Papa encontra a pequena Fiammetta

O Papa Francisco encontrou na manhã deste sábado Fiammetta Melis que com o pai e a mãe vieram do Trentino para contar a sua história: ela transformou as restrições da pandemia que a obrigam a estudar à distância, numa oportunidade criativa e feliz para continuar ajudando o pai pastor, crescer no conhecimento da natureza e envolver seus companheiros em tudo isso. A sua história num livro doado a Francisco.

Emanuela Campanile e Gabriella Ceraso – Vatican News

Fiammetta está emocionada e não consegue falar, então é seu pai Massimiliano Melis, de origem sarda, mas apaixonado pelas Dolomitas, que toma a palavra para contar a história de um encontro tão sonhado com o Papa. Fiammetta toma a iniciativa e no início de outubro escreve uma carta a Francisco. Ela conta ao Pontífice que tem a sorte de poder estudar ao ar livre, no ar fresco. Ela não só lhe confidenciou seu desejo de conhecê-lo, mas também lhe sugeriu encorajar todas as crianças a não terem medo, a nunca se desencorajarem. Depois de uma semana, chegou um telefonema: “Eu estava comendo”, lembra o Sr. Melis, “quando o telefone tocou. Eu respondi e uma pessoa me disse: não se espante. Estou ligando do Vaticano, não é brincadeira. Recebemos a carta e, se quiserem, vocês são convidados do Papa Francisco”.

Aos dez anos esta menina que estuda na escola primária de Mezzolombardo, no Trentino, ficou famosa após uma foto tirada por seu pai enquanto estuda à distância perfeitamente integrada e feliz nas montanhas, pastando entre as cabras que Massimiliano cria no Val di Sole entre as pastagens que possui. “Temos animais, e a natureza sempre a fascinou”, nos diz ao telefone logo depois da audiência. “As palavras do Papa Francisco sobre a criação, suas homilias, Fiammetta sempre as escutou com muita atenção”. A pergunta do Papa foi curiosa: “O que você fez Fiammetta, para mover o mundo com sua maneira de ser? Você é como suas cabrinhas… caminha livre nas montanhas. Você é uma menina muito sortuda!” “O Papa Francisco também prometeu nos visitar nas montanhas do Trentino”. O pai da menina não falou em voz alta, ele ainda estava incrédulo, como sua filha, mas depois com uma voz alta contou quase tudo de uma vez: “O Papa disse a Fiammetta: ontem conheci Biden, o presidente dos Estados Unidos, hoje o primeiro-ministro indiano e agora é a sua vez, que é a princesa das famílias… e a abraçou. Eu gostaria que todos tivessem esta experiência. Parece-me estar em família!”

O Papa Francisco e Fiammetta Melis

O Papa Francisco e Fiammetta Melis

Papa Francisco e Fiammetta Melis

A vida de Fiammetta é assim: animais, ternura, pastoreio e depois estudo, escrita, computador e deveres de casa. Ela conhece os segredos da escola, bem como os diferentes pontos das montanhas onde pode encontrar seus animais. O segredo entre o Papa e a menina é um livro que Fiammetta escreveu e deu de presente ao Francisco no qual ela conta sua história. O livro entregue hoje traz as assinaturas de todos os coleguinhas de Fiammetta, que esperam o seu retorno para saber o que aconteceu. A sua história que agradou ao Papa, também lhe valeu como presente uma camiseta do Cagliari do qual ela é fã, pois se tornou “um símbolo de resistência e resiliência: um exemplo para aqueles que, num período tão difícil da pandemia, sabem se adaptar às circunstâncias e olhar positivamente para o futuro”. 
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Fiammetta Melis

 

 

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Sínodo 2021-2023

Sínodo 2023: Papa pede Igreja diferente, mais aberta e dialogante

FRANCISCO APRESENTOU TRÊS ‘PALAVRAS-CHAVE’ PARA O SÍNODO 2021-2023:                                               ‘COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO, MISSÃO’                                                   

O Papa inaugurou hoje (9) no Vaticano a sessão de abertura do processo sinodal 2021-2023, pedindo uma Igreja “diferente”, que supere “visões verticalizadas, distorcidas e parciais”, com mais abertura e diálogo.

“Quando falamos duma Igreja sinodal, não podemos contentar-nos com a forma, mas temos necessidade também de substância, instrumentos e estruturas que favoreçam o diálogo e a interação no Povo de Deus, sobretudo entre sacerdotes e leigos”, disse, perante centenas de participantes reunidos na Sala do Sínodo.

Francisco defendeu a mudança estrutural para uma Igreja “sinodal”, como “um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”.

“O Sínodo oferece-nos a oportunidade de nos tornarmos uma Igreja da escuta: uma Igreja da proximidade, que estabeleça, não só por palavras mas com a presença, maiores laços de amizade com a sociedade e o mundo”, indicou.

O discurso destacou a diversidade de proveniência dos participantes, vindos de vários países, incluindo Portugal, e convidou a um “discernimento” sobre o tempo atual, que torne a Igreja solidária com os “cansaços e anseios da humanidade”.

Francisco apresentou três “palavras-chave” para o Sínodo 2021-2023: “comunhão, participação, missão”.

“Comunhão e missão correm o risco de permanecerem termos algo abstratos, se não se cultivar uma práxis eclesial que exprima a sinodalidade no concreto de cada etapa do caminho e da atividade, promovendo o efetivo envolvimento de todos e cada um”, apontou.

Para o Papa, está em causa a necessidade de promover um modo de agir “caraterizado por verdadeira participação” de todos os batizados.

“Todos somos chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão. Se falta uma participação real de todo o Povo de Deus, os discursos sobre a comunhão arriscam-se a não passar de pias intenções”, precisou.

“Sente-se ainda uma certa dificuldade e somos obrigados a registar o mal-estar e a tribulação de muitos agentes pastorais, dos organismos de participação das dioceses e paróquias, das mulheres que muitas vezes ainda são deixadas à margem. Participarem todos: é um compromisso eclesial irrenunciável”.

O Papa falou do Sínodo como uma “grande oportunidade para a conversão pastoral em chave missionária e também ecuménica”, mas admitiu que também existem “riscos”, pedindo que este não seja um acontecimento de “fachada” ou uma espécie de “grupo de estudo”.

“Reforço que o Sínodo não é um Parlamento, um inquérito de opinião, o Sínodo é um momento eclesial, o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo”, declarou.

A intervenção apelou ainda à superação do “imobilismo”, que levaria a aceitar “soluções velhas para problemas novos”.

“É importante que o caminho sinodal seja verdadeiramente tal, que seja um processo em desenvolvimento; envolva, em diferentes fases e a partir da base, as Igrejas locais, num trabalho apaixonado e encarnado, que imprima um estilo de comunhão e participação orientado para a missão”, apontou.

A intervenção concluiu-se com uma oração ao Espírito Santo, por uma “Igreja diferente”, aberta à “novidade que Deus lhe quer sugerir”.Vinde, Espírito Santo! Vós que suscitais línguas novas e colocais nos lábios palavras de vida, livrai-nos de nos tornarmos uma Igreja de museu, bela mas muda, com tanto passado e pouco futuro. Vinde estar connosco, para que na experiência sinodal não nos deixemos dominar pelo desencanto, não debilitemos a profecia, não acabemos por reduzir tudo a discussões estéreis. Vinde, Espírito de amor, e abri os nossos corações para a escuta. Vinde, Espírito de santidade, e renovai o santo Povo de Deus. Vinde, Espírito Criador, e renovai a face da terra.

A assembleia convocada pelo Papa Francisco tem como tema Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão. A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer até outubro de 2023, precedido por um processo inédito de consulta, e de forma descentralizada, pela primeira vez, com assembleias diocesanas e continentais.

A abertura do Sínodo 2021-2023 acontece no Vaticano, sob a presidência do Papa, entre hoje e amanhã, e em cada diocese católica, a 17 de outubro, sob a presidência do respetivo bispo.
Agência Ecclesia

 

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Dia Mundial do Pobre

“A assistência médica católica tem e precisará cada vez mais estar em uma rede. Não é mais hora de seguir o próprio carisma de forma isolada. A caridade requer um dom: o conhecimento deve ser partilhado, a competência deve ser participada, a ciência deve ser em comum”. Palavras do Papa Francisco aos membros da Fundação Biomédica, da Universidade Campus Biomédico na manhã desta segunda-feira (18) no Vaticano

Jane Nogara – Vatican News

Neste dia de São Lucas, 18 de outubro, que o Apóstolo Paulo chama de “o médico amado” o Papa Francisco recebeu em audiência os membros da Fundação Universitária Biomédica de estudos e pesquisas na área médica, assim como no atendimento na Clínica da Universidade de Roma. Depois da saudação inicial o Papa recordou aos presentes que “colocar a pessoa doente à frente da doença é essencial em todos os campos da medicina; é fundamental para um tratamento que seja verdadeiramente abrangente, verdadeiramente humano”.  

“A centralidade da pessoa – continuou o Pontífice – que está subjacente a seu compromisso de curar, mas também de ensinar e pesquisar, ajuda a fortalecer uma visão unificada e sinérgica. Uma visão que não coloca idéias, técnicas e projetos em primeiro lugar, mas o homem concreto, o paciente, a ser tratado conhecendo sua história, conhecendo sua experiência, estabelecendo relações amistosas que curam o coração”.

E recomendou concluindo seu pensamento:

“O amor pelo homem, especialmente em sua condição de fragilidade, na qual brilha a imagem de Jesus Crucificado, é específico de uma realidade cristã e nunca deve ser perdido”

Terapia da dignidade humana

Francisco falou sobre os descartados e os que não têm acesso à assistência médica afirmando:

“Toda estrutura hospitalar, particularmente as de inspiração cristã, deve ser um lugar onde se pratica a cura da pessoa e onde se pode dizer:

“Aqui não se vê apenas médicos e pacientes, mas pessoas que se acolhem e se ajudam mutuamente: aqui se encontra a terapia da dignidade humana”

A cura sem a ciência é em vão

“Portanto, o foco deve ser a cura da pessoa, sem esquecer a importância da ciência e da pesquisa. Porque a cura sem a ciência é em vão, assim como a ciência sem a cura é estéril. Os dois devem caminhar juntos, e só juntos fazem da medicina uma arte, uma arte que envolve cabeça e coração, que combina conhecimento e compaixão, profissionalismo e piedade, competência e empatia”.

A caridade requer um dom da partilha

Depois de agradecer pelas pesquisas feitas pela fundação para “enfrentar patologias e situações sempre novas”, recordando entre outras coisas dos “idosos e das pessoas que sofrem de doenças raras” o Papa disse:

“Tudo isso é muito bom, é belo lidar com urgências maiores com novas aberturas. E é importante fazer isso juntos. Sublinho esta palavra simples, mas difícil: juntos. A pandemia nos mostrou a importância de nos conectarmos, de colaborarmos, de enfrentarmos juntos problemas comuns”

“A assistência médica – continuou Francisco – particularmente a assistência médica católica, tem e precisará cada vez mais disso, para estar em uma rede. Não é mais hora de seguir o próprio carisma de forma isolada. A caridade requer um dom: o conhecimento deve ser compartilhado, a competência deve ser participada, a ciência deve ser em comum”.

Tecnologia para vacinas

“A ciência – continuou o Papa – não apenas os produtos da ciência que, se oferecidos em partes, tem a utilidade de um curativo que pode tapar a ferida mas não curá-la em profundidade”. Isto se aplica às vacinas, por exemplo: há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos vacinas, mas isto deve ser feito a longo prazo, não apenas motivados pela pressa das nações ricas em se sentirem mais seguras”.

Destacando esse ponto Francisco concluiu:

“Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, não como esmolas por piedade. Para fazer um bem real, precisamos promover a ciência e sua aplicação integral: compreender os contextos, implementar os tratamentos, desenvolver a cultura da saúde. Não é fácil, é uma verdadeira missão, e espero que a assistência à saúde católica seja cada vez mais ativa neste sentido, como expressão de uma Igreja extrovertida e em saída”.
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Cristo Redentor

Papa: Cristo Redentor é um convite à fraternidade,ninguém fique de “braços cruzados”

“Esta imagem, com seus braços abertos num incessante apelo à reconciliação, retrata o convite à fraternidade que Nosso Senhor lança à cidade e a todo o país para que seja formada uma comunidade onde ninguém se sinta sozinho, indesejado, rejeitado, ignorado ou esquecido e onde todos se empenhem por um mundo mais justo, mais solidário e mais feliz”, escreve o Papa em mensagem ao card. Orani João Tempesta.
 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco dirigiu uma mensagem ao arcebispo do Rio de Janeiro, card. Orani João Tempesta, por ocasião do nonagésimo aniversário da inauguração da estátua do Cristo Redentor, no alto do Corcovado.

Em telegrama assinado pelo secretário de Estado, card. Pietro Parolin, o Pontífice “partilha dos sentimentos de júbilo e une-se à ação de graças que o povo do Rio de Janeiro eleva a Cristo Redentor”.

“Esta imagem, com seus braços abertos num incessante apelo à reconciliação, retrata o convite à fraternidade que Nosso Senhor lança à cidade e a todo o país para que seja formada uma comunidade onde ninguém se sinta sozinho, indesejado, rejeitado, ignorado ou esquecido e onde todos se empenhem por um mundo mais justo, mais solidário e mais feliz.”

Ninguém fique de braços cruzados

A propósito, o Santo Padre lembra que, independentemente do próprio grau de instrução ou de riqueza, todas as pessoas têm algo para contribuir na construção da fraternidade humana: ninguém deve ficar “de braços cruzados”, e sim abrir os braços a todos, como faz o Redentor.

Para realizar isto é fundamental o diálogo construtivo, porque, «entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo» (Carta enc. Fratelli fufri, 199).

Para tanto, o Papa faz votos de que seja renovado neste dia o compromisso de se acolherem uns aos outros, “certos de que é sobretudo Cristo quem lhes acolhe a todos: Ele habita na cidade e convida a aproximarem-se Dele pois, estando perto Dele, estarão perto uns dos outros”.

O telegrama conclui-se com o pedido de Francisco para que continuem a rezar por ele e a concessão da Bênção Apostólica à cidade do Rio de Janeiro, extensiva em modo especial a quantos tomarem parte na Missa Comemorativa do dia 12 de outubro, pela intercessão da Mãe do povo brasileiro, Nossa Senhora Aparecida.
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O Papa às religiosas

O Papa às religiosas: vocês são uma
presença viva na Igreja

“Vocês, consagradas, são uma presença insubstituível na grande comunidade a caminho que é a Igreja. Eu gosto de pensar que vocês consagradas são uma extensão da presença feminina que caminhava com Jesus e os Doze, partilhando a missão e dando sua contribuição particular”, disse Francisco.
 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira (11/10), na Sala Clementina, no Vaticano, as Irmãs da Caridade por ocasião de seu 21° Capítulo Geral.

Em seu discurso, Francisco se deteve sobre o tema da comunhão, destacando que o “compromisso que assumimos como Igreja para crescer na sinodalidade é um estímulo forte também para os Institutos de Vida Consagrada”.

Em particular, vocês, consagradas, são uma presença insubstituível na grande comunidade a caminho que é a Igreja. Vem à mente a imagem de Jesus percorrendo as estradas da Galiléia, Samaria e Judéia: com ele estão seus discípulos, e dentre eles muitas mulheres, algumas das quais até conhecemos o nome. Eu gosto de pensar que vocês consagradas são uma extensão da presença feminina que caminhava com Jesus e os Doze, partilhando a missão e dando sua contribuição particular.

Comunhão e missão

Como as Irmãs da Caridade participam do caminho sinodal? Qual é a sua contribuição? Perguntou o Papa às religiosas, sublinhando que a resposta pode ser encontrada no tema de seu Capítulo “Recomeçar de Betânia, com a solicitude de Marta e a escuta de Maria”.

Novamente, aparece a presença de duas mulheres, Marta e Maria, com seus nomes e rostos. “Duas discípulas que tiveram um lugar muito importante na vida de Jesus e dos Doze, como podemos ver nos Evangelhos.”

“Isto confirma que, primeiramente, como mulheres e como batizadas, ou seja, discípulas de Jesus, vocês são uma presença viva na Igreja, participando da comunhão e da missão. Não devemos esquecer o que está na raiz: o Batismo.”

“Porque aqui está a raiz de tudo. Desta raiz Deus fez crescer em vocês a planta da vida consagrada, de acordo com o carisma de Santa Joana Antida”, disse Francisco.

Solicitude com os pobres e a escuta dos pobres

Segundo o Pontífice, o tema do Capítulo das religiosas diz muito com as palavras “solicitude” e “escuta”.

Estou certo de que, se realmente vocês conseguirem viver a solicitude e a escuta, seguindo o exemplo das santas irmãs Marta e Maria de Betânia, vocês continuarão dando uma valiosa contribuição para o caminho de toda a Igreja. Em particular, a solicitude com os pobres e a escuta dos pobres. Aqui vocês são mestras. Vocês são mestras não com palavras, mas com obras, com a história de muitas de suas irmãs que deram suas vidas por isso, na solicitude e na escuta dos idosos, dos doentes, dos marginalizados, na proximidade aos pequenos, aos últimos com a ternura e a compaixão de Deus. Isto edifica a Igreja, a faz caminhar no caminho de Cristo que é o caminho da caridade.

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Papa Francisco

O Papa: respeitemos o ser humano, a criação e o Criador.Cop26 ofereça respostas eficazes

O Papa Francisco reuniu cientistas, especialistas e líderes religiosos no Vaticano para o encontro “Fé e Ciência”, durante o qual foi assinado um apelo conjunto em vista do evento de Glasgow. O Pontífice entregou aos participantes seu discurso escrito, no qual faz um apelo a adotar comportamentos e ações modelados na ‘interdependência’ e ‘corresponsabilidade’ para neutralizar as ‘sementes do conflito’ que prejudicam o meio ambiente e a pessoa humana.

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

“Tudo está interligado, tudo no mundo está intimamente conexo”: ciência e fé, homem e criação. Portanto, é necessário adotar comportamentos e ações modelados na “interdependência” e “corresponsabilidade” e, sobretudo, no “respeito” recíproco, a fim de combater aquelas “sementes de conflito” tais como ganância, indiferença, ignorância, medo e violência que causam feridas tanto no ser humano quanto no meio ambiente. No dia do primeiro aniversário da Encíclica Fratelli tutti, dedicada à fraternidade humana, o Papa Francisco reúne, esta segunda-feira (04/10), na Sala das Bênçãos, no Vaticano, cientistas, especialistas e líderes religiosos (dentre eles o Grão Imame de al-Azhar, Ahmad al-Tayyeb, e o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I) para o encontro “Fé e Ciência. Rumo à Cop 26”. Um evento que – como diz o título – olha para a conferência climática anual da ONU programada para se realizar, em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

Apelo conjunto

Em meio a música e momentos de silêncio, discursos e debates em vários idiomas, todos os presentes assinaram um apelo conjunto no qual ilustraram vários percursos educacionais e de formação a serem desenvolvidos em favor do cuidado da Casa comum. O Pontífice entregou o documento ao presidente da Cop26, Alok Sharma, e ao ministro das Relações Exteriores italiano, Luigi Di Maio; junto com ele, as três páginas de seu discurso: “Vocês têm a transcrição do que tenho a dizer agora e para não sair fora do tempo necessário para todos falarem, deixo o texto em suas mãos. Vocês podem lê-lo e assim continuamos esta celebração.”

Uma única família humana

No discurso entregue, o Pontífice recorda que “o encontro de hoje, que une muitas culturas e espiritualidades num espírito de fraternidade, reforça a consciência de que somos membros de uma única família humana: cada um de nós tem a sua própria fé e tradição espiritual, mas não existem fronteiras e barreiras culturais, políticas ou sociais que nos permitam isolar-nos”.

Francisco indica três conceitos-chave para refletir sobre esta colaboração recíproca:

“O olhar de interdependência e partilha, o motor do amor e a vocação ao respeito.”

A assinatura do Apelo conjunto
A assinatura do Apelo conjunto

Interdependência e partilha

O Papa parte do conceito de “harmonia divina” presente no mundo natural, o que demonstra que “nenhuma criatura é suficiente a si mesma. Cada uma existe apenas na dependência das outras, para se completarem mutuamente, a serviço umas das outras”. “Plantas, águas, seres vivos são guiados por uma lei nelas impressa por Deus para o bem de toda a criação”, enfatiza o Pontífice.

Reconhecer que o mundo está interconectado significa não apenas compreender as consequências nefastas de nossas ações, mas também identificar comportamentos e soluções que devem ser adotados com olhos abertos para a interdependência e a partilha. 

Mudança de rumo

O conceito é o mesmo que foi expresso pelo Papa durante estes longos e difíceis meses de pandemia: “Não podemos agir sozinhos”. O Pontífice enfatiza que “o compromisso de cada pessoa de cuidar dos outros e do meio ambiente é fundamental”. Um compromisso “que leva a uma mudança urgente de rumo e que também deve ser alimentado pela própria fé e espiritualidade”; um compromisso que deve ser continuamente incentivado pelo motor do amor. “Do fundo de cada coração, o amor cria laços e amplia a existência quando faz a pessoa sair de si mesma em direção ao outro”, diz o Papa. Esta “força propulsora do amor” não é “posta em movimento” de uma vez por todas, “deve ser reavivada a cada dia”. As religiões e tradições espirituais podem oferecer uma grande contribuição neste sentido.

O amor é o espelho de uma vida espiritual intensamente vivida. Um amor que se estende a todos, além das fronteiras culturais, políticas e sociais; um amor que se integra também e sobretudo em benefício dos últimos, que são muitas vezes aqueles que nos ensinam a superar as barreiras do egoísmo e a derrubar as paredes do eu.

Sementes de conflito

“Este é um desafio”, aponta o Papa Francisco, “que enfrenta a necessidade de combater essa cultura do descarte, que parece prevalecer em nossa sociedade e que se acomoda no que o nosso Apelo Conjunto chama de sementes de conflito: ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência”. As mesmas sementes de conflito que causam “as feridas graves” que infligimos ao meio ambiente: mudanças climáticas, desertificação, poluição, perda de biodiversidade. São feridas que, diz o Papa, citando a Caritas in Veritate, levam à “ruptura daquela aliança entre o ser humano e o ambiente que deve espelhar o amor criativo de Deus, do qual viemos e para o qual caminhamos”.

O Papa e o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I
O Papa e o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I

Respeito pela criação, pelo próximo, por Deus

O Papa indica “exemplo e ação”, por um lado, e “educação”, por outro, como os dois “planos” para enfrentar este desafio que tem “o sabor da esperança”, já que “não há dúvida de que a humanidade nunca teve tantos meios para atingir este objetivo como hoje”. Ele recorda a “vocação ao respeito”:

Respeito pela criação, respeito pelo próximo, respeito por si e respeito pelo Criador. Mas também respeito recíproco entre fé e ciência, a fim de entrar num diálogo entre elas orientado para o cuidado com a natureza, a defesa dos pobres, a construção de uma rede de respeito e fraternidade.

Respostas eficazes da Cop 26

“O respeito”, sublinha o Pontífice, “não é um mero reconhecimento abstrato e passivo do outro”, mas uma ação “empática e ativa” destinada a “querer conhecer o outro e entrar em diálogo com ele a fim de caminhar juntos neste caminho comum”. “Uma viagem que levará à Cop 26 em Glasgow que”, conclui o Papa, “é urgentemente chamada a oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem precedentes e à crise de valores em que vivemos, e assim oferecer esperança concreta às gerações futuras”.
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Veja o evento em original
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Mensagem do Papa

Papa: usar todos os instrumentos para enfrentar o desafio do meio ambiente

“Das mãos de Deus recebemos um jardim, para nossos filhos não podemos deixar um deserto”. São as palavras com as quais o Papa concluiu sua mensagem aos Parlamentares europeus reunidos para debater sobre meio ambiente e direitos humanos. Os votos do Pontífice para que o Conselho da Europa possa criar um novo instrumento jurídico que una o cuidado com o meio ambiente ao respeito pelos direitos fundamentais do homem
Jane Nogara – Vatican News

O Papa Francisco enviou uma Mensagem aos participantes no Evento de Alto Nível da Assembleia Parlamentar o Conselho da Europa sobre o tema: “Meio ambiente e direitos humanos: Direito à segurança, saúde e meio ambiente sustentável, que se realiza em Estrasburgo nesta quarta-feira, 29 de setembro. O Papa iniciou sua mensagem recordando que “a Santa Sé, como país Observador, segue com particular atenção e interesse todas as atividades do Conselho da Europa a este respeito, na certeza de que toda iniciativa e decisão concreta desta Organização, que possa melhorar a dramática situação em que se encontra a saúde de nosso planeta, deve ser apoiada e bem valorizada”.

Ouça e compartilhe

“O presente evento – escreveu o Papa aos participantes – que se realiza às vésperas da COP26, prevista para novembro próximo em Glasgow, poderá oferecer, graças a uma maior consideração do princípio fundamental do multilateralismo, uma contribuição válida também para a próxima Reunião das Nações Unidas”.

Novo instrumento jurídico

Elogiando a iniciativa Francisco afirmou que esta poderia se estender não só à Europa mas “chegar a todo o mundo”. “Neste sentido, é vista com muito interesse a decisão que o Conselho da Europa tomará para criar um novo instrumento jurídico que poderá ligar o cuidado com o meio ambiente ao respeito pelos direitos fundamentais do homem”.

E Francisco adverte mais uma vez:

“Não há mais tempo para esperar, é preciso agir. Qualquer instrumento que respeite
os direitos humanos e os princípios da democracia e do estado de direito,
que são valores fundamentais do Conselho da Europa, pode ser útil
para enfrentar este desafio global”

Comer para viver, não viver para comer

“Os antigos já diziam”, continua o Santo Padre: “Esse oportet ut vivas, non vivere ut edas: ‘É preciso comer para viver, não viver para comer’. Deve-se consumir para viver, não viver para consumir. Acima de tudo, nunca se deve consumir desenfreadamente, como é o caso hoje. Cada pessoa deve usar da terra o que é necessário para seu sustento”, conclui Francisco. E reitera: “Tudo está conectado, e como uma família de nações devemos ter uma preocupação comum: ‘fazer com que o meio ambiente seja mais limpo, mais puro e preservado. E cuidar da natureza, a fim de que ela cuide de nós”.

Francisco continua sua mensagem recordando a importância da ação interdisciplinar e das futuras gerações: “Certamente esta crise ecológica, que é ‘uma única e complexa crise sócio-ambiental’, nos convida a um diálogo interdisciplinar e operacional em todos os níveis, do local ao internacional, mas também a uma responsabilidade individual e coletiva. Devemos, portanto, falar também dos deveres de cada ser humano de viver em um ambiente saudável, sadio e sustentável. Em vez disso, quando falamos apenas de direitos, pensamos apenas no que nos é devido. Devemos também pensar na responsabilidade que temos para com as gerações futuras e o mundo que queremos deixar para nossas crianças e nossos jovens”.

Por fim Francisco concluiu: “Desejo que esta Assembleia Parlamentar e o Conselho da Europa sejam capazes de identificar, promover e implementar com determinação todas as iniciativas necessárias para construir um mundo mais saudável, mais justo e mais sustentável”, afirmando:

“Das mãos de Deus recebemos um jardim, para nossos
filhos não podemos deixar um deserto”

 
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Mensagem do Papa

O Papa ao Ccee: trabalhar para que a Igreja tenha as portas abertas a todos

Francisco agradeceu ao Conselho das Conferências Episcopais da Europa (Ccee) “por estes primeiros 50 anos a serviço da Igreja e da Europa. Somos chamados pelo Senhor a trabalhar para que a sua casa seja cada vez mais acolhedora”. Vatican News O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Basílica de São Pedro, na tarde desta quinta-feira (23/09), por ocasião da plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (Ccee) em seu 50° aniversário de fundação. Ouça e compartilhe A plenária teve início, em Roma, nesta quinta-feira e prossegue até domingo, 26 de setembro, sobre o tema “Ccee, 50 anos a serviço da Europa, memória e perspectivas no horizonte da Fratelli tutti”. Francisco iniciou sua homilia, usando três verbos, oferecidos pela Palavra de Deus, que interpelam os cristãos e os pastores na Europa: refletir, reconstruir e ver.

Refletir nos interpela

“Refletir é a primeira coisa que o Senhor convida a fazer por meio do profeta Ageu”, disse o Papa. «Reflitam bem no comportamento de vocês», repete o Senhor duas vezes ao seu povo. «Então vocês acham que é tempo de morar tranquilos em casas bem cobertas, enquanto o Templo está em ruínas?», diz ainda o Senhor. Este convite a refletir nos interpela: de fato, também hoje na Europa nós, cristãos, somos tentados a acomodar-nos nas nossas estruturas, nas nossas casas e nas nossas igrejas, na segurança das tradições, na satisfação por um certo consenso, enquanto ao redor os templos se esvaziam e Jesus fica cada vez mais esquecido. “Reflitamos! Quantas pessoas deixaram de ter fome e sede de Deus! Não porque sejam más, mas porque falta quem lhes abra o apetite da fé e reacenda a sede que há no coração do homem: aquela que a ditadura do consumismo – leve, mas sufocante – tenta extinguir. Muitos são levados a sentir apenas necessidades materiais, não a falta de Deus”, disse ainda Francisco. O povo ao qual o Senhor fala por meio do profeta Ageu, tinha tudo o que queria, mas não era feliz. “A falta de caridade causa infelicidade, porque só o amor sacia o coração. Fechados no interesse pelas próprias coisas, os habitantes de Jerusalém perderam o sabor da gratuidade. Também este pode ser o nosso problema: concentrar-se nas várias posições da Igreja, nos debates, nas agendas e estratégias, e perder de vista o verdadeiro programa que é o do Evangelho: o zelo da caridade, o ardor da gratuidade. O caminho de saída dos problemas e fechamentos é sempre o do dom gratuito; não há outro. Reflitamos nisto.”

Fazer-se artesãos de comunhão

O segundo passo é reconstruir. «Reconstrua o Templo», pede Deus através do profeta. “E o povo reconstrói o templo. Cessa de contentar-se com um presente tranquilo, e trabalha para o futuro”. Disto precisa a construção da casa comum europeia: deixar as conveniências do imediato para voltar à visão clarividente dos pais fundadores, visão profética e de conjunto, porque não procuravam os consensos do momento, mas sonhavam o futuro de todos. Assim foram construídas as paredes da casa europeia e só assim se poderão robustecer. O mesmo vale também para a Igreja, casa de Deus. Para torná-la bela e acolhedora, é necessário olhar juntos para o futuro, não restaurar o passado. Sem dúvida, devemos partir dos alicerces, porque dali se reconstrói: a partir da tradição viva da Igreja, que nos alicerça sobre o essencial, ou seja, o anúncio feliz, a proximidade e o testemunho. Daqui se reconstrói: a partir dos alicerces da Igreja dos primórdios e de sempre, da adoração a Deus e do amor ao próximo, não a partir dos gostos de cada um. A seguir, o Papa agradeceu ao Conselho das Conferências Episcopais da Europa “por estes primeiros 50 anos a serviço da Igreja e da Europa. Somos chamados pelo Senhor a trabalhar para que a sua casa seja cada vez mais acolhedora, para que cada um possa entrar e viver nela, para que a Igreja tenha as portas abertas a todos e ninguém se sinta tentado a concentrar-se apenas em olhar e trocar as fechaduras”. Segundo o Papa, “toda a reconstrução se realiza em conjunto, sob o signo da unidade, ou seja, com os outros. Pode haver diferentes visões, mas deve-se sempre guardar a unidade. Este é o nosso chamado: ser Igreja, formar um só Corpo entre nós. É a nossa vocação, como Pastores: reunir o rebanho, não o dispersar nem mesmo preservá-lo em belos recintos fechados. Reconstruir significa fazer-se artesãos de comunhão, tecedores de unidade em todos os níveis: não por estratégia, mas pelo Evangelho”.

Muitos na Europa pensam que a fé seja algo já visto

Se edificarmos desta forma, daremos aos nossos irmãos e irmãs a chance de ver: é o terceiro verbo que “aparece na conclusão do Evangelho de hoje, onde se diz que Herodes procurava «ver Jesus». Hoje, como então, fala-se muito de Jesus. Então dizia-se que «João ressuscitou dos mortos, (…) Elias tinha aparecido, (…) um dos antigos profetas tinha ressuscitado». Todos eles mostravam apreço por Jesus, mas não compreendiam a sua novidade e o fecharam em esquemas já vistos: João, Elias, os profetas… Jesus, porém, não pode ser classificado nos esquemas do «ouvi dizer» ou do «já visto»”. Muitos na Europa pensam que a fé seja algo já visto, que pertence ao passado. Por quê? Porque não viram Jesus em ação em suas vidas. E muitas vezes não O viram, porque nós não O mostramos suficientemente com as nossas vidas. Pois Deus se vê nos rostos e nos gestos de homens e mulheres transformados pela sua presença. E se os cristãos, em vez de irradiarem a alegria contagiante do Evangelho, repropuseram esquemas religiosos gastos, intelectualistas e moralistas, as pessoas não veem o Bom Pastor. Segundo Francisco, “este amor divino, misericordioso e impressionante é a novidade perene do Evangelho” que nos pede “para mostrar Deus, como fizeram os Santos: não por palavras, mas com a vida. Pede oração e pobreza, criatividade e gratuidade”. “Ajudemos a Europa de hoje, doente de cansaço, a reencontrar o rosto sempre jovem de Jesus e de sua esposa. Não podemos fazer outra coisa a não ser doar-nos completamente para que se veja esta beleza sem ocaso”, concluiu o Papa.

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Mensagem do Papa

Sínodo. “Implica um modo de comunicar novo porque corremos o risco de falar e não ser ouvidos”

O padre Sérgio Leal recorda o encontro com o Papa Francisco em 2019 durante o Sínodo da Amazónia. Assinala a importância de gerar processos sinodais promovendo uma comunicação onde todos somos simultaneamente emissores e recetores.

Rui Saraiva – Portugal

Após a apresentação a 7 de setembro do Documento Preparatório do Sínodo dos bispos sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, as dioceses de todo o mundo estão a organizar-se para corresponderem a este grande desafio.

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Em Roma o início oficial com o Papa será nos dias 9 e 10 de outubro e no dia 17 do mesmo mês arranca o processo sinodal em cada uma das Igrejas particulares.

Acompanha-nos neste tempo de preparação para o Sínodo o padre Sérgio Leal, sacerdote português que está a concluir doutoramento na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, e que defendeu em 2018 uma tese de licenciatura sobre a sinodalidade como estilo pastoral. A Paulinas Editora vai publicar em breve um livro da autoria do padre Sérgio Leal sobre a sinodalidade no magistério do Papa Francisco.

Memória de um encontro

E foi durante a Assembleia Especial dos bispos para a região Pan-Amazónica, em 2019, que o padre Sérgio Leal encontrou o Papa Francisco. O sacerdote colaborava naquele Sínodo como assistente da Secretaria Geral e caminhando da Casa Santa Marta para a Aula do Sínodo encontrou o Santo Padre:

“Faço memória de uma conversa pessoal com ele no contexto do Sínodo da Amazónia. Em que nos primeiros dias do Sínodo conversando até à Aula Sinodal ele me perguntava o que é que um jovem pastoralista pensava de tudo o que estava a ver ali. E eu dei a minha opinião. E o Papa dizia-me: ‘sabes é isso que eu, às vezes também penso quando vejo alguém chegar ao Sínodo já com ideias muito definidas das conclusões sinodais’. Quando partimos para um caminho partimos com abertura de coração para nos deixarmos surpreender pelo Espírito Santo. E para juntos construirmos caminho. Apresentamos aquilo que é a nossa perspetiva, mas para enriquecer com o contributo dos outros. De ajudar os outros a caminhar. E de ser ajudado também. E, portanto, o caminho sinodal não nos pode fechar numa ideologia pessoal, mas tem que abrir o nosso coração às surpresas do Espírito. E com este sucessor de Pedro que é o Papa Francisco eu não tenho dúvidas que a sinodalidade é isto. Ele é garante de comunhão e de unidade deixando-se surpreender por aquilo que o Espirito Santo lhe vai pedindo a ele” – disse o padre Sérgio Leal.

Fazer caminho sinodal é gerar processos

O sacerdote português acentua a importância essencial do conceito de processo para um caminho sinodal.

“Processo, uma palavra que me agrada muito quando se fala de sinodalidade. Fazer caminho sinodal não é gerar estruturas, é gerar processos. Um primeiro processo de fundo de conversão pastoral, em primeiro lugar, de conversão pessoal. A grande mudança da Igreja acontece pela mudança de cada um de nós. E o Papa diz isso: ‘a começar por mim’. Mais do que um conjunto de estruturas sinodalidade é processo e processos conjuntos. Mas devemos partir das estruturas que nós temos no conjunto da Igreja particular que o Papa apresenta como primeiro lugar do exercício de sinodalidade. A começar pelo bispo diocesano que tem um conjunto de estruturas como o Conselho Presbiteral, o Conselho Diocesano de Pastoral. Depois partindo para as realidades mais concretas, na vida paroquial o Conselho Paroquial de Pastoral, o Conselho para os Assuntos Económicos, a Assembleia Paroquial. Isto é, há um conjunto de estruturas de participação e de comunhão que são lugares de exercício prático. Dar lugar a processos sinodais é potenciar estas estruturas como lugares sinodais. Lugares que não são de decisão unidirecional, nem lugar de escuta daquele que preside ao Conselho, mas de perceber que há ali uma reciprocidade na escuta. Que há um verdadeiro diálogo” – afirmou.

Lugares de decisão participada

Os processos sinodais são processos conjuntos e lugar de uma decisão participada – diz o padre Sérgio Leal.

“Os processos sinodais devem ser verdadeiros lugares de decisão. A decisão de facto cabe sempre àquele que preside, mas a elaboração da decisão deve ser participada por todos. E estes processos sinodais são processos conjuntos” – declarou.

Por uma conversão pastoral

A sinodalidade implica fazer um caminho de conversão pastoral, de mudança. E o Papa diz que deve começar por ele próprio.

“Eu diria que tem que começar por todos. O Papa Francisco quando diz na ‘Evangelii Gaudium’: sonho com uma opção missionária que coloca a caminho todos, os métodos, os horários, os estilos. E o Papa faz um percurso muito interessante quando diz que esta conversão pastoral é a começar pelo Papado, por ele, pelo sucessor de Pedro. Depois os bispos, os presbíteros, as paróquias, os movimentos. Isto é, é um caminho para todos esta da conversão pastoral” – recordou.  

Emissores e recetores em processo sinodal

O padre Sérgio Leal lembra a importância da comunicação num processo sinodal onde todos somos emissores e recetores.

“E num processo sinodal somos simultaneamente emissores e recetores. E aqui é a grande redescoberta da sinodalidade: porque nos habituamos a que os ministros ordenados sejam os emissores e os fiéis leigos os recetores. A igreja sinodal coloca-nos como emissores e recetores simultaneamente e sempre como recetores da voz de Deus. Isto é, de juntos procurarmos o que o Senhor nos pede hoje, aqui e agora. Não é aquilo que eu acho melhor, é aquilo que o Espírito Santo me pede aqui e agora. Num esforço permanente de caminhar na comunhão e unidade para chegar às periferias, para chegar aos outros. E isto é um dinamismo que nos coloca permanentemente em questão porque me liberta da minha autorreferencialidade e autossuficiência e me faz estar permanentemente a caminho” – afirmou.

Um modo de comunicar novo

Para fazer atuar um processo sinodal a comunicação é essencial até porque “a Igreja nasce de um Deus que se comunica” – lembrou o padre Sérgio Leal sublinhando que “fazer uma publicação online não significa ser escutado”. É preciso algo mais.

“A Igreja nasce de um Deus que se comunica. De um Deus que se diz em linguagem humana, que assume a nossa carne humana e que nos ensina esta arte de encarnarmos o Evangelho, de fazermos presente o Evangelho numa determinada cultura. Isto significa dizer o Evangelho de sempre na linguagem de hoje. Ser capaz de comunicar hoje de modo que nos escutem. O Papa diz uma coisa que tenho repetido já várias vezes e que para mim é essencial na ‘Evangelii Gaudium’. É que, às vezes, a nossa preocupação é fazer um discurso ortodoxo do ponto de vista doutrinal, mas depois o modo como é escutado pelos outros não corresponde àquilo que queremos dizer. E o Papa diz que tenhamos o cuidado para que aquilo que comunicamos seja aquilo que é escutado. E isto implica um modo de comunicar novo porque corremos o risco de falar e não ser ouvidos. E este é também um risco do modo como hoje entendemos a comunicação. Fazer uma publicação online não significa ser escutado” – disse.

O padre Sérgio Leal continuará connosco nas próximas semanas ajudando a refletir sobre o tema da sinodalidade que está a marcar a vida da Igreja.

A Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos será em outubro de 2023, mas até lá há um longo caminho a percorrer nas fases diocesana e continental. Um caminho conjunto de comunhão, participação e missão. Para que mais do que “produzir documentos” seja possível “fazer florescer a esperança”.Laudetur Iesus Christus
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O abraço do Papa às crianças refugiadas

Crianças partecipantes da Marcha para o Acolhimento, com o Papa Francisco 

No Pátio São Dâmaso, as crianças receberam a Benção do Papa Francisco, que, por sua vez, pediu que rezassem por ele.

Vatican News

Na manhã desta sexta-feira, o Papa Francisco dirigiu uma breve e afetuosa saudação às crianças que participaram da Marcha para o Acolhimento intitulada “Apri”, organizada em vista do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, em 26 de setembro.

Primeiramente, as crianças participaram na Praça São Pedro do Festival itinerante “The Walk”, que partiu da fronteira entre Turquia e Síria em direção a Manchester, tendo à frente a marionete Amal – uma estátua de 3 metros e meio de altura e que representa uma menina em fuga da fronteira sírio-turca rumo ao Reino Unido. Depois, foram até o Pátio São Dâmaso para brincar e receberam a Bênção do Papa Francisco, que, por sua vez, pediu que rezassem por ele.

Papa Francisco com as crianças no Pátio São Damaso

Entre o grupo presente havia os membros do projeto Chaire Gynai, administrado em Roma pela brasileira scalabriniana Eléia Scariot.

O programa (cujo nome significa “Bem-vinda, mulher” em grego) é a resposta das scalabrinianas ao pedido do Papa Francisco para que elaborassem e realizassem um programa de assistência a mulheres e crianças. De modo especial, para aquelas em situação de refúgio, mas atende também mulheres vulneráveis em processo de migração com ou sem filhos.

A finalidade é favorecer a estas mulheres a conquista da própria autonomia e a integração na sociedade romana. Elas podem permanecer na casa por seis meses, até que consigam se organizar entre trabalho e moradia, com o auxílio de religiosas, psicólogos, assistentes sociais e advogados.

Papa Francisco com as crianças no Pátio São Damaso

“As crianças perto do Papa são refugiados que estão no nosso projeto. Foi um momento maravilhoso e foi uma surpresa, porque ninguém sabia que a gente ia ter no final desse momento um encontro com o Papa Francisco, uma saudação. Foi lindo. As nossas crianças no final choraram. O nosso menino não queria mais ir embora, queria ficar e disse assim: ‘Por que não posso ficar? É tão bom ficar abraçado no Papa’. Foi uma grande alegria, uma grande surpresa para nós, que logo mais vamos celebrar a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado”.

“O Papa falou informalmente e de modo descontraído. Disse para a crianças que elas poderiam ficar brincando ali o tempo que quisessem. Falou com muita ternura.”

Papa Francisco com as crianças no Pátio São Damaso
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Mensagem do Papa

Um pequeno grupo da Associação Lázaro já havia sido recebido pelo Papa em maio deste ano. Agora mais numersos, eles voltaram ao Vaticano para celebrar com Francisco os seus 10 anos de fundação. E ouviram do Pontífice palavras de encorajamento.

Vatican News

O Papa Francisco encerrou suas atividades neste sábado recebendo, no Vaticano, os membros da Associação Lázaro, que está completando 10 anos de existência.

O projeto nasceu na França com a finalidade de dar um lar às pessoas em situação de rua. Mais do oferecer um abrigo, a experiência dos membros da Associação é morar com essas pessoas nas casas e compartilhar o seu cotidiano. Hoje, 10 anos depois, o projeto cresceu e está presente na Bélgica, na Espanha e no México.

“Agradeço a Deus pela bela experiência que estão tendo na coabitação e fraternidade que vivem no dia a dia”, escreve o Papa no discurso que foi entregue, definindo o projeto como “uma vitrine da amizade social que todos somos chamados a viver”.

“Num ambiente cheio de indiferença, individualismo e egoísmo, faz-nos compreender que os valores da vida autêntica se encontram em acolher as diferenças, respeitar a dignidade humana, escutar, cuidar e servir os mais humildes.”

Não desistam

Francisco os encorajou a permanecerem firmes em suas convicções e fé. “Vocês são a face amorosa de Cristo. Então espalhem à sua volta este fogo de amor que aquece corações frios e secos.”

A exortação do Papa prosseguiu pedindo que os membros da Associação possam ir para as periferias, “que estão frequentemente cheias de solidão, tristeza, feridas interiores e perda do gosto pela vida”.

“Com as suas palavras e ações, derramem o óleo de consolação e cura sobre os corações feridos. Quero repetir: Deus os ama.”

O Santo Padre concluiu concedendo a sua bênção apostólica. 

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Mensagem do Papa

Muito mais que meio ambiente: a Laudato si’ é social, afirma o Papa

Francisco enviou uma videomensagem aos participantes de um Congresso na Argentina,
cujo tema é “O cuidado da casa comum”.
 

Vatican News

Uma encíclica social e não somente sobre meio ambiente: esta é a Laudato si’. E foi o próprio autor, o Papa Francisco, que salientou este aspecto aos membros do Congresso interuniversitário “Laudato si’”, que se realizará na Argentina de 1º a 4 de setembro.

Por meio de uma videomensagem, o Pontífice faz votos de que o evento faça progredir a consciência social e a conscientização a respeito da proteção da casa comum.

“A encíclica Laudato si’ não é somente uma encíclica “verde”, é uma encíclica “social”.”

O desejo de Francisco é que o Congresso “consiga ver todo o seu alcance e todas as suas consequências”.

Nova agenda

O evento é organizado pelo Conselho Interuniversitário Nacional (CIN), pelo Conselho de Reitores de Universidades Privadas (CRUP) e pela Conferência Episcopal Argentina (CEA). De forma virtual, será realizado em distintos pontos do país para permitir uma maior participação.

Das jornadas participarão especialistas nacionais e internacionais, que compartilharão sua análise da atualidade e sobre os principais eixos da encíclica, como dignidade pessoal, fraternidade e diálogo intercultural, meio ambiente e desenvolvimento integral das pessoas.

Seis anos após a publicação da Encíclica, a finalidade do Congresso é a busca de uma nova agenda que atenda a complexidade e as diversas dimensões que atravessam esses fenômenos.
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