espírito de insubordinação e a impetuosidade de caráter de Agostinho a levara a adiar o seu batismo, com medo que ele viesse a profanar o Sacramento. E realmente, aos 16 anos, tendo ido estudar Retórica, Filosofia e Literatura em Cartago, adotou uma vida desregrada.

Seu pai tinha preocupação apenas em que tivesse boas notas, brilhasse nas festas sociais e se destacasse nas atividades físicas; com 17 anos, quando seu pai morreu, Agostinho estava corrompido pelo jogo e pela luxúria, e passara a seguir uma seita maniqueísta, onde há um deus bom e outro mau. O hedonismo, a ideia de que o prazer é o fim único da vida, o levou a juntar-se dois anos depois com uma mulher cartaginesa, da qual teve um filho, Adeodato.

Aos 20 anos, Agostinho era professor conceituado de Retórica em Cartago. Mas sua mente inquieta não estava satisfeita. Ao ler “Hortensius”, de Cícero, começou a buscar a sabedoria: “A felicidade – escreveu o grande romano – consiste nos bens que não perecem: sabedoria, verdade, virtudes”. Esta busca o levou a estudar e conhecer diferentes propostas filosóficas, ao longo do tempo. Em 382, procurando algo que o satisfizesse interiormente, e ao mesmo tempo querendo evitar as admoestações de sua mãe, usou de um estratagema para deixá-la no porto de Cartago, enquanto embarcava com a amante e Adeodato para Roma.

Lá teve apoio dos maniqueístas e abriu uma escola, mas já não estava satisfeito com esta seita. Em 384 obtém a cátedra de Retórica na corte imperial em Milão, onde passa a seguir o ceticismo. Nesta cidade estava o bispo Santo Ambrósio, cujos brilhantes sermões começaram a interessá-lo pela refinada técnica oratória e dialética. Ao aspecto intelectual foi acrescentado o espiritual, o conteúdo das pregações, e Agostinho começou a se questionar quanto ao Catolicismo.

Mônica já se mudara também para Milão, para estar mais perto do filho, e suas orações e lágrimas, partilhadas e orientadas por Ambrósio, de quem se aproximou, começaram a dar frutos. Atormentado, Agostinho leu tanto variadas obras filosóficas quanto a Bíblia, interessando-se pelos pensadores gregos e pelos ascetas cristãos. Mas ele buscava a Verdade, e seguindo um impulso interno – como uma voz interior, certamente uma moção do Espírito Santo – que lhe dizia “Pega e lê!”, abriu uma das cartas de São Paulo, em Rm 13,13-14: “Vivamos honestamente, como quem vive à luz do dia. Nada de comilanças ou bebedeiras, nem volúpias, nem luxúrias, nem brigas, nem rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos de Jesus Cristo e não tenhais preocupações com a carne, para satisfazer as suas concupiscências”. Estas palavras, e o que ouvira de Santo Ambrósio, o decidiram finalmente. Encerrou o relacionamento indecoroso de 13 anos com a amante, que voltou para a África, abandonou os vícios e maus costumes, e preparou-se para o Batismo. Tanto ele, aos 33 anos, como Adeodato, com 15, foram batizados por Santo Ambrósio na catedral de Milão, na Páscoa de 387.

Não muito tempo depois, Adeodato morreu, e Santa Mônica, junto com Agostinho e seu irmão Navígio, decidiram voltar para Tagaste. No porto de Óstia, próximo de Roma, Mônica, depois de constatar que a sua missão nesta vida fôra completada com a conversão do filho, é acometida por uma misteriosa e fulminante febre, falecendo em poucos dias. Agostinho depois escreveria dela: “Pela carne, me concebeu para a vida temporal, e pelo coração me fez nascer para a eterna” (“Confissões”, IX-8). Sepultada Santa Mônica, Agostinho seguiu para Tagaste, onde chegando em 388, junto com alguns amigos iniciou uma vida monástica com uma regra escrita por ele mesmo. Dedicavam-se à oração, à meditação, ao estudo da Bíblia e a obras de caridade.

Em 390 ou 391, o Bispo Valério de Hipona o ordenou sacerdote, e com o seu falecimento em 396, Agostinho foi aclamado pelo povo como seu sucessor. Por 34 anos fica à frente da diocese e desenvolve um trabalho portentoso, de alcance verdadeiramente católico, isto é, universal, e de verdade perene.

Agostinho foi um bispo sempre atento às necessidades espirituais e materiais dos fiéis, ensinando a Doutrina com toda a ortodoxia e combatendo heresias, e cuidando caridosamente dos pobres. Como mestre incontestável de espiritualidade, a demonstrou por palavras faladas e escritas, e por ações. A sua primeira comunidade deu origem a muitas ordens e congregações, masculinas e femininas, que seguiram as inspirações da Regra que escreveu para ela.

Segundo seu primeiro biógrafo, ele “deixou à Igreja um clero muito numeroso, assim como mosteiros de homens e de mulheres cheios de pessoas dedicadas à continência sob a obediência dos seus superiores, juntamente com as bibliotecas que contêm livros e discursos seus e de outros santos […]”. É considerado o mais profundo pensador do mundo antigo, bem como um dos mais importantes teólogos e filósofos da Patrística na Igreja, influenciando e iluminando até hoje o pensamento universal, divulgado na imensa obra escrita – mais de mil publicações – que deixou e que abarca os mais diversos temas filosóficos, doutrinais, apologéticos, morais, monásticos, teológicos e exegéticos. Além disso, muitas de suas homilias transcritas serviram de modelo e inspiração para os religiosos ao longo do tempo.

Santo Agostinho faleceu em Hipona, então sob invasão bárbara e perseguição aos católicos, em 28 de agosto do ano 430, com 76 anos. É Doutor da Igreja e um dos luminares da Patrística.

A sua incessante busca pela Verdade enriqueceu a Igreja, e sobretudo pelas suas obras a Idade Média teve acesso à antiguidade cristã. Seus escritos são fundamentais na formação de toda a cultura do Ocidente; segundo Paulo VI, “Pode-se dizer que todo o pensamento da Antiguidade conflui na sua obra e dela derivam correntes de pensamento que permeiam toda a tradição doutrinal dos séculos sucessivos”. Acima de tudo, Santo Agostinho é o Doutor da Graça não somente por ter ensinado como ela opera, mas porque é a prova mesma de como podemos – se o permitimos – ser totalmente transformados por ela: seu exemplo pessoal mostra como alguém que não tinha forças para deixar o pecado foi tomado e imerso na Graça de Deus: “porque é Ele próprio que começa, fazendo com que queiramos, e é Ele que acaba, cooperando com aqueles que assim querem”.

Das suas principais obras, que incluem “A Trindade” (em 15 livros), “O Livre Arbítrio” (em três volumes), “A Graça” (em dois livros, com sete partes no total) e “Comentários Bíblicos” (do Antigo e Novo Testamentos), talvez as amais conhecidas sejam “Confissões” e “Cidade de Deus”. A primeira (em 13 livros) é como que uma sua autobiografia espiritual e um hino de louvor ao Senhor, onde confessa tanto a sua miséria espiritual, dos seus pecados, quanto a grandeza de Deus, que o redimiu. A segunda (em 22 livros) trata da relação entre a Fé a política, retratada nas aspirações da alma e os desejos mundanos, e influenciou diretamente a Teologia cristã e o pensamento político ocidental. Foi escrita no contexto do saque de Roma pelos visigodos em 410, e das críticas pagãs de que Roma estava mais segura na época das divindades pagãs do que com o Cristo. Em resumo, mostra a Humanidade dividida (desde Adão e Eva, diríamos…) entre dois amores: o amor a si mesmo, “até à indiferença por Deus”, e o amor a Deus, “até à indiferença por si mesmo”.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
É da natureza humana buscar a Deus, porque somos Sua imagem e semelhança. Com maior ou menor sensibilidade, todos nós ansiamos por Ele, que é eterno, inesgotável e perfeito. Nesta procura, por causa das consequências do Pecado Original, a confusão do que é “perfeito” com o que traz sensações agradáveis em diferentes níveis da dimensão humana, como o físico, o racional, o emotivo, é uma tendência constante, e que exige um esforço, a partir do espiritual, o aspecto humano mais afim de Deus, para que saibamos distinguir estes apelos inferiores da Verdade, que é o próprio Deus (“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai sensação por Mim. Se conhecêsseis a Mim, conheceríeis também a Meu Pai. Desde já O conheceis e O tendes visto” (Jo 14,6-7), esclareceu Jesus aos Apóstolos, indicando também que é Um com o Pai, na Santíssima Trindade). “conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (cf. Jo 8,32): Perfeição – Verdade – Deus, Quem é nossa origem e fim, e o único no Qual encontraremos a felicidade e alegria, perene e completa, que percebemos e naturalmente buscamos naquilo que, nesta vida, percebemos como perfeito. Toda a vida de Santo Agostinho nos coloca diante deste drama essencialmente humano que é a busca ansiosa por Deus, pela plenitude da felicidade-perfeição, que é a Verdade da nossa existência; para o que fomos criados e foi perdido no Pecado Original, mas resgatado na Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus, Deus Encarnado exatamente para que pudéssemos ser resgatados: o preso e miserável não pode ser resgatar-se a si mesmo, precisa de alguém que ofereça por ele, e o Pecado Original prendeu o Homem na miséria, logo, é necessário outro ser humano, livre e rico, que o tire da prisão – mas quem, se a Humanidade inteira, na sua essência, está cativa? Jesus, Deus, Se encarna e Se oferece por nós (“porque é Ele próprio que começa, fazendo com que queiramos, e é Ele que acaba, cooperando com aqueles que assim querem”), e só por isso o desejo natural da perfeição pode ser de novo alcançado, se, libertado, o Homem não se entregar de novo à prisão, ao pecado, voluntariamente… O próprio Agostinho, depois de convertido, dá testemunho deste processo, que demorara a entender, na talvez mais famosa (com justiça) das suas citações: “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Estáveis dentro de mim e eu estava fora, e aí Vos procurava; e disforme como era, lançava-me sobre estas coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Mas Vós me chamastes (…) e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me, e comecei a desejar ardentemente a vossa paz” (“Confissões” X, 27, 38). Mas não basta a conversão, “Na vida espiritual, quem não avança retrocede” (São Padre Pio de Pietrelcina). A busca de Santo Agostinho é inerente e natural a qualquer outro homem, mas continuar avançando na vida de santidade, apesar de novas quedas e levantamentos, constantemente e sem desistir, é uma escolha pessoal. Da qual, naturalmente, seremos os únicos responsáveis pelas consequências nesta e na vida futura.

Oração:
Deus de infinita paciência, que por séculos preparastes a Redenção, e nos aguardais com amor assíduo, concedei-nos por intercessão de Santo Agostinho de Hipona a sinceridade da busca e da conversão a Vós, ao longo de toda a nossa vida, e a honestidade de perseverarmos sempre mais no crescimento da santidade, até que o amor por Vós chegue à indiferença por nós mesmos”. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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27 de Agosto

27 de Aagosto -Santa Mônica –
 Mônica nasceu em Tagaste, antiga cidade da Numídia. atual Argélia no norte da África, no ano de 332. Desde cedo dedicava-se ao cuidado dos pobres, que visitava frequentemente. Seus pais a casaram com Patrício, um pagão trabalhador mas colérico, infiel e dado ao jogo.

A sua sogra, também colérica, muito interferiu na vida do casal, tornando ainda mais infeliz a vida de Mônica, que tudo suportava pacientemente em Deus, pedindo em oração a conversão do esposo. Este, embora criticasse a caridade da esposa para com os necessitados, e a sua dedicação à oração, não a impedia, porém, de fazê-lo.

Com grande sabedoria, Mônica usou no seu casamento o que depois ficou conhecido num ditado popular: “quando um não quer, dois não brigam”; se ele estava de mau humor, ela procurava manter o bom humor; se ele gritava, ela se calava. Tal procedimento até hoje é receita para a manutenção da paz no lar. Assim evitava que o marido batesse nela, como era normal acontecer na época com outras mulheres.

Em 371, Patrício, após as muitas orações e sacrifícios de Mônica, converteu-se e se fez batizar, e também sua mãe. Um ano depois, ele morreu.

O casal tinha três filhos, Agostinho, Navígio e Perpétua, que veio a ser religiosa. Agostinho demonstrara desde a infância uma extraordinária inteligência, e por isso fôra enviado aos 16 para estudar Filosofia, Retórica e Literatura em Cartago. Quando Patrício morreu, Agostinho tinha 17 anos, e, por ter forte temperamento e nenhum apoio do pai para o lado religioso, que Mônica muito se esforçara para desenvolver, caíra já numa vida de vícios: jogo, mulheres, e adoção de uma seita maniqueísta. Mônica sofria muito com esta situação, chorava amargamente pelo filho no caminho da perdição eterna. Por ele, aumentava sempre mais as orações e penitências.

Em Cartago, Agostinho progredia como brilhante professor de Retórica. Incomodava-o porém as admoestações da mãe, e por isso, enganando-a, embarcou primeiro para Roma e depois para Milão, onde continuou seu trabalho docente. Mônica não desistiu, e foi encontrá-lo naquela cidade. Por este tempo, Agostinho já vivia numa união irresponsável com uma mulher e tinha um filho, Adeodato.

Querendo aperfeiçoar-se na arte da Retórica, Agostinho passou a ouvir os sermões de Santo Ambrósio. Este bispo, em conversa com Mônica, lhe dissera: “Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”. E, tocado pelas pregações de Ambrósio, Agostinho acabou por se converter ao Catolicismo da sua infância, sendo batizado, com Adeodato, na Páscoa de 387. Ele viria a ser um dos maiores santos do período Patrístico da Igreja.

Estava assim realizada a maior obra de Mônica, a conversão e salvação do filho. Reconciliados, e tendo Agostinho abandonado sua vida mundana, os dois, com Navígio, resolveram voltar para Tagaste. No porto de Óstia, perto de Roma, conversavam à espera do embarque, enlevados pelo pensamento da vida no Paraíso Celeste, quando Mônica comentou: “E a mim, o que mais pode me amarrar à Terra? Já obtive meu grande desejo, o ver-te cristão. Tudo o que desejava consegui de Deus”. Pouco depois foi acometida por uma febre que, agravando-se rapidamente, levou ao seu falecimento, em 27 de agosto de 387, com 56 anos. Antes, pediu aos dois filhos que não deixassem de rezar pela sua alma.

 Santa Mônica é padroeira das Mães Cristãs, que a invocam para a conversão de esposos e filhos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
Orações, choro, abnegação, sacrifício e penitência perseverantes – as manifestações da máxima caridade devem começar a partir da própria família, o que não impede outras ajudas, como provou Santa Mônica desde antes de se casar e durante o difícil casamento. Mas muitos querem “salvar o mundo” sem cuidar dos cônjuges, dos filhos, dos pais, dos avós, de parentes doentes… Grandes provas de amor não precisam ser por obras grandiosas, mas precisam ser, obrigatoriamente, a partir das obrigações de estado, e do próximo mais próximo. Embora a conversão de Santo Agostinho tenha sido a maior conquista de sua mãe, antes ela já havia conseguido a do esposo e da sogra, familiares que por natureza são anteriores aos filhos. Afirmou Santa Mônica que “Tudo o que desejava consegui de Deus”, o que já é em si admirável, mas consequente, pois o que for verdadeiramente bom Deus concederá certamente, se confiarmos; por isso esta declaração já é uma prova de santidade… mas, é preciso cuidado com o que desejamos. Deus também nos concederá a Sua ausência infinita, se o quisermos de modo consciente e definitivo. O inferno é a situação que Ele permite aos que desejam irrevogavelmente rejeitá-Lo, ao ponto de recusarem até o Seu perdão, como os demônios.

Oração:
Deus de amor infinito, que por nós tendes entranhas de mãe, concedei-nos por intercessão de Santa Mônica aceitarmos sem revolta as dificuldades, mas delas buscar em Vós as soluções, e embarcados na Nau de Pedro nunca desistirmos de fazer o bem ao próximo, para nela aportarmos no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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26 de Agosto

26 de Agosto – São Zeferino   –

Zeferino nasceu no ano de 165 em Roma, não há muitos registros relatando sua vida antes de ser eleito Papa. Zeferino foi eleito Papa em 199 sucedendo o Papa Vitor I e sendo o décimo quinto a ocupar a Cátedra de Pedro.

Seu pontificado se deu sob intensa perseguição de Septímio Severo, que “proibiu sob pena grave, toda propaganda judaica, e tomou a mesma decisão a respeito dos cristãos”, conforme a História Augusta.

O Papa Zeferino, enfrentou também muitas heresias, que abalavam a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias estavam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A discórdia era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo, profetizando e pregando o fim do mundo.

Mas o papa Zeferino amparado pelo poder do Espírito Santo e pela sensatez, uniu-se aos grandes sábios da época, como Santo Irineu, Hipólito e Tertuliano para livrar os cristãos das mentiras dos hereges e dos exageros, conseguindo assim, estabelecer a verdade.

O papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.

Este trabalho foi a origem das catacumbas romanas, lugar histórico que testemunha grande parte da história cristã.

O Papa Santo Zeferino foi martirizado em 20 de dezembro de 217, juntamente com o bispo Santo Irineu, encerrando assim seu pontificado que durou 18 anos.
Foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Como incentivo aos Bispos o Papa São Zeferino escreveu: “Que o Deus todo-poderoso e seu único Filho e Salvador nosso, Jesus Cristo, vos guie para que, com todos os meios ao vosso alcance, possais auxiliar a todos os irmãos que passam por tribulação, que sofrem durante seus trabalhos, estimando seus sofrimentos. Que sejam dados a eles toda a assistência possível, por atos e palavras, de forma a que sejais reconhecidos como verdadeiros discípulos dAquele que nos mandou amar aos irmãos como a nós mesmos”. Sejamos também nós tocados por estas palavras para que todos tenham paz e fraternidade dentro de si.

Oração:
Deus eterno e todo-poderoso quiseste que São Zeferino governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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25 de Agosto

25 de Agosto – Santo Luiz Nono  – 

Luís nasceu no Castelo de Poissy, próximo a Paris, França, em 1214. Foi o quarto filho de Luís VIII, conhecido como “O Leão” pelo seu zelo religioso e bravura marcial, e Branca de Castela, filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Os pais muito se esmeraram na sua educação, proporcionando-lhe ótimos preceptores. Branca repetia a Luís: “Meu filho, eu gostaria muito mais de ver-te na sepultura, do que maculado por um só pecado mortal”.

Em 1226, voltando de uma campanha vitoriosa sobre os hereges albigenses do sul da França, Luís VIII faleceu em Montpellier. Seus últimos desejos incluíam que o filho, então com 12 anos, fosse coroado e a esposa o tutelasse. Assim, a 30 de novembro deste ano, Luís IX herdou o trono, e apesar da pouca idade já possuía bastante sabedoria. Como regente, Branca teve que enfrentar as ameaças inglesas, as pretensões da nobreza feudal francesa e uma nova revolta dos albigenses.

Em 1234, com 20 anos, Luís IX pôde assumir formalmente o governo da França. Manteve, porém, Branca ao seu lado, obediente e respeitoso. No ano seguinte casou-se com Margarida, filha de um conde, com quem foi muito feliz e teve dez filhos, cinco meninos e cinco meninas.

Como os seus próprios pais, Luís IX teve todo o interesse na educação dos filhos, instruindo-os pessoalmente no desprezo pelas vaidades e prazeres do mundo e no amor a Deus. Normalmente os chamava ao seu quarto à noite, depois da oração das Completas, educando-os na piedade. Ensinou-lhes a rezar diariamente o Pequeno Ofício de Nossa Senhora, os fazia ir às Missas de preceito e os explicava a necessidade da mortificação e da penitência. Às sextas-feiras, não permitia que usassem ornamentos na cabeça, pois foi o dia da coroação de espinhos de Nosso Senhor. Manuscritos de instruções que deixou para sua filha Isabel, futura rainha de Navarra, nada deixam a dever a nenhum esclarecido diretor espiritual.

Luís era humilde e penitente, buscando a oração e a caridade. Quando alguns nobres o criticavam por participar diariamente da Santa Missa, respondia, não sem ironia: “Se eu dedicasse tempo dobrado para os jogos ou para a caça, ninguém repreenderia!”

Seu governo foi tão excelente como a sua educação aos filhos. Enquanto os demais reinos europeus e alhures passavam por convulsões, a França teve o seu período mais pacífico e próspero da monarquia. Baniu com sabedoria hábitos ruins, como a blasfêmia e os juramentos ímpios, e com tal rigor que o Papa Clemente IV procurou atenuá-lo. Acabou também com os duelos, os jogos de azar e as casas de prostituição. À sua irmã, a beata Isabel, deu as terras de Longchamp para a construção de uma abadia das Irmãs de Santa Clara.

Procurou pacificar e reconciliar conflitos, em particular entre a França e a Inglaterra. Tinha cuidados especiais para com a boa administração dos bens do Estado e a aplicação da Justiça. Por exemplo, os juízes designados para as províncias do reino não podiam ali adquirir bens, nem seus filhos serem por eles empregados, de modo a evitar injustiças locais. E nomeava juízes extraordinários para examinar sua conduta e rever seus julgamentos: em caso de desonestidade, primeiro punia-se com severa penitência, como se fôra ele mesmo o responsável, e depois aplicava uma punição também severa e adequada. Mas aos magistrados honestos e honrados, premiava com largueza e promovia a funções mais altas. Frequentemente exercia pessoalmente a justiça, sem demora ou burocracia, em audiências abertas a todos após a Missa, sob um carvalho no bosque de Vincennes, local que por isso ficou famoso.

Cuidava dos pobres com solicitude. Apoiou as corporações de ofício, regulando os seus costumes, de modo a prover estrutura e estabilidade às organizações do povo, valorizando a sua autonomia. Fundou hospitais e mosteiros; a um monge tomado pela lepra, visitava regularmente, levando alimentos melhores e ajudando-o a comer, dando-os na boca do enfermo. Construiu a Sainte-Chapelle, santuário embelezado para receber relíquias, sobretudo a Coroa de Espinhos de Jesus que adquiriu do imperador de Constantinopla Balduíno II.

Junto a Robert de Sorbon, fundou em 1257 a Universidade de Sorbonne, e acompanhou com grande atenção o acabamento da Catedral de Notre-Dame. Convidava São Boaventura e São Tomás de Aquino para a sua mesa, bem como São Domingos e São Francisco de Assis. Considerava os religiosos instrumentos de Deus para combater as heresias, projeto ao qual dedicou extremo zelo, aliado ao estabelecimento da Fé e da disciplina cristã.

Em meio às suas obrigações de Estado, recitava diariamente as Horas Litúrgicas, lia assiduamente a Sagrada Escritura e os Padres da Igreja. Confessava frequentemente, exigindo que o sacerdote o açoitasse com um flagelo trazido por ele mesmo, e não permitia que este o chamasse de “majestade”, pois neste Sacramento não era rei mas filho, e o confessor não lhe era súdito mas pai.

Em 1245 Luís ficou gravemente doente. O povo, que o amava, organizou vigílias, procissões e outros atos piedosos, intercedendo a Deus pela sua recuperação. Ele fez o voto de, se curado, ir resgatar a Terra Santa aos muçulmanos. E isto foi possível em 1248, com o início da VII Cruzada. A armada chegou ao Egito em 1249, e a cidade de Damietta foi capturada. Seguiram para o Cairo e depois Mansourah, defendida pelos muçulmanos. Um ataque precipitado de Robert de Artois, que liderava parte das tropas, sem esperar o auxílio dos demais, e a sua decisão de perseguir os inimigos dentro da cidade, onde os cruzados ficaram separados e encurralados nas ruas estreitas, levou à derrota completa. Em Damietta, cercados, sem reabastecimentos ou ajuda, a fome e depois a doença, provocada pelo apodrecimento de grande quantidade de cadáveres, que acometeu também Luís, levaram os cristãos a se renderem, e ele foi capturado.

Luís foi liberto mediante rico resgate, e permaneceu no Oriente Médio por mais quatro anos, supervisionando a reforma de várias fortificações cristãs. Em 1252, recebeu a notícia do falecimento da sua mãe e voltou à França, onde chegou em 1254. Tratou então da administração e organização do reino, conseguindo um acordo de paz com Henrique III da Inglaterra em 1258. A partir de 1267, com o apoio do Papa Clemente IV, Luís iniciou a convocação para a VIII Cruzada. Em 1270 os combatentes chegaram a Cartago, mas, mais uma vez, a falta de provisões, e de água potável, favoreceu o surgimento de doenças, morrendo Jean Tristan, filho de Luís. O rei, também doente, ainda procurou com esforço instruir os outros filhos que lá estavam, especialmente o herdeiro Filipe. Na véspera da sua morte, pediu a Sagrada Comunhão e quis ser colocado no chão, sobre cinzas e com os braços em cruz. Faleceu em 25 de agosto de 1270, após um mês de tormentos.

 São Luís IX foi um dos primeiros leigos a ser canonizado, à parte os mártires dos primeiros séculos. Em sua sepultura, foram registrados milagres e curas. Ele é Padroeiro dos Terciários Franciscanos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
São Luís IX é, em tudo, um modelo para os homens públicos de todos os tempos, incluindo e enfatizando este nosso século. Naturalmente, antes de ser um “homem público”, é um homem particular, isto é, suas qualidades sociais são necessariamente fruto do seu empenho na santificação pessoal. Não existe outo caminho para as relações humanas felizes. E a santificação começa, também obrigatoriamente, pela humildade. Esta não significa um “apequenar-se” medroso, por fraqueza, da pessoa, mas lidar responsavelmente com o que lhe cabe fazer. Tanto um médico quanto um pedreiro, por exemplo, podem ser bons, educados, honestos e competentes nas suas respectivas funções. Assim, São Luís não deixou de exercer as suas prerrogativas – e obrigações – de autoridade, mas a utilizou de forma correta e para os objetivos corretos. Sendo humilde, submeteu-se, com o valor e esforço indispensáveis, aos ensinamentos de Deus, através da Santa Igreja, acolhendo e obedecendo à graça. E por isso obteve o resultado admirável, ficaríamos tentados a dizer quase milagroso, de dominar as próprias paixões e manter a inocência e pureza de coração, em meio a todas as honrarias e fáceis tentações de poder e prazer inerentes à sua condição de monarca absoluto, num dos países mais ricos do mundo, e a quem não se costuma ousar contradizer. Um exemplo disso é que, possuindo os mais altos títulos da nobreza, assinava os documentos simplesmente com “Luís de Poissy”, cidade onde recebera o Batismo. Ele considerava, e estava certo, que a sua maior dignidade era a de ter sido batizado, remido da mancha do Pecado Original, e ter sido recebido por amor gratuito na família dos filhos de Deus. Pela humildade, obteve o governo de si próprio, dos filhos, do Estado. As consequências dessa livre escolha estabeleceram na França um dos seus melhores períodos na História, talvez o melhor. Em tudo Luís promoveu a equidade, paz e progresso: na cultura, nas questões de trabalho, na justiça, na organização; na busca de acordos conciliatórios e nas necessidades de guerra; na moralidade de comportamento na corte e no país, no combate às heresias, no apoio às necessidades da Igreja e na evangelização. Como base, investiu na espiritualidade, na caridade, na convivência com santos. Parece significativo que respeitasse particularmente as sextas-feiras, dia da coroação de espinhos de Jesus, e obtivesse esta mesma Coroa. E, literalmente, em mais de um sentido. Físico, como relíquia santa, e na participação dos sofrimentos, na cruz que teve de suportar, exatamente por combater o bom combate na reivindicação da Terra Santa. Mas não pereceu pela falta da água batismal ou do alimento eucarístico; e por isso a sua morte não foi doença espiritual, mas experiência de ressurreição.

Oração:
Ó Senhor da Glória, que tudo governais com perfeição, concedei-nos pela intercessão de São Luís IX a humildade verdadeira e o desejo de Vos servir, em tudo buscando discernir a Vossa vontade e priorizando as necessidades e ensinamentos da Igreja, para realizar com maturidade espiritual aquilo o que nos destinais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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24 de Agosto

24 de Agosto São Bartolomeu -Apóstolo  – 

Bartolomeu, também chamado Natanael, nasceu em Caná, uma pequena aldeia a 14 quilômetros de Nazaré, na Galileia. Foi um dos 12 Apóstolos de Jesus (cf. os quatro Evangelhos e Ato dos Apóstolos), porém apenas uma citação bíblica lhe dá destaque (Jo 1,45-51):

Filipe encontra Natanael e diz-lhe: ‘Achamos Aquele de Quem Moisés escreveu na Lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José’. Respondeu-lhe Natanael: ‘Pode, porventura, alguma coisa boa vir de Nazaré?’ Filipe retrucou: ‘Vem e vê’. Jesus viu Natanael que vinha ao Seu encontro, e disse a seu respeito: ‘Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade’. Natanael perguntou-Lhe: ‘Donde me conheces?’ Respondeu Jesus: ‘Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi quando estavas debaixo da figueira’. Natanael exclamou: ‘Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o rei de Israel!’ Jesus replicou-lhe: ‘Crês porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores do que esta’. E concluiu: ‘Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem’”.

O comentário depreciativo de Bartolomeu a Filipe está de acordo com o que era a esperança judaica do Messias na época de Jesus, isto é, um grande personagem, governante, profeta ou general, de alta linhagem, e com poderes terrenos para suplantar o Império Romano. Jamais uma pessoa oriunda de um pequeno, pobre e esquecido vilarejo como Nazaré da Galileia.

São Bartolomeu acompanhou Jesus nos três anos de Sua vida pública, testemunhando as Suas obras e ensinamentos. Conheceu pessoalmente Nossa Senhora, presenciou a Ascensão do Senhor e recebeu o Espírito Santo em Pentecostes. Mas também abandonou o Mestre na Sua Paixão. Como todos nós, exceto Maria Santíssima, pecou; mas, sobretudo, arrependeu-se e acabou por dar a sua vida pelo Cristo – no que devemos igualmente imitá-lo, para além do pecado…

 A Tradição indica que Bartolomeu, depois da separação dos Apóstolos, evangelizou na Europa Oriental, talvez também na Índia. Já os evangelhos apócrifos indicam que morreu martirizado na Armênia, por volta do ano 68. O certo é que ele levou a Fé às regiões da Europa Oriental. Sua festa litúrgica é em 24 de agosto, que parece ser o dia provável do seu falecimento.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:
A melhor descrição de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: “Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fingimento”. Deus gosta da sinceridade. Mesmo quando pensamos e agimos de forma errada, pois só quem é sincero poderá ver a Verdade, que é Ele mesmo, na realidade, e por isso será capaz de se arrepender, quando for o caso, ou manter-se fiel, se diante de pressões ou tentações. O primeiro comentário de Bartolomeu sobre Jesus não é lisonjeiro, mas é claramente a expressão do que pensavam os israelitas sobre o prometido Messias: deveria ser um grande homem, cuja origem não poderia ser um vilarejo qualquer. E Bartolomeu não se intimada em manifestá-lo claramente, ainda que com certa rudeza, na intimidade do amigo Filipe. Ainda assim, não se pode assumir que Bartolomeu fosse particularmente grosseiro, debochado ou desrespeitoso, pois os Apóstolos eram homens simples que não necessariamente primavam por uma refinada educação; muitas vezes a forma direta e incisiva de se expressar é apenas rústica, mas sem má intenção. Por fim, sincero é também o desejo de Bartolomeu da vinda do Messias. Queremos Deus com a mesma intensidade? E que Deus esperamos? Sejam antes rústicas que má intencionadas as nossas expectativas com relação a Deus, se ainda não as polimos e refinamos: também não esperamos nós, eventualmente, só coisas grandiosas e de aparência clara, por parte de Deus? Quanto não vemos Deus sob o nosso próprio interesse? Com didática divina, e sabendo da alma boa de Bartolomeu, que precisava ainda ser purificada, Deus o elogia, para incitar o diálogo que levaria à adesão do discípulo ao Mestre. Também de forma sincera, pois ainda não conhecia Jesus, e supunha naturalmente não ser conhecido por Ele, pergunta, surpreso, de onde vem este conhecimento. A resposta de Jesus, “Eu te vi quando estavas sob a figueira”, de alguma forma revela imediatamente a Bartolomeu que Jesus é, de fato, o Messias. E em primeiro lugar porque o Senhor explicita, “Antes que Filipe te chamasse”. Como Jesus poderia saber deste pormenor, se não fosse “o Filho de Deus”, que tem um poder superior aos homens? Debaixo da figueira – algo muito particular, que só Deus poderia saber. Talvez um questionamento na alma, durante uma meditação? Deus nos vê no mais íntimo… … aceitamo-Lo, então, como Bartolomeu? Pois o seu reconhecimento e aceitação da divindade de Cristo foi imediata e total: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!”. E para confirmar que ele estava certo, Jesus ainda acrescenta que mesmo este conhecimento íntimo, profundo e sobrenatural é pouco diante do que Bartolomeu testemunhará: “Verás coisas maiores do que esta”. E Sua conclusão reforça e define categoricamente Quem Ele é: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. São Bartolomeu expressa o que nós mesmos, talvez, pensamos… e como ele devemos ser corrigidos por Cristo. O fundamental, o crucial, de fato o que decide a nossa vida, é: agimos então como ele, aceitando e nos submetendo de boa vontade à divindade e autoridade do Senhor, obedecendo-O com amor? Até o extremo, e à morte? Somos sinceros como Bartolomeu, para merecermos o mesmo elogio de Cristo? Porque um homem sem falsidade, sem mentira, é alguém que está na Verdade, que estará com Deus no Paraíso. O pouco que há sobre Bartolomeu diz muito sobre nós.

Oração:
Senhor Deus da Verdade, que tudo podeis ver, concedei-nos pela intercessão de São Bartolomeu a plena sinceridade da alma e da Razão, o desejo puro, reto e intensíssimo de Vós, o agradecimento infinito de Vos reconhecer, conhecer e amar na Santa Igreja, a humildade e alegria de Vos receber e obedecer, e a inefável Adoração que mereceis na Eucaristia; pois nada disso merecemos, e nos escolhestes para existirmos, sermos católicos e termos preferencialmente as Vossas dádivas, sobretudo os Sacramentos, de sermos verdadeiramente pelo Batismo Vossos filhos protegidos, resgatados do pecado e destinados para o Céu! Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém!
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21 de Agosto

 São Pio X – Papa

José Melquior Sarto, segundo de 10 filhos, nasceu num vilarejo na região de Riese, Treviso, norte da Itália, no ano de 1835. Sua família era pobre e muito católica. Sua inteligência brilhante ficou evidente desde cedo, e seus pais fizeram um grande esforço para que ele pudesse estudar. Caminhava vários quilômetros por dia para ir e voltar da escola, almoçando apenas um pedaço de pão. Já nessa época dizia querer ser padre.

Seu pai faleceu quando estava prestes a entrar no seminário, e José quis abnegadamente abandonar os estudos para ajudar em casa. Sua mãe, mais abnegadamente ainda, o manteve no seminário, onde também se destacou pela inteligência. Foi ordenado com 23 anos, em 1858. Inicialmente foi vice-vigário em um vilarejo, depois vigário de uma grande paróquia. Pelo seu sucesso pastoral, foi nomeado cônego da catedral de Treviso e diretor espiritual do seminário, e então bispo da diocese italiana de Mântua (1884) e patriarca e cardeal de Veneza (1895). Este trajeto foi relativamente rápido, em função da sua humildade, vida de oração e capacidade intelectual. Em 1903, foi eleito Papa e adotou o nome de Pio X.

Esta nomeação não mudou a sua vida de simplicidade, modéstia e pobreza. Adotou como lema de pontificado “Restaurar as coisas em Cristo”, e o colocou na prática cuidando zelosamente das questões internas da Igreja.

Neste sentido sua primeira providência foi acabar com o absurdo “veto leigo” usado por algumas monarquias europeias para interferir nas eleições papais, elaborando uma nova constituição para os conclaves. Mas muitas e importantes foram as suas ações em favor da Igreja e dos fiéis: promoveu a reforma da Cúria Romana e dos seminários, bem como a do Missal e a do Breviário (livro de orações obrigatórias diárias dos sacerdotes); codificou o Direito Canônico, criou o Instituto Bíblico e ordenou a revisão da Vulgata (tradução original da versão bíblica do Grego e Hebraico para o Latim); protegeu a música sacra, dando primazia ao canto gregoriano. Como grande devoto da Eucaristia, e sabendo da sua importância primordial na vida espiritual da Igreja, concedeu que os fiéis pudessem comungar todos os dias, o que era raro, e determinou que as crianças pudessem fazer a Primeira comunhão já aos sete anos (anteriormente, só em idade maior). O Catecismo passou a ser ministrado em todas as paróquias e para todas as idades; para isso elaborou um Catecismo famoso, que leva o seu nome, com a estrutura de perguntas e respostas, de modo a ser simples e acessível também às pessoas mais simples.

Importantíssima foi a sua postura contra as leis anticristãs na França, e contra o Modernismo (movimento anticatólico a partir das filosofias de Kant e Hegel levando ao racionalismo e ao idealismo ateus), particularmente através da Encíclica Pascendi Dominici gregis (1907), onde deixa claro os erros destas ideias. Na Itália, diminuiu as restrições de participação dos católicos na política.

Promoveu a criação de bibliotecas e incentivou os cientistas. Só no Brasil, criou 22 bispados e sete arcebispados. Fez imensos esforços para evitar a I Guerra Mundial, e muito sofreu por não consegui-lo. Além de tudo isso, Pio X foi um brilhante teólogo, embora se definisse como “um simples pároco do campo”, e teve o dom da cura: durante a vida, vários doentes recuperaram a saúde depois de ter contato com ele, o que ele explicava com simplicidade acontecer por causa “do poder das chaves de São Pedro”, e não dele pessoalmente. Sua bondade suave e marcante levava a que o chamassem de “padre santo”, o que ele corrigia com um sorriso: “Não se diz santo, mas Sarto”, o seu sobrenome.

Para sua família, que não quis favorecer e continuou pobre, somente pediu aos cardeais uma esmola mensal para suas idosas irmãs.

 Ficou conhecido como o Papa da Eucaristia e o Papa das Crianças, falecendo em 20 de agosto de 1914 com 79 anos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

A belíssima história de vida de São Pio X começa com o maravilhoso exemplo de amor dos seus pais, e particularmente da sua mãe viúva e pobre, que investiu nas suas capacidades com grande sacrifício. Aceitar dificuldades, voluntariamente e por caridade, para fazer bem ao outro… é quase o mesmo resumo de Cristo sobre os Mandamentos, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”: “Nestes dois Mandamentos se resume toda a Lei e os Profetas” (Mt 22,40). O exemplo familiar frutificou abundantemente em José Sarto, que como Papa teve especial carinho pelas crianças. Por isso facilitou a elas o que é mais importante nesta vida, a Eucaristia, e o necessário entendimento para recebê-la, através do Catecismo que escreveu, de imenso valor até hoje. O cuidado com a boa evangelização das crianças e do povo simples pelo ensino catequético, que determinou para todas as paróquias e para todas as idades, é fundamental também em todos os tempos, pois obviamente é necessário que os fiéis conheçam a sua Fé para poder praticá-la; e na época de Pio X, como hoje, este conhecimento era pouco e em geral mal ensinado, gerando profundos problemas de continuidade na vida católica dos fiéis. Muitas outras providências Pio X teve para com o bem da Igreja, incluindo a advertência e soluções para problemas que ainda iriam surgir nela e na sociedade no futuro, com o Modernismo ateu. Cujos desdobramentos e consequências, de fato, ainda hoje causam tanto mal. Como resposta aos desafios, trabalhou na Teologia, incentivou a cultura e as ciências, sempre com o exemplo de humildade, modéstia e desapego material. Foi o contraste vivo e evangélico às turbulências que prepararam e deflagaram a I Guerra Mundial.

Oração:

Senhor Deus, cuja Providência sempre nos oferece exemplos e oportunidades de fazer o bem e consertar o mal, concedei-nos por intercessão de São Pio X sermos curados na alma ao contato próximo com a Vossa Igreja, e com a vida centrada na Eucaristia fazermos a nossa parte para restaurar todas as coisas em Cristo. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor, e Nossa Senhora. Amém.
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20 de Agosto

20 de Agosto – São Bernardo de Claraval  –
Bernardo nasceu em 1090 no Castelo de Fontaine, próximo a Dijon na região de Borgonha, França. Seu pai era um nobre e sua mãe, Aleth de Monthbard, é venerada como Bem-Aventurada. Terceiro de sete irmãos, destacou-se pela inteligência, frequentado a escola canônica desde os nove anos, onde sobressaiu particularmente na área de Literatura.

Em 1112 entrou para a abadia de Cister, fundada por São Roberto de Molesme na Borgonha, com 22 anos. Sua decisão levou mais de 30 homens, incluindo irmãos, tios e vários amigos a também se consagrarem no mesmo mosteiro, sob o abade Santo Estevão Harding. A esposa do irmão primogênito também se fez monja. Dedicava-se à oração e à catequese, possuindo o dom da oratória, e sua influência era tanta que as mães e esposas procuravam afastar dele os filhos e maridos.

Com o aumento das vocações, foi necessária a fundação de novos mosteiros. Bernardo seguiu em 1115 com 12 irmãos para erguer no vale de Iangres a abadia de Claraval (“Vale Claro”) e se tornar o seu primeiro abade, com apenas 25 anos. A regra beneditina era adotada com todo o rigor, amor e integridade, oração e trabalho sob a obediência absoluta ao abade, e por seus méritos de santidade o mosteiro se tornou conhecido na França e posteriormente na Europa pela humildade, caridade e profunda cultura. O mosteiro chegou a ter 700 monges, entre os quais o irmão do Rei Luís Vll Henrique de França, mais tarde bispo e arcebispo de Reims. Outros 78 mosteiros foram fundados por Bernardo na França e na Europa, ao longo do tempo.

Participou do Concílio de Troyes (1129, quando obteve o reconhecimento da Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos ele mesmo escreveu), do Segundo Concílio de Latrão (1139) e do Concílio de Reims (1148), sempre a pedido do Papa, e também a seu pedido pregou em prol da realização da Segunda Cruzada (1147-1149).

A eleição do legítimo Papa Inocêncio II (1130-1143) necessitou do auxílio de São Bernardo, pelas orações e argumentações, contra as pretensões do antipapa Anacleto II, bispo da Gasconha, apoiado por um nobre influente. Apesar dos seus esforços, o cisma ainda durou oito anos. Por fim, admoestado por Bernardo, o nobre se arrependeu e se converteu, vindo a ser religioso, mas o bispo cismático morreu orgulhosamente no erro, sozinho, sem confissão e sem o Viático (Eucaristia para os que estão moribundos).

Famoso ficou o debate entre Bernardo e Abelardo. Este, um importante filósofo, teólogo e lógico francês, defendeu ideias por demais racionalistas, e seu tratado sobre a Santíssima Trindade foi considerado herético em 1121, pois reduzia a Fé a uma mera opinião, à parte da Verdade Revelada. Além disso, insistia no subjetivismo da intenção pessoal como critério único para determinar a bondade ou malícia de um ato moral, descartando o significado objetivo do valor moral das ações. Bernardo o encontrou em 1141, e por fim Abelardo morreu em comunhão com a Igreja, arrependendo-se dos seus erros.

Bernardo também teve que combater a heresia de Pedro de Bruys e de seu seguidor Henrique de Lausanne, que negava o batismo das crianças e a existência do Pecado Original, entre outros aspectos da doutrina Católica. Em 1145 foi ao sul da França, onde sua atuação praticamente acabou de vez com os hereges henriquianos e pedrobrusianos (ali também pregou contra os cátaros ou albigenses). Em 1146 Bernardo, por carta, exortava aos fiéis da região para que se extinguisse definitivamente a heresia.

Reconhecido pela santidade e sabedoria, Bernardo foi respeitado em todo o continente europeu e convidado a opinar sobre assuntos públicos, aconselhando Papas e reis, e defendendo os direitos da Igreja contra o abuso dos nobres. Ficou conhecido como Pai dos fiéis, Coluna da Igreja, Apoio da Santa Sé, Anjo Tutelar do Povo de Deus.

Era extremamente devoto de Nossa Senhora. Suas palavras na catedral de Spira, Alemanha, ajoelhado diante da Sua imagem, foram fixadas no final da oração da Salve Rainha: “Ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce Virgem Maria!”. Seu pensamento mariológico tinham por temas centrais a explicação da Virgindade Perpétua de Maria, Sua função como Medianeira de todos os dons e graças da Salvação, e como os fiéis deviam invocá-La.

A sua grande e profunda obra escrita inclui estes temas marianos e muitos outros, sobre Teologia, Doutrina, biografia. Os títulos mais conhecidos são, talvez, “Tratado Sobre o Amor de Deus”, “Opúsculo Sobre o Livre-Arbítrio”, “Sermões Sobre o Cântico dos Cânticos”, “Tratado da Consciência ou do Conhecimento de Si” e “As Heresias de Pedro Abelardo”. Para Maria Santíssima, compôs a letra e a música do hino Ave Maris Stella.

São Bernardo faleceu no dia 20 de agosto de 1153, aos 63 anos de idade. Aos monges que rezavam por sua vida, disse, um pouco antes: “Por que desejais reter aqui um homem tão miserável? Usai da misericórdia para comigo e deixai-me ir para Deus”.

São Bernardo foi eminente pregador, prior, abade, polemista, diplomata, polemista, teólogo, pacificador, escritor, conselheiro de Papas, bispos e reis. É considerado o segundo fundador da Ordem Cisterciense (ordem beneditina reformada por São Roberto de Molesme em 1098), pelo zelo na sua vivência e fundação de muitos mosteiros; atualmente, os cistercienses estão nos cinco continentes, havendo no Brasil inclusive uma cidade chamada Claraval, surgida a partir de um mosteiro, no Estado de Minas Gerais. Também parece certa a sua influência na independência de Portugal, que traria a Fé para o Brasil: por sua mediação direta, ou da sua abadia, o Papa Alexandre III teria enviado um legado à Península Ibérica reconhecendo, ao menos, o título de duque a dom Afonso Henriques e a submissão do novo país à Santa Sé em 1179.

 É Doutor da Igreja por suas pregações e escritos: “Doctor Mellifluus” (Doutor com voz de Mel), e considerado pelo Papa Pio XII como “o último dos Padres da Igreja, e não o menor” (Os “Padres da Igreja”, ou Santos Padres, Pais Apostólicos, Pais da Igreja, são os grandes católicos dos oito primeiros séculos depois de Cristo, na maioria bispos, cujos trabalhos servem de base doutrinária pela lucidez e correção dos seus ensinamentos).

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

Bernard, ad quid veniste? (“Bernardo, a que vieste?”), perguntava-se um jovem Bernardo na francesa Borgonha do século XI. Qual o sentido da nossa existência? Os católicos o sabem, porque Jesus no-lo ensinou. Não há espaço para o ressurgente subjetivismo proposto por Abelardo, naquele século, e que tanta tristeza causa às pessoas. A cultura do relativismo ético já foi substituído, há muito, pela Verdade serena da Salvação, na qual temos a paz, e na qual, felizmente, morreu reconciliado Abelardo. Mas, para alcançar esta paz, vale o antigo ditado romano: Si vis pacem, para bellum, “se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Na eficaz devoção a Nossa Senhora, encontraremos como São Bernardo os necessários elementos de Fé, Esperança e Caridade que ele tão brilhantemente desenvolveu por escrito e pregou convincentemente, para vencer cismas, heresias e perseguições abusivas de muitos que se acham “nobres” o suficiente para querer “mudar” a Igreja de Cristo, Quem, como Deus, é imutável no Seu ser e nas Suas obras, perfeitas… Fomos chamados a esta vida pelo Senhor, para sermos felizes, embora a felicidade plena nos esteja reservada somente no Céu; saboreemos então no caminho para lá o mel da Santa Doutrina que São Bernardo nos transmitiu, no aconchego da nossa clemente, piedosa e doce Sempre Virgem Maria, Porta do Céu, e de mãos dadas com Ela estaremos seguros e não erraremos a direção.

Oração:

Senhor, que nos fizestes para Vós e para a alegria infinita, concedei-nos por intercessão de São Bernardo de Claraval ouvir e viver os ensinamentos da Vossa Igreja, fazendo das nossas almas como que vales clareados pela graça e pela proximidade de Maria Santíssima, e assim podermos efetivamente contribuir com as atuais e necessárias cruzadas pela Fé, no desejo firme de ir para Deus. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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18 de Agosto

18 de Agosto – Santa Helena  –  
Flávia Júlia Helena nasceu em meados do século III na Bitínia, província do Império Romano no Golfo da Nicomédia (hoje, Turquia), provavelmente na cidade de Drepamin (posteriormente Helenópolis, em sua honra). Era de família plebeia e pagã, trabalhando como estabulária, ou seja, a estalajadeira encarregada dos estábulos. Casou-se com Constâncio Cloro, um tribuno militar, que a levou para Dardânia, nos Bálcãs.

Em 272 nasceu Constantino, filho do casal, em Naissus, atual Sérvia. Constâncio participou como corregente, junto com Galério (“Césares”), da Tetrarquia de Dioclesiano e Maximiano (“Augustos”), que governou Roma neste período, mas para isso teve que se divorciar de Helena e casar-se com Teodora, enteada de Maximiano, pois a lei romana não reconhecia o casamento entre nobres e plebeus. Helena permaneceu humildemente em segundo plano, fiel ao esposo, e pôde ter contato com e influência sobre o filho, que fazia carreira no exército e foi elevado à corte de Diocleciano.

No ano 312, após vária mudanças políticas na Tetrarquia, Constantino derrotou Maximiano II (Magêncio, Maxêncio, ou Maximino, filho do tetrarca Maximiano), na batalha do rio Tibre em Roma, tornando-se imperador único e absoluto. Neste confronto, estava em desvantagem, mas teve antes a visão de uma cruz luminosa no céu, com as palavras “Com este sinal vencerás”. Mandou pintar a cruz nas suas bandeiras, e milagrosamente venceu. Constantino, como Helena, era contrário à perseguição aos cristãos; após este acontecimento, o imperador passou a apoiá-los, e no ano seguinte, com o famoso Edito de Milão de 313, concedeu a liberdade religiosa aos católicos, encerrando a perseguição em todo o império. Helena se fez logo batizar, mas Constantino, apesar de ser considerado o primeiro imperador romano cristão, só quis ser batizado próximo da sua morte, em 337.

Helena, mãe do imperador Constantino Magno, recebeu dele primeiro o título de “Mulher Nobilíssima”, e depois o de “Augusta”, honraria maior do império. Passou a viver na corte e se dedicar à expansão do Cristianismo, promovendo a evangelização, construindo igrejas e mosteiros, e patrocinando obras assistenciais para pobres e enfermos, bem como intercedeu pela libertação de presos e o retorno de exilados. Ela não se deixou contaminar pelos faustos imperiais, e consta que participava das celebrações religiosas modestamente vestida, confundindo-se com a população, e que servia pessoalmente a pessoas com fome, as quais convidava para as refeições.

Já idosa, com quase 80 anos, fez uma peregrinação à Terra Santa, um grande desejo seu. Lá hospedou-se num convento, onde participava piedosamente das orações, e mandou construir vários mosteiros. Empenhou-se particularmente em descobrir as relíquias da Santa Cruz de Cristo, auxiliando nas escavações que fazia o bispo Macário. Por fim, no Gólgota foram encontradas três cruzes, sob um templo pagão que ela mandara derrubar.

Um milagre apontou qual delas era a de Cristo: segundo uma versão, um morto ressuscitou ao ser colocado sobre ela, e não sobre as outras duas; outra versão relata a cura de uma mulher agonizante, pelo mesmo processo. Os três cravos que prenderam Jesus ao Madeiro foram levadas para Constantino, e uma delas foi encastoada na Coroa de Ferro, hoje na catedral de Monza, para lembrar a submissão que devem ter todos os governantes ao Rei dos reis. As Santas Relíquias são conservadas na basílica de Santa Cruz de Jerusalém.

A descoberta de Santa Helena foi registrada pelos escritores Sulpicius Severus e Rufinus no século IV. Mas ela procurou ainda o local do nascimento de Jesus e o local no Monte das Oliveiras onde o Cristo falou aos Apóstolos antes da Ascensão. Em cada um dos lugares construiu uma igreja, respectivamente a Basílica da Natividade em Belém e a da Ascensão no Monte das Oliveiras, a qual recebeu mais tarde o seu nome.

Voltando a Roma, já pressentindo a morte, Helena faleceu em 329 ou 330, com 80 anos, assistida pelo imperador seu filho.

 Há uma ilha isolada no sul do Oceano Atlântico chamada Santa Helena (onde foi exilado, por ter somente costas rochosas sem praias, o imperador francês Napoleão Bonaparte, lá falecido em 1821), descoberta em 1502 pelo navegador galego João da Nova no dia 18 de agosto, festa da santa, e que por isso recebeu o seu nome.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Mãe plebeia de um Imperador, Santa Helena tem, sob este aspecto, alguma semelhança com Nossa Senhora… e nós também, pela Eucaristia, nos tornamos de barro sem valor em portadores da nobreza divina, unidos mesmo fisicamente a Deus num mesmo organismo, como na mãe que gesta um filho. Como esposa fiel mesmo na humilhação, e mãe dedicada ao filho, deu exemplo de verdadeiro amor abnegado. Tão logo encontrou a Cristo, fez-se batizar, e, como “Augusta”, não se deixou corromper pelos chamarizes da vida frívola e fácil, mas usou sua influência e posses para o bem dos mais carentes, as necessidades da Igreja e a evangelização. Mesmo idosa, dispôs-se a mais se aproximar de Deus na valorização das Suas Santas Relíquias, as quais são vínculos físicos, encarnados, com o Sagrado, o Transcendental. As relíquias da Santa Igreja e os seus lugares santos evidenciam que o Catolicismo não é um mito, produto da imaginação, mas que Deus de fato Se fez homem num tempo e local históricos; que pisou um solo sobre o qual hoje também podemos andar, tocou paredes e objetos que hoje também podemos tocar; a Encarnação deu à matéria uma nova e mais alta dignidade, e ao corpo humano, que não é um mero “recipiente” da alma, mas sim parte do único tipo de ser formado pela união de corpo material e alma imortal, imagem e semelhança de Deus, o vínculo necessário a Jesus para com Ele ressuscitar. As relíquias dos santos testemunham o santo real, não apenas uma memória, colocando-nos em contato factual com ele e sua santidade. São de alguma forma sacramentais, pelos quais, de acordo com a nossa Fé, podem se realizar milagres. E nos lembram que nós igualmente devemos nos santificar em corpo e alma, ambos capazes da plena união com Deus, o que é, de fato, o seu objetivo nesta e para a outra vida, futura e infinita. Contudo, se as relíquias sagradas são sacramentais aos quais devemos respeito e veneração, e dar crédito de fé, quanto mais nos devemos aproximar e buscar, com amor, tremor e santo temor, do Sacramento vivo da Eucaristia, Jesus presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, não para um simples toque, mas para verdadeiramente vivermos Nele e com Ele!!

Oração:
Senhor, que pelos cravos da Cruz de Vosso Filho pregastes ferreamente nos reinados deste mundo a verdadeira nobreza, do Espírito, concedei-nos pela intercessão de Santa Helena a graça de escavarmos nas nossas almas até lá Vos achar, pois nunca nos abandonas, e construir, edificar as nossas vidas sobre a santidade localizada em Cristo; e assim vencendo as tentações e o mal sob o signo, o sinal da Cruz, nos elevarmos definitivamente para Vós apoiados na rocha de fé e virtudes que é Santa Helena, em meio a este mar revolto da inconstância do mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
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23 de Agosto

23 de Agosto – Santa Rosa de Lima –

 Isabel Flores y Oliva nasceu no ano de 1586 em Quives, província de Lima, Peru, décima de 13 irmãos de um rico casal espanhol. Contudo os negócios da família declinaram até a pobreza, e Isabel trabalhou na lavoura e como doméstica.

Rosa” era um carinhoso apelido que recebeu por sua beleza. Mas como desde pequena desejava se consagrar a Deus, e querendo evitar os riscos da vaidade, cortou os cabelos, dedicando-se a jejuns e penitências. Quando a quiseram casar, renovou o voto de castidade feito anterior e secretamente, e entrou para a Ordem Terceira Dominicana, imitando Santa Catarina de Sena, a quem tinha devoção. Nesta ocasião, mudou oficialmente o nome para Rosa de Santa Maria, o sobrenome em honra e veneração à Mãe de Deus.

Construiu ela mesma uma pequena cela no quintal da casa dos pais, de formato quadrangular e baixa, onde se dedicava à oração e às penitências, muito árduas. Uma delas era o uso de uma coroa de espinhos de metal, que disfarçava com botões de rosas. Dormia sobre uma tábua com pregos e aumentou os dias de jejum. Esta cela era abafada e muitos mosquitos ali entravam; Rosa “pediu” a eles, em oração a Deus, que não a incomodassem, e foi atendida. Passou a ajudar no sustento da família fazendo rendas e bordados na mesma cela, com a permissão do seu confessor de só sair dali para receber a Eucaristia. Mas também auxiliava caridosamente os doentes, particularmente os negros e indígenas, na época tratados com desprezo e abandono.

Seu permanente e íntimo contato com Deus a elevou para um alto grau de vida contemplativa e com extraordinárias experiências místicas. Certa vez, confrontou o demônio, que lhe apareceu numa parede externa da casa próxima à sua cela. Obteve ainda em vida muitas conversões e milagres, como a prevenção da invasão de piratas holandeses a Lima, em 1615. E uma Comissão mista de religiosos e cientistas a examinaram, para concluir que suas manifestações místicas eram verdadeiramente “dons da graça”.

Rosa trabalhou como doméstica nos últimos três anos da sua vida, na casa de Don Gonzalo de Massa, um empregado do governo. Além das duras incompreensões e perseguições ao longo da vida, sofreu a cruz de uma grave e dolorosa doença. Neste período, dizia frequentemente: “Senhor, fazei-me sofrer mais, contanto que aumenteis meu amor para Convosco”. Com 31 anos apenas, na casa onde trabalhava, agora o Mosteiro de Santa Rosa, faleceu cumprindo uma profecia, pois todo ano passava o dia de São Bartolomeu em oração, dizendo: “Este é o dia das minhas núpcias eternas”. De fato, a data foi 24 de agosto, festa de são Bartolomeu, de 1617.

Suas exéquias mobilizaram toda a cidade de Lima, e antes mesmo da sua canonização em 1671, cujo processo foi iniciado por aclamação pública apenas oito dias depois do seu sepultamento, foi proclamada Padroeira do Peru (1669), e da América Latina e das Filipinas (1670). Na bula de canonização, consta: “Não podia faltar à cidade dos Reis, como costuma chamar-se Lima, a estrela própria, que conduzisse a Cristo, Senhor e Rei dos Reis”.

Santa Rosa de Lima é também padroeira dos jardineiros e dos floristas. Somente no Peru, há mais de 70 povoados com o seu nome. Quando do traslado do seu corpo para a Capela do Rosário, a imagem de Nossa Senhora, diante da qual rezara muitas vezes, sorriu-lhe, o que foi constatado pela multidão presente.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Santa Rosa de Lima procurou, prudentemente, esconder a beleza do corpo, mas não se pode esconder a beleza de alma. Devotando-se à Eucaristia e à Virgem Maria, a marca mais característica dos santos, Rosa trabalhou na lavoura das boas obras e assim exalou o perfume da santidade que se inicia e multiplica nos botões do Rosário. Plantou orações, caridade e penitências, cujos espinhos coroaram seus esforços de perfeição. Neste particular, dizia que “Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu” (afirmação mencionada no Catecismo da Igreja Católica). Lima remete ao cítrico; num meio ácido é adequado o ambiente de purificação… As penitências nos tornam domesticados na casa do Senhor, a Igreja, e a servindo imitamos o exemplo de Santa Rosa. Que, como ela, Deus só nos permita sair desta casa para receber a Eucaristia infinita, não para ir para o inferno.

Oração:
Senhor Deus, que substituístes o jardim perecível do Éden pelas flores perenes da Redenção, concedei-nos por intercessão de Santa Rosa de Lima a proteção da América Latina contra os Vossos inimigos; e a graça de edificarmos a alma como uma cela de onde, estando com Cristo, produzamos rendas e bordados de caridade para os irmãos, e assim prevenidos das abordagens do diabo, da carne e do mundo, não sejamos por eles invadidos, podendo ser recebidos na vida infinita pelo sorriso de Nossa Senhora, Porta do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e por Vossa e Nossa Mãe. Amém.
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